Perder Você para Sempre
✧ Créditos:
Fanfic por: amanddyh
Co-Autor: PurpleGalaxy_Project e TKFlex_Rot
Betagem por: Kim_Kenji
Design: goth_be
Após a maldição de Élida, TaeHyung arregalou os olhos ao sentir o interior do seu corpo arder. Um grito ficou preso na sua garganta quando uma dor insuportável atingiu sua belíssima cauda azul esverdeada que começou a se transformar em um tom de roxo claro. Sua cauda passou do roxo mais claro para um violeta e, segundos após a mudança de cor, houve outra mudança para um roxo mais escuro até se transformar em preto.
Sua cauda estava completamente preta, e todos os estágios de transformação faziam TaeHyung ter que aguentar a dor que explodia do seu interior para fora. Parecia que estava morrendo e não conseguia sequer gritar ou se mover. Deitado no chão da caverna, seu corpo se encontrava paralisado sendo inundado por dores cada vez mais fortes, com o tritão consciente sentindo toda a tortura.
Élida o encarava com os olhos esbranquiçados pela cegueira, mas o olhar estava frio, frio demais. Havia desprezo no fundo de sua alma pelo tritão, que não sabia o porquê de estar sofrendo aquilo nas mãos de uma pessoa que amava.
Era doloroso encarar aquele rosto inexpressivo da pessoa que um dia jurou amar, e TaeHyung apertou os olhos. Sua voz não saía, os gritos não saíam, estava preso no próprio corpo passando por uma tortura e sua cauda estava o queimando vivo.
Sua amada cauda azulada ficara escura e, depois de minutos de dor e sofrimento, o preto virou fumaça, se dissipando das extremidades até a cintura de TaeHyung, revelando pernas azuladas da cor da pele de TaeHyung.
O sofrimento passou, e TaeHyung sentiu as lágrimas saírem de seus olhos ardentes, aquelas que sequer saíram quando estava agonizando de dor. O primeiro som que saiu de sua boca foi um pequeno gemido pelos resquícios de dor em seu corpo que foram desaparecendo aos poucos, dando-lhe de volta o controle do próprio corpo.
Um pesadelo, e ele ainda estava vivo. Conseguiu ter forças e coragem para levantar o tronco e olhar para a parte inferior de seu corpo, encontrando duas pernas do tom de sua pele, igual a dos humanos.
Era estranho ainda sentir como se sua cauda ainda estivesse ali, era uma sensação estranha, como se fosse uma cauda fantasma. Tocou agora suas novas pernas, sentindo a textura estranha que jamais sentira. Notou quando elas se mexeram, e o ex-tritão agora demorou para entender como elas funcionavam, como poderia usá-las e como conseguia controlá-las. Na parte de sua cintura, onde as pernas se dividiam em duas, havia algo de comprimento mediano saindo de seu corpo deixando-o confuso sobre o que era. Tocou, fazendo seu corpo reagir de um jeito estranho, forçando-o a parar.
Alguns segundos depois de tentar descobrir suas novas pernas, TaeHyung levantou o olhar raivoso para a mulher que o encarava com um olhar de desprezo. Olhar que jamais vira antes, o que sua tia havia se tornado?
— Por que... por que você fez isso comigo? — Perguntou incrédulo e choroso com o que acabara de presenciar. Confiou em sua bondade e promessas para se decepcionar. Não foi avisado sobre nada, apenas uma explicação vaga do que aquele líquido faria, lhe daria pernas para ajudar JungKook, mas sofreu a pior dor do mundo para recebê-las, não era justo ter sofrido tanto sem ser notificado antes das consequências.
Consequências que ela sabia muito bem, mas omitiu.
Viu aqueles olhos que uma vez já o olharam com amor agora o olhavam com deboche e desprezo, igual aos príncipes do palácio que um dia chamaram de irmãos e amigos. Ela não era tão diferente daquelas pessoas más.
— Você quis pernas para ir à superfície, eu atendi o seu pedido, mas você não questionou as consequências, rapaz ingênuo. Tudo tem seu preço, e você não perguntou mais nada antes de ir com tanta sede ao pote. — Ela riu. Ela riu de TaeHyung, de seu sofrimento, ela riu dele.
— Você deveria ter me contato! Por que queria me ver sofrer?
— Tem tantas coisas nesses mares que você não tem a mínima idéia, meu querido sobrinho. Tantas maldades e injustiças, não leve como um desprezo pessoal, era apenas o preço a pagar por algo que se quer tanto. — Ela deu de ombros como se o sofrimento da pessoa que um dia disse amar não fosse mais nada para ela, como podia ser tão fria? Sua máscara havia caído.
— Por que não me contou as condições deste acordo?! Eu tenho um dia apenas antes de... antes de…
— Sim, morrer. Era o preço a pagar, você estava hipnotizado pela poção para querer saber de mais alguma coisa. É essa a condição do caldeirão, você tem até amanhã à noite para fazer com que esse tal humano beije você. Especificamente, na boca. Você não pode dizer a ele sobre isso, e não pode pedi-lo para lhe beijar. Essa ação deve vir apenas dele, então use essa sua cabecinha maluca e criativa — Voltou a mexer no caldeirão, analisando o redemoinho no meio como se pudesse ver ou ler algo oculto. — Você, junto com esse seu humano, precisarão ir até o reino perdido de Oceanea e procurar por algas estreladas. Após reunidas precisarão juntá-las e despejar o líquido do caldeirão... — Um vidro pequeno com uma rolha tapando o líquido branco transparente que continha dentro surgiu em cima do caldeirão e voou magicamente até TaeHyung, que estendeu a mão e o pegou no ar, analisando. — E então, feita a poção de energia, precisarão subir até o topo do Monte Serena, e de lá o seu querido humano de outro planeta poderá voltar para casa. Fácil e simples, você tem um dia. Apresse-se.
— Espera, espera... eu não posso ir ainda, eu não entendi nada do que você me disse, para que serve isso? Eu vim até aqui para você nos dar orientações para onde ir na superfície para que o... o humano volte para casa. — Escutou Élida bufar impaciente, voltou os olhos desinteressados em sua direção. Por que não me olha mais com carinho como antes, tia?
— Essa cápsula idiota do seu humano de outro planeta precisa de energia galática o suficiente para voltar de onde veio. Não temos essa energia por essas bandas, até porque estamos no fundo do oceano, mas as algas estreladas, com essa poção que você não precisa saber do que é, dará essa energia para a cápsula voar para ele poder ir embora — Era uma parcial mentira e o ex tritão nunca saberia daquilo.
Nada daquilo não passava de apenas um pretexto para deixá-los ocupados e despachá-los para longe do reino, então ninguém nunca saberia.
— Mas, espere, tia... Por favor, eu não quero morrer... não há nenhum jeito de trocar o acordo? Isso não é justo, você não me contou dessa maldição cruel, é muito pouco tempo para eu conseguir salvar a minha vida, por favor, eu te imploro. — Pateticamente TaeHyung impulsionou seu corpo para cima, ficando de pé na água, mas usou todos os seus esforços para manter-se assim com suas novas pernas, era mais difícil do que imaginava.
Seus olhos encontraram o olhar cheio do mais puro ódio que vira em um olhar, e ela falou:
— A vida não é justa, TaeHyung. Agora vá! — E nunca mais volte.
— Mas espere! Se eu conseguir fazer ele me beijar, eu continuo vivo e posso voltar a ter minha cauda de volta?
— Apenas se você não falhar. O que eu duvido muito — A segunda frase fora falada em um sussurro, irritando TaeHyung que havia caído em uma armadilha que custará sua vida.
Sentiu os pés tocarem o chão da caverna e sentiu-a fria demais fazendo debater os braços para retirar seus pés dali, começando a flutuar na água sem conseguir controlar seu corpo.
— Antes de ir, vista isso — Um pedaço de pano da cor azul-marinho passou flutuando pela água ao lado de TaeHyung, chamando sua atenção. Sem saber o que era, pegou nas mãos vendo um grande buraco em uma extremidade e dois outros buracos na outra extremidade. — É um short, vista isso pelas suas pernas e cubra sua nudez.
— Como eu coloco isso? Eu não sei. — Analisou o objeto nas mãos, confuso. Escutou outro bufado impaciente, sabendo que vinha de Élida.
Em um piscar de olhos, o objeto sumiu de suas mãos e foi parar no seu corpo, começando em sua cintura um pouco abaixo de um furo na barriga que ele mal notara que havia aparecido, e o tecido descia em sua cintura até o meio de suas novas coxas.
— Essa é a última ajuda que vou lhe proporcionar, terá que aprender tudo sobre suas novas pernas sozinho. Agora vá! — Sentiu uma força em suas costas levando-o pelo caminho da caverna até a saída, sendo jogado para fora da caverna e debatendo os braços na água tentando manter alguma estabilidade na água.
— JungKook! — TaeHyung chamou, vendo-o no coral que TaeHyung o deixara antes de adentrar aquela caverna. Viu que o rapaz estava deitado em uma pedra perto dos corais, girando uma flor nas mãos, mas após escutar um barulho, teve sua atenção focada para a entrada da caverna que TaeHyung nadou, encontrando o tritão saindo da caverna... Espera... melhor dizendo, o ex-tritão agora. JungKook ficara surpreso com a nova transformação de TaeHyung; sua majestosa cauda não estava mais lá, agora eram pernas como as suas, só que no azul claro do tom de pele de TaeHyung.
Nadou, se aproximando do ex tritão, que se mantinha parado com medo de se mover por não saber usar suas novas pernas ainda para nadar.
— Eu demorei muito, mas consegui as pernas — TaeHyung falou nervoso, aquele nervosismo nunca sairia de sua mente, tinha completa certeza. Sua vida dependia da confiança de JungKook em si e uma conexão de seus lábios.
— Sua cauda era incrível TaeHyung, mas pernas ficaram bem em você — Elogiou-o para tranquilizá-lo, estava nítido na sua face o seu desconforto e o seu medo pelo que acabara de acontecer. — Doeu muito para isso acontecer? Como ela fez isso?
— Magia dos mares. E não doeu muito, mas é muito estranho, porque eu sinto como se minha cauda ainda estivesse aqui, mas como um fantasma. E eu não faço ideia de como usar essas pernas, você precisa me ajudar com a movimentação — TaeHyung sorriu tentando disfarçar para si mesmo o nervosismo que sentia.
— Pode deixar. Deixe seu corpo parado, abra os braços assim e as pernas um pouco, tente manter o equilíbrio — JungKook puxou os braços de TaeHyung para cima e afastou suas pernas tocando em seus joelhos. Ensinando um pouco sobre como ele deveria usar suas pernas na água, mantendo o equilíbrio. JungKook aconselhou TaeHyung sobre nado, auxiliando-o no que deveria fazer, como deveria usar as mãos e seus pés para dar impulso para nadar. Primeiro tentaram para cima, com um pouco de dificuldade ainda. Então para frente, e TaeHyung estava começando a entender a lógica de como funcionava.
Começaram a se afastar de lá, com os papéis invertidos: JungKook segurava na mão de TaeHyung, levando-o consigo, já que suas habilidades de nado com as pernas agora estavam em vantagem, enquanto TaeHyung o guiava pelas direções da água. Sabia mais ou menos das localizações dos reinos baseados nos mapas que estudou, e que Oceanea ficava a oeste de Atlantara. Mas era o básico que entendia, e nenhum peixe ou ser marinho ousaria se aproximar de dois seres com pernas; eles eram apenas mais dois humanos perigosos para eles.
— O que devemos fazer?
— Minha... tia disse que deveríamos ir até Oceanea e encontrar algas estreladas para juntar com um líquido que ela me deu para você poder voar para casa. Não parece emocionante? Estamos muito perto! — Sorriu, apertando a mão de JungKook, que sentiu o toque mais forte e sorriu também em retribuição pela animação contagiante de TaeHyung.
— Eu estou animado, mas não esperava que você sacrificasse sua cauda por mim. Ela voltará ao normal quando eu for embora? — Se você me beijar e quebrar o feitiço, talvez ela volte e eu continue vivo.
— Sim, sim, voltará. Essas pernas são temporárias, apenas para podermos ir até a superfície. Temos que encontrar uma montanha, o Monte Serena, que fica próximo do reino perdido de Oceanea.
— Por que reino perdido?
— Houve uma tragédia, quando os humanos começaram a respirar debaixo d'água e assassinaram os habitantes de Oceanea que haviam lhes mostrado seu reino. É uma das piores tragédias do mundo marítimo, centenas de sereias e tritões morreram para virarem troféus para os humanos.
— É muito triste que essas tragédias aconteçam. Não sabia que algo tão cruel poderia acontecer em seu mundo, TaeHyung. Ei, o que são aquelas algas transparentes ali embaixo? Parece que elas estão brilhando — JungKook apontou para uma direção mais abaixo deles. TaeHyung sorriu ao ver que eram algas cristalinas, algas comestíveis de textura crocante e sabor salgado, levemente apimentado.
— JungKook, nos leve até lá. São algas cristalinas, e são uma delícia — TaeHyung sorriu, apertando mais uma vez a mão de JungKook, que corava a cada toque forte, e TaeHyung percebeu todas as vezes que suas bochechas ficaram em tons de rosa forte, em contraste com seu rosto rosa claro.
JungKook nadou até aqueles corais com algas translúcidas e brilhantes, vendo TaeHyung puxá-las uma a uma e colocá-las na boca, devorando-as. Vendo a confusão no rosto de JungKook, que o analisava comer aquelas algas. Ele as tirou com cuidado para não quebrarem e ofereceu duas algas para JungKook, que o olhava meio enojado.
— Essa é a comida do fundo do mar. Experimente logo, garoto de Plutão, e tente não se apaixonar. — TaeHyung segurou a alga na frente dos lábios de JungKook, na expectativa de que ele os abrisse, e experimentasse aquela comida que TaeHyung adorava tanto.
Mesmo achando a alga um pouco estranha demais para comer, JungKook timidamente abriu um pouco a boca, seu paladar sendo recebido por água salgada e a alga crocante, que não era tão ruim quanto imaginava.
— Essa cara me diz que você não odiou — TaeHyung sorriu com as bochechas cheias de alga, fazendo JungKook sorrir com o quão adorável TaeHyung estava se deliciando com aquelas algas. — Não quer mais?
— Não estou com tanta fome. Eu tenho cápsulas de comida nutritivas em meus bolsos internos, caso queira algo para comer mais tarde também — JungKook bateu em partes de sua roupa, e foi a primeira vez que TaeHyung reparou nela. Ela ia do pescoço até a canela.
— Você tem bolsos? Pode colocar isso em um deles? — TaeHyung perguntou ao sentir algo dentro do seu short e lembrou do que estava em suas posses. Puxou o short para frente e de dentro tirou o frasco com o líquido branco dentro. Uma ação tão inocente aos seus olhos, mas que fizeram JungKook se afastar de surpresa e desviar os olhos do que TaeHyung estava fazendo.
— O que você está fazendo?!
— A tia Élida me deu um frasco. — TaeHyung o estendeu na direção de JungKook, mostrando o frasco.
— Mas por que estava dentro do seu short?
— Porque eu não tinha bolsos para colocá-lo como você tem, e precisava das minhas mãos livres para manter o equilíbrio na água — Deu de ombros, voltando a estender o frasco para JungKook como um pedido silencioso para que ele guardasse, já que tinha bolsos, enquanto TaeHyung apenas vestia um short não muito longo para cobrir seu corpo.
Voltaram a nadar, por muito tempo. A superfície ainda estava iluminada, mas TaeHyung sabia que aos poucos a luz diminuiria, indicando o fim do dia.
Não queria pensar no tempo, não queria pensar em maldição. Sabia que tudo daria certo e JungKook faria aquilo por ele, mesmo sem saber que a vida de TaeHyung dependia daquela pequena decisão. Só precisava continuar sendo ele mesmo, e talvez JungKook se sentisse confiante para dar aquele passo.
Os assuntos de conversa não acabavam, sempre descobrindo algo novo, mas Oceanea era mais distante do que os corpos deles aguentavam por tanto tempo. sentiam-se cansados, mas tentavam manter a esperança de que em algum momento aquele gigantesco portal de pedras vermelhas e verdes apareceria em algum momento para motivá-los ainda mais.
Poseidon, por favor, nos ajude... me salve...
— JungKook! JungKook! Ali, ali, ali está! — Os olhos de TaeHyung se arregalaram quando o arco de pedras coloridas característico do reino de Oceanea apareceu aos poucos ao longe. Estavam chegando, finalmente! A euforia inundou seu corpo, fazendo-o estender o braço e o dedo indicador para a direção para onde os dois rapazes estavam nadando.
— O que? O que quer dizer TaeHyung? Eu não vejo nada. — JungKook respondeu em confusão pela súbita euforia que TaeHyung demonstrou ao seu lado, apertando sua mão com força, o aperto mais intenso que já sentiu em toda sua vida. Seus olhos não viam o que os olhos de TaeHyung viam; suas visões eram diferentes. Por isso, JungKook só conseguia enxergar poucos metros à sua frente, e na direção que TaeHyung apontava com o dedo, não havia nada além do azul escuro do fundo do oceano.
— Continue nadando, ali na frente está o arco de Oceanea. Finalmente chegamos. — Continuaram seguindo naquela direção.
— E para que essas algas estreladas servem?
— Élida disse que sua cápsula precisa de mais energia oceânica para você conseguir chegar ao espaço. Acho que é isso.
— Faz sentido, o abastecimento da minha cápsula não é infinito, e eu não sei por quanto estive no espaço. É muito bondoso da parte da sua tia de me ajudar a voltar para ver minha família... e é muito bondoso da sua parte também, eu nunca poderia mostrar gratidão o suficiente — Seus olhos se conectaram, as mão deles unidas. TaeHyung viu as estrelas começarem a brilhar nos olhos violeta quase pretos. Estavam tão conectados, e havia algo que ele poderia fazer para mostrar sua gratidão.
— Você poderia... — Me beijar? Sua garganta fechou quando o final da frase terminou apenas no seu pensamento. A tosse veio com força, fazendo seus olhos arderem.
Você não pode dizer a ele.
— Meu santo Plutão, TaeHyung, você está bem? — Parou de nadar para manter sua atenção na tosse inesperada de TaeHyung.
— Você... você não... está tudo bem... ah... Você não precisa agradecer — A voz saira mais fina do que o normal, sendo acompanhada por mais tosse devido à sua garganta queimando. — Você não precisa agradecer, eu faria tudo de novo. Você é uma boa pessoa, JungKook, e você deve voltar para as pessoas que você ama e se importa muito. — Sua voz voltou ao normal, deixando apenas o gosto amargo no fundo da garganta como um lembrete da proibição da maldição.
Mas e se eu começar a me importar tanto com você e não querer ir embora e te perder?
— JungKook? Está me ouvindo? — A voz de TaeHyung e sua mão direita passando na frente do seu rosto o despertaram do seu conflito de pensamentos e emoções. um sorriso apareceu no rosto do outro, o sorriso mais bonito que já teve o prazer de contemplar na vida.
— Desculpe... Me distrai.
— Vamos, estamos chegando em Oceanea — TaeHyung impulsionou seu corpo na água, nadando em direção de Oceanea enquanto ainda segurava a mão de JungKook. Porém, era difícil para ele manter-se em linha reta sozinho, e a responsabilidade de levar alguém consigo era demais para o seu raciocínio. Então, escutou a risada baixa de JungKook quando este passou pelo seu lado, começando a puxá-lo consigo como vinha fazendo todo esse tempo. — É, você vai na frente. Só segue reto.
— Estou vendo. Que arco bonito. — Comentou JungKook quando finalmente o arco de Oceanea apareceu em sua visão. Eles ultrapassaram o arco, vendo o reino à sua frente. Um reino abandonado. As construções eram feitas de pedras verdes e vermelhas que não flutuavam, decoradas por flores e algas. Mas, não havia um ser marinho sequer que nadasse por perto. O lugar estava assustador, o silêncio completo do que deveria ser um reino cheio de habitantes, agora possuía muita tristeza. O cenário tinha uma aura mórbida e sombria, pela história que carregava.
— Você sabe onde essas algas estreladas que precisamos ficam nesse reino?
— Elas costumavam ser usadas como decoração em todo lugar do reino, não deveria ser difícil encontrá-las. Podemos procurar no palácio; era um lugar gigante e cheio de algas. Talvez consigamos encontrar alguma lá — TaeHyung continuou guiando JungKook pelos caminhos, passando pelas ruínas das antigas construções do reino. Eles desviavam o olhar toda vez que viam ossos flutuando na água entre os destroços.
— Esse é o palácio? — JungKook perguntou quando pararam na frente de outro arco de pedra enorme, que continha no alto um desenho de ondas em um círculo, o brasão do reino.
— Diziam que esse palácio costumava ser cheio de cores e vida. Agora... agora é apenas ruínas — TaeHyung seguiu com JungKook para dentro dos enormes muros que cercavam o Palácio abandonado de Oceanea. A construção ainda estava de pé, mas com enormes rachaduras e buracos nas pedras. Podia ser perigoso se as pilastras recebessem qualquer toque ou alguma onda mais forte, então os rapazes precisavam ter cautela.
Procuraram ao redor do Palácio as algas, mas não encontraram. Precisavam procurar na parte interna das ruínas do Palácio, o que não seria uma tarefa fácil. Passaram pelos buracos nas paredes da gigantesca construção, tentando ao máximo não encostar em nada, se chocando contra o imenso escuro tenebroso. TaeHyung ainda possuía uma visão aguçada, mas se preocupava com JungKook, que mal conseguia enxergar algo. E, para piorar a situação desagradável, era difícil demais contornar os escombros estando ainda de mãos dadas. TaeHyung apertou a mão alheia mais uma vez antes de soltá-la, pensando que assim seria mais fácil de eles se locomoverem pelas ruínas do palácio e serem mais cuidadosos na procura. Mesmo que TaeHyung não se sentisse seguro em nadar por conta própria por causa das novas pernas, precisava arriscar. Só não contava que no segundo em que soltasse a mão de JungKook, o rapaz iria se desesperar. TaeHyung era sua luz naquela escuridão; era como se tivesse perdido a visão completamente, o que o deixou assustado.
O pânico em seu corpo o fez ser imprudente e debater-se no escuro, chamando por TaeHyung, que havia se afastado sendo levado para longe pela água no momento em que se separaram.
— JungKook, calma! — TaeHyung chamou por ele, sentindo o pânico chegando por ver o outro daquela maneira, e sem controle total dos próprios movimentos na água. Pernas malditas, funcionem, funcionem, funcionem!
Procurando por TaeHyung no escuro, JungKook começou a nadar tentando seguir a voz, mas seus olhos se depararam com uma pilastra em seu caminho. Seu corpo se chocou com ela antes que pudesse desviar. O choque do seu corpo com a pilastra, sem JungKook reparar ou escutar, fez com que rachaduras se abrissem na parte de cima da pilastra.
Taehyung, que estava afastado, apenas pôde assistir enquanto JungKook chocava seu corpo contra a pilastra, fazendo as rachaduras crescerem até em cima e criarem pedras independentes, que iriam cair em cima de JungKook a qualquer momento e machucá-lo. E TaeHyung não podia deixar. Sem se importar com o seu redor e sua segurança, ele se apoiou nas pilastras ao seu redor para ficar de pé na água e manter o equilíbrio, lembrando dos ensinamentos de JungKook. TaeHyung impulsionou seu corpo nandando com suas mãos e suas pernas o mais rápido que conseguia, até se aproximar de onde JungKook estava. Fez uma curva na água com o seu corpo, apoiando seus pés na pilastra que JungKook estava, enquanto segurava os braços dele. TaeHyung empurrou seu corpo, fazendo impulso com suas pernas na pilastra, levando JungKook para longe do perigo antes que as pedras caíssem das rachaduras o atingissem.
Ele estava são e salvo. Os dois estavam.
— O que aconteceu?
— As pedras iam cair na sua cabeça, e... e eu não podia deixar você se machucar. — Sorriu, fazendo o outro sorrir também. Sua respiração estava ofegante de adenalina e pelo esforço que fizera há alguns minutos.
Aquilo foi tão incrível!
— TaeHyung, você nadou! Você conseguiu nadar muito bem... tudo isso para me salvar, mais uma vez. Você salvou minha vida mais uma vez, eu não sei como agradecer por ser tão bom para mim — JungKook sentiu-se as emoções no peito. Aquele ex tritão, que lutou contra seus medos para salvá-lo de se afogar, aquele ex tritão que teve coragem de sacrificar sua majestosa cauda apenas para ajudá-lo, não havia palavras o suficiente para JungKook descrever o quanto se sentia feliz por tudo que TaeHyung fazia e estava fazendo por ele. Ele se sentia... amado. Mal se conheciam, e TaeHyung já havia feito tanto por ele, apenas porque achava que era o certo a se fazer. Isso mostrava o quanto era uma pessoa boa. Os braços de JungKook foram mais rápidos em contornar o corpo de TaeHyung, abraçou-o com força. Deu seu segundo abraço na vida, e fora com aquele belo rapaz de coração iluminado.
O que eu poderia fazer para retribuir tudo o que você faz por mim?
— Você... você poderia talvez voltar um dia para me visitar... — Sugeriu no meio do abraço. A voz aveludada próxima à orelha pontudo do outro, fazia correntes elétricas passarem por seu corpo e arrepiar os pequenos pelos que tinha no pescoço. Afundou ainda mais seu rosto no ombro de TaeHyung, envergonhado sentindo aquelas sensações.
Algum tempo depois de compartilharem um abraço apertado, os rapazes se afastaram, ainda tinham um objetivo a cumprir.
— Aquelas algas ali são essas “algas estreladas”? — JungKook apontou para um lugar um pouco à frente, próximo a um buraco nas paredes de pedra, o que antigamente era uma janela. TaeHyung se virou na direção indicada, sorrindo largo ao perceber que finalmente haviam encontrado as algas que tanto procuraram.
— Vamos. Eu prometo nunca mais soltar sua mão — TaeHyung sorriu, era uma promessa que ele esperava com todo seu âmago poder cumprir, mas sentia uma tristeza no seu coração com medo daquilo não ser possível de se realizar. As mãos se conectaram, e logo depois os olhos. Eles estavam conectados mais uma vez. E voltaram a nadar juntos, arrancando algumas algas do chão e nadando o mais rápido possível para fora daquelas ruínas com pedras perigosos que a qualquer minuto poderiam voltar a cair em suas cabeças.
— Eu pensava que aquelas pedras iriam boiar na água.
— Aquelas construções precisavam ser feitas com outros tipos de pedras, pedras que não boiassem. Elas foram encontradas a milhões de séculos atrás pelos nossos antepassados. É uma história bem intrigante, mesmo que eu não me recorde tanto agora para poder te contar — Os dois riram. — Agora só precisamos subir até a superfície e escalar o Monte Serena.
— Que Monte é esse?
— Ele fica bem próximo do reino de Oceanea, em uma ilha. As histórias dizem que uma guerreira da Queda Oceânica descidiu fazer um acordo com os humanos, ela se sacrificaria para que os humanos os deixassem em paz. Foi um acordo em vão, os humanos não tinham palavra. Eles a levaram até o topo da montanha e a mataram lá, fazendo seus últimos segundos de vida serem observando o oceano que ela tanto amava. Deram o nome em homenagem pela coragem e lealdade dela pelo reino, ela estava sendo acusada de traição antes da guerra começar.
— Wow, que história. É muito cruel — E os rapazes voltaram a nadar em direção à superfície, de mãos dadas.
O caminho até lá em cima não fora tão longo quanto o caminho de Atlantara até Oceanea, mas foi um caminho consideravelmente longo para que eles pudessem continuar conversando sobre seus povos e suas culturas.
Conectando-se mais um pouco, um ao outro...
Por favor, por favor, me beija Jeon JungKook.
Chegaram nas areias da praia da ilha que era o lar do Monte Serena, e era uma montanha muito maior do que os rapazes esperavam.
— Ai — TaeHyung gemeu quando ambos saíram da água e chegaram à praia. TaeHyung caira na areia com as pernas fracas, assustando JungKook.
— Você está bem?
— Sim, nadar é uma coisa, agora você tem que me ensinar a usar essas pernas fora d'água — TaeHyung sorriu envergonhado, sendo ajudado pelas mãos de Jungkook a ficar em pé.
O frio chocou-se contra seu corpo parcialmente nu, fazendo-o fechar os olhos sentindo-se congelar. Nunca sentiu algo assim antes, e a sensação era um pouco assustadora.
— O que foi?
— Frio — Ao falar, involuntariamente seus dentes bateram. Preocupando JungKook um pouco mais, que prontamente puxou o zíper do casaco preto que usava e deu-lhe para TaeHyung, ficando com uma blusa alaranjada de mangas curtas cobrindo o seu peitoral.
— Aqui — JungKook auxiliou TaeHyung a vestir a roupa em seu tronco, para protegê-lo do frio da praia. O sol estava se pondo no horizonte, transformando o azul do céu em tons de laranja e rosa.
Seu tempo estava se esgotando...
— Obrigado — TaeHyung sorriu enquanto ambos se encaravam. O frio em seus braços havia sumido, mas uma hora iria aprender a se acostumar com o frio gelado que se chocava contra suas pernas desnudas. — Precisamos ir. — Aconselhou, sendo ajudado na locomoção por JungKook, indo em direção a montanha. Contornaram-a achando uma trilha que ia subindo. Era por lá que iriam chegar até o topo. Precisavam se apressar.
Você terá um dia para fazer esse humano de outro planeta lhe beijar, se não, você irá virar espuma do mar.
Aquelas malditas palavras não deixavam sua cabeça um segundo sequer, conforme TaeHyung deixava de escutar as conversas de JungKook para focar sua atenção no céu escurecendo. Ele tinha até meia noite para fazê-lo o beijar, e não podia pedir por aquilo, não podia implorar por aquilo para poder se manter vivo, e JungKook jamais imaginaria o que TaeHyung estava passando.
Por favor, santo Poseidon, por favor, faça ele me beijar.
— TaeHyung! — JungKook gritou, finalmente chamando a atenção de TaeHyung, que saiu de seus pensamentos qaundo JungKook o puxando para trás, fazendo seu corpo se chocar contra o peitoral do outro. — Você precisa prestar atenção, você quase caiu da montanha. Estamos quase no topo, foca em mim, por favor.
E TaeHyung tentou focar, mas não conseguia parar de desviar o olhar entre o céu, a montanha e JungKook, especialmente sua boca. Será que ele entenderia aquele sinal se ele ficasse olhando estaticamente para sua boca?
Chegaram ao topo do Monte Serena, mas levaram muito mais tempo do que TaeHyung imaginava que demoraria. Mal prestara atenção nas histórias que JungKook compartilhou e se sentia mal por isso. Estava enlouquecendo; a lua cheia e brilhante estava muito alta no céu.
A meia noite estava próxima... e talvez o fim de TaeHyung também.
Taehyungie só assistiu enquanto JungKook sentava-se no chão, dando batidinhas ao seu lado, era um sinal que TaeHyung não entenderá.
— Senta aqui comigo — JungKook sorriu, e TaeHyung fez o que ele pediu com carinho. Sentaram-se juntos, lado a lado, e as mãos timidamente se encontraram novamente. JungKook se virou para TaeHyung e sorriu fazendo ambos os corações se agitarem. Uma sensação gostosa e inexplicável os atingiu, mas as palavras fugiram.
— Como eu posso te agradecer por tudo que fez por mim? — Os olhos, aqueles olhos novamente estavam brilhando apenas para Kim TaeHyung, que queria avançar nele e tomar seus lábios para si, mergulhar naqueles sentimentos novos e não se importar com o amanhã.
Mas, talvez não existisse um amanhã para ele.
— Você... você... — TaeHyung não tinha o que dizer, e desceu seus olhos pelo rosto de JungKook até os lábios, deixando-os ali, espeando que JungKook entendesse. Ele tinha uma pintinha escura embaixo do lábio inferior, e era adorável.
Queria sentir a textura macia mais uma vez.
— Você precisa ir pra casa. — TaeHyung sussurrou depois de longos minutos em silêncio; seu coração pesou, era isso. TaeHyung segurou as lágrimas enquanto retirava o casaco de JungKook, e antes de entregar a vestimenta ao dono, ele retirou o frasco do bolso.
Retirou a rolha do frasco e, segurando suas emoções, despejou em cima das algas estreladas, misturando as algas no líquido esbranquiçado até ficar em um tom de roxo claro quase rosa. Era essa a energia oceânica que JungKook precisava para ir para casa e ir embora da vida dele para sempre.
Algo aconteceu no canto do seu olho, chamando sua atenção. Era a cápsula de JungKook, que havia crescido para o tamanho normal; ela possuía quatro pequenos pés que davam suporte para a cápsula ficar em pé. Ela parecia maior do que TaeHyung se lembrava.
Depois de misturar a poção com as algas, o líquido voltou para dentro do frasco transparente. E sem olhar para ele, TaeHyung estendeu o frasco na direção de JungKook, olhando para o horizonte, para o oceano no horizonte.
Sentiu os dedos de JungKook roçarem nos seus quando ele retirou o frasco na sua mão, e TaeHyung não quis assisti-lo se preparando para ir embora de sua vida, não queria ver, não estava pronto. Não era apenas pela sua vida em jogo, era sobre seus próprios sentimentos, sentimentos fortes que não tinha conhecimento que existiam; e que faziam seu coração dançar de forma doce e apaixonada em sua caixa torácica. Ele não queria perder aqueles sentimentos. Não estava pronto para o abandono.
Não queria enfrentar um mundo sem ele.
— TaeHyung — Ouviu seu nome de forma carinhosa sair dos lábios de JungKook, lábios que ele queria gritar implorando para encostarem nos seus.
JungKook não o fez, e não demonstrou em nenhum momento de que o faria.
— Eu... eu acho que está tudo pronto — Era o fim.
TaeHyung se levantou com velocidade e se jogou nos braços de JungKook, forte, abraçando-o muito forte. E TaeHyung sentiu as lágrimas descerem por suas bochechas, escondendo seu rosto na curvatura do pescoço de JungKook, que se sentia da mesma forma. TaeHyung não sabia, mas ele se sentia da mesma forma.
— Eu não quero perder você para sempre — TaeHyung pronunciou baixinho.
— Eu também não — E JungKook correspondeu a tristeza.
— Mas, eu não posso ser egoísta para te prender aqui — TaeHyung engoliu seus sentimentos, aquilo era mais importante do que ele.
— Eu jamais vou me atrever a te esquecer — JungKook confidenciou. Fez carinho nas madeixas loiras, macias e levementes secas de TaeHyung pelo vento.
Por favor, não vá embora...
— Para se lembrar de mim — JungKook voltou a colocar o seu casaco em TaeHyung, que havia reparado que o nome “Jeon JungKook” estava bordado do lado de dentro do casaco quentinho.
— Eu jamais vou te esquecer — Os olhos de TaeHyung brilharam, por mil motivos diferentes, vendo os olhos violetas brilhando para si em resposta aos seus sentimentos puros.
— Eu prometo que eu vou tentar de tudo para voltar para você — JungKook sorriu esperançoso e fazendo promessas. Mais um abraço antes de se afastarem... agora para sempre.
TaeHyung acenou para ele, enquanto assistia JungKook entrar em sua cápsula e fechar o vidro escuro. Não dava mais para ver JungKook. TaeHyung continuou acenando sem parar enquanto a cápsula espacial de JungKook soltou uma fumaça cinza e saiu do chão aos poucos. Subindo, subindo, subindo e então em um piscar de lágrimas, a cápsula não estava mais naquele céu. TaeHyung sabia que ele não estava mais naquele planeta.
Seu corpo despencou no chão, de dor emocional, e lá ele ficou. Chorando e chorando, abraçando o seu corpo, sentindo os resquícios do cheio de JungKook, procurando forças para juntar os cacos quebrados do seu coração para encarar o seu destino.
A lua estava subindo.
TaeHyung sabia que tinha que encarar aquilo, então correu para descer a montanha. Segurava na terra da montanha para manter o equilíbrio, não importava se tropeçasse, não importava se seus pés doíam e não importava as quedas que teve, os joelhos ralados sangrando em azul não o pararam. Nenhuma dor superava a dor de seu coração, e nada o tiraria o foco de voltar para as águas do oceano para aproveitar seu mundo uma última vez. Poseidon, me salve.
Faltando poucos quilômetros para chegar na base da montanha, sentiu a falta de equilíbrio mais uma vez pelas dores em suas pernas e TaeHyung caiu de uma altura de três metros, no chão. Gritou de dor e tentou se mexer, sendo inundado pelas dores em todas as partes do seu corpo. Estava morrendo, e não iria parar, ele queria tocar o mar. Então, se arrastou, sentiu a pele de seus braço tocar a terra fria, e chorou mais, sabendo que havia rasgado o casaco de JungKook, mas precisava chegar até a água.
Estava perto, se arrastou pela areia em uma situação miserável, desesperado, lutando para tocar o seu mundo novamente. Suas mãos tocaram as espumas das ondas do mar que chegavam até a areia, elas se repuxaram fazendo TaeHyung sentir falta, e segundos depois voltaram, enquanto ele ainda lutava para chegar até alguma parte que pudesse submergir seu corpo por completo.
Antes que pudesse concluir seus últimos desejos, a lua atingiu o ponto mais alto no céu. Era meia noite.
TaeHyung pensou em seus pais e os rapazes que um dia chamou de irmãos, pensou nos seus amigos peixes e em todo seu reino aquático. Pensou na sua tia e no que havia feito de errado para ela fazer aquilo consigo. E pensou em JungKook, e que mesmo nos últimos segundos de sua vida, não se arrependia de nada do que havia feito por ele. Apenas se arrependia por não ter dito que o amava.
— Pobre criança — A voz de Élida soou pelas águas enquanto se aproximava da superfície, encontrando um casaco preto e um short azul marinho flutuando na água no meio das espumas das águas da praia. E,perto dessas roupas encharcadas flutuantes, também havia rastros de sangue.
Élida riu, notando que estava certa. O seu caldeirão sabia de tudo e ele era poderoso demais. O seu corpo começou a transmutar para a forma de quando era uma belíssima e elegante sereia na sua juventude, sua cauda voltando ao roxo vibrante novamente. Não lamentava um segundo da crueldade que fizera, tudo tem seu preço. Era a vida de um inocente pela seus poderes. A velha Élida nunca gostou daquela criança patética que brincava com seus brinquedos insignificantes na sua caverna, e que podia voltar para os muros daquele imenso luxuoso palácio real, cercado pelas regalias do reino, enquanto ela era obrigada a permanecer longe, envelhecendo e perdendo suas energias por ter sido banida pelo seu próprio irmão por causa de uma paixão idiota que resultou no nascimento daquela criança, filho do rei de Tritonia com a filha do rei de Atlantara.
A dor de perder seus status e luxo ao longo dos anos deu lugar ao mais puro ódio que um ser poderia sentir em suas veias. Ódio por terem feito aquilo com ela. Por causa de um mísero erro bobo, era obrigada a suportar seu próprio filho, se passando por uma tia feiticeira. Enquanto ele tinha tudo e ela não tinha nada.
A vida não é justa, pequeno TaeHyung.
Enquanto a sereia feiticeira ria da tragédia que causara a alguém inocente em troca de sua juventude, na galáxia havia um habitante de Plutão com saudades da família e de seu planeta, carregando em seu coração uma tristeza profunda por amar alguém pela primeira vez e ter que abandoná-lo. Imaginando como seria poder voltar para Terra e encontrar o rapaz que amava novamente, mal sabendo que aquele romântico encontro que almejava no futuro, não era mais possível de ser realizado.
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