1 - Um lado
Sempre gostei de mulheres. Mas também sempre gostei de homens. O fato de gostar de mulheres me fez optar por um lado porque, por ser mais fácil ou por alguma outra razão, tudo me empurrou nessa direção.
Eu não cheguei a esconder que tinha uma queda pelo outro lado do prazer, mas também nunca abri isso para ninguém. O fato é que, sempre me imaginava com outro cara, mas minha vida era tão enrolada que eu já estava noivo de uma garota sem nunca ter experimentado a relação com um homem, portanto, eu ainda não tinha satisfeito esse outro lado da questão.
Não sou um cara tão novo. Tenho 30 anos, portanto não consigo pensar tão livremente como a geração que veio depois de mim. Eu sempre me resignei a seguir os protocolos, manter as aparências e não me envolver em polêmicas, mas conforme os anos foram passando, comecei a me questionar se minhas decisões não estavam me impedindo de experimentar tudo o que a vida me reservou.
Numa certa manhã, eu vasculhava jobs pela internet — sim, sou Designer Gráfico e trabalho por job —, mas, depois de navegar por um longo tempo, não encontrei nada promissor e desisti. O problema era que as coisas andavam bem complicadas ultimamente e eu precisava encontrar algo logo, visto que meu aluguel já estava atrasado havia dois meses.
Mesmo assim, sabendo que deveria continuar tentando, resolvi espairecer. Dei aquele pulo básico num site pornô gay, algo que fazia hora ou outra para ficar me imaginando um pouco como um daqueles caras felizes. Estava procurando algo cuja capa me interessava e, quando escolhi, antes de iniciar o vídeo, a propaganda de um rapaz convidando para uma live chamou minha atenção.
Bom, eu nunca me interessei muito por lives, só pelos vídeos prontos, mas fiquei imaginando se eu poderia fazer algo nesse sentido usando meu corpo para ganhar dinheiro, afinal, eu tinha consciência de que era um cara bem agradável: um metro e oitenta e dois, forte e encorpado de academia, mantinha os bíceps, tríceps e todos os outros "tralaláceps" bem tonificados pois gostava da aparência masculina. Eu era todo depilado no peito e abdômen, e as partes não depiladas como a região íntima, pernas e braços eram cobertos por pelos dourados. Apesar de loiro, eu tinha a pele bronzeada de sol; meus olhos verdes faziam tanto meninas como meninos me secarem nas ruas, e eu gostava muito do meu cabelo de comprimento médio, o qual costumava manter preso num coque frouxo na nuca.
Minha noiva dizia que eu era uma versão paralela do Rodrigo Hilbert, o que eu achava um absurdo, afinal, o cara era um deus e ela devia ser meio louca ou meio cega para me comparar a ele.
Acessei outro vídeo e lá estava: a propaganda de outro rapaz oferecendo o corpo. Fiquei curioso sobre o impacto que a minha aparência causaria num desses sites eróticos, então comecei a pesquisar. Obviamente, minha busca me levou a coisas bem bizarras, mas acabei chegando num site que me pareceu confiável. Criei um personagem, fiz meu cadastro, subi um vídeo meu só de sunga e esperei.
Depois de aproximadamente 20 minutos, começaram a chegar as notificações. Fiquei surpreso com a rapidez. Fui checar e havia contatos de várias pessoas: mulheres, homens também, pedindo mais conteúdo e perguntando se eu fazia lives. Eu sempre consumi essas coisas — não as lives em si — mas sempre assisti vídeos em sites pornô, contudo nunca estive do outro lado da câmera, então fui pego desprevenido por uma onda de timidez sem precedentes.
Não respondi de imediato, mas coloquei a coisa toda numa gaveta para pensar mais tarde, afinal, a Laura, minha noiva, estava para chegar e eu definitivamente não queria que ela soubesse o que eu andava fazendo escondido.
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