Recordações
Algum tempo no passado.
Quando olhei para Arlos ele tinha o semblante perturbado.
Haviamos feito amor depois de uma briga.
_ me diga o que esta errado, Arlos.
Eu o perguntei trêmula. Marcada pelo amor que fizemos.
Arlos havia sido bruto e apressado. Parecia sentir angustia, raiva. Algo contido.
_ achei que gostasse de fazer amor assim.
Suas palavras me feriu. A verdade é que sim, eu amava ser tocada por ele, todas as vezes, mas nao com ele tão intensamente perturbado.
_ desta vez me deixou marcas.
Eu disse enquanto tento sair dos braços dele que me impediu.
_ sim eu a deixo marcada porque você é minha.
_ não pertenço a você.
O empurrei, e me levantei totalmente despida.
Arlos observava meu corpo eu poderia sentir como que seus olhos enxergassem minha alma.
_ me desculpe. Nao quis magoar você. Nunca quero.
_ não sou uma boneca de plástico. Eu tenho sentimentos.
Sinto uma lágrima escorrer por meus olhos.
_ eu ja pedi desculpas por isso Betina. Eu me sinto péssimo. Vem cá. Fique em meus braços.
O fitei, ele tinha os braços abertos a que me deitasse sobre eles.
Corro para seus braços, e me permito ser novamente amada por ele.
Chovia aquela noite e aquela recordação me pegou de repente, após rever Arlos.
Porque ele tinha que aparecer em minha vida outra vez?
Enquanto Arlos em seu apartamento pensava em suas últimas horas e no quanto rever Betina o deixou angustiado.
Ele foi um cafajeste, um idiota com a mulher que havia amado. A unica mulher a qual havia amado em sua vida.
Agora, o tempo os encarrega de se verem outra vez, e ele não sabia como agir.
Precisava do tratamento e estava sob custódia.
Posse de arma e drogas. Sob influência da mesma.
Agora dependia de uma ajuda médica sobre teu comportamento.
Estava nas mãos de Betina.
Enquanto a chuva caia torrencialmente, uma lembrança deles vem em sua memória.
Estavam na cama.
_ eu te amo, Arlos.
Quando Arlos olhou para aqueles olhos soube que sentia o mesmo.
_ Betina...
_ sei que podemos lutar juntos eu posso ajuda-lo. Posso fazer você melhorar.
Suspirando ele levantou-se da cama.
_ não é assim tão fácil como pensa. Betina.
_ eu sei. Estou terminando a faculdade de psicologia e isso pode ajudar você.
_ pensa que sua psicólogia podera me salvar?
_ eu quero fazer isso, Arlos.
_ você nao pode e nem ninguém.
_ Nao diga isso.
_ melhor você ir. Preciso me drogar e nao a quero aqui.
_ não faça isso esta noite, por favor.
_ preciso faze-lo. E vá de uma vez.
_ não ve o que esta fazendo a si mesmo?
_ isso não importa!
_ isso importa! Eu me importo com você!
_ não preciso que se importe comigo, agora saia!
_ quando sera capaz de perceber que isso não te torna um homem?
_ se não me aceita nao precisa voltar. Eu ja tenho o que preciso.
Uma lágrima rolou dos olhos de Betina.
O perdia para as drogas.
_ prefere viver de ilusões, Arlos. Nao quer minha ajuda.
_ não. Eu nao quero.
_ achei que eu era suficiente para você.
_ então descobriu que não é.
A porta se bateu. E Betina saiu da vida de Arlos aquela noite.
A mesma noite lembrada por ele, enquanto sob forte abstinência da droga, se embreaga ate dormir.
Pela manhã, estava pensativa sobre minha cadeira.
Arlos seria meu primeiro paciente aquela manhã, e estava atrasado.
Quando ele entrou a sala estava como um zumbi.
Ele olhou para mim enquanto se deitava no divã.
_ bom dia, você esta bem?
_ bom dia e não estou bem. Minha cabeça parece que vai explodir.
_ precisa de um analgésico?
Os olhos de Arlos penetram sobre os meus.
_ sabe o que desejo, Betina. Eu desejo me redimir.
Eu me senti pouco a vontade com o que ele havia dito. Não sei se seria sobre mim e não ousei perguntar.
_ você me ouviu?
_ eu gostaria de ouvir sobre seu estado de saúde mental.
Eu digo apressada e trêmula.
Arlos parecia sentir todas as minhas emoções.
_ me deixe tentar.
_ tentar o que? Neste momento você esta doente e viciado e sob custódia.
_ eu deveria apenas ter amado você.
Eu deveria faze-lo calar, mas queria ouvi-lo. Desejava que ele se redimisse. Sim eu queria muito ouvir as desculpas do homem que havia me partido ao meio anos antes.
_ será que pode me perdoar, Betina? Eu fui um cretino.
_ me diga se isso importa? Eramos jovens e isso ja acabou.
_ não, isso nao acabou. Me diga se existe alguém. Se tem alguém em sua vida.
Não, não havia ninguém, depois dele Betina nao soube amar. O bloqueio emocional que Arlos causara em sua vida foi permanente.
_ eu... eu nao quero falar sobre isso e...
Deixei sobre a mesa próximo a ele um analgésico e um copo de água.
_ e não importa.
O vejo se levantar e se aproximar de mim.
_ eu preciso saber, Betina.
Sinto quando ele tocou em mim.
Logo, estavamos muito próximos.
_ eu sinto tanto pelo o que te causei, Betina.
_ o que se fez ja esta feito.
Tento me afastar, mas ele me puxou contra o corpo dele e estavamos muito mais próximos que antes.
_ olhe para mim, estou aqui por alguma razão maior que meu tratamento.
O fitei, talvez ele tivesse razão.
_ por favor solte-me e volte ao divã.
Eu digo trêmula e com voz quase inaudível.
_ não posso não tentar, Betina. Me veja. Eu nao sou mais aquele idiota que a machucou.
Eu via o mesmo homem. Um pouco mais maduro apenas.
_ solte-me, Arlos.
Vi que os olhos dele se iluminou.
_ me chamou por meu nome. Me diga se ainda sente algo por mim, Betina.
Uma de suas mãos estava sobre minha cintura, e a outra em meu queixo enquanto os levantava.
_ precisa se controlar.
Eu digo enquanto tento tirar a mão dele de minha cintura.
_ sinto que sim. Sinto que ainda existe algo entre nós. Ainda é forte. Posso ver em seus olhos, Betina.
Desta vez o empurrei.
Ele apenas deu um passo atras.
_ sente-se ao divã. Preciso terminar meu trabalho.
_ quer saber sobre minha vida sem você? Esta bem.
O fitei. Porque ele fazia aquilo afinal?
_ conte-me há quanto tempo esta limpo, sem usar drogas.
_ isso tem 9 meses.
Eu anotei em meu caderno.
O fitei e ele nao tirava os olhos de mim.
_ ainda faz uso de álcool?
_ sim. Ontem a noite me embriaguei para conseguir dormir.
Suspirei e anotei.
_ olhe para mim, Betina.
Eu o faço.
_ os anos que passei longe de você, e sem ter o direito de me aproximar me tornou quem sou agora.
_ suas mudanças condiz ao que estava sofrendo, e não poderia ser sobre mim.
_ não pode saber disto.
_ talvez você não possa!
Eu gritei de repente.
_ isso! Ponha para fora sua frustração, diga o quanto a magoei me ofenda me bata, mas nao finje que nunca me amou, Betina.
_ acho que você precisa de remédios e isso não posso prescrever.
_ eu não preciso de remédios, eu preciso de você. É isso.
Outra vez ele fez meu coração retrair.
O passado havia voltado.
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