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PRÓLOGO

A morte chega como um ladrão, roubando tudo o que temos de mais precioso e deixando um vazio que nem o tempo consegue preencher.

Ladrão de borboletas




Eu olhava para o céu nublado, tentando segurar as lágrimas. Desde o momento em que acordei naquela manhã, nada fazia sentido. Minha mãe havia morrido de repente, de forma tranquila, enquanto meu pai estava com sua amante. Não houve dor, não houve aviso. Apenas a quietude da morte invadindo nossas vidas e arrancando minha mãe de mim.

A neve caía lentamente enquanto o corpo dela era sepultado. Lágrimas geladas deslizavam pelo meu rosto, e eu me agarrava à blusa preta, tentando encontrar conforto em algo, qualquer coisa. Meu pai nem sequer apareceu no enterro. Olhei ao redor, procurando algum sinal de que aquilo não era real, que talvez tudo fosse um pesadelo do qual eu poderia acordar.

Ao longe, escutei sussurros dos parentes, fofocando sobre a ausência de meu pai.

- Você soube? Ele está com outra mulher - cochichava uma das tias, fazendo uma careta de desdém.

- Sim, e a mulher já tem uma filha... e agora está grávida de um menino - acrescentou outra, com uma mistura de desprezo e malícia na voz.

- Um menino... bem, é isso que ele sempre quis, não é? - concluiu uma prima distante, com um suspiro cansado.

Essas palavras pesaram em meu peito. Era como se minha própria existência fosse insuficiente para ele. Enquanto eu chorava a perda da minha mãe, ele estava vivendo outra vida, em outro lugar, com outra família.

Quando o enterro terminou e as últimas pessoas começaram a se afastar, eu ouvi uma nova conversa, desta vez mais próxima e direta.

- Karina... é claro que ela vai precisar de alguém agora - comentou meu tio Robert, cruzando os braços, como se isso fosse uma obrigação que ele preferia evitar.

- Sim, mas quem? - perguntou outra tia, ajeitando o casaco como se já se preparasse para partir. - Eu adoraria, mas, com as crianças, sabe como é... fica impossível.

- Ah, nós também gostaríamos de ajudar - disse uma prima, dando uma desculpa apressada. - Mas já temos tantos compromissos. A vida é tão corrida...

Os olhares passaram de uma pessoa a outra, cada um procurando alguém para assumir a responsabilidade. O desconforto no ar era quase palpável. Todos sabiam que eu precisava de um lar, mas ninguém queria o fardo de me acolher.

- Ela poderia ir com você, não é? - sugeriu alguém para meu tio, já meio irritado.

- Comigo? Nem pensar. Mal temos espaço para os nossos! - Ele sacudiu a cabeça, afastando a ideia sem sequer considerar.

- E nós? Bom, você sabe como são os tempos difíceis... não podemos nos comprometer agora - disse outra tia, olhando ao redor, esperando que alguém tomasse a decisão.

A cada desculpa, eu me sentia mais invisível, mais esquecida. A dor da perda da minha mãe misturava-se com a rejeição daqueles que, em teoria, deveriam ser minha família. No momento em que mais precisei, todos se afastaram.

Foi então que minha avó materna, Eve, que havia permanecido em silêncio durante todo o enterro, finalmente falou.

- Não há mais discussão. Karina vai comigo - ela declarou, sua voz firme e sem espaço para objeções.

Os olhares se voltaram para ela, surpresos com a decisão repentina. Mas ninguém ousou contestar. Minha avó era uma mulher forte, e quando decidia algo, não havia argumentos que a fizessem voltar atrás.

- Venha comigo, Karina - disse ela, olhando diretamente nos meus olhos, oferecendo-me o consolo que ninguém mais tinha dado. - Você vai ficar comigo agora.

Eu sabia que minha avó também estava de luto. Ela havia perdido a filha, assim como eu havia perdido a mãe. Mas, no meio de tanta dor, ela foi a única que permaneceu firme, a única que cumpriu a promessa. Sem palavras, eu concordei. Ela foi a única que não me abandonou quando o mundo desabou.

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