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Pos-Lúdio

O mês era fevereiro, Rick e Duda aguardavam, acomodados na plateia disposta em mesas e poltronas de uma tradicional casa de shows do Rio de Janeiro. O ambiente escuro levemente perfumado de madeira, couro, cera de velas derretidas e um mofo sutil imprimia uma atmosfera retrô ao espaço.

A garçonete que transitava pelo salão deixou sobre a mesa um copo de whisky para Rick e uma taça de vinho para Duda, que eles desfrutavam enquanto se serviam dos petiscos dispostos em pequenas tigelas de grãos, frios e pães.

O som suave de piano deslizava pelos falantes do local, onde diversos casais trocavam confidências e carícias no ambiente propício. Duda e Rick faziam o mesmo; tinham os dedos entrelaçados, os ombros apoiados um no outro e trocavam beijos furtivos no rosto, pescoço e lábios.

— Sou tão apaixonado por você... — Rick sussurrou; seus olhos mergulharam no mar cinzento envolto por cílios dourados, e Duda sorriu. Em momentos assim, ela sentia que fora promovida de fada a deusa.

— E eu adoro ter você... — Ela fez o contorno do rosto barbado, começando no canto dos olhos até os dedos se entranharem na barba macia, terminando com o polegar nos lábios curvados num sorriso sutil. — Aonde a gente vai, tem sempre alguém te olhando, "secando" esse seu jeito todo roqueiro e sexy, e eu penso: "que olhem, ele é meu!"

— Todo seu... — mais um beijo no pescoço. — Quer dizer que você gosta de me exibir por aí?

— Eu gosto, muito! E não tenho medo, não mais. Sei que você me pertence.

— Bom saber... Já eu, prefiro ter você só pra mim, de preferência num lugar bem vazio, e numa superfície macia...

— Rick! — Duda riu e o beijou nos lábios. Nesse momento, as luzes da casa se apagaram completamente, mantendo como única iluminação os pequenos candelabros com velas acesas sobre as mesas. As luzes do praticável onde estavam dispostos um piano de cauda, um baixo acústico e uma bateria, se acenderam, e o quarteto formado por pianista, saxofonista, contrabaixista e baterista entrou no palco sob aplausos calorosos.

A primeira canção começou com uma sequência de acordes dissonantes executados pelo piano; em seguida, a bateria entrou no swing, seguida pelo walkin bass, e o saxofone desfilou as notas do tema de jazz de autoria da banda. O som era envolvente, maduro e complexo, um outro nível de musicalidade, não superior ou inferior, apenas que transitava em outra via completamente diferente.

— Você sabe tocar baixo acústico? — Duda sussurrou para Rick, que acompanhava a banda com profundo interesse enquanto marcava o tempo com a ponta dos dedos.

— Já dei uma "arranhada". Preciso ter um em casa pra treinar.

Duda adorava quando ele dizia "em casa". Ela nunca se sentira num lar como se sentia agora, e toda vez que ele se referia à moradia como a casa deles, era como um amálgama que, a cada dia, colava mais uma pecinha dentro dela e entre eles.

— E você pretende colocar onde? — Duda sorriu, imaginando mais um instrumento enorme atravancando a sala.

— Sei lá, espaço a gente arruma, ainda tem muito sobrando...

— Sei. Para vocês, homens, tudo é fácil.

— Vocês, mulheres, é que complicam tudo.

Ela deu um tapinha na mão dele e voltou a se concentrar no palco, onde o som dos instrumentos perfeitamente sincronizados a deixava fascinada. As melodias eram executadas pelo saxofonista com destreza, intercaladas pelos solos virtuosos de piano, baixo acústico e bateria. A atmosfera apaixonante era cheia de sofisticação, como se as notas musicais fluíssem carregadas de luxo, poder, sensualidade e melancolia, essa última evidenciada pelas blue notes tão comumente presentes no estilo musical. A complexidade harmônica com a predominância das dissonâncias mantinha a música suspensa, envolvente e tensa na proporção exata.

Um exemplo perfeito de como a dissonância, combinação de sons que se chocam entre si, pode ser bem apreciada e absorvida quando desempenhada na proporção correta, dentro do contexto adequado e no clima propício.

Assim como a vida, cujos atritos, quando trabalhados corretamente, adequados ao tempo certo, compreendidos e absorvidos por meio da paciência, da tolerância e do amor, transformam as diferenças em verdadeiras gemas da existência humana.

Na mais perfeita representação dessa verdade, no palco a dissonância fluía como um rio turbulento, criando tensão e beleza. O piano, como quem sussurra segredos em acordes complexos, gotejava liberdade e paixão em cada nota que flutuava, enquanto o baixo acústico, como um viajante experiente, antecipava o caminho harmônico; a bateria rufava como um coração desperto, e o saxofone chorava, solitário, agudo e doce.

Dentro da sinfonia de caos e beleza, a pianista, uma ruiva exuberante e prodigiosa, cruzou o olhar com Duda, que acompanhava a música, profundamente envolvida. Nesse momento, o jazz se tornou o eco da alma, a expressão profunda em que a dissonância e a harmonia se entrelaçavam como numa dança.

Rick observou o momento e sorriu, pensando na sorte de poder testemunhar esse instante em que a dissonância se transformava em beleza e tocava a alma, o retrato exato de como a perseverança, a paciência e o perdão podem mudar qualquer realidade, transformando o caos em sonhos, e os sonhos em verdade.

** Fim **

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