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65 - Polifonia

Polifonia: execução simultânea de várias notas e melodias. Pode ser usada para criar tensão e conflito musical por meio de intervalos dissonantes que criam uma sensação de instabilidade.


Isadora permanecia em silêncio. Sua expressão não denunciava nada, nem surpresa, nem raiva ou tristeza. Rick a observava, curioso; não era possível que tudo o que acabara de contar não fosse suficiente para causar algum tipo de reação.

— Você não vai dizer nada? — ele perguntou, por fim.

— O que espera que eu diga?

— Não espero nada, na verdade. Só resolvi te contar por que não aguentava mais segurar essa barra sozinho, e você tem a obrigação de saber o que a Duda passou todos esses anos.

— Agora entendo por que você se afastou. O que não entendo é por que desistiu.

— Não estamos aqui falando de mim, Isa. E não é uma questão de desistir. Não foi uma escolha minha, afinal.

— Bom, Rick. Agradeço por ter compartilhado a história comigo. — Isadora se levantou e se preparou para deixar o restaurante.

— Você vai fazer alguma coisa com a informação?

— O que vou fazer ou deixar de fazer não é assunto seu, embora você esteja muito mais inteirado de tudo. Nessa história, eu sou a vilã, então não importa o que eu faça, não fará diferença.

— Quanto a ser vilão, a competição é boa...

Isadora considerou Rick por um instante. Ficou nostálgica porque realmente gostava dele, mesmo que ele nunca tenha passado de um bom amigo para ela. Saber que ele tinha se apaixonado pela própria filha fora a parte mais empolgante da história, e o desfecho, deveras decepcionante.

— Por que não volta para o Brasil, Rick? Por que não tenta resolver as coisas com ela? No pouco tempo em que ficamos aqui, deu para ver que você não está feliz. Aqui não é o seu lugar, não mais.

— Não tem o que resolver, e não há um lugar pra mim, nem aqui, nem lá.

— Sabe, Rick, sei que fui muito superficial em contar minha experiência para você, mas saiba que não foi algo que eu desisti sem tentar. Não foi tão simples assim deixar tudo para trás, e a forma como lido com isso é mais para minimizar o drama para mim mesma. O fato é que o seu problema parece bem menos complexo. Talvez você não reate com ela, mas fugir pro outro lado do mundo porque não pode estar perto de alguém que, evidentemente, você ainda ama, é um preço alto demais para pagar sem pechinchar, concorda? Pense nisso.

— Vou pensar, e você, pensa também. Já que diz que a história não terminou pra mim, talvez não tenha terminado pra você.

Eles se despediram com um aperto de mãos, sabendo que provavelmente não se veriam mais dali por diante, e Rick viu Isadora deixar o restaurante do mesmo jeito que chegara: elegante e sensual. Não parecia que ela acabara de conhecer a história mais macabra de todas envolvendo a própria filha.

Mas isso não era mais um problema dele.

Ele chamou o garçom, acertou a conta da refeição intocada e saiu para fumar um cigarro. Inconscientemente a mão foi ao peito na busca pela palheta. Depois de tantos anos usando o acessório, mesmo após meses, ele ainda não perdera o hábito de buscar o pingente, principalmente em momentos como esse em que precisava lidar com a ansiedade, e o cigarro ainda não fizera caminho do pulmão até o cérebro.

Em sua ignorância, pensara que contar a história para Isadora seria como passar o bastão, transferir o problema e seguir em frente sem que restasse qualquer resíduo da angústia que vivera nos últimos meses.

Errado. Erradíssimo.

Rick pegou o celular e procurou o nome de Elisa nos contatos. Ele já dera um passo contando a história para Isadora, agora só precisava dar outro, e mais outro, afinal, ouvira certa vez que, para chegar aonde se quer, só é preciso continuar andando.

Ele olhou para a tela onde o nome "Elisa Clark" se destacava logo abaixo da imagem do rosto feminino e sensual. Os olhos claros o encaravam, sedutores, e ele buscou imaginar qual seria o sabor daqueles lábios e a textura daquela pele, mas subitamente voltou à lista geral. Muito próximo, um pouco abaixo, o contato intitulado "Fada" o atraiu como um feitiço. Ele o acionou e sentiu o corpo todo reagir com a imagem etérea de cabelos acobreados e sardas no nariz. Os olhos cinzentos o encaravam como agulhas incandescentes, ele sentiu o coração falhar uma batida, e parou com o dedo trêmulo a um milímetro do ícone de chamada.

Teve vontade de jogar o aparelho longe, inconformado em como a distância não fora capaz de minimizar em nada o que ele sentia. Puto com a situação, retornou à lista de contatos e segurou o dedo sobre o nome "Fada" na intenção de apagar o número definitivamente, assim, não mais se sentiria tentado como estava no momento. Encarou a pequena lixeira vermelha: "Apagar Contato", por um longo tempo, então desistiu, pressionou o botão lateral do aparelho e o guardou de volta no bolso.

Hoje não. Talvez amanhã, quem sabe.

***

Quando você ficar triste, que seja por um dia

E não o ano inteiro

E que você descubra que rir é bom

Mas que rir de tudo é desespero

(Amor pra Recomeçar — Frejat / Maurício Barros / Mauro Sta. Cecília)

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