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54 - Frígio

Modo Frígio: escala musical com alteração nos graus a fim de imprimir uma sensação harmônica. Soa enigmático e intensivo.


Duda removeu as sandálias assim que as portas do elevador se fecharam. Eram quase três horas da manhã, ela sentia o corpo entorpecido pelo efeito do álcool, o estômago protestava e a cabeça girava, forçando-a a se manter em movimento pois sabia que se parasse, certamente ia enjoar. Com sorte, talvez ela adormecesse antes de vomitar tudo o que bebera.

O flat estava mergulhado em sombras. Poderia estar em silêncio se não fosse a agitação dos carros buzinando pelas avenidas, a explosão dos fogos derradeiros e a música que ressoava de diversos pontos da cidade, inclusive ali, em apartamentos cujas luzes acesas denunciavam as celebrações privadas.

Ela olhou em volta à procura de Rick e o encontrou dormindo no sofá. Usava a mesma calça com a qual saíra mais cedo e a camisa jazia embolada no chão. Ao seu lado, Gato ressonava como uma bola enrolada. Na mesa de centro repousava uma garrafa de Green Label com apenas dois dedos de bebida, a mesma garrafa que tinha mais da metade de whisky naquela mesma manhã. O cinzeiro estava cheio de bitucas e cinzas e o apartamento cheirava a cigarro. O quadro fez Duda voltar no tempo; garrafas vazias, cigarros acesos, e o descaso de quem tentava fugir dos problemas recorrendo aos subterfúgios mais frívolos.

Observou Rick ressonando. O cabelo estava solto e desalinhado, o peito se movia compassado, a mão ferida repousava nos gomos perfeitos de seu abdômen e parecia que ele fazia isso de propósito, tirava a roupa para ficar lindo desse jeito apenas para que ela derretesse quando o visse e deixasse a discussão para mais tarde. Se não o amasse tanto, poderia odiá-lo agora. O coração doía pela desilusão, e era um sentimento tão angustiante que se ela não tivesse passado o apartamento anterior para Alex, ela subiria nas sandálias, pegaria Gato no colo e voltaria para lá.

Contudo, ela não tinha mais para onde voltar. Ela tinha que conviver com o que mais odiava porque renunciara à vida anterior por essa que, desde que começara, só dera dor de cabeça. Por isso ela protelara tanto em tomar essa decisão, por isso não quis dar esse passo até ter certeza. Aparentemente, mesmo tendo certeza, não adiantou muito e ela precisava refletir sobre isso.

Precisava, mas não estava em condições de refletir sobre nada porque estava bêbada demais para isso. Cambaleante, subiu as escadas até o mezanino monitorando a tontura. Achou por bem dormir às portas do banheiro, então desceu carregando um edredom de modo desajeitado. Pensou no sofá, mas logo descartou a ideia pois, mesmo sendo grande, o sofá não era suficiente para os dois e ela estava muito puta com Rick para chegar perto, então acabou se ajeitando no chão mesmo.

Ela não se importava de o piso ser duro, não seria a primeira vez, já dormira no chão antes. Na verdade, essa era a menor das suas preocupações no momento. Desconsolada, recostou no travesseiro e, assim como a cabeça girava, os pensamentos também se revolviam sem controle.

Mais cedo, depois do show pirotécnico e do tempo que todos levaram para se cumprimentar, Duda concluiu que Rick não voltaria ao solário, então desceu em busca dele. Rodou a residência de cabo a rabo ao mesmo tempo em que ligava para ele, e por não obter resposta, acionou o localizador no celular e constatou que ele já estava em casa.

Ela não conseguia descrever o que sentira naquele momento. Um misto de indignação e tristeza que a fez voltar para festa, vestir a máscara da baladeira e cair na gandaia dos que dançavam ao som de um funk pulsante. Ela dançou com todos: Júlio, Nico, Alex, Dani, o namorado dele, os primos de Hannah, os irmãos e até o cachorro.

E bebeu. Uma taça após a outra de espumante, então os drinks começaram a rodar e ela também se fartou deles, até sentir o mal-estar no estômago avisando que já tinha passado da conta.

Foi então que resolveu se despedir de todos e Júlio se ofereceu para deixá-la em casa. Ela aceitou, não sem antes mandar um áudio muito desaforado para o noivo no qual afirmava, com a voz empastada, que iria embora do flat assim que chegasse e fizesse uma mala, que ele era um canalha por deixá-la sozinha na festa, e muitos outros palavrões no meio disso.

No caminho, ela teve que ficar no banco de trás testemunhando Vanessa acariciando Júlio das formas mais lascivas, constrangendo-a e lembrando-a de como sua noite poderia ter terminado de maneira muito mais interessante.

Agora estava ali, deitada no chão, enjoada demais para dar qualquer passo. O teto girava e girava, e ela girava o anel no dedo, até que a bile subiu pelo esôfago, fazendo-a correr até o vaso sanitário.

É... a noite ia ser longa.

***

Rick acordou com o sol batendo no rosto e uma enxaqueca mortal. A cabeça parecia pesar toneladas e ele sentia o pulsar do sangue por todo o crânio. Levantou-se mantendo os olhos fechados na tentativa de controlar ou ao menos suportar a dor. O fato de metabolizar rapidamente o álcool não minimizava os efeitos da intoxicação no dia seguinte. Quisera estar de ressaca por ter aproveitado a folia, mas não era o caso.

Quando conseguiu se levantar para ir ao banheiro, deparou-se com um edredom jogado no chão e um par de sandálias. Achou estranha a posição dos objetos e foi até o mezanino conferir se Duda estava dormindo. Ela não estava. Ele voltou à sala e ligou para ela. O celular tocou ali por perto e ele acabou localizando o aparelho escondido sob o edredom.

Encafifado, foi até o banheiro e finalmente a encontrou aos pés do vaso sanitário, deitada no chão com a cabeça sobre o travesseiro. A imagem o deixou arrasado, principalmente consigo mesmo. Ignorando a dor de cabeça que ameaçava esmagar seus miolos, a ergueu nos braços. Ela protestou e o empurrou.

— Vá embora... eu odeio você!

Rick notou que ela não abria os olhos. Aparentemente, ambos iriam amargar uma bela ressaca durante o dia todo. Ignorando o repúdio dela, ele a levou até o box, a acomodou no chão com roupa e tudo e depois abriu o chuveiro. A água inicialmente fria atingiu a ambos, fazendo Duda arfar assustada. Ele se sentou atrás dela, abraçou-a e a apoiou contra o peito. A água descia agora deliciosamente morna e os encharcava.

— Qual é o seu problema, Rick?! Que merda!

— Shhh... Minha cabeça dói, não precisa gritar...

— Você tá molhando a tala da mão, seu idiota!

— Ih... é mesmo. — Ele afastou a mão do fluxo de água, sem, contudo, abrir os olhos ou se mover.

— E o meu vestido novo! Me solta, Rick!

— Fica quieta, Duda! Só um pouco, pelo amor de Deus... — ele sussurrou entredentes, sentindo que a cabeça ia trincar e vazar o cérebro no piso a qualquer momento.

Duda travou os lábios, mas acabou relaxando, porque o efeito da água sobre o seu corpo dolorido pela noite abraçada ao vaso sanitário era extremamente reconfortante. Ela sentiu a roupa pesar e se colar na pele, e o contato do peito quente de Rick atrás de si potencializou ainda mais o bem-estar passageiro. Durante aqueles longos minutos, eles se esqueceram de que estavam magoados e se permitiram desfrutar da sensação calmante.

Quando sentiu que a dor aliviara um pouco, Rick resolveu remover as roupas para sair do box. Duda permaneceu sentada sob a ducha, e a imagem do vestido branco colado ao corpo marcando a lingerie que ela usava provocou uma ereção em Rick, ainda que a dor de cabeça inibisse qualquer iniciativa. Duda o viu despido e, quando constatou que ele estava excitado, ficou indignada.

— Ah, vá! Você é muito cara de pau mesmo! Acha que eu vou esquecer que você me abandonou sozinha na festa? Eu tô tão puta com você por ter feito isso que... Argh! Fiquei te procurando um tempão depois tive que me virar para voltar!

— Júlio não trouxe você?

— Como você sabe...? — Ela ficou ainda mais irritada por ele ter descoberto isso, diminuindo consideravelmente seus argumentos para manter o desentendimento.

Rick não se defendeu. Na noite anterior, quando ele resolveu partir, ligou imediatamente para Júlio alegando que não estava se sentindo bem, e pediu ao amigo para deixar Duda em casa. Júlio prontamente se comprometeu a levá-la de volta.

— Tira o vestido, assim eu posso levar pra lavanderia com a minha roupa — ele pediu, calmamente, ignorando a irritação dela. Isso só lhe fez piorar o mau-humor.

— Vá se foder, Rick!

Ele pegou as próprias roupas molhadas e decidiu deixar Duda sozinha no banheiro. Com sorte, talvez a água pudesse acalmá-la.

Quando ela finalmente saiu enrolada em uma toalha, encontrou Rick tentando secar a bandagem da mão com o auxílio do secador de cabelos cor-de-rosa dela. A cena hilária a fez se concentrar no fato de que estava com raiva para não cair no riso.

Não foi só a imagem do secador que a desconcentrou, mas o braço musculoso que o segurava, o peitoral tatuado e desnudo, a trilha de fios escuros que descia pelo tanquinho soberbo e a calça velha de moletom cujo volume na virilha não deixava nada para a imaginação. Ele ergueu aqueles olhos dourados para ela, os cabelos úmidos soltos em volta do rosto a fizeram suspirar com a agulhada de desejo que lhe percorreu o corpo.

Por que você tem que ser tão fodidamente lindo e gostoso o tempo todo? Que inferno!

— Deixa eu ajudar você – antes que eu te ataque..., pensou ela enquanto tomava o utensílio das mãos dele e começava a movê-lo para espalhar o ar quente, fazendo assim com que a tala começasse a secar mais rapidamente.

Rick ficou observando-a envolta em apenas uma toalha, os cabelos úmidos sobre os ombros e o caminho das sardas que desciam pelo colo e desapareciam no vão entre os seios ocultos pelo tecido felpudo. A cabeça continuava doendo, mas isso não era mais um problema para o seu corpo abrasado.

Eles permaneceram assim por uns cinco minutos, ela tentando secar a tala, ele secando-a com os olhos, até que, sem mais nem menos, ele puxou o fio do secador e o colocou no chão. Duda protestou, mas no instante seguinte ele já estava escalando seu corpo puxando-a contra si num beijo inflamado.

A raiva deu lugar a indulgência quando ele arrancou a toalha e começou as carícias. Ela buscou motivos para rejeitá-lo, mas não encontrou nenhum forte o suficiente, e quando ele finalmente a preencheu de si mesmo, ela entendeu que ninguém estava certo ou errado quando eles se tornavam uma só pessoa. Ou ambos estavam certos, ou ambos errados.

***

Mas tanto faz

Já me esqueci de te esquecer porque

O teu desejo é meu melhor prazer

E o meu destino é querer sempre mais

A minha estrada corre pro seu mar

(Nelson Motta / Pino Daniele: Marisa Monte)

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