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52 - Pan

Pan: na produção de áudio, refere-se à direção estéreo do sinal de áudio. O sinal pode ser direcionado para o lado que se deseja.


Durante todo o trajeto da volta, nenhum dos três conversou, cada qual focado nos próprios pensamentos.

Alex estava nostálgico por relembrar os momentos críticos que vivera ao lado de Duda durante os anos passados. Voltar àquela casa cutucou feridas antigas relacionadas à própria vida e sua relação com a amiga. Por um breve momento, enquanto a abraçava, desejou que só houvesse os dois no mundo, sem Rick, sem Hannah, sem antes ou depois, e lamentou não estar sóbrio no passado para que pudesse proteger a ambos dos monstros ao redor.

A emoção o deixou confuso sobre o teor dos reais sentimentos que nutria por Duda. Pela primeira vez, ele percebeu que havia algo mais além de pura amizade, algo mais profundo e antigo que ele precisava aprender a gerenciar a partir de agora, já que Duda estava comprometida com outra pessoa, e ele mesmo estava com alguém muito especial.

Duda ainda sentia os efeitos que a casa deixara em seu corpo e em sua alma. O cheiro fétido do lugar ainda persistia em suas narinas, impregnado na memória causando-lhe náuseas. O mal-estar também estava relacionado ao chacoalhar das memórias, quando todos os sentidos se encontraram e recriaram as vivências pregressas como se o tempo não tivesse passado. Ela sabia que precisava ser objetiva e não se deixar levar pela emoção, e ficou aliviada por Rick ser um homem focado e prático, isso ia livrá-la dos pormenores que ela tanto desejava evitar.

— Vocês vão pra festa na casa da Hannah? — Alex perguntou antes de saltar do carro em frente ao ex-apartamento de Duda. Rick sequer desviou os olhos para ele, e Duda, notando a tensão exagerada, respondeu por ambos.

— Vamos. Até mais tarde.

Rick soltou um longo suspiro e deu partida no carro, pegando o trajeto rumo ao flat. Duda seguia angustiada, e ele parecia mergulhado num buraco negro desde que deixaram a casa. O clima era pesado, quase palpável.

— Como você tá? — ele perguntou, olhando-a de relance. Havia pesar e preocupação em sua voz, mas também uma nota quase imperceptível de aborrecimento.

— Foi uma merda voltar àquele lugar, mas acho que eu precisava disso. Precisava desse encerramento. Não tenho nenhuma conexão com nada daquilo há anos, não sinto falta de nada. Na verdade, seria ótimo se não precisasse mais voltar.

— Você... —ele segurou a pergunta sobre o violão quebrado, e mudou bruscamente de assunto — não precisa se preocupar em voltar. Eu posso cuidar de tudo pra você, ok?

— Seria bom. Não tenho estômago pra enfrentar aquilo de novo.

Ficaram um tempo em silêncio. Rick, tal como estava antes de deixarem o apartamento, fechou-se novamente. Duda pensou em como continuar a conversa, mas sentiu uma tensão não natural pairando entre eles; desconhecer a origem do mau-humor a deixava inquieta.

De fato, ele estava bem tenso. Dentro dele, as inseguranças voltavam a assombrá-lo, pois vários aspectos do passado de Duda seguiam como uma incógnita. Assim como ele, ela guardava segredos, como a suposta tentativa de suicídio, o evento envolvendo aquele violão destruído, os sentimentos que faziam com que ela ignorasse o valor real dos bens abandonados na casa, e para completar, Alex estava sempre presente como um lembrete constante de que ela tinha um passado com alguém mais importante, o que o deixava estupidamente enciumado.

O antagonismo novo e gratuito o preocupava, pois não fazia muito tempo que ele havia perdido o controle, e os sentimentos dentro dele ainda estavam em desequilíbrio.

Faltando alguns minutos para chegar em casa, Duda decidiu furar a bolha:

— Rick... você tá bem?

Ele demorou um tempo a responder, mas quando o fez, buscou ser o mais sincero possível.

— Para ser honesto, não muito.

— Quer conversar?

— Não sei o que falar.

— O que tá te incomodando, além da mão? — Ela percebia como ele protelava em falar. Após outro longo suspiro, ele respondeu

— Duda... Esse é um momento em que é você quem precisa de apoio, não eu. Não fica preocupada comigo. É coisa minha.

Duda sentiu-se mal com o afastamento. Determinada a entender, insistiu:

— Tem algo que eu possa fazer?

— Você já tá aqui, não precisa fazer nada.

— Mas pelo jeito, eu estar aqui não é o suficiente...

— Duda, não esquenta comigo, por favor. Tenho meus perrengues, logo isso passa.

Mesmo ele afirmando essas coisas, ela continuou preocupada. Mais do que ninguém, ela sabia como era ficar mal por motivos tolos, quando parece não haver nenhuma razão para se estar infeliz e, mesmo assim, a tristeza persiste, arranhando a alma. Ela percebeu que Rick estava entrando num buraco muito familiar a ela.

— Rick, você está chateado e eu entendo, ok? Muita coisa tem acontecido, nem sempre é fácil lidar com mudanças, talvez tudo isso esteja sendo demais para nós dois, mas quero te dizer uma coisa: quando eu comecei a afundar, não quis a ajuda de ninguém, e você já sabe o que isso me causou. A diferença agora é que nós temos um ao outro; assim como você está aqui pra mim, eu estou aqui pra você. Talvez seja difícil pra você aceitar isso, já que sempre quer estar no controle de tudo, mas você não está sozinho, e eu não pretendo deixar você se perder do mesmo jeito que eu me perdi.

Ele engoliu em seco e seguiu em silêncio.

Quando chegaram ao apartamento, Duda o empurrou em direção ao sofá e não falou nada. Ele ficou confuso, mas se deixou levar, e quando ela lhe desabotoou a calça e o atacou numa carícia erótica, ele recostou no sofá, fechou os olhos e se esqueceu de tudo.

Duda se divertiu com a situação. Não podia usar a boca para dialogar, mas havia outras coisas muito interessantes a fazer com os lábios além de conversar.

Houve um tempo em que ela não ligava muito para sexo. Logo que saiu de casa, ela passou dois anos sem se relacionar com nenhum homem, principalmente porque o toque de qualquer homem era um problema para ela. Ela até chegou a cogitar a hipótese de se relacionar com uma garota uma vez, aceitou uma investida, mas não se sentiu plena com a experiência. Foi então que, na mesma época, conheceu André, um rapaz que trabalhava num comércio próximo de onde ela morava, e que finalmente arrancou algum gemido dos seus lábios.

Depois disso, ela aprendeu a buscar o prazer, com ou sem um parceiro. Ela descobriu que gostava de sexo, mas tinha problemas com o próprio corpo. Como os relacionamentos que ela viveu nunca duravam mais do que alguns dias ou semanas, ninguém se importava com o fato de ela ter relações sem remover toda a roupa.

Enzo foi a pessoa com quem ela teve o mais próximo de um relacionamento de verdade. Com ele, demorou um tempo até se entregar, mas quando aconteceu, o sexo era satisfatório e ele era muito atencioso nesse sentido, tanto que não se importou quando ela determinou que sempre fizessem sexo com as luzes apagadas. Ele atribuiu o comportamento dela a complexos pessoais, sem se atentar muito no fato de ela ter cicatrizes pelo corpo.

Apenas com Rick ela entendeu que dar prazer era tão bom quanto receber, e o quanto isso era excitante para ambos. Por isso era mais fácil tomar a iniciativa com ele, o desejo de experimentá-lo era algo tão surreal que ela não se importava com qualquer consequência, e se despia, não apenas das roupas, mas também da alma atribulada pelos traumas.

— Duda...

Um gemido, um tremor, e uma tonelada a menos sobre os ombros de Rick. Duda se sentiu a fada dos desejos, otimista em fazê-lo relaxar, ao mesmo tempo em que se desligava dos problemas relacionados ao passado. Escalou o corpo do noivo, então o cobriu de mimos, recebeu carícias e, enquanto faziam isso, mais fardos foram se desfazendo um a um, trazendo de volta o sorriso aos lábios de ambos.

— Então, tá melhor agora? — ela perguntou enquanto brincava com a aliança que ele carregava no pescoço.

— Muito. E você?

— Melhor. Bora pra casa da Hannah? — Ela se ergueu do sofá e estendeu a mão para ele.

— Prefiro brincar de outra coisa. Ainda falta te dar o troco, fada...— ele tinha um sorriso tão sacana nos lábios que, por pouco, ela não sucumbiu, mas no momento, a determinação em tirá-lo da toca era mais forte.

— Rick, nunca pensei que eu seria a pessoa que convenceria alguém a ir a uma festa. Aproveita a chance, vai... ninguém sabe como eu vou estar amanhã.

Ele ficou sério, ajeitou-se e resolveu acompanhá-la. De fato, o que o amanhã reservava era uma grande incógnita.

***

— E aí, como estou?

Por um momento, Rick perdeu a capacidade de fala, perplexo com a visão de Duda descendo as escadas num vestido branco longo. O modelo justo na cintura valorizava o busto e deixava ver as pernas através de duas fendas frontais que subiam até meio da coxa. Nos pés, sandálias prateadas de salto fino deixavam as pernas alongadas e torneadas. Inúmeras pulseiras prateadas misturadas a cordões de miçangas cobriam ambos os braços e, no pescoço, três cordões prateados faziam conjunto com um par de brincos estilo ear cuff. Os cabelos estavam presos numa trança embutida que contornava o rosto e descansava no ombro, e mechas finas soltas ondulavam até o pescoço. Uma maquiagem leve completava o look, e o sorriso radiante era a cereja do bolo.

— Tem certeza de que quer sair? — Ele murmurou, encantado com a beleza que ela irradia.

— Nem vem. Demorou muito para eu montar o visual.

Rick se aproximou e afundou o rosto no pescoço dela enquanto a enlaçava pela cintura.

— Maravilhosa e cheirosa... vai ser difícil te deixar sair daqui...

— Você também não está nada mal. — Ela se afastou para observá-lo num visual alternativo composto por calça de sarja preta, uma camisa verde-musgo, botas pretas e os acessórios de sempre, cordões e pulseiras. A parte de cima dos cabelos estava presa num coque estilo samurai, e o restante descia pelo pescoço até o início das costas. A barba um pouco crescida o deixava ainda mais másculo. — Tá gostosíssimo...

— Ainda dá tempo de mudar de ideia — ele brincou. Ela riu e caminhou resoluta até as portas do elevador.

— Nem pensar. Vamos!

Ele pegou um espumante que separara mais cedo, acariciou as orelhas do Gato que repousava em seu novo local favorito: sobre a mesa-balcão, e ambos seguiram para a casa de Hannah.

***

"No inverno te proteger

No verão sair pra pescar

No outono te conhecer

Primavera poder gostar

No estio me derreter

Pra na chuva dançar e andar junto

O destino que se cumpriu

De sentir seu calor e ser tudo

(Amor de Índio — Beto Guedes / Ronaldo Bastos)

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