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33 - Sustenido

Sustenido: sinal colocado ao lado de uma nota ou acorde que eleva a sua entoação em meio tom.


— Acho que você tá exagerando, Rick. Não precisa ficar o tempo todo comigo, afinal, você tem suas coisas pra fazer.

— Não fala bobagem, Duda.

— É sério! Aliás, isso não foi um problema ontem, quando você tava na neura de ir embora.

— Isso foi antes de eu entender que você precisa ficar quieta com esse braço. E é melhor nem falar de ontem. — Ele terminou de fechar a mochila com algumas peças de roupa que ela havia separado. — Sem chance, Duda. O médico falou que, se você não fizer repouso ao menos nesses dois primeiros dias, pode vir a ter alguma complicação. E a gente não quer correr esse risco, não é?

— Eu tô constrangida, Rick...

— Por que, minha fada? — Ele se aproximou e enroscou o dedo numa madeixa alaranjada. — Você sabe que eu não vou te deixar aqui sozinha. Alex não vai poder vir pra cá, eu também não posso ficar pois preciso entregar umas trilhas de contrabaixo e meu equipamento tá todo no flat.

— Mas eu vou ficar quietinha aqui, prometo...

— Duda, definitivamente não. Você vai comigo.

— Você vai me obrigar? — Ela ergueu o queixo, altiva. Dessa vez, Rick não se deixou abalar pela postura dela.

— Vou. Não tem conversa, Duda. Não quero passar mais um segundo longe de você, depois de todos esses dias de tortura. Também não quero brigar de novo, então... Me deixa cuidar de você? Sem estresse?

Duda suspirou e acabou aceitando a decisão dele.

Ah, que decisão difícil... que coisa horrível ter que ficar dois dias de papo pro ar sendo cuidada por um homem desses, naquele flat fodástico...

— Você separa as coisas do Gato para levar? Vou avisar ao Sr. Jorge sobre o afastamento. Se quiser, pode levar algumas coisas pro carro, eu desço já.

Ela o beijou e foi atrás de Gato que, como se soubesse que seria perturbado em sua rotina, tinha se enfiado em alguma fenda no espaço-tempo presente entre as almofadas do sofá.

Eles chegaram ao flat um pouco antes do almoço. Rick ajeitou a caixa de areia, a ração e a água do Gato enquanto Duda foi ao banheiro tentar tomar uma ducha, já que não tinha conseguido se banhar na noite anterior, tanto pelo cansaço, como pelo horário avançado. Entre o acidente, o tempo no hospital e a discussão, nem se deram conta de que já passava das quatro horas da madrugada quando foram dormir.

Sob a água do chuveiro, ela finalmente entendeu o quanto era difícil fazer as coisas sozinha, ao menos nesse primeiro momento. O braço machucado era o direito e ela era destra, então lhe faltava coordenação para algumas atividades, como o banho, por exemplo. Ela precisou envolver o braço enfaixado com filme PVC e teve que mantê-lo fora do fluxo de água. Imaginava que até poderia se lavar tranquilamente, se não fosse a dor lancinante que sentia agora que o efeito dos analgésicos administrados no hospital cessara por completo. Constrangida, decidiu pedir ajuda a Rick.

— Tem certeza de que não quer tomar nada? — ele perguntou enquanto massageava os cabelos dela com um shampoo.

— Tenho.

— Você vai me falar por que não toma remédios? — A preocupação dele era que ela tivesse algum histórico de dependência e, mais uma vez, se chateou pelo tanto da vida dela que ainda desconhecia.

— Por causa do Alex. Ele sempre esteve por perto e eu me habituei a não ter medicamentos em casa.

— Ele não tá aqui agora, Duda. Esta é a minha casa — ele se segurou para não falar nada além disso. Sabia que precisava ir devagar com ela, não tinha como exigir que ela apagasse os hábitos do passado todos de uma vez. No fim, saber que ela não tinha problemas com o uso de narcóticos era um bálsamo que minimizava a irritação pelo fato de Alex interferir nas atitudes dela a ponto de fazê-la sofrer por conta disso.

— Se piorar muito, eu aceito tomar algo, ok?

Ele a observou e concluiu que ela ia continuar sentindo dor sem pedir ajuda, pois era teimosa demais para dar o braço a torcer, e por outro lado, esse tipo de incômodo não devia ser nada perto do que ela já passara na vida. Com cuidado, a ajudou a se secar e envolveu os cabelos dela com uma toalha macia. Depois separou uma lingerie e pegou uma camiseta sua para ela vestir por ser mais confortável e mais fácil de colocar.

Feito isso, se deteve por um instante para observar o modo como a peça se encaixava nela. A gola escorregava por um dos ombros e o comprimento chegava até o meio da coxa. Ele não imaginava que uma roupa sua ficasse tão larga nela, e a visão era algo indescritível.

Ela, por sua vez, não deixou de notar o desejo nos olhos dele e ficou comovida com o cuidado carinhoso despretensioso que ele lhe dispensava. O fato de ele ignorar os próprios impulsos era algo que ela nunca iria se esquecer.

— Eu posso levar sua roupa manchada de sangue pra a lavanderia aqui do prédio? Será que vão chamar a polícia achando que eu matei alguém? — Ele brincou, e ela riu.

— Teria que ter muito mais sangue que isso — ela respondeu, soturna, lembrando-se subitamente da quantidade de sangue que podia escapar de uma artéria aberta.

Mais tarde, depois de degustarem uma pizza e enquanto repousavam no imenso sofá, ele tentou voltar à conversa anterior.

— Duda, aquilo que você falou sobre o seu pai...

— Rick... Não sei se quero conversar sobre isso.

— Ok, não precisa dizer nada.

Ele depositou um beijo nos cabelos dela e se levantou do sofá. Não queria mais insistir com ela. Depois do estresse da noite anterior, tudo o que ele precisava era de paz. Começou a montar o equipamento para gravar. Abriu o MacBook, plugou a interface de áudio, acessou um aplicativo de gravação chamado Logic e conectou o contrabaixo para fazer a captação.

Duda observou o modo como ele tentava maquiar a frustração ao se concentrar no trabalho. Era como se ele virasse uma chave. Agora, estava operando no modo "Músico de Estúdio". Duda já o tinha classificado de outras formas, como: "Produtor Implacável"; "Deus do Palco", e o favorito: "Bruxo Sedutor".

— No que está pensando? — Rick perguntou ao notar que ela o observava com a boca aberta e um meio sorriso. Achava divertido quando ela fazia isso, como ficava parecendo uma criança na frente de uma vitrine de brinquedos.

E não havia nada mais gostoso do que ser o brinquedo dela.

— Nada não... — ela respondeu, ainda meio deslumbrada. Quando ele prendeu os cabelos com um elástico e encaixou o fone de ouvido, a melancolia tomou o lugar do deslumbramento. De repente, ela não queria que ele se separasse dela, nem por um simples fone de ouvido. A barreira entre o que ela podia dizer e o que ele devia ouvir se tornou tão evidente que ela, enfim, se deu conta da importância de manter o canal de comunicação aberto.

O afastamento das últimas semanas foi uma tortura para ambos, e um relacionamento com menos apego já teria se rompido. No caso deles, o excesso de sentimento guardado e a falta de diálogo quase destruíram a relação. Ela tinha medo de afastá-lo novamente, de magoá-lo e, principalmente, de perdê-lo. Determinada, segurou-lhe o braço.

— Rick, espera...

Ele olhou para ela com uma expressão difícil de decifrar. Expectativa e medo se mesclavam. Removeu o fone de ouvido, deixou o equipamento de lado e prontamente se acomodou ao seu lado. Ela deitou a cabeça no colo dele e deu um longo suspiro enquanto reunia coragem.

— Pensando bem, Rick, acho que estamos dando um passo importante aqui. Antes de qualquer coisa, você precisa entender que, para mim, é quase impossível falar disso, e eu tô me forçando ao extremo para conversar com você a respeito do meu passado.

— Duda, se não quiser falar, se for difícil demais pra você, eu vou entender dessa vez, ok? Você pode fazer isso quando se sentir pronta, e mesmo que não se sinta, não vou mais te pressionar.

— Não quero... não quero mesmo. Mas eu preciso, na verdade, sei que preciso.

Ela respirou fundo e, finalmente, começou o relato.

***

Não adianta chamar

Quando alguém está perdido procurando se encontrar

Não vale a pena esperar, oh, não,

Tire isso da cabeça e põe o resto no lugar

(Ovelha Negra - Rita Lee)

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