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28 - Chorus

Efeito Chorus: efeito utilizado em instrumentos musicais que gera uma cópia levemente distorcida do som original. Dá a sensação de som dobrado.


Rick acordou às três da manhã e não conseguiu mais dormir. Olhou para Duda ressonando ao seu lado, um ruído leve escapava pelos lábios semiabertos. Ele sorriu ao se lembrar de quando contou a ela sobre o ronco.

"Vá se ferrar, Rick. Eu não ronco!"

"Claro que ronca! Vou gravar você qualquer dia."

"Não se atreva! E eu saberia, se eu roncasse!"

"Como você saberia se sempre tá dormindo quando acontece?"

O sorriso foi desaparecendo à medida que uma melancolia o envolvia, repentina e sem muita razão de ser. Cansado de se revirar na pequena cama de Duda, resolveu se levantar, então desceu as escadas do prédio e saiu pelas portas na noite fria do final de inverno.

A brisa fresca e seca da estação o atingiu junto com o aroma dos dejetos da calçada habitada por pequenas pragas noturnas e uns poucos moradores de rua que se aproveitavam dos vãos entre os prédios para se abrigar. Acendeu um cigarro e tragou profundamente, se deleitando em seu efeito calmante.

Ele até conseguira diminuir o consumo do cigarro, porém ainda não havia se livrado do hábito o qual se recusava a classificar como vício. Quando estava tranquilo com as coisas à sua volta, a necessidade de fumar se mantinha sob controle, todavia, em momentos como nessa noite em que estava particularmente ansioso, era quase impossível relaxar sem uma tragada.

Ele pensava no que o estaria deixando tão inquieto e, entre os acontecimentos dos últimos dias, tudo culminava em sua relação com Duda. De uma hora para outra, o que estava bom já não era suficiente, e ele queria mais. Por quê? Se ele já tinha o que desejava, estava indo bem profissionalmente, estava com a garota que amava, por que não era suficiente?

Por causa da incerteza. Ele nunca gostou de surpresas. Sempre que focava em algo, ele percorria o caminho todo cobrindo os detalhes, como quando decidiu ser músico: ele foi estudar de verdade, fez os cursos, se formou em produção musical e nunca se contentou com menos.

Ter contado com o dinheiro que sua mãe lhe deixara ao falecer ajudou no processo, mas não foi o que determinou seu futuro. Não era um valor tão significativo se fosse considerar o abandono de anos e o contexto todo, além disso ela sequer tinha o feito o seguro por vontade própria, apenas aceitara uma exigência dos pais que a obrigaram a fazer uma apólice.

Quando ela mandava algum dinheiro, eles pagavam a mensalidade e, depois que ela desapareceu do mapa, seu avô pagara do próprio bolso, todo mês, até receberem a notícia de que ela estava internada. Obviamente Rick não soubera de nada disso na época, como também não sabia que ela passara anos nas mãos de um cafetão mau caráter. Seus avós sabiam, por isso insistiram na apólice. Eles sabiam que, de uma hora para outra, algo ruim poderia acontecer.

Nunca ficou claro para Rick o motivo de sua mãe se prostituir. Aparentemente eles não passavam dificuldades em casa, mas o que ele sabia sobre a natureza humana, afinal? Poderia dizer que ela fazia o que fazia porque gostava? Porque tinha motivos? Ele nunca saberia, já que nunca perguntara nada a ela a esse respeito pois, quando soubera que ela estava internada, se recusara a vê-la no hospital.

Ele se arrependia amargamente disso. Na época, ele ainda estava tão revoltado que não conseguira perdoá-la, permitira que a mágoa falasse mais alto e, por isso, deixara de falar o que devia. Uma pena, pois isso não melhorara em nada sua vida, muito pelo contrário. Não imaginava que ela viria a falecer, e o fato só deixou mais uma marca para ele carregar.

Ele tinha dezesseis anos na época. Seu avô aplicara o dinheiro da apólice até que ele tivesse direito a receber o valor. Na época, sua avó já havia falecido, e Rick cuidara do avô até ele partir dois anos depois, como se só estivesse esperando o momento certo para, enfim, descansar em paz. Só então Rick teve acesso ao seguro, uma quantia suficiente para ele comprar um apartamento simples na periferia, e para ele, já era muito dinheiro.

Ele sabia que precisava ter cuidado ao usar o valor guardado, pois tudo poderia acabar num piscar de olhos se ele não se planejasse direito. Então aproveitou para adquirir alguns instrumentos, estudar e, para usar o mínimo possível do que sobrara do montante, tocava em bares, eventos e restaurantes, dava aulas de música e trabalhava em estúdios de gravação. Quando se formou, usou uma parte das economias para sair do país entendendo a decisão como investimento na própria carreira.

Daquele dia em diante, ele buscou se garantir em tudo o que fazia, e tudo caminhava acima das expectativas, até que um dia, um vídeo com uma cantora adolescente aleatória o atingira como um caminhão, jogando-o numa nova busca.

Então ele a buscara. Fora atrás da garota abandonada por uma razão, mas acabara sendo tragado por outra realidade. Ele quisera conhecê-la e ajudá-la profissionalmente, oferecer um ombro amigo, mas os sentimentos mudaram quando precisou conviver com ela, então ela passara a ser a sua nova mania, sua nova predileção. Ele fizera de tudo para isolar aquela compulsão que o impelia agir de forma inconsequente, mas não obtivera sucesso, então se rendera à fixação e a perseguira até conquistá-la.

Só que Duda não era uma aquisição, algo que ele pudesse tomar para si, como um troféu. Ela tinha desejos, vontades, mágoas, decepções, toda uma bagagem que o fascinava e apavorava ao mesmo tempo, e um domínio sobre ele que era até difícil de mensurar. Quanto mais se sentia distante em controlar essa situação, mais confuso ficava acerca de si mesmo e odiava essa posição, pois depois da morte da mãe, ele nunca mais precisou disso, nunca mais precisou implorar por nada.

Agora tudo dependia de Duda, e a incerteza o corroía lentamente. Queria ser mais incisivo, porém o medo de afastá-la era maior. Nos últimos meses, ela mudara muito, estava equilibrada, serena e feliz. E se ele a pusesse para baixo de novo? E se acionasse algum gatilho que a quebrasse em pedaços? E se nunca entendesse qual era o limite dela e, por isso, nunca pudessem de fato pertencer um ao outro?

E se chegasse uma hora em que precisaria dizer a verdade a ela? Contar sobre Isa Ferri e o relacionamento que tiveram? E se ela descobrisse tudo e nunca mais quisesse saber dele?

Eram muitos "e se" para ignorar.

Ele precisava ter certeza de que a relação deles seria forte o suficiente para suportar a revelação da verdade. Enquanto esse dia não chegasse, ele continuaria patinando nos trilhos, e isso era angustiante demais.

Rick não se lembrava de quantos cigarros fumara naquela calçada, só que um tom alaranjado começava a despontar no céu quando ele finalmente voltou ao apartamento.

***

Não consigo dizer se é bom ou mau

Assim como o ar me parece vital

Onde quer que eu vá o que quer que eu faça

Sem você não tem graça

(Fogo - Bozzo Barretti / Dinho Ouro Preto - Capital Inicial)

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