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27 - Sforzando

Sforzando (ital.): instrução dinâmica que exige que os músicos toquem uma nota de forma abrupta e alta.


Aquele bate-papo acabou se tornando um hábito entre eles. Não se viam todos os dias, porém conversavam o tempo todo. As conversas giravam em torno dos assuntos mais diversos, Rick contava histórias de quando vivera na Europa, Duda ouvia embevecida e falava sobre amenidades. Dificilmente contava algo sobre si, então, obviamente, ele falava bem mais do que ela.

Nas noites em que Rick aparecia no bar, ele acabava levando-a para casa e ficava por ali em conversas, troca de beijos e carícias que sempre levavam a outra coisa e, então, dormiam juntos. No outro dia, ele acordava mais cedo e partia antes de ela sair para trabalhar.

Duda estava começando a entender como Rick conduzia a vida. Dava para perceber que ele tinha dinheiro, entretanto não era por acaso ou por sorte. Ele trabalhava muito, dia ou noite e sem descanso. Ele construíra o próprio patrimônio com muito esforço e muito cuidado com as finanças. Duda o admirava por isso, mas também sentia falta de passar mais tempo com ele.

E foi assim durante quase três meses. Para manter o emprego, Duda começara a fazer terapia com um psicólogo que Rick fizera questão de pagar para ela. Esse cuidado a constrangia e deliciava ao mesmo tempo, porque ele não tentava dominá-la como outros já tentaram e, sim, respeitava suas vontades e nunca, nunca ostentava nada.

Ela não teve nenhuma crise depressiva naqueles dias. Atribuía isso à constante companhia de Rick e às sessões de terapia. Com relação a isso, ainda achava meio inútil ficar na sala respondendo a perguntas aleatórias, mas se esforçava. Ainda não conseguia falar do passado, não de modo aberto, então as conversas se resumiam a como ela lidava com o momento presente, sua relação com Alex, com Rick, a procrastinação em relação à própria vida e os problemas relacionados à confiança.

Paralelamente, Alex começara um relacionamento com Hannah. Ele fizera isso de modo escondido, Duda só descobrira poucos dias atrás que eles estavam saindo há mais de um mês. Ela achou engraçado ele esconder o fato dela e, de qualquer maneira, ela andava meio distante do amigo, que, além de continuar os trabalhos voluntários, estava tocando em outros locais durante a semana, trabalhos que Rick conseguira para ele. A banda também estava comprometida com mais ensaios pois, nos próximos dias, começariam a gravação do primeiro single.

Tudo caminhava relativamente bem, se levasse em consideração os momentos divertidos que compartilhavam, mas ainda havia uma sombra estranha entre eles, relacionada ao passado de ambos. Rick sabia que ela escondia coisas, e ela desconfiava que ele também tinha algo do passado que não compartilhava com ela. Eles ignoravam o incômodo, porque ambos estavam devendo nessa área. Mesmo assim, ele conseguia ser muito mais aberto com ela, deixava claro o que sentia sem exigir dela qualquer atitude. Ela se perguntava onde se escondiam namorados desse tipo.

Namorados. O termo ainda causava um certo acanhamento em Duda, que não gostava de rótulos. Não que Rick a chamasse de namorada ou a tivesse pedido em namoro. Ela não sabia como classificar o que eles tinham juntos, mas não importava pois estavam juntos e ela estava feliz. Enquanto pensava nessas coisas, ouviu o interfone tocar.

— Tô aqui embaixo.

Rick entrou no apartamento e agarrou Duda. Ela riu e o afastou, porém ele a enlaçou de novo e a prendeu contra si num beijo apaixonado. Quando a coisa começou a esquentar, ela falou contra a boca dele, entre risos:

— Ei... calma! A gente se viu de manhã, me deixa respirar...

Ele se afastou rindo e pegou o violão dela, que agora estava sempre afinado e não acumulava mais pó. Gostava de fazer isso, conversar enquanto dedilhava algo no instrumento. Ele não tinha muita consciência do que fazia, ele falava enquanto os dedos se moviam mecanicamente, como se o cérebro pudesse se dividir em dois. Aquilo sempre fascinava Duda.

— Pensou no que te falei? — ele começou a conversa depois de uns instantes.

— Rick... Você sabe que eu não posso aceitar. Já não basta você querer pagar minha terapia, agora isso?

— Não há nada que eu não queira fazer por você — ele respondeu, sério.

Ela olhou para aqueles olhos de caramelo e se afundou neles. Seria possível que houvesse alguém tão absurdamente incrível como esse homem?. De manhã, ele tinha vindo com uma conversa sobre especialização, sondando-a a respeito do que ela gostaria de cursar se fosse escolher alguma faculdade. Ela expressou um desejo antigo de trabalhar como musicoterapeuta, porém não via possibilidade já que não tinha nem tempo nem dinheiro para cursar uma universidade.

— Não sei, Rick. Prefiro decidir isso mais pra frente. Como vou ajudar alguém se eu sou toda estragada por dentro? E isso não é problema seu, não tem que ficar tentando me consertar.

Rick ficou chateado e não voltou mais nesse assunto. Se para ela os últimos meses de relacionamento representaram um período de prazer e autodescoberta, para ele, a coisa tinha sido um pouco diferente.

Depois daquela manhã em que ela o rendera num arrebatamento erótico, ele não se sentiu mais o mesmo. Eles passaram a conversar com mais regularidade, estabeleceram uma rotina de encontros, desfrutaram da companhia um do outro, uma conexão real e intensa. Tudo parecia perfeito e, por um tempo, bastou para ele...

Até que não bastou mais.

Ele não entendia muito bem o que causara a mudança, mas em algum momento, começara a se sentir incompleto, porque queria Duda inteira, mas só tinha acesso a uma parte dela.

Quando abriu seu coração para ela, esperava que com o tempo ela pudesse fazer o mesmo por ele. Entendia que ela precisava de um tempo para se organizar emocionalmente, aceitou até o fato de ela não querer mexer em feridas do passado, contudo ela não lhe dava nada. Não falava de si, do que sentia nem o que queria. Ela transitava por uma zona confortável, onde não precisava se entregar para não sofrer.

No entanto, ele não estava confortável. Por mais que nos momentos em que estavam juntos ele se esquecesse de tudo, quando ficavam separados um buraco ecoava dentro dele. Era puro medo. Medo de amar e não ser amado, de dar sem receber, de esperar algo que nunca ia chegar, assim como ele esperara pela mãe, e ela nunca voltara. A cada dia que passava, aquela chaga reaberta inflamava um pouco mais deixando-o enfermo, e quando estavam juntos, se via envolvido e preenchido por ela, como um vício.

Talvez esse fosse o problema, assim como, por vezes, dependia da nicotina para se acalmar, dependia dela para ficar bem. Ela o infectara e escondera o antídoto dentro de si mesma, e ele ficava ali, orbitando-a e procurando a cura.

— Por que você sempre faz isso? — ele interrompeu o improviso de violão e lançou a pergunta, de supetão.

— O quê?

— Me afasta. Simples assim. E sempre fala alguma coisa só pra me chatear. Pra que dizer que eu quero te consertar quando eu só quero cuidar de você? Não precisa disso.

Duda engoliu em seco. Passara tanto tempo na defensiva que nem percebia quando estava sendo grosseira.

— Desculpa, Rick. Foi mal. Mas é que... sempre cuidei de mim mesma e acho melhor assim.

— Não tem por que me deixar de fora e acho que esse seu jeito de me repudiar quando eu chego perto demais já deu o que tinha que dar, você não acha?

Ok, estavam tendo sua primeira DR, e ela não fazia ideia de como fazer isso.

— Eu não te afasto, Rick. Não fala bobagem.

Ele suspirou e assumiu um olhar distante. Duda não gostava do silêncio que a falta do violão deixava na casa. Não gostava quando ele suspirava de um jeito cansado fazendo-a se sentir à deriva.

— Eu só quero fazer parte da sua vida, não como um visitante, mas alguém que participa, que contribui.

— Como alguém que pode pagar minhas contas, me comprar e me manipular... – Pronto, lá vinha Duda: a cavala. Ela simplesmente não conseguia calar a boca e se odiava por isso.

— Porra, Duda! Não é disso que eu tô falando. Por que tem que distorcer tudo?

— E você, por que tem que procurar significado em tudo?

A postura defensiva o fez desistir de argumentar.

— Tudo bem, Duda. Quando se sentir pronta, podemos voltar nesse assunto.

Ele voltou a dedilhar o violão, entretanto as notas não o entretinham como antes. Não queria prolongar o clima chato, então devolveu o instrumento ao suporte e ficou um tempo brincando com Gato usando uma cordinha. Duda ficou calada, sentindo-se subitamente ridícula por ter levantado a discussão do nada e ficou procurando um meio de normalizar a situação.

Entediado com a brincadeira, Gato subiu no sofá e se enrolou para dormir. Rick se sentou ao seu lado e puxou Duda para perto de si. Ela se acomodou ao seu lado e se virou a fim de observá-lo. Ele levou os dedos ao rosto dela e acariciou a curva do maxilar, depois massageou a ruga de preocupação que ela tinha entre os olhos.

— Passou a neura? — troçou, sem se importar se ela responderia com grosseria ou levaria na brincadeira. Os meses de convivência com esses altos e baixos o deixaram vacinado no assunto. Sabia que só precisava esperar e ela se acalmaria naturalmente.

Ela ficou quieta por um tempo, apenas sentindo o calor dos dedos em seu rosto. Não respondeu de imediato e o silêncio se prolongou. Ele a abraçou e depositou um beijo em seus cabelos, e ela se sentiu envolvida como que por uma manta.

Ele era impressionante. Como ela podia tratá-lo dessa maneira? Uma pontada de insegurança começou a incomodá-la, bem no fundo, como se um dos seus vampiros estivesse se espreguiçando no meio do sono.

— Me desculpe, Rick. Eu sou uma grossa, mesmo.

— Você é, mas tudo bem. Não dá para escolher as partes que se quer amar numa pessoa.

O comentário a fez sentir um aperto no peito.

— Tá tudo bem, então?

— Tá sim, Duda. Tudo bem. Esqueça esse assunto.

Ele enroscou os dedos nos cabelos ruivos e puxou o rosto dela em direção a si para um beijo de reconciliação e, mais uma vez, a discussão ficou para outra hora. Por mais que quisesse dar um passo adiante, ela ainda não caminhava no mesmo compasso, então ele acabava tentando resolver tudo com a única prática que os mantinha sintonizados. Ficou de pé e a puxou pela mão.

— Vem. Chega de conversa. Eu quero você, agora.

***

O vazio é difícil acostumar

Ainda bem que não hesitei em te abraçar

O nó afrouxa até a mão querer soltar

Mas da tua mão eu não larguei até voltar

Pra direção da tua calma...

(Pra Me Refazer - Anavitoria e Sandy)

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