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21 - Tercina

Tercina ou Quiáltera de 3: é uma notação rítmica que instrui os músicos a tocar três notas no espaço de tempo de apenas duas notas.


Perto das três da tarde, Duda resolveu tomar um banho. A arrumação não saíra da estante. Ela até organizara os livros, tirara o pó e guardara as roupas espalhadas, contudo não conseguira mexer nas caixas.

Sob a ducha morna, inspecionou o minúsculo banheiro e se lembrou, divertida, do momento em que ela e Rick resolveram que deveriam tomar um banho juntos no meio da noite. Eles quase não cabiam juntos no box, a situação rendera boas risadas, e se lembrar disso agora a fez rir novamente. Percebeu, melancólica, que estava com saudades dele.

Após o banho, aplicou uma porção generosa de loção perfumada de pêssegos e flores em todo o corpo. Já trocada, recolocou as pulseiras, secou os cabelos e aplicou o delineador com um capricho maior dessa vez. Percebeu que estava se arrumando para Rick, e isso a fez se sentir meio idiota.

Que mal tem isso, afinal? Para de ser chata!

Enquanto procurava um brilho labial na bagunça de uma das gavetas do guarda-roupas, escutou o barulho da porta da frente. Assustada, ergueu-se num pulo e se deparou com a figura de Alex na soleira.

— Alex!!! — Ela correu e se jogou nos braços dele que, confuso, ficou sem reação.

— Eita! Foram só três dias! — Ele riu. Ela percebeu a reação exagerada e se recompôs.

— É verdade. Pode ir embora, já matei a saudade.

— Também te amo. — Ele a abraçou novamente, e ela se deixou abraçar, bem mais feliz com a presença dele ali.

Ele entrou e colocou a mochila no chão. Ela reparou em como ele estava bonito, com uma camiseta branca e uma calça jeans nova, parecia até mais limpo.

— Alguém anda engordando! — Ela brincou, feliz por ele estar com o aspecto muito melhor. A pele outrora pálida estava mais rosada, e os cabelos mais lustrosos. Era evidente que ele não estava usando drogas. — Como foi a viagem?

— Foi bem louco! Curti pra caramba! Teve um monte de dinâmicas, a gente participou de várias palestras, tô me sentindo muito bem! E por aqui, como andam as coisas?

Ela sentiu uma certa apreensão. Não queria que o amigo a julgasse quando soubesse da história com Rick. Ela não queria parecer... nem sabia o quê. Envergonhada, decidiu esconder o fato por hora.

— Tudo normal, nada demais. Fui assaltada, roubaram meu celular, mas já resolvi tudo.

— Sério? Onde?

— No Metrô. Vacilei, fui ler mensagens no meio da noite.

— Vacilona mesmo. Que bom que não aconteceu nada com você.

— Pois é, vou tomar mais cuidado.

— Como você resolveu a parada?

Ela engoliu em seco. De novo, o assunto esbarrava em Rick.

— Eu liguei pro Júlio e depois tudo se resolveu — não era bem uma mentira.

— E este aqui, já deu nome? — Alex perguntou, acariciando atrás das orelhas do bichano.

— Sim, Gato.

— Ele não tem nome?

— Tem, ué. O nome dele é Gato.

— Você chama o gato de Gato???

— Sim — ela deu de ombros, se perguntando qual era o problema disso —, é autoexplicativo.

— Mas você sabe se é fêmea ou macho?

— Não sei... Agora você me pegou. Vou chamar ele de Gate ou Gatis então.

Alex pegou o felino no colo e conferiu entre as patas traseiras.

— É macho, pode ser Gato mesmo. A não ser que ele se identifique de outra maneira.

Duda riu, achou interessante a familiaridade com que Alex lidava com o bichano.

— Não me lembro, você já teve um?

— Já. Eu tinha uns doze anos quando achei um filhote no caminho para a escola. Consegui manter ele por três dias, mas meu pai deu fim nele. O nome dele era Pamonha.

— O nome que você escolheu foi mais criativo que o meu, mas minha escolha é mais direta — Duda brincou, tentando distraí-lo de uma lembrança triste.

Alex também tentou se distrair da lembrança. Não fora o primeiro animal que ele tentara "salvar" nas ruas do bairro. Ele levara vários para casa, uns quatro cães, três gatos e até uma calopsita que encontrara com as asas cortadas na área verde da escola.

Ele não pôde ficar com nenhum, sempre sob a mesma desculpa de que bichos traziam doenças, davam trabalho e faziam sujeira demais. Ele parara de levar os animais para casa ao descobrir que o seu pai dirigia quilômetros só para abandoná-los em algum lugar desconhecido.

Quando Alex soubera disso, chorara muito imaginando os bichinhos atropelados à beira de alguma estrada, e isso de fato tirara seu sono por muitas noites. Por um momento, ele pensou que se tivesse tido a oportunidade de criar um animal, apenas talvez, ele não tivesse entrado nessa onda de usar drogas.

Era uma suposição bem remota, assim como a ideia de que se ele tivesse tido apoio quando resolvera tocar guitarra, se tivesse sido livre para escolher os próprios amigos, se pudesse ter aberto seu espaço para aqueles que lhe eram importantes e tantos outros desejos frustrados ao longo dos anos, talvez não tivesse passado tanto tempo tentando apagar a própria existência.

Mas ele tinha um teto e um prato à mesa e, para muitos, isso era suficiente. Nunca fora para ele.

— Acho que você vai ter que castrar ele — constatou. Ele ainda sentia o aperto do passado mesmo agora, e ficou feliz por Duda ter conseguido salvar ao menos um animal.

Ou dois, se contar com ele.

— Daí ele vai virar um obeso. Vou chamar ele de Gato Obeso Ferri.

Eles riram, e Alex continuou olhando para ela, intrigado.

— Você tá diferente...

— Diferente como?

— Sei lá... parece mais... não sei dizer... só diferente.

Alex notou um leve rubor em Duda. Os olhos brilhavam, mais puxados para o azul, que, como ele sabia bem, demonstravam quando ela estava mais para feliz do que para triste. Ele não achava que fosse por sua chegada, então, certamente ela estava escondendo algo... ou alguém.

— É o delineador novo.

— Vai ver é mesmo... — Ele não estava muito convencido. Vasculhou a mente em busca de algum momento em que a tenha visto de papo com alguém, porém não encontrou nada. A única pessoa de quem Duda se mantinha próxima era dele mesmo e, muito a contragosto, de Jonas, que não seria uma hipótese válida, já que o homem era casado e chato pra caralho. Se bem que Duda também era chata, enfim... ele esperava que não fosse ninguém, porque toda vez que ela começava a se engraçar com algum cara, a relação deles ficava uma bosta.

Ele nunca ia assumir que tinha um ciúme mortal de qualquer um que se aproximava dela. Mas era um ciúme de irmão, ao menos era o que ele imaginava. Ele nunca chegou a gostar de fato de uma garota, mesmo tendo ficado com várias, então desconhecia o ciúme por alguém nesse sentido. Talvez descobrisse quando finalmente encontrasse alguém para amar, alguém além de Duda, claro.

— Você também tá diferente, todo gordo e rosado, parece um salmão!

— Duda, como você é besta! — ele respondeu, rindo — Bom... posso ficar por aqui até a hora de ir pro bar?

— Folgado do caramba! — ela brincou, tentando maquiar o bom-humor.

Uma Duda feliz levantava suspeitas, então era melhor vestir a máscara da rabugenta só para evitar perguntas.

***

Ei, mãe!

Eu tenho uma guitarra elétrica

Durante muito tempo, isso foi tudo

Que eu queria ter

(Terra de Gigantes — Humberto Gessinger, Engenheiros do Havaí)

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