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10 - Grunge

Estilo Grunge: em tradução livre, significa "sujeira". É um estilo musical caracterizado pelo som distorcido das guitarras e pelas letras angustiadas e sarcásticas.


Duda tinha acabado de colocar o uniforme quando viu a mensagem de Enzo. Pensou em ignorá-lo, de novo, porém não pôde deixar de ler o conteúdo da mensagem na pré-visualização da tela.

"Estou aqui fora. Precisamos conversar."

Irritada, percebeu que se não saísse para o atender, ele entraria no bar. Ela precisava evitar uma cena diante de Jonas, então, aproveitou que o bar estava vazio e saiu contrariada ao encontro do rapaz.

Assim que passou pela porta lateral, notou como Enzo parecia abatido. Estava descabelado, com olheiras profundas e a barba despontando no rosto antes liso como o de um bebê. Como ele sempre foi muito cuidadoso com a aparência, ela ficou intrigada com seu aspecto.

— Duda... tudo bem? – Enzo se aproximou rapidamente quando a viu. Instintivamente, ela deu um passo atrás.

— Oi, Enzo. Eu estou bem, sim. E você?

Quando ele chegou mais perto, ela reparou nas escleras vermelhas de quem não dormia bem ou andava chorando pelos cantos. Não achava possível que isso tivesse alguma relação consigo. O conceito de amor, devoção ou sentimentos profundos que as pessoas nutrem umas pelas outras era para ela algo muito distante, uma ideia que não cabia em sua mente nem em seu coração. Ela crescera tão desprovida de amor que não saberia reconhecer se alguém nutrisse tal sentimento por ela.

— Duda, por favor... Precisamos conversar.

— A gente já conversou, Enzo. O que mais você quer?

— Quero que você me dê mais uma chance — ele pediu, aflito —, eu sei que errei, eu conserto, eu mudo por você; mas, por favor, não desista da gente.

Duda ficou constrangida e realmente achou que ele estava exagerando.

— Enzo, não existe "a gente". Não mais. E, honestamente, ficamos juntos por tão pouco tempo, não acho que justifique tudo isso, acho que no fundo você está é com o ego ferido.

— Como você pode dizer uma coisa dessas? Por que está minimizando o que eu sinto? Você não acredita que eu possa amar você?

— Você mesmo deixou isso claro quando mandou aquela de "ninguém quer ficar com quem gosta de ser infeliz".

— Eu já disse um milhão de vezes: eu tava alterado, eu... Você precisa acreditar em mim!

Enzo agarrou seu braço, ela puxou de volta num safanão. Mais uma vez, ele vinha com aquelas mãos enormes para cima dela, logo quando ela estava tão sensível pela história de Alex. Ela ficou puta com isso.

— Enzo! Só vá embora, ok? O que você fez, o que disse... Como você tem a cara de pau de vir aqui atrás de mim?

— Não vem com esse papo. A culpa foi sua! Você fez eu me apaixonar por você só para pisar em mim depois. Mesmo assim, eu estou pedindo mais uma chance. Não é justo acabar assim.

— Mas que audácia! Agora a culpa é minha?

— Volta comigo, Duda...

Enzo suplicou, o que ela achou extremamente humilhante para ambos. Para ela, ele era um rapaz bonito demais, bem-sucedido demais e certinho demais para estar ali no beco implorando por atenção.

— Enzo, acabou! Vê se entende, por favor. Não é certo você ficar me ligando, mandando mensagens, enfim... só o tempo pode revelar se vale a pena a gente continuar junto ou não.

— Eu sei que não agi direito, mas eu te amo Duda, você entende? Eu te amo demais!

Ele marcou cada palavra enquanto chegava mais perto, ganhando tamanho à medida que ela se sentia acuada entre ele e a parede do bar. Teve vontade de fugir, mas estava cercada pelo corrimão da pequena escada que levava à calçada. Ansiosa, se encolheu e sentiu quando o ar fugiu dos pulmões como se uma bigorna invisível estivesse sobre o seu peito. Um tremor se apoderou de seu corpo e um suor frio e pegajoso brotou em sua fronte.

Ela percebeu a iminente crise de pânico e, espalmando o peito do rapaz com força, tentou empurrá-lo para longe de si. Ele, porém, entendeu errado o que ela pretendia, ou simplesmente ignorou seu desejo, e segurou seus pulsos, prensando-a entre o próprio corpo e a parede. Ela sentiu as pernas fraquejarem e se dobrarem enquanto buscava inutilmente se soltar, mas ele a segurava contra si alheio ao temor que ela demonstrava.

Ele estava tão ameaçador, tão hostil e, mais ainda, tão perto. E, de repente, não estava mais. Ele desapareceu da sua frente como num passe de mágica. Atordoada, ela escorregou até cair sentada sobre o piso frio. Tentava regular a respiração e os batimentos cardíacos quando, finalmente, o viu: Rick estava de frente para Enzo, que se reerguia do chão, aturdido.

De onde Rick saíra? Como Enzo fora parar no chão? Não importava, os olhos dela estavam nele, o feiticeiro que a livrara do seu algoz.

***

Rick ainda buscava entender o que tinha acabado de ocorrer. Estava chegando ao bar quando viu Duda no beco com o rapaz. O olhar aterrorizado, a tentativa de se desvencilhar dos braços do desconhecido, todo o quadro o levou a reagir num impulso de protegê-la. Era claro que ela tentava, sem sucesso, fugir do sujeito que, naquele momento, não importava quem era; Rick precisava, somente, tirar o medo dos olhos nublados da garota, a qualquer custo.

— Quem é você? — Enzo perguntou, atordoado pelo safanão que acabara de levar.

— Importa? — Rick retrucou.

O roqueiro sentia o coração acelerado, por raiva ou constrangimento, não sabia ao certo. Olhou para Duda, o tremor e o olhar vidrado ainda permaneciam nela. Ele teve uma vontade quase insuportável de esmurrar o rapaz, mas se conteve.

Enzo limpou a sujeira da calça com a palma da mão, totalmente sem graça. Ele até pensou em revidar, porém Rick era bem maior do que ele e só o jeito como o homem o encarava era suficiente para não tentar nada nesse sentido. Então dirigiu o olhar para Duda e, antes de sair do beco, afirmou:

— A nossa conversa ainda não acabou, Duda.

Ela permaneceu sentada no chão. Rick se aproximou para ajudá-la, porém ela se encolheu. Era óbvio que ainda estava com medo, então ele recuou e a deixou à vontade para se aproximar quando se sentisse segura. Afastado, pegou um cigarro, se condenando intimamente por sucumbir aos prazeres da nicotina a fim de aliviar a tensão. Ele não sabia como essa atitude fez parecer que ele estava pouco se fodendo com o que acabara de ocorrer ali.

Duda engoliu o pavor e, lentamente, seu corpo foi retomando o controle sobre si, então voltou a sentir outras coisas além do medo. Primeiro, o alívio por ver Enzo indo embora, depois euforia por reencontrar Rick após quinze dias e, por fim, raiva por reencontrar Rick após quinze dias.

Sem saber como reagir e irritada porque ele estava com aquele ar distante de quem não estava nem aí, se ergueu do chão, deu meia-volta e entrou no bar. Ele tragou o cigarro rapidamente e o descartou, depois foi ao seu encalço, e só falou quando ela criou uma barreira inconsciente entre si e o resto do mundo ao se colocar atrás do balcão.

— Ei, Duda... Como você está?

— Tá tudo bem. — Tentou parecer indiferente, mas suas mãos ainda tremiam e a pele apresentava um leve rubor.

— Quem é o rapaz que estava em cima de você?

Ela entendeu que não adiantaria ficar se escondendo. Falar talvez pudesse ajudar a espantar alguns vampiros de volta às jaulas.

— Enzo, meu ex-namorado.

Rick travou a mandíbula. A reação dela no beco tinha deixado tudo muito claro. O pânico, o encolhimento, a imobilidade... Ele já presenciara isso antes, bem no passado, quando ainda era pequeno.

— O que ele fez pra você? — inquiriu, lamentando não ter quebrado o cara na porrada.

— Ele não fez nada...

— Se não foi ele, alguém fez. Quem foi? Quem agrediu você, Duda?

A franqueza da pergunta a pegou de surpresa. Ela nunca comentara com ninguém sobre os maus-tratos da infância; apenas Alex, que presenciara tudo, sabia da história. Entretanto Rick percebeu. De alguma forma ele leu as marcas que ela tentava esconder a todo custo.

— Alguém do meu passado, isso não importa agora.

Ela não tinha a intenção de dar uma resposta que confirmasse o abuso, porém a resposta fugiu dos seus lábios como se tivesse vontade própria, como se não pudesse mais se sustentar dentro dela. Foi tão instintivo, tão fugaz, que ela só percebeu que falara o que não queria quando viu os olhos de Rick mudarem de cor, as estrias verdes ficaram mais escuras e as pupilas dilataram.

Nesse momento, ele deu a volta no balcão e caminhou lentamente em sua direção, como um felino que circunda a presa. Ela não sentiu medo dessa vez. Não dele. Algo a atraía para ele de modo inconsequente, e seu corpo completamente indolente permitiu que ele se aproximasse.

— Me diz quem foi... me deixa te ajudar, Duda.

O pedido foi feito de modo suave, quase num sussurro. Ele estava muito próximo, com uma expressão difícil de decifrar, um combinado de sentimentos dissonantes como raiva, tristeza, angústia, asco, admiração... Duda nunca quis ser alvo desse tipo de bagunça sentimental.

— Já disse que isso não importa agora.

Ele se deteve a um braço de distância, ainda assim, ouviam a respiração um do outro. Ele sustentava o mesmo olhar atribulado, então ela sentiu o ar faltar como antes, só que agora o motivo era outro.

Era o jeito como ele a olhava. Tal qual Enzo, ele ficava maior quando estava mais perto, mas não de modo ameaçador; e, sim, como um protetor... como um anjo. Ela imaginava que não deviam existir anjos tatuados, barbados e cabeludos como esse a sua frente, então só lhe restava o título de feiticeiro.

Ela arfava, suas entranhas imploravam para que esse feiticeiro lhe proporcionasse algum alívio, um consolo, um remendo que fosse na dor pungente que ameaçava a devorar. Ele já havia feito uma vez, ele a salvara do homem mau. Agora estava ali, tão perto, remexendo em coisas e fazendo perguntas que ela não queria responder.

— Duda... me fala, por favor. Você pode confiar em mim, pode conversar comigo, se quiser.

Ela não queria falar disso, nunca quis, o que ela queria mesmo era calar os vampiros desordeiros dentro do peito. Estava cansada de fingir, cansada de sentir e de se esconder, então se aproximou um pouco mais até que restasse um palmo de distância entre os seus lábios e os dele.

Então ele ergueu a mão e a repousou em seu rosto. O polegar deslizou por sua face numa carícia suave, o calor da palma aqueceu sua pele enregelada pelo medo e percorreu o corpo todo fazendo o coração disparar. Não parecia haver uma intenção erótica no afago, nem a postura corporal dele demonstrava qualquer tipo de interesse que não fosse preocupação com seu bem-estar.

Já não era o caso dela. Desde que o vira a primeira vez, suas intenções não haviam sido em nada pudicas. Ele mantinha a mão em seu rosto e a encarava profundamente, perscrutando-a, sondando seus sentimentos, e ela se deu conta de que era a primeira vez que ele a tocava de fato. Naquele instante, ela decidiu que não queria conversar. Era a última coisa que ela precisava agora, então fechou os olhos por um segundo e, finalmente, completou a distância.

Colou o corpo ao dele e juntou os lábios num beijo inesperado.

Ele foi pego de surpresa, mas só por um instante. Ela percebeu quando ele soltou o ar e a segurou pela cintura com força. Ela não entendeu se ele pretendia afastá-la ou puxá-la para mais perto, até que ele deslizou a mão que estava em seu rosto até sua nuca. Ela sentiu os dedos longos se entranharem por seus cabelos e se arrepiou inteira, então abriu a boca e sentiu o aroma do tabaco, mas isso não a incomodou, porque ela tinha outro fogo queimando-a por dentro.

Ele gemeu e, rendido, aprofundou o beijo. Não sabia como a coisa chegara a esse ponto, algum detalhe passara batido, mas não queria pensar muito nisso, só queria desfrutar do sabor da boca, do cheiro da pele, da maciez do corpo que tanto cobiçou sem perceber. O coração acelerado e o corpo todo refletiam a urgência do sangue que corria desenfreado por suas veias.

Contudo, ele se lembrou da cena no beco, do pânico, das palavras ditas há pouco e da constatação do abuso. A consciência começou a furar a bolha do anuviamento do beijo e ele entendeu que não podia seguir com isso, que não devia se aproveitar da vulnerabilidade do momento para devorá-la como estava fazendo. Era errado, imprudente e seria maravilhoso se não fosse no mínimo imoral. Retomando o controle e com muito custo, separou os lábios dos dela.

Ela o fitou primeiramente confusa, depois decepcionada. Então a frustração se transformou rapidamente em constrangimento quando ela fixou o olhar num ponto além dele e se afastou rapidamente, fugindo para a cozinha. Ele fez um movimento para segui-la, mas ouviu uma voz atrás de si.

— É sério mesmo que você tá pegando a minha bartender?

***

Garotos gostam de iludir,

Sorriso, planos, promessas demais

Eles escondem o que mais querem

Que eu seja a outra entre outras iguais

(Garotos - Leoni / Paula Toller - Kid Abelha)

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