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(VIII) Uma surpreendente descoberta

(POV JEONGGUK)

🐇🐤



Agarrei a bola com as duas mãos, espalmando os dedos no couro e sentindo a costura um pouco gasta na palma. Aquela coisa pesava mais do que parecia na televisão, e eu ainda não tinha me acostumado 100% com esse fato. Soprei a franja molhada que caia na frente do olho, mas ela continuou lá me incomodado pra cacete, ao passo em que eu corria para a cesta, no centro da quadra de basquete.

Antes que eu pudesse arremessar a bola, uma dor no braço me fez perder a coordenação, deixando a maldita cair, quicando para fora da faixa amarela junto com a que Hoseok jogou de propósito em mim.

— Volta e faz de novo. — Ele sorriu, as covinhas proeminentes me fazendo-o odiá-lo só por aquele segundo.

A história do time de basquete aconteceu, eu passei para os testes finais e sim, também não acreditei porque porra, meu nome 'tava lá, escrito com mais "g's" do que realmente tinha mas era eu mesmo, confirmei com Hoseok, e desde esse dia, que não tem tanto tempo assim, ele foi prestativo ao se voluntariar a me ensinar as regras do jogo.

Mas esporte não era a minha praia, meu corpo doía em partes que eu nem sabia que podia doer e basquete não era tão fácil como eu pensei, ainda mais com Hoseok parecendo um ditador com sérias tendências masoquistas me acertando com uma bola sempre que eu errava, feliz demais por quase deslocar meu braço com a última bolada.

— O que eu fiz de errado dessa vez? — suspirei tedioso, sentindo o suor escorrer pelas minhas costas e entrar no meu furico.

— É proibido caminhar com a bola na mão por mais de dois passos, você deve ter dado uns cinco.

— O que eu devo fazer...? — Cruzei os braços, esperando Hoseok sair do seu lugar para me ensinar.

Ele levantou das arquibancadas, maneou a bola com as duas mãos, deslizando com ela pelos ombros como se fosse uma pluma, numa leveza que me deu inveja.

— Quica com ela no chão e.... e não... — ele parou de falar assim que viu o sorriso malicioso nascer no meu rosto. — Não tem nada a ver com sexo.

— É impossível não associar quando tudo que a gente fala é: "bola na mão" e agora "quica com ela no chão" dá até pra fazer um funk.

Hoseok gargalhou quando eu também fiz, e parecíamos dois pré-adolescentes na aula de biologia na sexta série.

— Não dá pra continuar agora... — ele ainda falava entre uma gargalhada e outra. — Pegue suas coisas, tá na hora do intervalo.

Encarei atordoado o relógio no centro da quadra, ficamos ali por toda a manhã e eu ao menos percebi.

Nos primeiros dias eu não conseguia correr por cinco minutos, aos vinte não sentia as minhas pernas e nos trinta eu implorava para Hoseok me levar a enfermaria, com o passar das semanas eu parei de contar os minutos até o treino acabar e as dores, apesar de não terem diminuído, pareciam mais toleráveis. Hoseok também ajudava no que podia, falava menos e mostrava mais nos dias em que tinha dormido mal, não cancelava os encontros mesmo que tivesse que fazer o dever de matemática e vigiar meus movimentos ao mesmo tempo e contava pouco sobre a vida pessoal — não que eu também não fosse assim —, mas o plano de transformar aquilo numa amizade rasa e confiável até o final do terceiro ano parecia estar dando certo, junto ao meu plano de me aproximar de Namjoon, claro.

Não querendo roubar o ego do Jimin, mas eu era muito inteligente.

Caminhamos em silêncio para o vestiário e tomamos banho a dois boxes de distância, privacidade de bros, saca? Para não correr o risco de ninguém ver o pau de ninguém antes da hora e acabar ficando estranho demais depois disso.

E ver o pau de outros caras era algo que eu evitava constantemente, ainda mais quando se é adolescente e os hormônios parecem a Sapucaí em dia de carnaval, não pode esbarrar em nada, ver nada e voa-lá, temos uma ereção.

— Jungkook? — Hoseok me cutucou, e quando o encarei ele tinha as sobrancelhas arqueadas. — Tá tudo bem?

— Claro. — Maneei a cabeça. Era fácil mentir pras pessoas que eu não conhecia, tirando o garoto propaganda da Tim. — Estava pensando em qual posição o treinador vai me colocar.

Hoseok demorou a responder, andávamos pelos corredores do colégio a fim de chegar ao refeitório e ele parava de dois em dois segundos para cumprimentar alguém. Eu me perguntava como aquele menino conhecia tanta gente, se estava concorrendo a vereador ou algo do tipo.

— Você tem ombros largos, não é tão alto, pode ser armador... não sei. — Deu de ombros. — O que vai fazer depois do intervalo?

Passei as mãos pelos fios azuis, um pouco ásperos pela desidratação.

— Estudar, talvez.

— Os caras vão beber na casa do Taeyong depois, quer vir?

Parei para pensar e ele me esperou, quase cheguei a perguntar se Jimin iria, porque se a resposta fosse positiva eu tomaria a distância mais longa da casa desse aí. Eu e o bluezinho estávamos juntos demais nesse meio tempo, andando com pessoas em comuns e páreo a páreo na escala "Atenção do Namjoon" o que me dava mais ânimo para ser bom no basquete, tentar me destacar já que o lance do cabelo foi por água abaixo graças ao copião.

— Espera... beber, tipo... bebidas alcoólicas?

Hoseok riu, e a gargalhada dele preencheu o corredor.

— O que você acha?

— Não temos idade pra beber, é acima de 21.

— Não temos idade pra fazer muitas coisas e mesmo assim fazemos — ele fingiu um cochicho.

Cruzamos com uma manada de alunos logo que entramos no refeitório, e o único que prendeu meus olhos era o pontinho azul no meio dos castanhos e não, não era uma piada, era Jimin longe demais para que eu conseguisse ver seu rosto com nitidez. Mas eu tinha certeza, pelo jeito que ele enrolava os fios dos cabelos azuis com os dedos e a pose de acasalamento que estava dando em cima do Namjoon.

Meu corpo esquentou, quase entrando em combustão. Quem ele pensava que era para dar em cima do capitão? Quer dizer, todo sorrisos e dentes brilhantes, perto demais como estávamos no banheiro naquele dia, com o corpo dele a centímetros do meu, nossos narizes se encostando e eu queria muito cair na porrada com Jimin, tocá-lo só para empurrá-lo, eu juro, se Yoongi não tivesse nos atrapalhado eu teria dado um soco no Park, enfiado minha mão na cara dele e...

— Você gosta dele.

— O que? — pisquei, aturdido, encarando Hoseok encostado na grande porta do refeitório. Se fosse qualquer um ali seria xingado por estar atrapalhando o trânsito, mas o de cabelos vermelho escuro tinha carta branca, e me encarava agora com um sorriso de lado como se tivesse descoberto um grande segredo que eu ainda não sabia.

— Você gosta do Jimin.

Eu ri teatralmente, teria que deixar claro o quanto essa ideia era sem cabimento.

— Você tá doidão? Andou bebendo a cerveja do Taeil? Eu odeio o pancinha de doce.

— Cara... — Hoseok me olhou como se eu tivesse problemas mentais. — Quando odiamos alguém não ficamos colados nela o dia todo, falando sobre ela o dia todo... ou tendo ataques de ciúmes no meio do refeitório...

— Não viaja, Hoseok, que pergunta idiota.

— Eu não perguntei, eu afirmei.

— Quer saber? Eu não queria te falar porque não somos tão próximos ainda... — Encurtei o espaço que nos distanciava, agora éramos os dois impedindo a passagem na porta do refeitório e quando percebi isso o arrastei para o lado, não porque seríamos xingados, e sim, para não correr o risco de alguém escutar. — Eu não estou com ciúmes do Jimin, estou com ciúmes de quem o smurfette estava conversando.

Hoseok semicerrou os olhos, encarando-os lá na frente e depois a mim, até terminar de racionar.

— Quem? Namjoon?

— Ele mesmo.

— Mas porque você e o Jimi-

— Nós meio que queremos... pra ser direto...? Perder o cabaço com o Namjoon.

Agora Hoseok parecia verdadeiramente chocado, e a distância diminuiu como o volume da sua voz, parecíamos duas velhinhas fofocando depois do pilates.

— Cabaço...? Vocês são virgens ainda?

— Óbvio. Eu e Jimin somos gays, no ensino médio e pra piorar nerds, as coisas não são tão fáceis para nós como pra vocês héteros.

— Eu não sou hé... esquece. A questão é: você e o Park estão disputando a atenção do Namjoon?...

— Tsc... além de desprovido de inteligência é fofoqueiro.

Eu e Hoseok fomos pegos de surpresa, e assim que nos viramos tivemos a má sorte, digo por mim claro, de ver o mosca morta perto demais. A pouca estatura se convertendo em puro ódio e um tique nervoso que fazia seus pés batucarem no piso brilhante.

— Além de insuportável você ouve conversas alheias? — rebati, virando-me para ele. Como pés tão pequenos poderiam cruzar espaços tão rapidamente? Há dois minutos atrás ele estava do outro lado do refeitório!

— Eu tenho o direito, já que você estava citando o meu nome.

— Você é o único Jimin nesse mundo? Que maluco, eu não sabia!

— Ei, ei.... — Hoseok se intrometeu no meio de nós dois, e tive que dar alguns passos para trás para que ele coubesse entre eu e o pitoquinho. — Agora que eu sei sobre toda essa história estava pensando... posso ajudar vocês.

Eu e Jimin arqueamos a sobrancelha no mesmo segundo, a conversa era de interesse da nação.

— Prossiga... — ele murmurou, e nós formamos um grupinho em volta de Hoseok.

— Eu conheço Namjoon desde o ensino fundamental, sei muito bem que tipo de cara ele gosta... vocês podem até pintar o cabelo, usar roupas mais alternativas... e não estão errados, chama a atenção dele. Mas não adianta nada chegar na hora e não saber o que fazer.

— É meio que óbvio o que fazer quando chegar a hora, não é tão difícil assim. — bufei, e por incrível que pareça, Jimin concordou.

— Na teoria sim, mas confiem em mim quando digo que na prática é totalmente diferente, por esse motivo Namjoon prefere caras experientes.

— Aí, lascou-se... — Jimin tinha os olhos esbugalhados enquanto a minha boca fechava e abria, sem saber o que responder corretamente.

Antes que o Park Esquisito começasse um verdadeiro faniquito pela frustração Hoseok agarrou nossos ombros, juntando-nos novamente para a cartada final.

— Eu tenho uma ideia, não se preocupem. — Ele nos encarou para ter certeza que prestávamos atenção. — Já que nenhum dos dois tem experiência, e como Jeongguk falou não é tão fácil encontrar outros meninos que beijam meninos disponíveis no ensino médio, vocês poderiam dar uma trégua nessas briguinhas e treinar entre vocês.

— Você só pode ter pirado! Maluco das ideias se pensa que eu vou encostar meu lindos lábios carnudos nesse narigudo!

— Ah, então você se acha melhor porque tem esses lábios aí? Meu filho, com botox até a Gretchen tem...

— Já chega! — Hoseok nos separou de novo. — Podem achar maluquice o quanto quiserem, mas se não resolverem essa falta de experiência, Namjoon não vai aceitar pegar ninguém, treinem pelo menos uns beijinhos, sim?

Hoseok sorriu, satisfeito quando nenhum de nós dois disse mais nada.

E eu implorei para que Jimin não estivesse pensando em levar essa ideia adiante como eu também estava.

(...)

Os piores dias no trabalho, com total certeza, era às terças-feiras.

O carregamento de chocolates chegavam às segundas e no dia seguinte eu passava todo o expediente arrumando prateleiras, pendurando cartazes com promoções e aguentando as dores no maxilar de tanto sorrir forçadamente para os clientes, um verdadeiro faz tudo.

Eu encarava com orgulho o montante de KitKat que eu empilhei como uma pirâmide na frente da loja, aguentando o cheiro de pneu queimado dos caminhões e o sol forte que me traria uma marquinha básica de classe trabalhadora, nada que eu já não estivesse acostumado. O que me fez tirar a atenção da pirâmide de chocolate foi a garota andando apressadamente por entre as bombas de gasolina, os cabelos platinados uma bagunça de mechas na cara, que ela não fazia questão de tirar já que tinha seus olhos como dois faróis vermelhos em cima de mim. As pernas magras como as minhas ganharam velocidade ao passo que eu tomei o caminho contrário, tentando trancar a loja antes que ela me pegasse.

Da última vez que vi Lalisa tão raivosa assim foi quando tínhamos dez anos, e eu sem querer quebrei sua boneca nova, (não foi tão sem querer assim, eu estava com um pouco de ciúmes e queria atenção) mas o sopapo que eu ganhei na cabeça fez minha testa crescer tanto que tenho resquícios desse fato até hoje.

— Jeon Jeongguk, não ouse dar mais nenhum passo!

Eu corri ainda mais, passando pela porta de vidro da loja e forçando a maçaneta para trancá-la, mas ela foi mais rápida que eu e colocou seu pezão na frente, empurrando o vidro e quase me derrubando no processo.

— Eu não sei o que eu te fiz, mas com toda certeza eu posso explicar! — Levantei as mãos em rendição, e ela parou na metade do caminho, nós dois já arfavamos na altura do campeonato.

— Ah é? Então explique porque me fez esperar por você durante três horas na saída da escola, até a Tzuyu do segundo A sentir muita dó de mim e avisar que você já tinha ido embora COM OS POPULARES pra beber na casa de um tal de "Taeyong da sobrancelha riscada"?

Minha cara parecia uma batida de trânsito, daquelas bem feias que as vezes acontecia na rodovia mais a frente. Com Lisa ali, toda descabelada e queimada de sol eu diria que ela andou do colégio até aqui na força do ódio, ou me esperou tempo demais na única árvore meio capenga perto da estação de metrô.

— Eu esqueci totalmente! Olha... eu só acompanhei eles porque Namjoon iria, eu devo ter ficado lá menos de dez minut-

— Você não precisa me explicar nada! — Ela tinha um dedo indicador levantado. — Eu só quero saber se não me avisou porque esqueceu mesmo... ou porque não me queria lá.

Lisa me encarava com os olhos maiores que o normal, as bochechas avermelhadas pela corrida. Tremia dos pés a cabeça. Foi o mais próximo que eu cheguei de fazer um faniquito igual a certas pessoas aí, por puro desespero, porque se ela chorasse eu não teria controle para fazer algo a não ser chorar junto.

— Liz, que... que pergunta é essa? Eu nunca te faria esperar por tanto tempo propositalmente. Eu sei que estou meio distante desde que entrei pro time de basquete e a culpa toda é minha, mas eu nunca teria vergonha de você, eu nunca te trocaria pelos populares... nem por dez Namjoons!

— Dez Namjoons são muito Namjoons. — Ela fungou, os lábios num biquinho ressentido.

— Venha cá, rápido. — A puxei para um abraço meio desengonçado. — Aproveite porque essa boiolagem não acontece todo dia.

— Você é um idiota, escroto do caralho...

— Eu amo como você aprendeu direitinho esse palavreado comigo.

— Ah é, seu pau no cu?

— Quando te dei liberdade para desrespeitar seu oppa assim? — Me desvencilhei do abraço, encarando-a com um falso ar de raiva.

— Não te chamo de oppa nem sentenciada de morte.

— É um costume coreano, sabia? — expliquei como fazia com crianças. — Sou mais velho que você, sou o seu oppa.

— Que se dane, Jeongguk.

— Só uma vez... por favorzinho.

— Nunca.

— O-p-p-a.

— Foda-se!

Aproveitei que ela estava quase ebulindo de ódio e que estávamos ainda muito perto, e inclinei o suficiente para passar meu braço no seu pescoço e calma! Não ligue para a Maria da Penha, está tudo sobre controle, ainda mais quando Lisa gargalhava de chorar com meu esforço fora do comum para dar-lhe uma chave de braço. Droga de músculos comparáveis aos de um bebê, com um empurrão ela me imobilizaria com aqueles braços longos e encontrar o chão seria o menor dos meus problemas, mas eu a agradecia por fingir que, pelo menos uma vez na vida, eu era mais forte.

— Tudo bem, seu oppa fracote! — ela disse entre uma gargalhada e a soltei, arrumando meu uniforme, mas antes que pudesse perceber um tapa estalado acertou em cheio a minha testa, quase fiquei burro igual o Jimin.

— Arh, essas garotas de hoje em dia... — urrei, massageando o lugar acertado com medo de ficar vermelho até amanhã.

E tudo poderia ter continuado na paz do senhor, se a porta da frente não tivesse sido empurrada com tanta força que eu achei que fosse um assalto. E mesmo quando me virei assustado e encarei Jimin no batente da porta, continuei por alguns segundos achando ser um assalto. Ele tinha uma cara contorcida em raiva na melhor imitação da Naiara Azevedo na música dos cinquenta reais.

— Tô atrapalhando o casalzinho aí?

Era mesmo ele, com os olhos pequenos e gordinhos me fitando, os lábios trêmulos e tanto ódio emanado que eu pensei ter feito algo muito grave tipo, atropelar o seu cachorrinho.

— O que você tá fazendo aqui? — rosnei, num misto de raiva e frustração. Naquele momento não tinha Lisa, muito menos as instruções do meu chefe sobre não arrumar briga com clientes.

O Park bufou, arrumando a camisa de botões. Fora do colégio ele se vestia como se estivesse de uniforme ou fosse um pai de meia idade indo pro golfe, tão engomadinho e bem passado que a linha do cabide marcava o meio do tecido, "ele tinha uma empregada só pra isso" lembrei, numa forma de me fazer odiá-lo ainda mais. A questão é que eu não queria que ele me visse tão vulnerável assim, aquele tipo de interação com Lisa era restrita, ainda mais comigo vestido com a roupa do posto de gasolina, mas já não era culpa minha se de alguma forma o pitoco me perseguiu até ali pela segunda vez.

— Não te interessa, eu só vim comprar chocolate e vi todo esse teatro do lado de fora, espantando os clientes é narigudo?

— Você não é um cliente, é um encosto na minha vida!

Ele me encarou com os olhos chamuscando, as mãos em punho enquanto vociferava:

— Eu te odeio! Olha essa cena idiota.... que patético!

— Te incomoda tanto, porrinha?

— Não me chama de.... — Ele respirou fundo. — Aposto que seu chefe não iria gostar de saber disso!

— Pois tente contar... — Passei ao lado de Lisa para juntar meu corpo ao dele, empurrando-o com o peito porque eu amava vê-lo por baixo e que, mesmo centímetros menor, não deixava de comprar a briga. Éramos dois galos de rinha.

Em menos de uma semana já tinha sido a segunda vez que cruzei o espaço proibido, sabendo que em alguma hora a expressão "vai dar ruim" se encaixaria numa das situações.

— Cale a boca e faz o seu trabalho, sim? Namorinhos para depois. — Ele tinha uma sobrancelha arqueada. — Interações heterossexuais me dão ânsia de vômito e... nada contra você Lisa, o problema é que o pernalonga...

— Sem problemas, Ji-

— Ela é a minha melhor amiga, deixa de ser demente! — Me afastei batendo o pé, percebendo logo depois que fui o primeiro a perder aquela mini batalha.

— Todo mundo sabe que esse papinho não cola, além do mais estão andando juntos e... eu vi você agarrado no pescoço dela. — Ele riu forçado — Ninguém é obrigado a ver isso...

Juntei as sobrancelhas, pendendo a cabeça para o lado, encarando Lisa num momento de catarse.

Sabe quando, no meio do filme o protagonista (que sou eu claro, não divido meu filme com ele), percebe uma coisa que tava na cara dele o tempo todo? Que, ao se distanciar da imagem conseguiu vê-la como um todo e não apenas pixels sem sentido, porque veja bem, eu não tô nem um pouco me fodendo pra amizade dele com o sonsinho lá, que eles se danem, mas todas as vezes que Jimin aparece bravinho para me importunar é em algum momento que estou com Lisa, ou quando o assunto Namjoon está em pauta, todos momentos que envolvem ciúmes, que fazem suas bochechas ficarem rubras e então ele começa a falar tão rápido que Eminem sentiria inveja.

Agora ele balançava os braços, os pés batucando o chão no começo de um ataque de pelanca, mas eu não conseguia ter reação.

A ideia que rondava a minha mente era surreal demais para ser verdade.

— Não pode ser...

Semicerrei os olhos, encarando-o sem ao menos piscar. Jimin estava ocupado num discurso que ninguém conseguia entender muita coisa a não ser "Pernalonga" "Disputa" ou "Jeongguk" e um palavrão chique em seguida como "Desprovido de inteligência"

Era piração demais, talvez eu estivesse mesmo maluco.

Mas tive que pagar pra ver.

Diminui o espaço que separava eu de Lisa, que pela primeira vez na vida parecia arrependida de não ter batido no porteiro de maquete quando eu pedi, e toquei seus ombros, só... descansei minha mão lá e ela estava tão vidrada em Jimin que ao menos percebeu.

Mas ele sim.

Seus olhos pequenos cresceram tanto que eu tive medo de um descolamento de retina e suas bochechas já vermelhas se tornaram ainda mais rubras.

E eu gargalhei, fazendo a atenção dos dois pararem para mim. Jimin parou de falar, sem entender meu estado, as lágrimas nasciam pelos meus olhos por eu simplesmente não conseguir acreditar no que eu tinha descoberto.

— Então toda esse espetáculo é por que está com ciumes? — Enfatizei as últimas palavras, saindo incrédulas da minha boca.

O tampinha me encarou chocado, seus lábios num formato de "O".

— O que...? Você só pode ter enlouquecido!

Mas Lisa pareceu ter entendido minhas palavras, soltando o ar pelo nariz num riso esganiçado.

— Faz todo sentido! — ela concluiu e eu a agradeci por isso.

— Claro que faz, está com ciúmes de mim, pitoquinho — repeti, tão feliz que nunca pensei que conseguisse rir tão abertamente da sua cara como ali. Ele estava puto, não conseguia me responder e eu causei isso, o garoto que sempre tinha uma palavra na ponta da língua só conseguia a abrir e fechar a boca, sem falar nada de fato.

Eu esperei por anos por esse momento.

Pela primeira vez, todas essas discussões idiotas, eu o deixei sem palavras.

Eu tinha vencido.

— O que foi? Hm? — caminhei a passos lentos até ele, e dessa vez o vi recuar, juntando os ombros parecendo menor do que realmente era. Eu me sentia um animal, indo até a presa indefesa. — Você é tão estúpido assim? Quer que eu te obrigue a me chamar de oppa também, seu merdinha? Acha que tem alguma mínima importância pra mim?

Jimin tinha os olhos arregalados, as pupilas tão dilatadas que eu conseguia vê-las, assustadas, raivosas, uma mistura de sentimentos que me fez dar um passo para trás, perto demais do seu jato furioso de respiração.

Eu esperava tudo vindo dele naquele instante: finalmente começariamos a rolar no soco naquele corredor de guloseimas, que fosse me chamar de Pernalonga e bater o pé para longe dali, até fantasiava vê-lo devolver na mesma moeda, falando um palavrão pela primeira vez na vida. Qualquer uma dessas atitudes seria o esperado, o familiar, a relação do ódio mútuo que perpassa nós dois.

Tudo menos seus olhos brilhosos, o canto deles lotados de lágrimas e os lábios tremularem ao dizer:

— Eu sinto nojo de você Jeongguk, não cruze meu caminho nunca mais.

Park Jimin cuspiu em mim, bem no meio do meu uniforme, me deixando sem chão pelos segundos restantes em que caminhava para fora da loja, sua figura pequena e desengonçada andando o mais rápido que podia, abraçando o próprio corpo enquanto os cabelos azuis era a única coisa que eu conseguia diferenciar quando ele se tornou um pontinho tortuoso no horizonte.

Teria sido melhor termos rolado no soco.

Os segundos se passaram até se tornarem minutos e meus pés ainda não tinham saído do lugar, diferente do meu coração que parecia ter sumido a muito tempo. Senti meus ombros sendo tomados num aperto familiar e a voz de Lisa era abafada nos meus ouvidos:

— Isso entre vocês... é muito mais que briguinhas de colégio, Jeongguk.

Continua»»»

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