| 2 | 𝑼𝑴 𝑨𝑵𝑱𝑶 𝑬𝑴 𝑷𝑬𝑺𝑺𝑶𝑨
E eu não estou nem aí para a minha reputação
Nunca disse que eu queria melhorar minha condição social
E eu estou bem apenas quando estou me divertindo
E eu não tenho que agradar ninguém
𝐁𝐚𝐧𝐝 𝐑𝐚𝐩𝐮𝐭𝐚𝐭𝐢𝐨𝐧 | 𝐽𝑜𝑎𝑛 𝐽𝑎𝑡𝑡
— Quem será a bela dama que fez essa linda marca no seu rosto, Drake? — Philips comentou, rindo.
— Eu disse que era uma péssima ideia — sentei no banco, cruzando os braços. — Mas vocês adoram atormentar quem está quieto.
— Se não fosse pela sua irmã — Drake apontou para Blayne — eu teria mais tempo para correr.
— Você que foi burro de querer fazer uma pegadinha no armário da amiga dela, achando que ela não ia avisá-la — Blayne disse, sentando na grama.
— Mudando de assunto, o que vamos fazer neste final de semana? — perguntei, tentando aliviar o clima.
— Oi, meninos — disse Harper, aparecendo de repente. — Não sei se estarão ocupados, mas queria convidar vocês para uma festa neste final de semana. — Ela entregou o convite com um sorriso sedutor.
— A gente vai ver, qualquer coisa a gente aparece — Drake pegou o convite sem se importar muito, fazendo Harper concordar com um aceno antes de sair.
— Ué — Blayne olhou confuso para Drake. — Por que você não confirmou que iríamos?
— Esqueceu que neste final de semana temos a festa do seu pai? — Drake o encarou. — A gente não sabe se vai conseguir despistá-los.
— Merda, eu tinha me esquecido.
— Bem, se vocês não forem, eu também não vou — disse, dando de ombros.
— Ah, que bonitinho, o Petit não quer ir sem a gente! — brincou, rindo.
— Claro, alguém precisa estar lá para evitar que vocês façam mais besteiras — retruquei, dando uma risadinha.
— Ei, só para esclarecer, a última "besteira" foi ideia do Drake — Blayne apontou, rindo.
— Beleza, beleza, vamos focar aqui. Festa do pai do Blayne primeiro, depois a gente vê o que faz — disse, tentando manter o foco.
— E, por favor, sem mais marcas no rosto, Drake. Já está parecendo um dálmata — Philips acrescentou, fazendo todos rirem.
— Vou lembrar disso. Mas só se você prometer não me deixar para trás na próxima vez que alguém aparecer com encrenca, como aquela vez que a Vampira quase começou uma briga na cafeteria — Drake rebateu, dando um leve soco no braço de Philips.
O garoto loiro soltou uma risada e respondeu: — Combinado. Mas só se você prometer não transformar a próxima briga em uma cena de luta de MMA..
— Promessa de escoteiro — disse Drake, levantando a mão em um gesto solene.
— Promessa de escoteiro falho, você quer dizer — brinquei, fazendo todos rirem novamente.
As amigas perto da enorme estátua compartilhavam risadas e brincadeiras, criando uma atmosfera de cumplicidade e diversão. Sorah, em meio a gargalhadas, retribuía as provocações de suas companheiras com leves empurrões e tapinhas amigáveis. Quando Harper se aproximou com convites para a festa, o olhar de Franklin, em meio a um suspiro audível, revelou um misto de desinteresse e cansaço com a perspectiva do evento. Enquanto isso, Seamus, em pé à frente das amigas, compartilhava alguma piada com Serena, que ao olhar na direção do nosso grupo, exibiu um sorriso cativante. Sorah, ao receber o comentário de Serena, virou-se para o lado de onde vinha o olhar curioso, e com um discreto balançar de cabeça negativo, expressou sua decisão de não se envolver naquele momento.
— E o que tá dando entre você e a garota ? — Voltei olhar para meu amigo.
— A gente tá se curtindo — , ele respondeu, mas sua voz carregava uma nota de incerteza, como se estivesse se convencendo mais do que convencendo os outros. O questionamento direto de seu pronunciamento fez com que o loiro enrugasse a testa, seus olhos buscando uma resposta que ele mesmo não tinha certeza de possuir.
Ao ser confrontado sobre seus sentimentos em relação à garota, Philips desviou o olhar brevemente, sua expressão revelando uma mistura de desconforto e indecisão. Ele deu de ombros, tentando transmitir uma calma casual, mas havia uma tensão subjacente em seus traços, como se estivesse lutando para encontrar as palavras certas.
Mas antes que pudessem explorar mais profundamente suas emoções, o sinal escolar interrompeu o momento, deixando suas dúvidas e preocupações suspensas no ar, à espera de uma resolução.
Klein, com um interesse genuíno, quebrou o silêncio ao perguntar sobre as aulas de cada um, sua voz carregando uma curiosidade amigável. Philips, com seu bloco de notas em mãos, compartilhou a sequência de disciplinas que preenchiam sua agenda, exibindo uma organização meticulosa que contrastava com sua descontração anterior.
— Biologia, Filosofia e Química — , Philips respondeu, guardando seu bloco de notas no bolso com um gesto seguro, como se estivesse marcando cada detalhe da conversa em sua memória.
Ao revelar minha própria programação de aulas, o padrão das conversas mudou, cada um compartilhando suas próprias rotinas escolares como se estivessem traçando um mapa das experiências diárias uns dos outros.
— Puts, a minha é Física, Educação Física e Línguas Estrangeiras —, disse Klein com uma expressão de resignação misturada com uma pitada de humor auto depreciativo, como se estivesse resignado ao destino implacável de sua grade curricular.
Ao chegarmos à conclusão de que nossas aulas não coincidiam, a despedida se aproximou, cada um se preparando para seguir seu próprio caminho. Levantei do banco com um sorriso caloroso, trocando breves toques de despedida com meus amigos antes de nos dispensarmos pelos corredores da escola, sabendo que nos encontraríamos novamente na saída.
Enquanto eu estava a caminho da sala de Artes, avistei Sorah e suas amigas se despedindo na porta. Pelo jeito, elas não teriam essa aula juntas. Sorah entrou na sala, e eu a segui logo atrás. Ela escolheu um lugar perto dos cavaletes de pintura, enquanto eu me sentei próximo aos instrumentos musicais.
A Professora Aurora era uma mulher de meia-idade, com cabelos grisalhos presos em um coque elegante e olhos gentis que sempre pareciam ver além das aparências. Ela era conhecida por sua paixão pela arte e pela dedicação aos alunos, o que tornava sua presença reconfortante e inspiradora na sala de aula.
Ela caminhou até o centro da sala, um sorriso sereno no rosto, e disse: — Bem, alunos, como esses são os meus últimos meses com vocês... — Sua voz foi ficando mais suave, e uma onda de tristeza percorreu a turma. — Quero que me mostrem quem vocês são, o que desejam fazer, seus sonhos e desejos mais profundos.
Algumas meninas na frente trocaram olhares cúmplices e riram baixinho, tentando disfarçar a emoção que começava a surgir.
Um aluno no fundo da sala levantou a mão e perguntou, com um tom curioso: — Como isso vai acontecer, professora?
Aurora sorriu, já antecipando a pergunta. — Bem, vocês vão apresentar seus trabalhos. Teremos alguns olheiros da academia de artes presentes. Se eles gostarem do que virem, pode ser uma grande alavanca para suas carreiras. Será uma chance única de mostrar o seu talento a quem realmente pode fazer a diferença.
A ansiedade crescia na sala. Uma garota morena, visivelmente preocupada, ergueu a mão e perguntou: — E vale quanto da nota?
A professora, mantendo a calma, respondeu com firmeza: — Isso valerá meia nota. Mas não pensem apenas na nota. Vejam isso como uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional.
Surpreendentemente, Sorah, que geralmente era reservada, levantou a mão e perguntou, com uma voz um pouco hesitante: — É obrigatório mostrar para os olheiros?
Aurora se voltou para Sorah, seus olhos brilhando com compreensão. — Vocês nem vão saber quem são os olheiros ou de onde vêm. Eles provavelmente se misturarão com os pais e outros visitantes. O importante é que vocês se concentrem em fazer o melhor que podem, mostrando a verdadeira essência de suas paixões.
Sorah assentiu, ainda um pouco nervosa, mas parecia mais tranquila com a explicação. A turma começou a murmurar entre si, alguns ansiosos, outros entusiasmados, mas todos conscientes de que essa era uma chance importante. Aurora observava-os com carinho, esperando que esse desafio trouxesse à tona o melhor de cada um deles.
A Professora Aurora, com seu coque elegante e olhos atentos, observou a reação da turma ao anunciar: — Mas não é só isso. Vocês terão que fazer em dupla. — Ela se apressou a explicar quando ouviu alguns alunos uivarem negativamente. — Eu sei que vocês acham que a arte é uma expressão individual de como veem o mundo. Mas, às vezes, é preciso ver através da perspectiva de outra pessoa. Nem tudo são flores, e nem tudo que vocês enfrentarão nesse meio será fácil ou agradável. Vocês precisam aprender a apoiar e serem apoiados.
Os burburinhos tomaram conta da sala. Alguns alunos pareciam animados com a ideia, enquanto outros murmuravam insatisfeitos. Havia expressões de conflito por toda a parte: uns franzindo a testa, outros sorrindo de leve, divididos entre a expectativa e a relutância.
— Agora vou sortear os nomes — disse Aurora, pegando uma pequena vasilha cheia de papéis picados. — Soleneme e Riggie.
— Flower e Draco. — Sorah deu uma pequena risada ao ouvir o nome do rapaz.
A professora continuou a sortear os nomes, enquanto a tensão e a curiosidade cresciam.
— Luciene e Gale — anunciou Aurora. Eu bufei de irritação ao ouvir quem seria minha dupla, sentindo um nó se formar no estômago. Gale era conhecido por ser difícil de lidar, e a ideia de trabalhar com ele não me agradava.
De repente, Sorah levantou a mão timidamente. Seus olhos estavam hesitantes, mas havia uma determinação neles. — Professora, o Gale trocou de aula — disse ela, a voz firme mas gentil.
Aurora olhou para ela com surpresa. — Qual é o seu nome, querida?
— Sorah, Sorah Philips — respondeu ela, quase em um sussurro.
— E qual é o nome da sua dupla? — Aurora perguntou, inclinando-se ligeiramente para frente.
— Alexandria. Mas ela não veio hoje — explicou Sorah, olhando brevemente para mim antes de baixar os olhos.
A professora ponderou por um momento, então decidiu: — Bem, já que Alexandria não veio, você fará o trabalho com Luciene. E quando ela voltar, faremos uma nova dupla com algum aluno que faltou hoje.
Sorah assentiu, ainda um pouco nervosa, mas aliviada por ter uma resolução. Ela se virou para mim com um leve sorriso, e eu retribuí com um aceno de cabeça.
Enquanto Aurora se dirigia de volta à sua mesa, a turma começou a se movimentar, formando suas novas parcerias. Senti um misto de alívio e ansiedade, sabendo que trabalhar com Sorah, apesar de ser inesperado, poderia ser uma experiência interessante. Ela parecia séria e dedicada, qualidades que eu apreciava e que poderiam ser a chave para um projeto bem-sucedido.
Sentei-me ao lado de Sorah, sentindo uma mistura de alívio e nervosismo. — Obrigado — murmurei, tentando quebrar o gelo. Sorah me olhou, intrigada, sem entender o motivo da minha gratidão. — Preferia arrancar todos os meus dedos do que fazer o trabalho com o Tonks.
Ela soltou uma gargalhada inesperada, mas logo tampou a boca com a mão, visivelmente envergonhada por chamar atenção. Suas bochechas coraram, dando-lhe um ar ainda mais adorável e genuíno.
Após um momento de silêncio, ela tomou coragem e perguntou timidamente: — E como vai a banda?
— Até que vai bem — respondi, sentindo-me um pouco mais à vontade. — Mas o Edgar não está conseguindo encontrar nenhuma gravadora que queira trabalhar com a gente.
Sorah franziu a testa em compaixão e disse: — Nossa, que pena. Mas vocês são tão bons. Tenho certeza de que logo vão encontrar uma gravadora que veja o mesmo que eu vejo — ela sorriu, seus olhos brilhando com sinceridade.
Intrigado e curioso, perguntei: — E o que você vê?
Ela ficou um pouco mais séria, mas manteve o sorriso. — Vejo uma banda incrível que não tem medo de se arriscar. Vocês trazem sentimentos e coisas novas na música de vocês. Isso é raro e valioso.
Seus olhos, profundos e expressivos, mostravam uma admiração genuína. Fiquei surpreso e tocado por suas palavras, sentindo uma nova onda de motivação. O jeito como ela falava com paixão me fez acreditar que talvez estivéssemos no caminho certo, apesar das dificuldades.
— Obrigado, Sorah. Significa muito ouvir isso — respondi, meu coração mais leve.
Ela sorriu timidamente, ainda um pouco envergonhada, mas parecia feliz em ter compartilhado sua opinião. A partir desse momento, a tensão entre nós diminuiu, e uma sensação de camaradagem começou a se formar.
Os outros alunos também começaram a se envolver em suas próprias discussões, a sala agora cheia de energia e entusiasmo. Aurora observava com um sorriso satisfeito, vendo seus alunos se conectarem e se inspirarem mutuamente.
— E o que você vai fazer depois daqui? — perguntei, tentando fazer a conversa não morrer.
Ela levantou os olhos do celular, onde olhava as aulas, e respondeu distraída:
— Depois daqui tenho... História.
Respirei fundo e tentei esclarecer minha pergunta:
— Não literalmente aqui, mais depois disso tudo. Depois da escola.
Ela fez um murmúrio com a boca, mostrando que tinha entendido. Seus olhos se perderam por um momento, como se estivesse organizando os pensamentos.
— Minha mãe quer que eu faça direito, para ajudar meu pai na empresa — disse, olhando para a janela atrás de nós.
— Mas...? — incentivei, sentindo que havia mais a ser dito.
Ela deu um pequeno sorriso, quase imperceptível, e voltou a me olhar.
— Eu gosto de artes, pinturas principalmente, e sei que sou boa nisso. Só que tenho medo de decepciona-lá — confessou, suspirando profundamente. — E você? Vai querer viver apenas da música ou pretende ter algum ensino superior? — perguntou, num tom brincalhão.
— Vou querer fazer música — respondi, sentindo-me mais confiante. Ela sorriu, não tão surpresa. — E quem sabe, quando for bem mais velho, possa abrir uma gravadora ou uma escola para ajudar jovens que estão começando nesse meio.
Ela abriu um sorriso sincero.
— Isso é muito bonito — comentou, olhando para o cavalete à nossa frente. — Então, sobre o trabalho, tem alguma coisa em mente?
Tentei pensar em algo, mas nada veio à mente, então balancei a cabeça negativamente.
— Talvez pudéssemos usar algo relacionado à música — sugeriu, com um brilho nos olhos.
— E a sua pintura — acrescentei.
Ela corou instantaneamente, desviando o olhar e escondendo o rosto por trás do cabelo.
— Nunca mostrei um desenho meu para tantas pessoas — confessou, ainda tímida.
— Então essa é uma ótima oportunidade — disse, tirando minha jaqueta de couro e depois a do colégio, puxando as mangas para cima.
Ela notou minhas tatuagens e perguntou, curiosa:
— Quantas tatuagens? Algumas têm significado?
Acenei afirmativamente.
— A maioria são sobre a banda — apontei algumas delas. — Outras são frases que me deram forças, e algumas são só porque gostei do desenho.
Ela sorriu, tocando meu braço e admirando as tatuagens de perto. Seus dedos traçaram levemente os contornos dos desenhos, enquanto seus olhos brilhavam com interesse e fascinação.
— Doeram muito? — ela perguntou, olhando para minhas tatuagens com curiosidade.
Balancei a mão de um lado para o outro, indicando que a dor era suportável.
— E se você se arrepender de tê-las feito?
Parei por um momento, pensando na resposta.
— Às vezes, temos que nos arriscar em algo que queremos muito, mesmo que haja a possibilidade de arrependimento. Na minha percepção, é melhor viver assim do que viver no arrependimento de nunca ter feito algo que gostamos.
Ela refletiu sobre minhas palavras, e uma conexão mais profunda parecia se formar entre nós. A conversa continuou, fluindo naturalmente, enquanto compartilhávamos nossos sonhos e medos. O sinal da escola soou, interrompendo nossa troca.
— Esse é o meu número, e bem, você sabe onde é minha casa. Vamos nos falando sobre o trabalho — disse ela, pegando seu material e colocando na bolsa. Eu acenei, guardando o número no meu celular. — Tenho que ir, tchau, Petit.
— Luciene — interrompi, fazendo-a parar e me olhar com uma expressão curiosa. — Petit é muito formal, e bem... A gente já se conhece há um tempão. Não precisa de toda essa formalidade.
Ela sorriu, dessa vez de maneira mais descontraída.
— Tchau, Luciene — disse, acenando com a mão enquanto ela se dirigia à saída da sala.
Peguei minhas jaquetas que estavam na minha cadeira e, ao me virar, vi um pequeno caderno no lugar onde Sorah estava sentada.
— Merda, ela esqueceu — murmurei, pegando o caderno e guardando na bolsa.
Saí da sala com a cabeça cheia de pensamentos, tanto sobre o trabalho quanto sobre a nossa conversa. Havia algo na forma como ela se abria, mesmo que hesitante, que me fazia querer conhecê-la ainda mais.
Os corredores da escola estavam cheios de estudantes, todos indo para suas próximas aulas ou para casa. Sorah, estava do outro lado, prestes a desaparecer na multidão. Corri um pouco para alcança-lá.
— Anjo ! — chamei, fazendo com que ela se virasse. — Você esqueceu isto.
Ela olhou para o caderno e depois para mim, com um sorriso agradecido.
— Ah, obrigada! Nem percebi que tinha deixado para trás.
— Sem problemas..
— Até mais, então.
— Até mais — respondi, enquanto ela se afastava, seu cabelo balançando suavemente com o movimento.
Fiquei parado por um momento, observando-a desaparecer na multidão. Havia algo na maneira como ela se movia, na forma como seus olhos brilhavam quando falava sobre suas paixões, que me fazia sentir uma estranha mistura de curiosidade e admiração.
Durante a saída da escola, eu estava esperando os garotos perto do meu carro. Estava distraído, observando Sorah mexendo em alguns papéis antes de entrar no carro. O sol começava a se pôr, lançando um brilho dourado sobre os carros estacionados.
— Acho melhor você tirar uma foto, assim parece um maníaco — a voz de Klein soou perto do meu ouvido, me assustando.
— Que susto! — coloquei a mão no peito, sentindo o coração acelerar. — Quando você chegou? Eu nem vi você se aproximando.
Klein sorriu, divertido, os olhos brilhando com malícia.
— Claro, estava secando a Philips menor — respondeu com um deboche que lhe era característico. — Se o Blayne souber, você vai pra cova.
— Primeiro, eu não estava secando ninguém — defendi-me, tentando manter a compostura. — Segundo, para de ser fofoqueiro e cuida da sua vida.
Klein levantou as sobrancelhas, mantendo o sorriso irônico.
— Claro, porque ficar olhando sem piscar para uma pessoa até que ela entre no carro não é secar — disse, e eu o olhei sério. — E outra, cuidar da minha vida é muito chato. É mais gostoso cuidar da vida alheia e dar pitaco.
— Olha lá, a Vampira — apontei para trás dele, fazendo Klein olhar automaticamente. — E fala que sou eu o maníaco.
Ele riu, percebendo a brincadeira.
Enquanto nós dois esperávamos o Blayne, observamos as amigas de Sorah saírem. Franklin vinha direção ao carro, o rosto claramente irritado. Suas sobrancelhas estavam fortemente franzidas, formando uma linha profunda entre elas. Os olhos brilhavam com uma intensidade furiosa, e suas narinas estavam levemente dilatadas, como se cada respiração fosse um esforço para conter a raiva. Seus lábios estavam pressionados em uma linha fina e dura, e ela apertava um papel amassado com tanta força que suas juntas estavam brancas. A maneira como ela caminhava, com passos rápidos e firmes, deixava claro que estava à beira de explodir.
Seamus, ao seu lado, parecia preocupada, movendo as mãos em gestos tranquilizadores enquanto falava suavemente, tentando acalmar a amiga. Mas Franklin estava visivelmente irritada, cada traço de seu rosto esculpido pela frustração e pela raiva contida.
— Me diz que você não aprontou de novo — olhei diretamente para Klein, desconfiado.
— Dessa vez não fiz nada — ele levantou as duas mãos, em um gesto de inocência.
Philips apareceu então, caminhando com as mãos nos bolsos, o rosto relaxado. Ele tinha um jeito desleixado de andar, como se o mundo ao redor fosse um lugar sem pressa.
— E aí, caras — disse ele, parando ao nosso lado. — O que perdi?
— Nada demais — respondi, dando um leve soco no braço de Klein. — Só o Klein sendo Klein.
Philips riu, sua risada ecoando no estacionamento.
— Isso não é novidade.
— O que vamos fazer? — perguntei, esperando que alguém tivesse uma boa ideia.
— Olha, eu tenho uma ideia — Klein, o Tatuado, começou, levantando os braços entusiasmado.
Cruzei os braços e olhei sério para ele.
— Sem festas, drogas ou qualquer coisa que nos leve para a cadeia — disse, firme.
Klein bufou, irritado, abaixando os braços.
— Vocês são tão chatos — resmungou, revirando os olhos.
Blayne, que estava mexendo no bolso da calça, tirou um cigarro e ofereceu a Klein, que aceitou com um sorriso.
— Isso se chama responsabilidade, deveria tentar ter — Blayne disse, acendendo o cigarro.
Klein deu uma longa tragada e soltou a fumaça lentamente, o olhar desafiador.
— A: eu não sou adulto, e B: eu tenho responsabilidade, só que não deixo minha vida tão monótona — respondeu, levantando uma sobrancelha.
Blayne deu de ombros, tragando o cigarro.
— Você e responsabilidade, sei... — disse, sem acreditar muito.
Olhei para Blayne e tentei pensar em uma solução.
— Podemos ensaiar na sua casa, Blayne — sugeri.
Blayne balançou a cabeça negativamente.
— Não vai dar. As amigas da Sorah vão fazer uma festa do pijama e vão usar a sala.
Klein olhou para nós com um brilho travesso nos olhos.
— É só não irmos para a sala — disse, como se fosse óbvio.
Ele riu, mas ninguém mais pareceu achar graça , olhou para Drake com ceticismo.
— Quero ver o dia em que a Nora e a Vampira saírem na porrada — disse Drake, jogando a bituca do cigarro no chão e esmagando-a com o pé.
— Ué, por que? — perguntei, confuso.
Blayne suspirou e explicou, seu rosto sério.
— A Nora está toda estranha com o lance da Serena usar drogas. Ela acha que isso pode influenciar a Sorah.
Drake deu uma risada curta e cínica.
— Mal sabe que, se a Sorah pedir algum tipo de droga para a Vampira, a mesma dá uma surra nela. É a típica frase: "Faça o que digo, não faça o que faço" — disse.
O rosto de Drake ainda tinha um sorriso irônico, mas havia uma sombra de preocupação em seus olhos. Philips, por outro lado, parecia perdido em pensamentos, suas sobrancelhas franzidas em uma expressão de desconforto. E eu continuava calmo, com meu olhar distante, pensando em como resolver a situação.
Eu observei a dinâmica entre nós, percebendo que, apesar das brincadeiras e provocações, havia um forte laço de amizade que os mantinha unidos. Mesmo Drake, com seu jeito rebelde, se preocupava com Sorah e com o que acontecia ao redor. A noite estava se aproximando, e a brisa fresca parecia trazer consigo uma sensação de incerteza, mas também de expectativa.
— Então, o que vamos fazer afinal? — perguntei novamente, tentando trazer o foco de volta.
Blayne deu um meio sorriso.
— Vamos encontrar um lugar tranquilo para ensaiar. E quem sabe, talvez uma pizzaria depois? — sugeriu.
Klein e eu concordarmos, e entramos nos nossos carros.
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