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|13 | 𝑴𝑬𝑳𝑶𝑺𝑶



A noite em que você dançou como se soubesse que nossas vidas

Nunca mais seriam as mesmas

Você segurou sua cabeça como um herói

𝑳𝑶𝑵𝑮 𝑳𝑰𝑽𝑬 |  𝘛𝘈𝘠𝘓𝘖𝘙 𝘚𝘞𝘐𝘍𝘛

O som estridente do despertador me tirou do sono com um susto. Abri os olhos, ainda meio confusa, e a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi:

 Merda, eu dormi no meu encontro?!

Meu coração acelerou ao me dar conta disso, e imediatamente passei a mão pelo meu rosto, esperando sentir o resquício da tinta que cobria minha pele horas atrás. Mas não havia tinta. Para minha surpresa, eu estava vestindo uma blusa larga, confortável como um pijama. Foi então que uma nova onda de pânico me atingiu: 

Quem me vestiu?! Será que foi ele? Será que ele me viu de roupas íntimas?

Meu rosto esquentou só de imaginar a possibilidade, mas não tive muito tempo para me envergonhar. Um grito alto ecoou pela casa, me fazendo pular da cama num impulso. Nem me dei o trabalho de procurar um short, desci as escadas correndo, meu coração disparado, o pensamento de que algo terrível havia acontecido. Mas o que encontrei me deixou em choque, quase me arrancando uma risada que tentei, sem sucesso, conter.

Jewel, a dálmata enorme de Serena, estava sobre Luciene, latindo sem parar, enquanto ele, o bad boy durão, olhava para o cachorro com medo evidente. Seus olhos arregalados e a maneira como tentava, inutilmente, se esquivar da enorme pata de Jewel era cômico demais para ser levado a sério. No sofá, Serena assistia à cena com um sorriso malicioso, claramente se divertindo às custas do pavor de Luciene.

— Serena, é sério — Luciene quase implorava, sua voz um pouco mais aguda do que o normal. — Ela vai me atacar!

O que ele não sabia era que Jewel adorava brincar, especialmente com seus "novos brinquedos", e hoje o alvo de suas brincadeiras era ele. Seu olhar predador para Luciene era puro teatro, e eu sabia bem disso. 

Lembrei imediatamente da vez em que Jewel tentou "brincar" comigo. Eu estava me arrumando para dormir, a porta do quarto aberta, e Serena tinha acabado de sair. Foi então que ouvi o primeiro latido.

Jewel estava parada na porta, me encarando com aquele olhar sério. Senti um arrepio.

— Serena... — chamei, a voz baixa, hesitante.

Ela latiu de novo, dessa vez caminhando em minha direção. Cada passo dela para frente me fazia recuar instintivamente, o medo se acumulando em meu peito.

— Serenaaa... — eu repetia, a voz agora mais alta, o pânico aumentando à medida que Jewel se aproximava, até que, de repente, ela correu em minha direção.

— SERENAAA! — Berrei, fechando os olhos, esperando o impacto... Mas, em vez de sentir a mordida que tanto temi, fui recebida por lambidas molhadas e insistentes em todo o meu rosto. Jewel estava brincando comigo, e lá estava eu, chorando de nervoso, mas também rindo da situação.

Serena surgiu segundos depois, repreendendo a dálmata. — Jewel, já falei pra não brincar no meu quarto. — Jewel abaixou as orelhas, a cabeça e a cauda, toda envergonhada, e foi em direção à porta com a expressão de uma criança que havia sido repreendida.

Voltei ao presente com a voz de Ella me arrancando de minhas lembranças.

— Olha quem finalmente acordou — disse ela, rindo, enquanto se divertia com a cena à sua frente. Luciene ainda estava deitado no chão, Jewel em cima dele, e o pobre rapaz parecia incapaz de se mover. — E pelo jeito, minha camiseta ficou ótima em você, não é mesmo, Molinha?

Petit tentou virar a cabeça para vê-la, mas a enorme dálmata o impedia. Ella, com um estalar de dedos, deu ordem para Jewel se levantar. A cachorra saiu de cima dele, mas não sem antes lhe dar uma última lambida no rosto. Luciene, agora livre, se sentou com cuidado, claramente aliviado, mas ainda olhando desconfiado para o animal, como se esperasse que Jewel voltasse para "brincar".

Serena, sentada no sofá, estalou os dedos novamente e Jewel, obediente, sentou-se ao lado dela, a postura rígida como se esperasse qualquer nova ordem da dona. Mas foi quando os olhos de Luciene encontraram os meus que tudo mudou. O olhar de pavor que ele tinha segundos antes se transformou, e ele ficou me encarando, sua expressão se suavizando. O calor subiu pelo meu rosto enquanto eu ficava vermelha de vergonha. 

— Cada vez que eu te olho, você fica mais bonita — disse ele, com aquela confiança típica, se levantando e se aproximando de mim.

Meu coração deu um salto no peito, mas antes que eu pudesse responder, Ella fez um som de vômito falso, levando o dedo à boca em um gesto dramático.

— Isso é meloso demais pra mim. Vem, Jewel, vamos beber água — disse ela, levantando-se do sofá com um sorriso malicioso, claramente se divertindo com a nossa troca.

Eu ainda estava processando o comentário de Luciene, sem saber exatamente como responder, mas enquanto ele se aproximava com aquele sorriso nos lábios, uma sensação de calor tomou conta de mim. A presença dele, a forma como me olhava... Tudo me deixava sem palavras, mas também estranhamente feliz.

O calor tomou conta do meu rosto no instante em que lembrei de algo crucial: eu estava apenas de blusa e roupas íntimas. Uma onda de vergonha subiu pelo meu corpo, me fazendo ruborizar profundamente. Eu me virei rapidamente, apontando para minha roupa de forma nervosa, tentando segurar o desconforto que me consumia.

— Você... — minha voz saiu embargada, as palavras travando enquanto apontava para a camisa.

Luciene pareceu entender imediatamente, seus olhos se arregalando enquanto ele balançava as mãos em sinal de negação. 

— Não, não! — ele falou rápido, quase desesperado, os olhos saltando de preocupação. — Eu só limpei seu rosto, Serena que colocou a blusa. — Ele mal conseguia me encarar, o rubor subindo pelo seu pescoço até dominar seu rosto.

O constrangimento dele, de certa forma, acalmou a minha própria vergonha. Num impulso, dei um pequeno beijo em sua bochecha, o toque suave, mas cheio de gratidão.

— Obrigada, por tudo — murmurei, vendo seus olhos se arregalarem em surpresa. Mas antes que pudesse subir, Luciene agarrou meu braço com delicadeza, me virando em um movimento rápido, e sem pensar duas vezes, ele me beijou. O beijo foi intenso, sem as distrações ou desculpas típicas. Só nós dois, ali, no momento. Não havia necessidade de palavras, de justificativas, era como se o tempo tivesse parado para nos permitir aquilo.

Quando nossos lábios se separaram, o silêncio preencheu o espaço entre nós. Ficamos ali, apenas nos encarando, as respirações ainda um pouco descompassadas. Notei, então, que Luciene ainda estava sujo de tinta, e soltei uma risada baixa.

— Vou vestir um short... — murmurei em um sussurro tímido. Ele apenas assentiu, seu olhar ainda cravado em mim, e, antes de subir, ele roubou um selinho de despedida.

Ao descer novamente, encontrei Serena na cozinha, preparando o café com aquela expressão focada que ela sempre tinha nas manhãs. Sentei-me à mesa de frente para Luciene, que já tinha se acomodado.

— Molinha, vai tomar um banho. — A voz de Serena era autoritária, quase maternal, enquanto ela ajeitava a mesa e franzia o nariz em uma falsa repulsa. — Odeio cheiro de tinta. — Mas eu sabia que aquilo era mais para irritá-lo do que uma verdadeira queixa. Ela tolerava a tinta em mim, sempre.

— Eu não tenho roupa — ele retrucou, tentando buscar uma desculpa para escapar do banho.

— Tem, sim. Roupas suas limpas. Vai tomar banho que eu levo pra você. — Serena respondeu com naturalidade, colocando a última caneca na mesa, como se já estivesse preparada para cada argumento dele.

Com um revirar de olhos, Luciene se levantou, aceitando a derrota, e seguiu para o banheiro. Serena gritou atrás dele: — E não molha todo o banheiro! — Ele respondeu levantando o polegar em um gesto de conformidade.

A curiosidade me atingiu então, algo que não havia notado antes. — Como você tem tantas roupas masculinas? — perguntei, franzindo a testa enquanto observava Serena.

Ella, sentada ao meu lado, foi quem respondeu, inclinando-se com um sorriso travesso. — Eu uso a maioria delas. Jaquetas, blusas, alguns acessórios... — Ela deu uma piscadela. — As calças, nem tanto. Minha avó que compra, nem sei o motivo.


A conversa na cozinha fluía com uma leveza quase rara entre nós. O aroma do café recém-feito preenchia o ambiente, e, por um breve momento, me permiti relaxar. No entanto, o som estridente da campainha quebrou a tranquilidade. Serena, que já não estava em seus melhores dias, levantou-se de maneira abrupta, um misto de irritação e cansaço transparecendo em cada movimento.

— Mais que caralho! Já vai, merda! Nasceu com seis meses, por acaso? — ela bufou, batendo a xícara na mesa com um impacto que fez as xícaras tremerem. Seu humor, sempre imprevisível, pareceu piorar a cada segundo.

Assim que a porta se abriu, a voz familiar de Klein ecoou pela sala, sempre carregada de sarcasmo, como se ele soubesse exatamente como irritá-la.

— Que isso, Vampira? A Nonna não te avisou que a gente vinha cuidar de você?

Eu vi o canto dos lábios de Serena tremer, como se estivesse prestes a dizer algo bem pior do que ela normalmente diria. Antes que ela pudesse, meu irmão completou com aquele seu jeito divertido de sempre:

— Viemos te vigiar. Nadilene deixou uma nota pra gente.

Serena revirou os olhos, claramente exausta da situação, e rebateu com sua ironia habitual:

— No caso, MINHA Nonna deixou uma nota para EU cuidar de VOCÊS. — O sarcasmo pesou no ar, mas os meninos apenas riram, ignorando completamente o aborrecimento dela.

Enquanto os dois continuavam a provocação mútua, Serenity entrou na cozinha com sua energia típica, como se nada pudesse perturbá-la.

— Cheguei, gostosas! — ela gritou, parando ao ver os rapazes. — Ah, não sabia que tínhamos companhia.

Serena, ainda com os nervos à flor da pele, cruzou os braços e lançou um olhar mortal para os dois.

— Vamos dizer que eles se auto convidaram.

Antes que Serenity pudesse responder, Luciene, do banheiro, interrompeu a conversa com seu grito que parecia reverberar pelas paredes.

— SERENA, EU PRECISO DE ROUPAS!

Blayne arqueou uma sobrancelha, lançando um olhar de puro deboche para mim e Serena.

— Por que Luciene está tomando banho aqui?

Minha garganta secou, o nervosismo borbulhando dentro de mim. Antes que eu conseguisse formular uma desculpa, Serena foi mais rápida, embora seu tom denunciasse a irritação crescente.

— Ele tava fedendo a álcool e perguntou se podia tomar banho antes de ir embora.

Senti minhas bochechas queimarem. A verdade pesava em minha mente, mas eu sabia que não era o momento para revelações. Me levantei, evitando qualquer contato visual, e caminhei em direção ao quarto de hóspedes para pegar as roupas de Luciene. Ao entrar, meus olhos caíram sobre o grande espelho na parede e, pela primeira vez, notei a camisa que Serena havia me dado para vestir. Era uma das camisas que fizemos juntos há tanto tempo. O toque nostálgico do tecido me fez hesitar por um segundo.

Peguei as roupas rapidamente e caminhei em direção ao banheiro. Bati na porta com cuidado, e quando Luciene a abriu, vi seus cabelos molhados escorrendo pelo peito e descendo pelo abdômen definido. Meu olhar, quase que por instinto, desceu até sua entrada V perfeitamente delineada. O ar pareceu sair dos meus pulmões naquele instante.

Ele notou o rumo do meu olhar e sorriu com aquele jeito provocador.

— Meus olhos estão aqui em cima, Anjo. — O tom brincalhão em sua voz fez meu rosto pegar fogo. Entreguei as roupas com mãos trêmulas, tentando a todo custo evitar mais constrangimentos.

— S-sua roupa... P-Petit... — gaguejei, a vergonha me consumindo, especialmente quando ele se aproximou, seu corpo grande dominando o espaço entre nós.

— Não combinamos que você não me chamaria de Petit? — Sua voz rouca, a proximidade de seus lábios perto do meu ouvido... Meu coração batia descompassado, e cada célula do meu corpo parecia em alerta.

Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ele me puxou para mais perto, seus lábios se colando nos meus com uma urgência incontrolável. Senti minhas costas serem pressionadas contra a escrivaninha, e seus beijos desceram pelo meu pescoço, enviando ondas de calor e arrepio por todo meu corpo.

Mas, como sempre, a realidade logo nos trouxe de volta. A porta se abriu bruscamente, e Klein entrou com sua habitual falta de noção.

— Puta merda, PUTA MERDA! Tô atrapalhando em algo?

— Cala a boca, Klein! — Luciene resmungou sem desviar o olhar de mim, pegando as roupas e indo para o banheiro com uma naturalidade desconcertante.

Desci da escrivaninha o mais rápido que pude, tentando me recompor, enquanto Klein continuava com aquele sorriso malicioso estampado no rosto.

— Você não viu nada, certo? — minha tentativa de soar ameaçadora foi, no mínimo, patética, considerando a gargalhada que ele soltou em seguida.

— Relaxa, docinho — ele fez um gesto de zíper nos lábios, mas ainda assim lançou um olhar de pura diversão para minha direção. — Aliás, bela camisa.

Com o rosto em chamas, fui direto para a cozinha, tentando aparentar naturalidade. Meu irmão, sempre atento, notou meu desconforto.

— Tá tudo bem? — ele perguntou, seus olhos investigando os meus. Eu rapidamente assenti, temendo que ele percebesse o que realmente havia acontecido.

— Por que você gritou, Klein? — meu irmão questionou, agora voltando seu olhar para o amigo.

Klein, sem perder o ritmo, respondeu com um ar despreocupado:

— Bati na quina. — Ele tomou um gole de café, e quando meu irmão desviou o olhar, ele piscou para mim, como se fosse o segredo mais divertido do mundo.

Eu sentia meu corpo ainda tenso quando Luciene voltou à cozinha, agora devidamente vestido. Ele se juntou aos meninos, tentando parecer casual.

— Demorei muito? — perguntou, se sentando.

— Não, a gente tinha acabado de chegar — meu irmão respondeu, puxando uma cadeira para ele. — E como foi a noite?

O som de Luciene engasgando com o suco que tomava me fez congelar. O nervosismo tomou conta de mim. Será que ele ia contar que passou a noite comigo?

Ele se recompôs rapidamente, respirando fundo.

— Foi legal, ela é uma garota incrível.

Meu irmão sorriu, visivelmente satisfeito.

— Quero conhecer uma hora.

Eu não sabia quanto tempo mais poderia aguentar essa tensão sem explodir..

 — Mais eu espero que dure mais que três dias — Blayne jogou a piada no ar, sem perceber que suas palavras poderiam ter um impacto maior do que ele pretendia. Seu riso ecoou pela sala, seguido de um tapa nas costas de Luciene, como se quisesse marcar aquela leveza forçada. Para ele, era apenas uma brincadeira entre amigos, uma provocação casual. No entanto, o peso do que ele disse não passou despercebido para os outros.

— Cala a boca, Blayne — Klein interveio, a voz firme, mas com um toque de cansaço. Ele sabia como seu amigo poderia ser, sempre empurrando limites, sem medir as consequências. Ainda assim, Klein estava tentando manter a situação sob controle, como se quisesse evitar que algo maior se desencadeasse.

Blayne, no entanto, não se deixou abalar. Ele virou-se para Drake, um sorriso brincando nos lábios, procurando apoio na mesa.

— Qual é, Drake, você sabe — ele disse, olhando para o amigo no canto oposto da mesa. — Luciene não fica mais que três dias com a mesma garota.

Essas palavras, embora ditas em tom de brincadeira, trouxeram um peso para o ambiente. O riso de Blayne morreu rapidamente, e o silêncio que seguiu foi quase palpável. Luciene não se moveu, mas seu maxilar estava tenso, e seus olhos evitaram os de Blayne. Ele estava acostumado a esse tipo de provocação, mas isso não significava que ele gostasse de ouvir isso repetidamente.

Antes que alguém pudesse reagir, a voz de Serena cortou o ar como uma lâmina afiada.

— Já chega, Blayne Philips! — O tom dela foi firme, implacável. Todos os olhos se voltaram para ela, inclusive os de Blayne, que foi pego de surpresa pela intensidade de suas palavras. Serena raramente se envolvia nesse tipo de discussão, mas quando falava, era impossível ignorá-la.

Serena estava de pé, sua postura rígida, os olhos faiscando com uma raiva controlada. Havia algo mais profundo em sua expressão, algo que indicava que ela não estava apenas irritada com o comentário sobre Luciene, mas com a atitude de Blayne em geral. Era como se, para ela, ele estivesse constantemente cruzando uma linha invisível, e agora ela estava determinada a colocá-lo em seu lugar.

— Se você quer falar quantas fodas seu amigo já deu e com quantas garotas, o problema é seu — ela continuou, sua voz carregada de desprezo. — Se a sua vida sexual está tão sem graça que você precisa dar pitaco na dos outros, ótimo. Mas eu não quero ouvir.

Blayne tentou abrir a boca para se defender, talvez argumentar que estava apenas brincando, mas Serena levantou o dedo indicador, silenciando-o instantaneamente.

— Eu ainda não terminei — disse ela, em um tom que não deixava espaço para contestação. Blayne, pela primeira vez naquela noite, parecia sem palavras, o que era raro. Ele olhou para ela com uma mistura de surpresa e desconforto, sabendo que tinha ido longe demais.

— Eu e as meninas vamos nos arrumar e sair agora — declarou ela, sua voz firme. — E eu acho melhor vocês saírem também.

A tensão no ar era palpável. Klein, sempre o pacificador, tentou intervir, embora sua voz fosse hesitante, como se soubesse que estava prestes a perder a discussão.

— Vampira... a Nonna pediu... — ele começou, sua voz falhando no meio da frase. Ele sabia que trazer o nome da avó para a conversa poderia ajudar, mas ao ver o olhar severo de Serena, ele soube que essa tentativa também falharia.

Serena o olhou diretamente nos olhos, sua expressão carregada de determinação. Não era uma ameaça explícita, mas Klein sentiu o peso daquela troca de olhares. Ele abaixou a cabeça em derrota, aceitando que Serena não estava disposta a recuar.

A campainha tocou novamente, e o som estridente parecia uma provocação aos nervos já desgastados. Serena se levantou, exalando irritação em cada passo.

— Porra, aqui é a casa da mãe Joana e não tô sabendo?! — ela exclamou, revirando os olhos, claramente farta.

A voz do lado de fora a fez parar no meio do caminho. Meu coração disparou no mesmo instante, reconhecendo o tom inconfundível. Era nossa mãe. Eu troquei um olhar rápido com meu irmão, que também pareceu sentir o impacto da chegada inesperada. Klein, sempre pronto para uma piada, sussurrou:

— Aposto quarenta pratas na Vampira.

— Cinquenta que uma das duas vai pra ambulância — Serenity entrou na brincadeira, e eu olhei para a mesma que riu.

Serena voltou para a cozinha com nossos pais logo atrás dela. Meu pai tinha um sorriso amigável no rosto, enquanto minha mãe parecia desconfortável, lutando para manter a compostura. A presença dela, carregada de ressentimento e desentendimentos passados, preenchia o ar com uma energia pesada e difícil de ignorar.

— Como foi o final de semana de vocês, crianças? — meu pai perguntou, tentando trazer um ar de normalidade para a situação.

Blayne, despreocupado, respondeu com indiferença. — Foi legal até...

Ella, por sua vez, manteve um semblante sério e controlado. Sabia que sua avó detestava desrespeito, então ofereceu educação forçada:

— Sente-se. De qualquer maneira, vovó odeia quando eu sou ríspida com as visitas.

O clima entre nós todos era palpável. Minha mãe se acomodou ao meu lado, enquanto meu pai se sentava próximo a Luciene, que se mantinha em silêncio, observando tudo como um espectador que sabia que as tensões estavam longe de serem resolvidas.

Drake, sempre tentando aliviar o ambiente, fez uma tentativa desajeitada de piada, mas foi rapidamente silenciado com um chute afiado de Serenity sob a mesa. Ela podia ser enérgica e brincalhona, mas sabia quando as coisas estavam prestes a sair do controle.

Finalmente, Serena quebrou o silêncio que parecia prestes a explodir.

— Por que veio, senhora Philips? — Franklin questionou, com uma calma quase fria. Apesar de tentar esconder, havia uma mágoa evidente em sua voz, uma ferida que, claramente, ainda estava longe de cicatrizar. — Veio dar outro tapa? Ou melhor, veio se desculpar por obrigação?

Minha mãe não conseguia sustentar o olhar de Serena, desviando-o para o chão, como se as palavras da garota fossem espinhos que penetravam fundo. Serena, por sua vez, se manteve firme, recusando-se a encará-la diretamente, como se olhar para ela fosse abrir as portas de um passado que ela preferia manter trancado.

— Não vou pedir desculpas — minha mãe respondeu, a voz carregada de orgulho ferido. — Ainda penso a mesma coisa sobre você.

Serena deu um leve sorriso, amargo, quase imperceptível, antes de responder:

— Ótimo, já temos algo em comum, então. — Ela mordeu um pedaço do bolinho à sua frente, sem se abalar. Suas palavras pingavam ironia e desprezo, como se quisesse deixar claro que não esperava nada diferente. Serena estava acostumada à rejeição, e minha mãe, com sua postura rígida, parecia não perceber o quanto ainda a feria.

Minha mãe tentou continuar, claramente buscando resolver a situação de uma forma diplomática:

— Mas devemos falar sobre...

Ela foi interrompida pelo toque alto do celular de Serena. A garota não hesitou em pegar o aparelho e, com um olhar desafiador, atendeu.

— Pensei que tínhamos um trato, Ella — Annya, do outro lado da linha, parecia irritada.

— Não tô usando droga, Annya — Serena respondeu, sua voz carregada de tédio, como se a conversa fosse uma velha ladainha. — Mas Kelci ainda é meu amigo.

— Amigos não transam — Drake murmurou de forma sarcástica, o ciúme claramente envenenando suas palavras.

Serena lançou um olhar cortante na direção dele, mas seu tom se manteve controlado.

— Não deixa ele saber disso — ela disse, com um sorriso provocativo, antes de dar uma piscadela para Drake e sair da sala, celular em mãos.

A tensão na sala estava cada vez mais densa, e Klein, sempre o primeiro a verbalizar o que todos estavam pensando, comentou com um tom emburrado:

— Não confio nesse Kelci.

Serenity não perdeu a oportunidade e rebateu, sua voz cheia de sarcasmo:

— Sei, é no Kelci que você não confia, né?

Klein revirou os olhos, claramente incomodado, mas não disse mais nada.

Minha mãe tentou continuar com sua tentativa de conversa, voltando seu foco para mim:

— Então, querida, achei um lugar lindo para você...

Eu a interrompi, o rancor finalmente transbordando. Não queria mais fingir que tudo estava bem.

— Se você acha que eu esqueci tudo o que você fez, está bem enganada — minhas palavras saíram afiadas, e pela primeira vez no dia, olhei diretamente nos olhos dela. — Se você não tem a noção de pedir desculpas, então eu não tenho nada para falar com você.

Minha mãe parecia surpresa, talvez até um pouco magoada, mas ao invés de responder diretamente, ela olhou para meu pai, como se pedisse ajuda. Ele começou a se mexer, como se fosse falar, mas antes que pudesse intervir, virei-me para Luciene, tentando me recompor.

— Luciene, poderia trocar de lugar comigo, por favor?

Luciene congelou por um segundo, claramente desconcertado com a súbita mudança de tom. Klein quase engasgou com o bolinho que estava comendo, e até meu irmão pareceu chocado, parando de sorrir e me encarando seriamente.

Blayne quebrou o silêncio, sua voz carregada de curiosidade:

— Você sempre o chama de Petit. Por que começou a chamá-lo de Luciene agora?

Olhei para Blayne, já cansada da situação, mas tentando manter minha voz calma.

— Não é esse o nome dele?

— É, mas...

— Então pronto — cortei, sem paciência. Luciene assentiu com um leve aceno e, em silêncio, trocamos de lugar.

Eu sabia que nada ali estava realmente resolvido.

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