| 1 | 𝑨𝑷𝑶𝑺𝑻𝑨𝑺 𝑬 𝑻𝑹𝑨𝑽𝑬𝑺𝑺𝑼𝑹𝑨𝑺
Porque se não é real, você pode fingir o quanto quiser
É tudo o que você precisa
Isso não é saudável, eles dizem, viver no seu mundinho
Mas dói muito menos para mim
𝐹𝐼𝐶𝑇𝐼𝑂𝑁𝐴𝐿| 𝐾ℎ𝑙𝑜𝑒 𝑅𝑜𝑠𝑒
Simplesmente saiba que o amor existe. Apesar de muitos argumentarem o contrário — Incluindo minha melhor amiga — e apresentarem razões plausíveis, hoje em dia, o romance é visto como antiquado. Como algo tão puro, belo e mágico pode ser considerado antiquado? Eu diria que ainda existem pessoas que valorizam o amor, dispostas a enfrentar qualquer obstáculo para ficar ao lado de quem amam, enquanto outras preferem brincar com sentimentos, fingindo amar para, no fim, moldarem os outros à sua imagem: frios e incapazes de amar.
—Terra chamando Cindy —Minha melhor amiga começou a estralar os dedos na minha frente, trazendo-me para a realidade — Você pelo menos poderia fingir que tá me ouvindo — Comentou pegando uma maçã que estava no balcão da cozinha.
— Desculpa, eu estava pensando sobre a minha mãe.
— Ainda não disse a ela ? — Perguntou dando uma mordida em sua maçã - Sabe que não precisa ficar preocupada né? A sua mãe vai aceitar a sua decisão e se for seu sonho vai ter o apoio que merece — Disse me reconfortado.
— Eu sei Ella é só que ...
— Você tem medo de decepciona-lá , eu sei. — Interrompeu — Mas, Jajá, você será adulta. Não pode querer se moldar para todos - Expressou, sentando-se na banqueta de frente para mim — Se você fazer isso , estará vivendo uma vida que não é sua — A gente escutou barulhos vindo da escada — Nunca deixe que alguém lhe diga que não pode fazer algo. Se você tem um sonho, tem que protegê-lo. As pessoas que não podem fazer por si mesmas, dirão que você não consegue. Se quer alguma coisa, vá e lute por ela. Ponto final.Pensa bem nisso , não precisa se cobrar tanto . E se caso tudo der errado , eu vou sempre tá aqui por você , você sabe né ? — Pronunciou, com um sorriso me reconfortado.
— É ,eu sei — Respondi com um leve sorriso.
— Você não tem casa não garota ? — Drake foi o primeiro a entrar na cozinha.
— Diferente de você, eu sou convidada na mansão do Sr e da Sra.Philips , acho que você não sabe o que é isso não é mesmo Klein? — E lá vamos nós.
— Não preciso ser convidado minha querida Vampira, eu sou da família - Ele retrucou — E bom dia Sorah , dormiu bem ?
— Que bom que você notou minha presença Drake, e sim dormi - ele me deu um sorriso como resposta, que se eu não o conhecesse com certeza me apaixonaria.
— Viu só Vampira , modos - ele voltou a provoca-la — Deveria aprender com sua amiga — Disse num tom zombeiro, piscando para ela.
— Já disse Klein pra parar de me chamar assim — Retrucou, a voz carregada de irritação, enquanto agarrava rapidamente a primeira coisa que encontrou ao seu alcance e a atirava na direção dele. Seus olhos faiscavam com frustração, e sua postura tensa indicava claramente sua crescente irritação com a situação. Ele se esquivou do pãozinho lançado, que acabou acertando Blayne, que acabara de chegar, agravando ainda mais a confusão.
— Ei, o que os pãezinhos fizeram? — Blayne tentou suavizar as coisas, conhecendo bem o amigo que tinha. Sabia que as provocações com Serena começariam cedo.
— Fala pro seu amigo aí que não tenho nenhuma intimidade com ele pra ele colocar apelidos em mim! — Serena respondeu, os lábios apertados em uma linha reta e as sobrancelhas franzidas, mostrando claramente sua irritação.
— Sorah, diz para sua amiguinha que todo esse estresse faz mal para o coração — Ele continuou provocando, com um sorriso no rosto.
— Bom dia crianças — Meu padrasto acabou de entrar na cozinha
— Bom dia — Todos responderam
— tem café ?
— Não mais tô fazendo, vai querer esperar ? — Perguntei terminando colocando a água quente no coador
— Vou sim, como anda sua avó Serena ? — Julius é muito amigo dos Franklin tempos.
— Como sempre , velha — Ela caçoou — Mandaram pãezinhos para você e sua família — Entregou a cesta de pães.
— Nedeleni que fez ? — A mesma acenou com a cabeça confirmando — adoro os pãezinhos dela — Ele sorriu em agradecimento.
O celular da Serena começou a tocar, e reconheci o nome que estava na tela, olhei para ela com uma pitada de preocupação. Notei que o sorriso de Drake murchou assim que o celular tocou, seus ombros tensos revelavam a ansiedade. Meu padrasto olhou para ela com um toque de receio, seus dedos batucavam nervosamente na mesa.
— Parece que a mercadoria do Kelcy chegou — Suspirou um pouco apreensivo com a situação.
— Terminei o café — Os meninos que antes estavam de pé se sentaram rapidamente — Eu espero você terminar a ligação pra gente tomar café juntas — Olhei para ela com um sorriso, tentando transmitir calma apesar da atmosfera tensa.
— Obrigada Cindy , você é meu anjo — Serena se levantou e me deu um beijo na bochecha — Prometo que não vou demorar — Disse a mesma atendendo o celular e indo para o lado exterior da casa.
— Tenho medo do que isso pode se tornar — Meu padrasto alegou ,com um tom preocupado.
— Tirando a Sorah , todos aqui já usamos algum tipo de droga — Blayne defendeu a amiga.
— O problema é que vocês fazem isso por diversão. É uma questão de ser "descolado" — Ele explicou, franzindo a testa — Ela usa para se afundar. — como se fosse automático os meninos e eu olhamos para fora vendo Serena discutindo em seu telefone — Não o quero que aconteça com ela o que aconteceu com mãe dela — Comentou, enquanto mexia a xícara de café.
— O que aconteceu com a mãe dela? — Blayne questionou com curiosidade, inclinando-se ligeiramente para frente, os olhos fixos no padrasto, buscando entender melhor a situação. — A Serena não gosta muito de falar sobre os seus pais , toda vez que entramos no assunto ela muda ou da uma desculpa para sair da conversa.
— Às vezes me pergunto se deveria simplesmente parar de tentar entender e deixar as coisas como estão — Peguei uma faca com manteiga para preparar o meu pão e o da Serena.
— Minha querida meia irmã, não sou igual a você que consegue fingir que tá tudo bem sendo que claramente não tá — Olhou para mim com um sorriso falso, fazendo-me revirar os olhos. — Serena tá com problemas, e se não acharmos a raíz do problema ela não vai parar.
— Primeiro, "𝑖𝑟𝑚𝑎𝑜𝑧𝑖𝑛ℎ𝑜 " eu não faço isso — ele revirou os olhos — e segundo , Serena odeia pessoas que quer se intrometer nas coisas dela , eu não fecho os olhos nas coisas que ela faz , só dou o espaço que ela pede. E se eu não me engano você não é tão amigo assim dela para dá pitaco sobre o que ela faz ou não — A discussão começou a esquentar, elevando o tom de voz a cada palavra trocada.
— Que algazarra é essa? — Minha mãe apareceu na sala.
— Estávamos comentando sobre a falta de sinceridade do Blayne e do Drake — respondi, enquanto servia café para minha mãe e lhe entregava a xícara.
— Essa garota de novo? Só traz confusão consigo — Minha mãe olhou para fora e, após sua observação, meu padrasto revirou os olhos..
— Fui eu que comecei o assunto, a jovem em questão não fez nada - Julius respondeu com seriedade..
—Mais uma vez você a defende, por quê? — minha mãe o encarou com frustração, criando uma atmosfera tensa na mesa..
— Finalmente cheguei, pessoal. Desculpem a demora — Serena entrou pela mesma porta de vidro pela qual saiu minutos antes.
— Senta aí, Vampira. Estávamos discutindo algo interessante — Disse Drake, quebrou o silêncio mortal que minha mãe tinha imposto, fazendo-a olhar para todos.
— Não obrigada, desculpa Cindy por te deixado esperando, mais lembrei que tinha um trabalho para terminar - Conhecendo minha amiga, essa era sua deixa para sair e evitar qualquer clima ruim no café. —Então vou nessa — pegou sua bolsa e foi indo em direção a saída da cozinha — até mais Sr e Sra Philips, vejo vocês na escola Capitão Smith e Klein — Ella olhou para trás com um sorriso.
— Espera Ella eu vou com você, só vou pegar minha bolsa. — A mesma apoiou no batente da porta, indicando que vai me esperar.
— Espera filha , você nem tomou seu café ...— Minha mãe mostrou os pães que eu tinha feito para mim e Serena.
— Perdi a fome , tô indo — disse dando um beijo na buchecha dela e de meu padrasto - amo vocês — corri em direção a escada para subir em meu quarto.
[....]
Minha amiga comentou enquanto acendia seu cigarro no meu carro — Só estou dizendo que entendo sua mãe ficar receosa comigo.
— Sabe, Ella, não é isso— respondi enquanto parávamos no sinal — Minha mãe sempre foi assim, mesmo antes de você usar drogas. E não entendo por que ela é assim com você. — Serena soltou um suspiro prolongado e profundo. —Se fosse pelas drogas, ela seria assim com o grupinho do Blayne também, e não apenas com você.
— Ela tem que aguentar o Blayne, afinal, é o enteado dela — Respondeu olhando em volta — Amei aqueles sapatos — Pegou o celular e começou a tirar foto da loja — Não fica com raiva da sua mãe, ela só está preocupada com você— Disse ela, sorrindo para mim, um sorriso que não chegava aos dentes, e apontou para o sinal que acabara de abrir.
Enquanto o rádio preenchia o carro com os acordes de uma música de uma cantora em ascensão, eu mal prestava atenção à melodia. Ao contrário, minha amiga parecia imersa em seu próprio universo, onde ela própria era a protagonista, conectada à música de uma forma que eu não conseguia alcançar.
Minha amiga colocou sua mão em forma de punho, como se estivesse segurando um microfone, e a aproximou da minha boca enquanto repetia as letras — Where they're meeting up halfway and they're kissing in the rain.
- It's a little bit cliché, but I love it anyway - comecei a cantar, e logo ela se juntou a mim — Cause it's better than when you're walking home.
Enquanto dirigia para o caminho da escola, as músicas do rádio se tornaram o pano de fundo para nossa conversa animada. Porém, ao estacionar, avistei Luciene através da minha janela, encostado em seu carro, distraído com o celular.
— Assim você parece uma stalker — disse se encostando perto do meu volante — Ainda não falou sobre seus sentimentos para ele ? — Perguntou, com seriedade no tom.
— você sabe que não é tão fácil , ele é... — Tentei me defender
— " O melhor amigo do meu irmão , e a gente se conhece dês de pequeno. Além dele achar que eu sou uma garota certinha de mais para ele " - Ella completou os argumentos que eu sempre usava
— Cindy , você quer um romance , mais não quer se arriscar ? Então me diz como ? — Desabafou Ella.
— Diz a pessoa que não acredita no amor e tudo que deriva dele — A respondi destravando meu cinto de segurança — Meio hipocrisia você falando de amor , sendo que você mesmo não acredita, não ?
— Primeiro , eu acredito no amor , só não acredito que seja toda aquela coisa feliz ou mágica — A mesma também tentou destravar seu cinto de segurança, mas sem sucesso — E segundo, não é porque não acredito no amor que vou querer que você também não acredita, se você acha que o amor é tudo que devemos lutar , então por que você não luta pelo seu final feliz ? Acho que de nós duas a hipócrita aqui não sou eu — me olhou colocando a mão no meu ombro — Me ajuda a destravar isso — pediu fazendo biquinho , dei uma risada e a ajudei.
—Eu sei, mas tenho a sensação de que se eu me declarar para ele, não vai dar em nada — , suspirei cansada.
— Como você pode ter certeza? Talvez tudo o que você precise seja de um pequeno incentivo — , comentou assim que destranquei a porta do carro. Saímos e nos dirigimos ao encontro com a Serenity, que estava esperando perto do bebedouro em frente à entrada da escola e ao estacionamento.
— E aí gostosas , como vocês estão se sentindo com os últimos meses de aula ? — Perguntou com a câmera de vídeo em mãos, filmando a gente.
Serenity é uma ruiva natural, sempre registrando tudo o que pode para seu documentário sobre a vida real de um adolescente, através dos olhos de uma adolescente. Ao contrário de mim, ela estava um pouco mais relaxada quanto ao uniforme, mas não tanto quanto Serena. Nós três somos tão distintas e, ao mesmo tempo, tão semelhantes.
Serena estava vestindo a camisa social do colégio, alguns botões desabotoados e a gravata solta, combinada com uma jaqueta azul-marinho fornecida pela escola. Sua saia, ajustada para realçar suas curvas, se destacava, acompanhada pela meia-calça e pelo mocassim da Prada. Seus cachos naturais caíam soltos, enquanto sua franja estava arrumada, contrastando com as mechas mais claras em seu cabelo.
Por outro lado, Serenity optou por usar a camisa social com a gravata bem ajustada e as mangas compridas cobrindo seus pulsos. Com sua saia, ela ousou ao combinar com um coturno preto, desviando do convencional. Seus cabelos ondulados estavam um pouco bagunçados pelo vento, dando-lhe um ar despreocupado.
Quanto a mim, optei por manter um botão fechado na camisa social, combinando-a com a jaqueta. Minha saia, parte do uniforme obrigatório, contrastava com a meia branca e meu sapato favorito da Miu-Miu. Um detalhe de fita, na cor da jaqueta, adornava meu cabelo loiro.
— Tô me sentindo normal — respondeu a Serena — não é como se eu não soubesse o que estaria me esperando depois da escola.
— E você Cindy , o que você acha que vai acontecer nos últimos dias — Ela apontou a câmera para mim enquanto falava.
—Não sei , mais espero que não mude muito — Dirigimo-nos aos nossos armários
—Vê por onde anda com essa coisa — Gale passou esbarrando em mim e na Serenity - Se quebra fica reclamando depois.
— Você só consegue se exibir, não é mesmo? —Serena avançou, os braços cruzados e a expressão furiosa. — Fica se exibindo na frente dos seus 'amiguinhos', mas na hora de encarar alguém de verdade, treme na base. É só coragem de machão perto dos seus colegas? —Ella lançou um olhar penetrante, a raiva faiscando em seus olhos. — Eu esperava mais de você, Gale. Muito mais.
— Opa , o que tá acontecendo aqui — Luciene surgiu por trás de Gale, sua presença imponente preenchendo o corredor.
— Nada , Gale só esbarrou na gente — , Tentei suavizar a situação, percebendo que Serena e Gale estavam à beira de um confronto.
— Que bom que tá tudo certo , não é mesmo Gale ? — Luciene segurou-o pelos ombros, lançando-lhe um sorriso falso.
— É ... — Gale finalmente respondeu, mas o olhar que Luciene lhe lançou deixava claro quem estava no controle da situação. — Desculpa aí - Sua voz saiu quase como um sussurro, enquanto Serena o encarava com um sorriso sarcástico.
— Tudo bem, não foi nada sério — Tranquilizei, sentindo os olhares de reprovação de Serena e Serenity. — Temos que ir para os nossos armários.
— Ótimo, tudo resolvido. Vamos, meninas? — Luciene interveio, guiando Serena conosco em direção aos armários.
— Que bom que vocês não queriam arranjar confusão logo no primeiro dia de aula — Tentou dissipar a tensão após o incidente.
— A gente não fez nada , quem fez foi aquele pau pequeno do Tonks — dei um olhar de reimpressão para a mesma - Tudo estava nos trinques antes da sua chegada — Ela disse, com um sorriso falso que quase me fez soltar um riso estrangulado.
— Acho que o que a minha amiga quer dizer é obrigado por ajudar a gente — falei por cima dela.
— Não foi mesmo....— Dei um beliscão nela — Aí , é obrigada por me ajudar.
— Caralho, a Franklin agradecendo? Você deve ser mesmo um anjo Sorah — Ele disse, com um sorriso tão largo que me deixou com as bochechas coradas e uma pontinha de vergonha.
— Cacete , esqueci de pegar o nosso trabalho de física— Exclamou Serenity, lançando um olhar desesperado para Ella..
— Ué que trabalho de física? — , indagou Serena, causando um semblante sério em Serenity, que estalou os dedos e bateu na testa como se uma lâmpada gigante se acendesse em sua cabeça. — Ah, aquele maldito trabalho — murmurou, antes de se virar para mim com um sorriso travesso e um piscar de olhos.
As duas partiram em direção ao estacionamento em disparada, deixando-me ali, no meio da multidão, rindo da situação constrangedora em que me encontrava.
— Não tem nenhum trabalho de física né ? — Perguntou ele, entre risos, enquanto observava as duas desaparecerem na multidão.
— Não — Respondi, forçando um sorriso e sentindo meu rosto ficar cada vez mais vermelho com a situação..
— Tendi — Ele olhou em volta e viu que eu estava de frente ao meu — olha anjo..— Fomos cortados com a aproximação surpresa.
— Olha onde encontramos você! — Meu irmão exclamou ao chegar, passando um braço pelo pescoço do Petit enquanto Drake dava pequenos socos amistosos.
— Olá de novo, Sorah — cumprimentou Drake, acenando com a mão. Eu acenei de volta, assentindo.
— Sobre o que vocês estavam conversando? — Blayne perguntou, curioso.
Nós nos entre olhamos, um tanto constrangidos. Não era porque estávamos fazendo algo de errado, mas a conversa foi abruptamente interrompida e eu não sabia mais como continuar.
— Eu estava no meu armário, e a Luciene acabou de me cumprimentar — expliquei, virando-me para abrir meu armário.
— E onde está a Vampira? — Klein perguntou, olhando para os dois lados do corredor.
— Foi pegar um trabalho de física — respondi, tentando disfarçar a mentira.
— Ótima oportunidade — disse Klein, tirando da mochila um dispositivo com fios e um spray. Ele se dirigiu ao armário da Serena, que ficava ao lado do armário da Serenity, que por sua vez, era ao lado do meu. Para minha surpresa, ele conseguiu abrir o armário dela.
— Ei, você não pode fazer isso! Ela vai brigar comigo se eu não intervir — disse, tentando ir na direção de Klein. Mas Blayne bloqueou meu caminho.
— É sério, Blayne. Ela vai ficar furiosa comigo achando que eu te ajudei — insisti, tentando empurrar meu irmão para o lado. Nesse momento, o sinal tocou.
Blayne deu um sorriso irônico, encostando-se no armário da Serenity com os braços cruzados.
— Olha, o sinal tocou. Você tem duas opções. Pode ficar aqui e tentar impedir nosso plano, arriscando pegar uma detenção e manchar sua ficha escolar. Seria uma pena, considerando o quanto você trabalha duro para manter suas notas altas. E imagine a decepção da nossa mãe. — Ele fez uma pausa, avaliando minha reação. — Ou você pode simplesmente ir para a sala e fingir que não sabia de nada. Ninguém vai te culpar por algo que você não fez, e a Vampira provavelmente nem vai suspeitar de você.
Olhei para meu irmão, depois para Klein, que continuava mexendo no armário da minha amiga, e por último para Luciene. Senti um aperto no peito, mas sabia que não tinha escolha.
— Tenho que ir — disse, mais para mim mesma do que para eles. Não é que eu não me importasse com o que estavam fazendo com as coisas da minha amiga, mas eu não podia manchar minha ficha escolar. Minha mãe me mataria. E, conhecendo minha amiga, ela se vingaria com uma pegadinha ainda pior.
Desde que minha mãe se casou com o pai do Blayne, Drake e Blayne eram amigos há muitos anos. Diferente de Luciene, que os conheceu meses depois do casamento. A dinâmica entre nós era complicada, e esse tipo de conflito só piorava a situação.
Tentei mandar uma mensagem para Serena avisando sobre a pegadinha, mas ela não respondeu. Quando entrei na sala, a professora já estava mandando os alunos colocarem seus celulares na caixa. Minutos depois, Serena e Serenity chegaram juntas.
— Atrasadas, garotas? — Flamel olhou para elas com uma expressão nada amigável.
— Eu me confundi de aula e tive que sair para vir para cá. Desculpe, professora — Serena respondeu, com uma desculpa típica dela, tão esfarrapada que às vezes até eu acreditava.
— Em qual aula vocês estavam?
— Na do professor Rubens, de História — Serenity respondeu.
A professora suspirou, mas as deixou entrar. Elas colocaram os celulares na caixa e vieram se sentar perto de mim.
— E aí, como foi a conversa? — Serenity sussurrou primeiro.
— Mal conversamos. Meu irmão e o Drake chegaram logo depois que vocês saíram — respondi, vendo as duas revirarem os olhos.
— Eu te disse — Serena falou, estendendo a mão. Serenity suspirou e entregou uma nota de cinquenta euros.
— Vocês apostaram? Por quê? — perguntei, indignada, o que fez as duas rirem.
— Ah, a gente sabia que Blayne ia atrapalhar tudo — explicou Serenity.
— E, bem, eu disse que ele chegaria em menos de cinco minutos — Serena completou com um sorriso vitorioso.
Suspirei, mas não consegui evitar um sorriso. Era típico delas fazer algo assim. Mesmo no meio do caos, conseguiam encontrar um jeito de se divertir..
— Ella, Drake e os garotos estão aprontando algo no seu armário — sussurrei, tentando não chamar a atenção da professora.
— Droga, Cindy, por que você não fez nada? — Serena me olhou séria, a frustração evidente em seu rosto.
— Eu tentei, mas o Blayne me bloqueou. E então o sinal tocou e... — tentei me explicar, sentindo a culpa crescer a cada palavra.
Serena suspirou profundamente, percebendo meu desconforto.
— Relaxa, eu vou ver o que eles fizeram — disse ela, tentando me tranquilizar com um leve sorriso. — Sei que você fez o que pôde.
— É, não se preocupe, Cindy. A gente vai resolver isso — Serenity acrescentou, colocando uma mão reconfortante no meu ombro.
— Eu só não queria que isso acontecesse — murmurei, sentindo-me culpada.
— Ei, vai ficar tudo bem — Serena disse suavemente, sua expressão suavizando. — Já não é a primeira pegadinhas deles.
— É, Serena é uma mestre em revidar — Serenity brincou, tentando aliviar a tensão.
Assenti, sentindo um pouco do peso sair dos meus ombros. Sabia que, juntas, conseguiríamos resolver qualquer coisa, até as travessuras dos garotos.
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