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24. don't you dare look out your window, darling, everything's on fire

— Você ao menos está escutando o que eu estou falando?

Claire aumentou a voz para perguntar, pegando um guardanapo limpo e arremessando na direção de Nina, rolando os olhos quando a alemã finalmente pareceu sair do transe que parecia ter entrado há dez minutos, entre 'uhum's' e 'oh's' que quase não faziam sentido.

— Desculpe, eu sei que estou sendo uma péssima amiga...

— Você está — Claire a interrompeu, apertando os lábios em uma fina linha. — Em que planeta você estava, por Deus? Existe vida além da Terra? É mais legal lá?

Um pequeno sorriso escapou dos lábios de Nina, mas logo ela estava séria novamente. Fingiu assoprar o café a sua frente — que não mais precisava ser esfriado — dando um pequeno gole para ganhar tempo antes de encarar os olhos críticos de Claire.

— Desculpe, eu só... — deu de ombros, suspirando fundo. — Continue, estou ouvindo agora. Você estava falando sobre o Nate...

— Eu estava falando que eu tive que contar tudo sobre o meu... — pareceu ponderar sobre a palavra que ia usar, fazendo careta antes de continuar. — ...relacionamento com o Remi para o meu irmão e foi a coisa mais constrangedora do mundo. E agora ele sempre me olha de uma forma estranha quando nós nos encontramos.

Nina prendeu a risada, apoiando os cotovelos na mesa do café quase lotado. Era satisfatório ter um intervalo dos seus próprios problemas e confusões por uma manhã que fosse. Talvez estivesse precisando disso — se ocupar com algo que não fosse seu próprio furacão — para relaxar os ombros tão tensionados até aquele momento.

A história de Claire e Remi, apesar de extremamente confusa e dolorosa, era divertida. Cada vez Nina percebia mais — como espectadora — que os dois ainda mantinham fortes sentimentos trancados por trás de carcaças duras e ameaçadoras. Mas ela podia ver que algo tinha mudado em Vince com a descoberta da doença de Leo. Talvez essa chavinha que fora virada em algum lugar do cérebro de Remi Vince o fizesse ver Claire de outra forma.

— Você já conversou com Remi depois de toda a confusão? — Nina quis saber, recebendo uma negação como resposta. — Você não deveria tentar?

— Foi ele que estragou tudo no final, Nina — explicou, orgulhosa. Tinha ido atrás dele por muito tempo até Remi provar que não queria vê-la novamente. Seu coração, agora aos pedaços, não estava pronto para passar por aquilo novamente. — Não quero ir lá de novo...

— Ele está quebrado, você sabe? — a alemã murmurou, juntando as sobrancelhas sem conseguir evitar a expressão de dor. Era essa mesma expressão que tentava evitar toda manhã quando cruzava com Remi na sala, agora oficialmente seu companheiro de insônia. — Já tem duas semanas que o Leo saiu do time, mas algo parece que ainda não se encaixou para o Remi. Leo me contou que no último jogo ele quase foi expulso depois de investir contra um jogador do outro time que mal tinha tocado nele.

Podia soar extremo, mas até Leo parecia estar lidando melhor com a notícia do que Remi. Hawkins ocupava seu tempo com tudo o que não tinha conseguido fazer nos outros anos na Oak: conhecia a cidade com Nina, procurava algo que gostava dentro da economia — até o momento, essa missão tinha fracassado —, relia seus livros de poesia favoritos — e tinha começado a lê-los para a namorada, antes de dormirem — e pegava turnos extras no Ivy para suas economias. Às vezes, as coisas ainda ficavam ruins e ele não queria sair do quarto. Às vezes, ele ainda ficava triste ao ver algo relacionado ao hóquei, como no dia que recebeu uma ligação de quem deveria ser seu futuro agente. Era uma reação normal, como a psicóloga que ele estava vendo tinha dito mais uma vez.

Aquele buraco sempre estaria ali. Leo só precisava não pular nele.

— Remi não está sendo um idiota — Nina comentou, voltando os olhos para o café, sorrindo furtivamente. — Ontem eles foram para o cinema assistir um filme que, segundo o meu namorado, se resumia a explosões por duas horas e efeitos especiais ruins. Mas Leo estava sorrindo quando chegou, então eu suponho que tenha funcionado. Acho que ele é parte importante de estarmos conseguindo lidar com isso...

— E você a outra, não é? — era uma pergunta retórica e Nina só conseguiu dar de ombros. — Como você está lidando com tudo? Estamos a menos de dois meses do final do semestre...

A informação não era nova para Nina. Mantinha um calendário preso na parede do seu quarto que a recordava que o restante das provas se aproximavam e que ela tinha ao menos quatro trabalhos para entregar nos próximos dias. Dividir isso com as tarefas da Kappa Gamma — a venda de garagem foi só o primeiro passo, as reuniões eram duas vezes por semana agora —, o clube de patinação e a monitoria de Econ121 estava acabando com o resto da sua sanidade. Quando ela chegava em casa — cansada, tensa e alterada — precisava estar sorrindo.

Não queria preocupar Leo. Não queria que ele soubesse que algo estava errado ou fora do lugar. Colocar mais uma bagagem nas suas costas era tudo o que ele não precisava no momento. Então Nina guardava para si. Todas as reclamações, a exaustão, a dependência que a fazia engolir em seco toda vez que ela se olhava no espelho e não se reconhecia. Quando achava que ia explodir, jogava uma água no rosto e ia se aninhar com Leo, sorrindo sozinha ao vê-lo cair no sono antes dela. Sempre nessa ordem.

— Estou aguentando — confessou, levantando o olhar para a amiga. Nem os olhos confiáveis de Claire a incentivavam a contar a verdade. Estava, naquela altura, atolada na própria roupa suja. — Ele diz que eu não preciso me preocupar e que não preciso estar presente a todo momento, mas... Eu tenho medo de deixá-lo sozinho e...

Não continuou. Optou por sorrir para disfarçar o bolo que tinha se formado na sua garganta e dar de ombros.

"Eu tenho medo de ficar sozinha também", ela teria dito, se fosse mais corajosa. Ultimamente estava se sentindo muito covarde para se encarar no espelho.

— Meu irmão está vindo para Silvermount — mudou de assunto bruscamente, sem esperar que Claire respondesse. Empurrou o café que mal tinha tocado para longe, sorrindo sem mostrar os dentes. — Hoje. Mais tarde, na verdade.

— Você não parece tão animada com a visita... — Claire supôs, arqueando as sobrancelhas quando Nina deu de ombros. — Não deveria estar feliz? Está sempre falando que sente falta da sua família...

A pergunta de Claire era válida. Estava morrendo de saudades de Lukas. Era dele que costumava receber os melhores conselhos da sua vida — Leon era quem ouvia seus desabafos, mas não podia ser confiado — e as conversas mais fluídas. Se ela quisesse se sentar ao lado de alguém e contar tudo sobre sua vontade de ser diplomata — incluindo toda a burocracia que nem todo mundo tinha paciência para escutar —, a escolha certa era Lukas. Ou sobre qualquer outra coisa, na verdade. O segundo Houston-Löwe a escutaria por todo o tempo e realmente estaria interessado.

Outra coisa a preocupava no momento: podia apostar todo o dinheiro que tinha na carteira que Lukas não estava lá apenas para conhecer a cidade. Devia ter um dedo da sua mãe e do seu pai para checá-la já que eles não podiam ir até lá e o prazo de três meses para ela ser testada já tinha passado — mas não esquecido.

— Eu estou, mas sei que é só uma das formas que meus pais encontram para ficar de olho em mim — confessou, rolando os olhos. Não sentia raiva dos pais por não confiar nela. Nesses momentos, na verdade, sentia ainda mais vergonha de si mesma por não ser capaz de fornecê-los confiança.

— Mas você parou com o remédio, não é?

Um instante de silêncio se seguiu antes da resposta. Nina sentiu sua garganta ficar seca, mas Claire parecia entretida demais no seu café para notar o cheiro de mentira que pairava no ar.

— Sim, já tem um tempo.

— Então você não tem com que se preocupar...

Nina assentiu mais uma vez, demorando um pouco o olhar em Claire antes de descê-lo para as próprias unhas e para o esmalte descascado.

— Ele realmente não está sendo um idiota? — Claire perguntou baixinho como se estivesse com vergonha do seu interesse, rolando os olhos quando Nina sorriu da sua pergunta. — É só uma curiosidade.

— Ele está bem longe de ser um idiota nesse momento, Clair — murmurou como resposta, arqueando as sobrancelhas. — Você devia se permitir a conhecer esse outro lado do Remi.

— Eu acho que já conheço...

Claire deixou sua frase morrer, dando de ombros com um sorriso doloroso nos lábios quando Nina a encarou. Havia tantos sentimentos ali que palavras nunca seriam suficientes para libertá-los.

Nina só desejava que ainda houvesse algo que os dois pudessem fazer para consertar isso.

Se Nina já era considerada alta, Lukas James Houston-Löwe era ao menos um palmo maior que a irmã. Com um corpo atlético que acompanhava seu porte e cabelos dourados, ele não parecia quase nada com Marco ou com Camille.

Ele era como um mosaico, construído das melhores partes do seu pai e da sua mãe. Fisicamente, tinha os fios loiros de Marco e o nariz, os olhos escuros e o sorriso — o belíssimo sorriso que não saia do seu rosto — da mãe. Em sua personalidade, a perseverança do pai era vista de longe. Enquanto de Cami, o coração mais puro encontrado em um raio de muitos quilômetros.

Era a aparência desejável que fez com que todos os olhares se prendessem nos três quando cruzaram a porta do Ivy, bem cheio para o final da tarde de uma sexta-feira. Lukas se esforçava para falar em inglês, contando sobre como tinha sido seu voo e como as coisas estavam em Dortmund, respondendo todas as perguntas curiosas de Nina. Leo, de dedos entrelaçados com a namorada, escutava tudo, se esforçando para entender como a família funcionava quando Nina fazia suas interrupções descritivas.

— Então você ainda não tem certeza da assinatura daquele contrato? — Nina questionou, assistindo o irmão suspirar antes de negar. — Lukas joga futebol desde pequeno. Ele conseguiu um contrato grande com um time da Alemanha para a próxima temporada e papai quer que ele assine, mas ele não tem certeza que é esse o caminho que quer seguir.

— Isso é... Impressionável, no mínimo — Leo respondeu, colocando a sua mão que não estava ocupada com Nina no bolso na calça jeans, levando o olhar para o alemão. — Mas acredito que seja uma grande decisão. O que você tem em mente?

— Agora? Um curso de verão. Uma iniciação na escola médica de Londres — Lukas falou com um sorriso crescente no rosto, rindo assim que percebeu a reação de surpresa da irmã. — É, eu conversei com a mamãe sobre isso. Não paro de pensar que essa é uma coisa que eu posso fazer e gostar, de verdade. Mas ainda não sei como vai ser com o papai.

— Ele não vai dizer não...

— Ele também não vai aceitar na boa — interrompeu a irmã. — A única pessoa que nunca escutou um não de Marco Löwe é você. Não preciso te recordar disso.

Nina permaneceu em silêncio, não encontrando palavras para refutá-lo. Era verdade, mas se Marco tinha esse comportamento quando se tratava de Nina, Cami tinha o mesmo em relação a Lukas. Iria protegê-lo como uma mamãe urso para vê-lo feliz e ela imaginava que o clima em Dortmund não deveria estar tão favorável.

— Então é por isso que você está aqui, afinal — concluiu, arqueando apenas uma sobrancelha quando viu o irmão titubear antes de assentir. — Desconfiei que algo estava fora do lugar quando você disse que passaria o fim de semana. Só não imaginei que fosse com o papai.

— Nem todo mundo tem a sorte de ser a primogênita e favorita — Lukas brincou, sorrindo antes de dar o gole em sua bebida. — E eu sinto sua falta também. Você não voltou para casa desde quando o semestre começou.

— As coisas ficaram intensas — Nina se explicou, dando de ombros. A verdade é que não achava que podia abrir mão de um fim de semana de estudos voando de volta para casa. Era seu último semestre. Já bastava toda a distração que Leo era. — Mas ei, menos de dois meses e eu estarei em casa de novo. Você terá um longo tempo comigo antes de fugir para Londres.

— Vamos manter essa parte em segredo por agora, ok? — pediu, diminuindo o tom. A irmã percebeu de longe que aquele ainda era um assunto sensível. — Espere até eu conversar com o papai.

Nina assentiu e pulou do colo de Leo assim que notou os copos vazios em cima do bistrô que ocupavam. Ela não estava bebendo — a mistura comprimidos com remédios nunca a deixaram no seu melhor estado — mas pediu um segundo para fazer novos pedidos antes de deixar seu irmão e Leo sozinhos na mesa, pela primeira vez desde que os dois se conheceram.

O silêncio é tranquilo, mas Lukas estava morrendo por aqueles minutos longe da irmã. Buscava uma oportunidade desde o início daquela tarde de conversar com Leo. A preocupação ainda estava revirando suas entranhas.

— Eu fico muito feliz dela ter encontrado alguém como você — Lukas foi sincero, oferecendo um sorriso genuíno para Leo. O outro retribuiu, sem jeito, negando com a cabeça. Ele que era o sortudo. — Você era exatamente o que ela precisava depois do último ano. E mamãe e papai estavam morrendo de medo de tudo se repetir...

Leo assentiu, mas havia uma ruga de confusão entre suas sobrancelhas. Não tinha dúvida que algo a mais tinha levado Nina até Silvermount, mas Lukas falava de uma história como se pudesse jurar que ele sabia de todos os detalhes.

— O que exatamente iria se repetir? — questionou, escolhendo suas palavras. Ele deveria saber do que Lukas estava falando?

— Ela provavelmente não te contou essa parte — falou assim que percebeu a expressão no rosto de Leo, voltando seu olhar para frente. — Nina costuma manter essa parte da história em segredo, mas ela começou com o Adderall por influência de um cara... Um ex-namorado, quando eles tinham quinze anos ou alguma coisa assim. Frederik — naquela altura, Leo já não tentava esconder a surpresa. Não fazia ideia do que Lukas estava falando. — Não sabíamos, mas ele fazia ela acreditar que não seria nada sem o remédio. Era a forma dele ter controle sobre ela. Era uma merda de um relacionamento abusivo, mas é claro que não vimos nada até ser tarde demais.

Havia uma parcela de culpa nas suas frases e Leo percebeu sem dificuldades. Mas ainda estava impactado demais com o que estava ouvindo para conseguir falar qualquer outra coisa então só assentiu, esperando que Lukas continuasse a história que ele nunca tinha escutado antes.

— Quando ela teve a overdose, o cara sumiu — Lukas falou e sua feição mudou por um instante. Até uma pessoa que não estivesse ouvindo a conversa perceberia, pela expressão que tomou seu rosto, o ódio que havia nas palavras do alemão. — É óbvio que ele sumiu, era um covarde. Mas quando Nina acordou, teve que lidar com a dependência, sua própria cabeça e um coração partido.

Algo se revirou no estômago de Leo nesse exato momento. Não fazia ideia. Não fazia ideia de absolutamente nada que Lukas falava, mas as peças começaram a se encaixar como se ele estivesse montando um quebra cabeça o tempo todo no escuro e alguém tivesse finalmente tirado sua venda. Os ataques de Pânico. A tremedeira. Todas as conversas que tiveram sobre futuro. O desejo de ser a melhor, a maior em tudo o que fazia.

Parecia que, até aquele momento, todas as confissões de Nina tinham sido pela metade. Falou dos ataques de Pânico, mas não contou o motivo. Contou a história dos seus pais e disse que queria ser diferente deles, mas nunca comentou que se afogou em Adderall para fazer isso acontecer. A tremedeira era abstinência? Leo se perguntava.

— Aposto que isso deve ser muito para se lidar, mas ela parece bem agora — Lukas o confortou, apertando o ombro de Leo como incentivo. — Ela deve ter mantido a história do ex-namorado em segredo. Sempre faz isso.

Leo estava prestes a confessar que não era só isso que tinha sido mantido em segredo quando sentiu o indistinguível toque na base do seu pescoço que o fez se arrepiar. Quando virou, no susto, encontrou uma sorridente Nina com as sobrancelhas juntas pelo gesto exagerado do namorado.

— Que memória embaraçante você está contando sobre mim para Leo, Lukas? — perguntou na brincadeira, voltando a ocupar seu lugar entre as pernas de Leo. O jogador engoliu em seco. O seu maior segredo, quis responder.

— Só avisando onde ele está se metendo — Lukas respondeu em tom de brincadeira, dando de ombros quando a irmã levantou um dedo do meio em sua direção. — Alguém tem que fazer esse papel.

Leo sorriu, desconcertado. Não iria fugir. Aquele segredo nunca o faria correr para o outro lado mas, quando voltou o olhar para Nina, sua visão sobre ela era diferente de quando tinha entrado naquele bar.

Ela ainda era forte aos seus olhos. Talvez ainda mais, na verdade. Mas agora ele não podia deixar de sentir o desejo furioso de cuidar dela. Protegê-la, mesmo que Nina Houston-Löwe não precisasse de proteção — o que ela diria se ele compartilhasse seu pensamento. Queria quebrar a cara do ex-namorado. Desejou tê-la conhecido antes. Se apaixonaria da mesma forma se não fossem obrigados a trocarem favores como no começo do semestre?

Não duvidava. Leo se apaixonaria por Nina em todas as vidas que os dois se cruzassem. Era inevitável.

Passou o resto da noite trabalhando com a cabeça em dois lugares. Um, na mesa. Escutando as histórias, torcendo que nenhum dos dois percebessem sua mudança de postura. O outro, em Nina. Ou na Nina antes de Silvermount. Quais segredos ela ainda tinha na manga?

E, ainda, por que ele não os conhecia?

— O que deu em você? Conhecer meu irmão foi um passo grande demais?

A voz de Nina demorou para chegar nos ouvidos de Leo e, quando isso aconteceu, ele levou um tempo para que pudesse processar as palavras. Passou o caminho inteiro até chegar em casa disperso, parando apenas para deixar Lukas no hotel que ele tinha reservado. Ouvindo, sem realmente prestar atenção, a conversa de Nina misturada com a melodia da música que invadia o carro.

Agora, depois de fechar a porta do quarto, não via outra saída. Foi obrigado a levar o olhar até ela logo depois de largar a jaqueta na cadeira que quase não desempenhava sua verdadeira função, respirando fundo ao vê-la tirar as botas escuras.

— Desculpe, amor. Só estou com algumas coisas na cabeça — respondeu robótico, pigarreando para tornar sua voz mais firme. A alemã logo pensou que fosse, novamente, um dos dias ruins. Continuou assim que percebeu o semblante preocupado que tomou o rosto dela. — Juro que não tem nada relacionado a você ou a seu irmão. Na verdade, eu realmente gostei de conhecê-lo.

— Ele também gostou de você — ela respondeu, levantando suas bochechas em um sorriso, que vacilou um segundo depois. — Mas alguma coisa mudou. Você mal consegue olhar para mim.

Leo estendeu as duas mãos para Nina, colocando-a de pé bem em sua frente. Encarou, por um minuto inteiro, os olhos claros dela. Encarou todas as sardas que ocupavam seu rosto, provavelmente evitáveis pelo protetor solar que ela não gostava de usar. Encarou seus lábios, aqueles que ele gostava tanto de sentir contra o seu. Percebeu, de longe, o quanto ela parecia preocupada. E, quando a abraçou pela cintura, colando o corpo dos dois, a velocidade do coração de Nina confirmou isso.

— Eu poderia olhar para você pelo resto da minha vida, Nina — murmurou baixinho para que só ela escutasse, sorrindo sem mostrar os dentes assim que a alemã levantou o rosto para encará-lo. — Eu poderia fazer isso todo dia. E ainda assim você seria minha visão favorita.

Agora, os olhos claros estavam brilhando enquanto encaravam Leo. E, sem perceber, os castanhos dele estavam da mesma forma. O quarto, mais uma vez, estava lotado de conversas que eles não estavam tendo. Nem as noites que eram feitas para segredos serem ditos é suficiente para fazê-los falar.

Então Leo beijou Nina, com a esperança de que isso fizesse com que todas as coisas que ocupavam sua cabeça se transformassem em fumaça.

Funcionou. Funcionou quando, quase sem querer, o corpo dele reagiu ao toque dela ativando todos os receptores sensitivos espalhados pela sua pele. Leo reagiu à maneira que Nina aperta o corpo contra o dele e a forma que puxa os fios de cabelos castanhos que se enrolam em seus dedos. Leo reagiu quando ela gemeu seu nome, mordeu seu lábio e soube exatamente qual caminho tomar para que caíssem em sua cama.

Reagiu a tudo e, por um instante, funcionou. Tudo o que ele tem em sua cabeça é Nina, mas de uma forma diferente. Quer beijá-la até seus lábios ficarem inchados, abraçá-la pelo resto da noite, tê-la em seus braços até a manhã seguinte.

Mas quando os dois caem exaustos no colchão e Nina aninha seu corpo contra o dele como o de um animal assustado, tudo volta de uma vez só. Leo não consegue parar de pensar no que acabou de descobrir. Pergunta-se exaustivamente, o que Nina está pensando? As teorias começam a surgir e se tornam cada vez mais insuportáveis: estaria ela pensando no sexo com o ex-namorado? Era tão bom assim quanto era com Leo? Ela sentia sua falta? Do cara, dos medicamentos, de tudo. Ela estava bem?

É passado, pelo amor de Deus. Tentava lembrar a si mesmo. Não se convencia.

A verdade estava bem à sua frente. A nuvem de cortina que ele tinha pintado não o permitia enxergar.

— O que você está pensando? — Nina murmurou, apoiando o peso do corpo em um braço para encarar o rosto de Leo no escuro, iluminado só pela lua que fugia pela brecha da cortina. — Leo...

Certo de que não conseguiria mentir, resolveu escolher os atos mais uma vez e passou uma mão pela cintura de Nina para que pudesse abraçá-la de volta para ele.

Ela estava segura ali. Feliz. Ela estava feliz, não estava?

— Eu te faço feliz? — verbalizou e, quando percebeu isso, sentiu-se acanhado. Patético.

Nina achou estranha a pergunta, mas a resposta era simples e conhecida como se ela mesmo já tivesse feito aquela mesma pergunta para si mesma um milhão de vezes.

— Faz — respondeu, fechando os olhos. Não conseguia mais encarar seu rosto enquanto estava presa em seus braços. — Muito.

— Você me diria se algo estivesse fora do lugar, não diria?

Um arrepio correu pela coluna de Nina, mas ela fingiu não alardear. Leo também não podia olhar em seus olhos. Talvez se estivessem frente um ao outro teriam visto a conversa de um ponto de vista completamente diferente.

Leo, confuso. Quebrado. Sem saber o que fazer. Nina iria compartilhar aquela história em algum momento, mas o que a prendia tanto de dividir aquela parte de si com ele?

Nina, com medo. Da mesma forma que se sentia quando era uma garotinha e seu pai saía de campo com uma lesão. Ou de como se sentiu depois que acordou da overdose e descobriu que tudo tinha mudado. Que tudo o que ela conhecia já não existia mais. A família perfeita. O namoro conturbado. As amizades por interesse.

Leo iria embora se soubesse a verdade, ela sabia disso. Leo seria como todas as outras pessoas. Frederik tinha dito isso mais de uma vez.

— Sim, Leo — respondeu, engolindo em seco. — Nós não mantemos as coisas escondidas um do outro.

— Nós não mantemos as coisas escondidas um do outro — repetiu, desejando que isso entrasse na cabeça dela. Queria ouvir da sua boca, queria conhecer a sua história. A que só ela tinha acesso.

A alemã assentiu, mas não o ofereceu nenhuma outra resposta. Permaneceu quieta, presa nos braços dele até que sua respiração se fizesse pesada e os músculos relaxassem ao redor do seu corpo. Tinha demorado mais que nas outras noites, Nina pensou.

Naquela noite, quando ela se levantou da cama às quatro da manhã, como todos os outros dias, e encontrou Remi sentado no sofá, Nina escorregou para a outra ponta. Não se preocupou com a bagunça que seu cabelo estava ou com o fato de estar vestindo a camisa de Leo. Sabia que Remi não ligaria. Sabia que ele mal conseguia enxergá-la, preso com seus próprios demônios.

Abraçou as pernas e, quando percebeu, já chorava. Não um choro contido como tinha feito tantas outras vezes. Era um choro dolorido, machucado. Era um choro de culpa, de medo, de desespero. Era um choro que ela desejou, como quando tinha cinco anos, que seus pais pudessem acalentá-la e dizer que tudo ficaria bem. Tudo ficaria bem quando o sol nascesse. Tudo ficaria bem no dia seguinte.

O som foi suficiente para chamar atenção de Remi. E, depois de tantas noites em silêncio, ele finalmente se aproximou dela, aninhando-a como um dos seus irmãos fariam se estivessem ali. Murmurando baixos 'shh' que ela imaginou que fosse para evitar que Nate ou Leo aparecessem no topo das escadas. Ao que parecia, o som que saia da garganta da alemã era mais alto do que parecia na sua cabeça.

Em algum momento, o choro começou a diminuir e ela caiu no sono. Cansada, exausta de viver no lugar barulhento que era a sua cabeça.

Quando acordou na manhã seguinte, pouco depois das seis da manhã, estava na cama de Leo. Ele tinha novamente os braços ao seu redor, mantendo-a perto dele, mas sua respiração estava agitada demais para estar dormindo. Nina engoliu em seco, observando o momento que suas pálpebras tremeram enquanto o jogador se esforçava para mantê-las fechadas.

Vamos fingir. Vamos fingir só mais uma vez. Nina pensou, cerrando os olhos.

Nem imaginava que Leo pensava exatamente a mesma coisa.

Ai Deus, que sufridera! 
A minha nota final já começa pedindo desculpas. Eu tenho um roteiro pronto para a história mas a medida que eu vou escrevendo novas ideias vão surgindo e quando eu vejo o capítulo que era para ser uma festa vira um enterro. Quando eu vi já estava escrevendo o Lukas sendo um belíssimo maria fifi espalhando fofoca sem saber que era fofoca e deixando o Leozinho impactadíssimo. Isso porque ele ainda nem sabe que tá tudo rolando de novo (cena dos próximos - ou próximo? - capítulos). 
Eu juro que a intenção não era manter todo mundo triste no final da história mas uma hora as bombas tinham que estourar. Meu coração fica apertadinho e a vontade que eu tenho é proteger todo mundo (inclusive o Remi! Quem que tá vendo esse personagem secundário crescer nesse final e tá amando tanto quanto eu?). 
Enfim, espero que vocês não me odeiem. Eu queria ter escrito uma história sem muitas complicações como costuma ser meu jeitinho, mas os plots de DL cresceram sem pedir permissão. Como eu já falei algumas vezes, nenhum personagem é inspirado em pessoas reais da minha vida, mas parte das vivências deles sim e eu me vi tentada a escrever sobre isso. Então eu tento ao máximo ser fiel a realidade dos acontecimentos e dos sentimentos dos personagens (e no momento, infelizmente, tá todo mundo sofrendo). E que bom que vocês chegaram até aqui! Fico muito muito muito feliz com isso.
Por hoje é só. Espero voltar o mais rápido possível! E a contagem regressiva se inicia: quatro capítulos para o fim de Dirty Laundry!
Obrigada por todo o carinho comigo e com essa história. Obrigada pelos comentários, pelos votos, pelas visualizações.... É incrível para mim ter tanta gente comigo nesse momento.
Até a próxima!
(twitter: ohlulis | instagram: lulisescreve)
Sempre soltando spoilers e falando sobre minhas histórias nessas redes sociais!

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