18. i'm so into you i can barely breathe
(pra quem gosta, recomendo muito ler esse capítulo escutando essa música!!!!)
A frequência máxima cardíaca — o número máximo de batimentos cardíacos que ocorre no espaço de 1 minuto durante algum esforço — pode ser estimada por uma conta simples. Duzentos e vinte menos a idade, apesar do teste de esforço em laboratórios com eletrodos e esteiras serem mais eficazes.
Leo só sabia disso porque Nina tinha casualmente comentado uma vez enquanto eles treinavam, em um dos seus comentários completamente aleatórios que o faziam se questionar — em silêncio, óbvio — porque ela guardava aquelas informações.
Parou no meio da calçada, já lotada de pessoas fantasiadas, para colocar a mão no próprio peito só para confirmar que estava tudo bem com seu coração. Nunca fora um problema antes, mas agora sentia que o seu órgão pulsador de sangue estava a um ponto de estourar sua caixa torácica. Nem estava bebendo álcool — ou energético — para ter um álibi para esse feito. Teria que aceitar, por bem ou por mal, que o motivo era outro.
Não puderam comemorar por muito tempo na OAK. Depois de gritarem como dois bobos no meio do campus inteiro e se abraçarem como se tivessem acabado de conquistar uma medalha de ouro em um esporte olímpico — e Nina brigar com Leo por quase ser responsável por um ataque cardíaco seu —, ela teve que ir para a casa da Kappa Gamma para se arrumar e ajudar na decoração da festa da Delta Phi.
Leo seguiu para sua própria casa após dar mais uma carona para a alemã, sem conseguir parar de sorrir. Tinha dado certo. Ele podia finalmente dizer que Econ121 era só mais uma sigla de uma matéria que tinha deixado para trás.
Tomou o banho mais demorado da sua vida e demorou muito tempo para escolher a roupa que usaria naquela noite. Ignorou todos os pedidos e ameaças incessantes de Nina que chegavam no seu celular recordando-o que ele deveria estar fantasiado. Optou por uma camisa escura clássica e seu jeans claros, gastando um pouco mais de tempo do que deveria arrumando seus cabelos ainda molhados e mais borrifadas de perfume do que o usual.
Digitou um rápido 'estou aqui, onde vc está?' para Nina ainda na calçada, apertando os olhos para encontrá-la no meio de tantas pessoas. Resolveu entrar na casa das Delta Phi, desviando de todas as pessoas que se aglomeravam a cada dois passos. O saguão principal da casa mais antiga das irmandades estava lotado, completamente transformado em um ambiente de festa e com todos os devidos itens valiosos fora de cena. A única coisa que ainda o caracterizava era o busto da criadora da Delta Phi que ficava exposto no canto da sala, por mais que naquele dia estivesse decorado com plumas e glitter colorido.
Cumprimentou algumas pessoas no caminho e até encontrou outros companheiros de time, apesar de saber que a maioria deles estava no The Ivy House, comemorando o fim da primeira semana de provas. Remi e Nate tinham feito esse caminho, zoando por toda a noite que ele estava escolhendo uma festa das irmandades ao invés de uma diversão de qualidade no bar da faculdade.
Só era divertido porque eles sabiam exatamente o motivo por trás disso. Alemã, alguns centímetros — poucos — mais baixa que ele, cabelos loiros que escorriam pelas suas costas, olhos penetrantes que podiam encantá-lo — ou assustá-lo, dependendo da ocasião — e um sorriso que só aparecia para quem o merecia.
Exatamente como aquele que ela o endereçou assim que — no meio de meia dúzia de pessoas — Leo a encontrou.
Sorridente. Encantadora. Maravilhosa.
A única a fazer sua frequência cardíaca chegar perto da máxima sem esforço nenhum.
— Só vi sua mensagem agora — Nina falou alto ao se aproximar, tentando se fazer ser audível no meio do som alto. — Desculpe.
Leo tentou fingir costume. Responder qualquer coisa que fizesse o mínimo de sentido ou ao menos tirar a expressão de idiota que tinha certeza que estava estampada em seu rosto. Mas não conseguia parar de repetir mentalmente todos os palavrões que conhecia enquanto apreciava como podia no meio daquelas luzes a imagem da mulher parada a sua frente, esperando que ele falasse qualquer coisa.
Nina Houston-Löwe era bonita e isso ele soube desde o momento que colocou os olhos nela pela primeira vez, no primeiro dia de aula. A convivência dos dois nas últimas três semanas fez com que Leo a admirasse ainda mais, depois de longas horas de estudo ou sem dormir, como na noite anterior.
Mas naquele momento Nina estava espetacular.
Um laço azul neon prendia parcialmente seus cabelos loiros, mas isso e as duas listrinhas da mesma cor nas suas bochechas eram as únicas coisas que remetiam a Kappa Gamma. No corpo, apenas uma peça era vista e uma meia calça de estampa cara que completava o visual que parecia ter sido feito para ela, apesar de pertencer ao guarda-roupa de Leo.
Nina estava mesmo vestindo a sua jersey.
Podia ser clichê, batido e brega, mas Leo teve certeza que ficava muito melhor em Nina do que nele mesmo. O tecido cinza — com o sobrenome dele atrás — a abraçava como se pertencesse a um desfile da nova coleção da alta moda.
Hawkins desejou guardar aquele cena na sua cabeça para o resto da sua vida, para que pudesse revisitá-la em outros momentos. Ela, sua jersey, um sorriso grande nos seus lábios e a certeza — impressa em seus olhos — que Nina gostava da reação dele assim como Leo gostava daquela visão.
— Você realmente está com a minha jersey — foi a única coisa que Leo conseguiu falar, deixando um sorriso escapar pelos seus lábios antes de passar as mãos nos cabelos escuros, desviando o olhar para o lado. — Porra, Nina.
Praguejou sua boca suja, mas não sabia se conseguiria falar muito mais que isso sem deixar na cara suas segundas e terceiras intenções, se elas já não estivessem todas à vista. Se Remi e Nata estivessem ali, a piada seria certa. Naquela altura, porém, Leo não dava a mínima para isso ou para qualquer outra coisa.
Assumiria se o questionassem. E, principalmente, diria a Nina assim que a oportunidade surgisse. Estava louco por ela. Completamente insano. Tinha perdido absolutamente todas as estruturas ao vê-la e quebrado todos seus próprios avisos de perigo ao não conseguir ignorar a sensação que a alemã causava nele.
— Eu cumpro minhas apostas, Hawkins — murmurou com naturalidade antes de dar de ombros, sorrindo sem mostrar os dentes. — E você não veio fantasiado mesmo.
Leo acompanhou o olhar dela até suas próprias roupas, arqueando as sobrancelhas. Não parecia um ponto muito importante ao sair de casa, mas agora se questionava se não estava se destacando demais no meio de toda aquela gente fantasiada que passava pelos dois enviando segundos olhares. 'A fantasia mais chata do campus', como Nina tinha dito antes.
Mal imaginava que a alemã tinha usado aquela frase como pura provocação para esconder sua verdadeira opinião. Leo era muito mais que capaz de tirar seu fôlego, independente do que estivesse vestido. Aquela noite não estava nada diferente, com a camisa preta folgada, os cabelos penteados para trás como se tivesse acabado de sair do banho, o sorriso sincero e os pequenos sinais espalhados no seu rosto como se tivessem sido colocados ali por um grande pintor talentoso.
— Desculpe, você vai me colocar para fora da festa? — Hawkins a perguntou como uma provocação, piscando os olhos escuros em sua direção. Nina negou em um primeiro momento, vacilando no momento seguinte ao acompanhá-lo em um sorriso. Só se pudesse ir junto a ele. — Obrigado.
— Quer beber alguma coisa? — a alemã o perguntou, ansiosa para relaxar os ombros que tinham se tensionado desde o momento que o viu no meio da multidão. — Dançar?
— Estou dirigindo — ele explicou ao negar a bebida, arqueando as sobrancelhas em direção a ela. — Você deveria estar bebendo? Seu teste não é amanhã, Houston?
Nina rolou os olhos, fugindo do seu olhar. A verdade era que estava nervosa pela aproximação da competição que teria no dia seguinte — como sempre costumava ficar — e seu vidrinho laranja de Adderall tinha acabado na noite anterior. Como prometido — para Claire, para seus pais e para si mesma — não foi atrás de outro, apesar de sentir os primeiros efeitos da abstinência nocauteá-la como outras vezes.
O cansaço extremo, a preocupação exacerbada, a inquietação que não a deixava em paz, a dor de cabeça que a deixava incapaz de ler uma página completa sem parar mais de uma vez para apertar suas têmporas. Sabia que era só o início — e que precisava passar por aquele momento para ficar bem — mas só via a hora de passar daquela fase. Era o alto preço de ignorar todos os sinais de alarme que recebera nos últimos meses.
— Só preciso tirar isso da minha cabeça por uns minutos — explicou, usando da artimanha do olhar mais pedinte que tinha, arqueando as sobrancelhas em surpresa assim que um música conhecida começou. — Vamos dançar!
Sorriu, entrelaçando seus dedos com o de Leo antes de atravessarem a multidão em direção a pista de dança. Eles não podiam ver o rosto do outro, mas os dois tinham sorrisos abobalhados no rosto que não escondiam para ninguém que havia algo ali. Apenas para completar a cena, claro, já que a blusa que ela vestia com o sobrenome de Leo já fazia parte do trabalho para os curiosos de plantão.
Pararam no meio de várias pessoas, mas tiveram espaço suficiente para ficarem frente a frente. Olho no olho, pouco menos de dois passos os separavam. Uma música pop tocava nos alto-falantes e Nina, como se tivesse saído da porra de um vídeo clipe, balançava seu corpo no ritmo dela e jogava sua cabeça para trás enquanto sorria, de olhos fechados.
Leo mal conseguia se mexer. Variava sua atenção entre olhá-la — de perto, para que não pudesse perder nenhum minuto dessa visão — e levar seus olhos bem pra longe dela, para que pudesse soltar o ar que nem percebia que prendia.
Nina notou esse movimento quando abriu os olhos, passando suas mãos pelo pescoço de Leo ao aproximar seus corpos. Hawkins estremeceu e, sem jeito, demorou um tempo até colocar suas mãos na cintura dela.
Aquela não era uma música para uma dança lenta.
Mas ele tinha quase certeza que não era uma dança lenta que estava nos planos de Nina Houston-Löwe.
Encarou seus olhos claros, agora de uma proximidade muito menos saudável, engolindo em seco ao percebê-la encarando de volta. Desviou — mais uma vez — sua atenção para longe, tentando controlar seu corpo de responder a cada estímulo que ela trazia às suas terminações nervosas.
— Se solte um pouco, Leo — Nina pediu, sem desviar os olhos dele. — É uma festa!
— Eu não... — desistiu de se justificar. Nina estava a um dedo de distância dele, com as mãos apoiadas em seus ombros e um olhar de provocação que o levava a loucura. Não sabia quanto tempo mais aguentaria tomando distância dela, fingindo que não havia nada ali. — Eu só...
Parou. Ele, ela e a festa toda ao seu redor. Cansou de lutar. De brigar com a parte sã da sua mente que o afastava de Nina. Cansou, de uma vez por todas, de lutar contra a correnteza.
— Sério Nina, qual é o jogo que você está jogando?
Leo não conseguia tirar os olhos dela. Não tinha vontade de encontrar seus amigos, não estava afim de confraternizar com o seu time e muito menos de deixar a companhia de Nina Houston-Löwe. Ele só conseguia acompanhar cada movimento dela desde que tinha chegado ali, receoso que perderia algo que deveria manter em mente se piscasse por uns instante.
Não sabia se existia alguma vista mais agradável que aquela no momento que cruzou os olhos escuros com os verdes de Nina, que se mantiveram nos dele até que aproximasse ainda mais o corpo dos dois. Leo sentia a palma das suas mãos queimarem com o contato com a cintura dela, mas as mãos de Nina abraçavam seu pescoço como se o convidasse para expandir aquela proximidade.
— Eu não estou fazendo nada — Nina se defendeu com uma expressão ingênua fingida, que se tornou uma risada alta no momento em que ele apertou os braços ao redor da sua cintura. — Vamos nos divertir, Hawkins. Seu semestre em Econ121 está salvo, nós podemos suspender nossas aulas particulares... Você tem motivos de sobra para comemorar, não tem?
Era uma provocação tão bem feita que caiu feito uma luva nas mãos de Leo. Negou com a cabeça, olhando para um ponto fixo atrás de Nina enquanto ela, esperançosa, tinha os olhos verdes presos nele.
— Eu quero beijar você — Leo anunciou, engolindo em seco antes de continuar. — Porra, Nina. Eu quis beijar você desde a primeira vez que eu te vi. E na festa. E em todas as outras vezes que nós ficamos juntos durante as três últimas semanas.
Ela não estava surpresa pela declaração. Ou, se estava, teve uma atuação merecedora de um Emmy. Apenas o encarou, esperando pela continuação da sua frase. Ou por um movimento. Definitivamente por um movimento que a deixava tão ansiosa quanto.
— E o que você está esperando, Hawkins?
A frase dela soou como melodia, acompanhada por um sorriso sincero nos seus lábios rosados, levando embora toda a ingenuidade que seus olhos verdes traziam. Leo avançou em sua direção, com a atenção presa em seus olhos antes de deslizar a ponta do nariz no pescoço aparente graças ao laço que prendia seus cabelos dourados, deixando uma trilha de beijos delicados pelo caminho, até chegar ao lóbulo de sua orelha.
— Mas eu também não quero te beijar — continuou, sussurrando perto do seu ouvido agora, tornando praticamente impossível para Nina esconder como aquilo a afetava. Arrepios tomavam todo o seu corpo e, naquela altura, ela apertava os ombros dele sem medir a força que estava usando. — Porque eu sinto que se eu fizer isso... Não tem volta.
A reação de Nina foi subir uma das mãos que se apoiava nos ombros dele para seus cabelos, sentindo-o estremecer assim que enfiou os dedos nos seus fios escuros, puxando a cabeça de Leo um pouco para longe do seu pescoço para que pudesse observar seu rosto.
Estava em seus olhos escuros, em seus lábios entreabertos e na sua respiração cortada o quanto ele queria acabar com aquela espera de uma vez por toda. Estava no toque de Leo na sua cintura, na maneira que ele a olhava e nas suas respostas a cada provocação dela. Estava em cada centímetro do seu corpo o quanto ele queria beijar Nina Houston-Löwe e ter sua companhia pelo resto da noite.
— Eu não me importo em não ter volta, Hawkins — respondeu, mordendo o lábio inferior com mais força que o necessário, imaginando como seria quando os lábios dele fossem a vítima dos seus dentes. — Não dou a mínima, na verdade.
— Bom saber que estamos na mesma página.
Leo praticamente sussurrou em direção a Nina, sorrindo lateralmente antes de fechar os olhos e aproximar seu rosto dela. A alemã repetiu seu gesto assim que seus narizes se tocaram, deixando Leo conduzir o beijo quando sentiu os lábios dele nos seus, enquanto puxava o corpo dela ainda mais para perto do seu, se isso fosse possível. Quando o jogador finalmente aprofundou o beijo, eles se perguntaram porque tinham demorado tanto tempo para dar aquele passo final.
No começo, desespero. As mãos dela buscando os cabelos curtos dele, as dele subindo para seu rosto tentando trazê-la para mais perto de si. Depois, alívio. Leo relaxou os ombros e Nina diminuiu a força com que cravava suas unhas na pele dele, deixando-se levar pelo sentimento desconhecido que subia pelo seu estômago. Estavam em chamas e não se importavam em queimar juntos.
O frio na barriga de Houston não era páreo para o calor que emanava do resto do seu corpo enquanto ela puxava, sem dó, os cabelos curtos de Leo. Ouviu um gemido de prazer assim que pressionou seu corpo sob o dele, sentindo o quão excitado ele estava com aquele pequeno contato e, por um instante, ponderou se as roupas dos dois não estavam no lugar errado.
O chão do seu quarto seria um lugar mais aceitável.
O beijo parecia mais como um final iminente de um desejo negado desde o momento que eles começaram a passar mais tempo juntos. Era a explosão de algo que os dois passaram muito tempo evitando, aproveitando cada segundo dele enquanto temiam, secretamente o que ia acontecer no momento seguinte.
Foi só quando o ar se fez necessário e que Nina quebrou o beijo, abrindo os olhos a tempo suficiente de ver um sorriso de menino malino crescer nos lábios de Leo. Um típico gesto de quem sabia que aquele encaixe tinha dado certo.
Porque beijo é encaixe. Ninguém tem como prever, aprender ou treinar.
Sorte. Um em milhão. Talvez mais difícil que os seis números da loteria. Com inúmeras combinações possíveis.
E que sorte a deles.
— Porra, Nina... — Leo murmurou em sua direção assim que os dois se separaram, observando-a encará-lo com um sorriso culpado nos lábios avermelhados. Ela tinha sentido aquilo também.
Nina deu de ombros, porque não sabia se conseguiria colocar seus pensamentos em palavras naquele momento. Era muito mais fácil fingir casualidade do que explicar o que três semanas de desejo acumulado eram capazes de fazer. E, também, porque ela teria que explicar a si mesma em algum momento o motivo de se sentir assim ao redor de Leo. Podia culpar o beijo pela taquicardia e pela falta de ar, mas todo o resto era novidade. A vontade de beijá-lo até o fim da festa, de sentir o corpo dele novamente junto do seu, de ouvi-lo murmurar inúmeras vezes seu nome em seu ouvido.
Porra.
Ela mal podia respirar ao redor dele.
— Eu quero de volta — Leo murmurou no ouvido dela, apontando para a camisa que a alemã vestia, sorrindo sem mostrar os dentes em sua direção.
— Agora?
Nina fingiu inocência, dando de ombros antes de levar suas mãos até a barra da jersey que vestia, sendo interrompida no meio do caminho exatamente como imaginava que Leo faria. O jogador colocou as mãos nas dela, negando com um aceno ao aproximar novamente seu corpo, praticamente encostando seus narizes.
— Agora não. Talvez mais tarde, se você quiser...
O convite era indecente e a maneira que fora dito, sussurrado no ouvido com seus lábios brincando perigosamente entre o pescoço descoberto e o lóbulo da sua orelha, fez com que Nina se questionasse se 'mais tarde' podia se tornar 'agora'. Seu corpo estava queimando de desejo e podia notar pela forma que Leo a encarava que ele estava da mesma forma.
Como eles puderam manter aquele fósforo apagado por tanto tempo?
— Preciso pensar no seu caso — fingiu desinteresse, dando de ombros sem desviar os olhos dos dele. — Minha mãe costuma me dizer para sempre deixá-los querendo mais...
As bochechas de Leo se elevaram em um sorriso e ele deu de ombros, não parecendo muito impressionado.
— Sua mãe é uma mulher muito sábia, Nina — comentou, assentindo enquanto suas mãos estavam firmes na cintura dela, trazendo-a o mais próximo do seu corpo que as leis de Newton permitiam. — Mas ela está errada nessa. Eu acho que sempre estarei querendo mais de você.
Nina não se esforçou para impedir que um sorriso escapasse pelos seus lábios, deixando seus olhos caírem dos dele para sua boca, que quase implorava para estar na sua de novo.
Cada pedaço do corpo de Nina implorava por mais e não conseguiria lutar contra isso nem se usasse toda a força que tinha. Seu coração estava acelerado, sua respiração ainda não tinha se regularizado e ela quase conseguia sentir o sangue quente pulsar pelas suas artérias.
— Eu não vou te beijar de novo, Houston.
Nina sorriu com o tom e o sorriso visualmente perfeito que ele deu em direção a ela. Sabia muito bem que Leo Hawkins estava brincando e não poderia deixar de assumir que as provocações o deixavam ao menos cem porcento mais irresistível.
Deu de ombros como resposta mas Leo, indo de contra o que tinha falado, se aproximou mais dela, passando a língua pelos lábios e acariciando a maçã do rosto da mulher com um dos polegares antes de levar as duas mãos até sua cintura. Nina se arrepiou com o toque, se esforçando o máximo para que ele não percebesse as respostas do seu corpo à ele.
Mas Leo Hawkins era bom demais para deixar isso passar.
Eles ainda passaram os próximos trinta segundos se encarando com pequenos sorrisos teimosos nos lábios e olhos brilhantes de saberem exatamente o que viria a seguir.
Quando juntaram os lábios, foi como a primeira vez. Talvez melhor, ousavam dizer, por parecer que já conheciam um ao outro como a palma de suas mãos. Os lábios dele eram macios e os dela encaixavam nos seus como velhos conhecidos, com a calma de terem todo o tempo do mundo.
— Nós podemos sair daqui? — Leo murmurou perto do seu ouvido, olhando ao redor dos dois notando a atenção que recebiam de todo mundo na festa. — Não por causa de mim. Eu beijaria você aqui no meio de todo mundo pelo resto da minha vida, mas eles vão comentar sobre você e...
Nina apertou ainda mais o abraço no pescoço dele, deixando um beijo estalado na bochecha de Leo. Aquela preocupação era tão nata a ele que não poderia deixar de aparecer em algum momento.
Ela entendia. Muitas vezes tinha virado assunto na sua escola só por ter um sobrenome conhecido. Não podia ir em festas e fazer o que bem quisesse porque sabia — tinha certeza, na verdade — que tudo ganharia uma atenção a mais por causa dos seus pais.
— Eu sei um lugar — respondeu, encarando os olhos escuros do jogador. — O único lugar nessa casa que não está trancado e que tem uma fechadura.
Leo assentiu, entrelaçando seus dedos com os dela enquanto a seguia pelo meio da multidão. Recebiam muitos mais olhares que antes, agora, a medida que desciam os olhares para as mãos dos dois juntas e — obviamente — a tinta azul neon que estava borrada em todo o rosto de Hawkins.
Não sabia ainda disso, mas também não dava a mínima. Tantos pensamentos mais importantes tomavam sua cabeça nesse momento — a maioria delas envolvendo aquela alemã perspicaz que o carregava pela mão — que qualquer outra coisa ficaria para um segundo plano.
O local escolhido — e bem escolhido — tinha sido o depósito da casa da Delta Phi. Onde haviam caixas vazias da decoração da festa, três máquinas de lavar roupa, duas secadoras e um ambiente quase totalmente escuro se não fosse pela luz que aparecia pelas pequenas janelas de vidro que ficavam perto do teto. Nina entrou primeiro, com um sorriso malino no rosto, e Leo a acompanhou, se certificando de trancar a porta com duas voltas antes de voltar a atenção para a alemã que já tinha escolhido um lugar para se sentar em cima de uma das máquinas de lavar.
Leo se encaixou entre suas pernas e distribuiu beijos por todo o seu pescoço, tomando cuidado para não perder a linha e deixar uma marca pela trajetória. Era novo — e preocupante — o quanto sentia que ainda não tinha provado o bastante dela e como mesmo assim sentia que tinha sido o melhor beijo da sua vida.
— Não quero ser um... idiota. Então me diga se... estamos, hm... passando os limites da noite — Leo murmurou no seu ouvido, escolhendo bem suas palavras.
— Só continue o bom trabalho — ela sorriu em direção a ele, puxando seu rosto para que pudessem se encarar.
Leo assentiu, voltando a atenção para seus lábios que já estavam vermelhos pelos últimos minutos. As mãos de Nina estavam trêmulas, mas ela conseguiu ajudá-lo a tirar a sua própria camisa, revelando o físico que ele mantinha perfeito graças à rotina pesada na academia e no gelo e um hematoma novo roxo próximo a sua clavícula, que ganhou sua atenção quando Leo voltou a investir no seu pescoço.
Nina tateou o roxo com a ponta dos dedos, engolindo em seco ao juntar as sobrancelhas em preocupação. Às vezes sentia que Leo não se preocupava o suficiente com aqueles machucados e com sua própria saúde, se pudesse dizer aos outros que estava tudo bem. Odiava, com todas suas forças, aquela parte dele. Se pudesse, o embalaria em plástico bolha e o colocaria em uma redoma de vidro que o manteria seguro de tudo.
— O que? — Leo parou assim que percebeu que ela tinha ficado tensa, se afastando minimamente para olhar seus olhos. Notou, naquele momento, que a atenção dela estava em um dos seus machucados. — Não se preocupe, Nina. Eu estou bem.
Ela assentiu, incerta. Hawkins costumava ser muito sincero com ela, mas Nina não conseguia acreditar naquelas palavras. Sorriu sem mostrar os dentes, um segundo antes de espalhar beijos carinhosos e leves pela clavícula dele, tendo todo o cuidado do mundo para não causar nenhuma dor.
Não era apenas carnal. Havia um sentimento muito grande entre os dois que estava ganhando espaço para crescer ainda mais, tomando conta sem pedir licença. Nina queria vê-lo bem, feliz e ele queria que ela conquistasse o mundo inteiro. Eles, juntos, eram potentes. Imparáveis, se soubessem lidar com a preciosidade do que sentiam.
O pensamento ficou para trás no momento que Leo pediu permissão para tirar a blusa dela, incentivando-o com o um aceno. Nina percebeu, mesmo na ausência de luz, que os olhos de Leo brilhavam em desejo antes mesmo de se desfazer daquela peça. Sentiu suas bochechas corarem quando o olhar dele se perdeu pelo seu colo, coberto por um sutiã escuro, aproveitando o momento para abraçá-lo de novo e deixar os dois ainda mais próximos, sentindo o corpo dele levar embora o frio da madrugada de Silvermount.
— Você é linda, Nina — Leo sussurrou contra seus lábios, sério. — Linda, linda, linda.
— Você vai me deixar sem graça — ela o respondeu, encostando seus narizes.
— Desde o momento que eu fiz isso pela primeira vez, eu coloquei como minha meta de vida fazer isso sempre — brincou, dando de ombros. Tinha um pouco de verdade ali. A imagem mais bela de Nina para Leo era quando ela estava com as bochechas coradas e um sorriso que não pedia permissão para aparecer. Exatamente como naquele momento.
Aproveitaram aqueles segundos de silêncio para normalizar as respirações agitadas. Ela, olhando para o fundo dos olhos escuros dele. Leo, devolvendo o olhar na mesma intensidade, apreciando as batidas do coração dela que eram perceptíveis pela sua caixa torácica. Agitadas como as suas próprias, mas mais intensas. Se lembrasse a fórmula da frequência máxima cardíaca, começaria a contar para relaxar sua mente e seu coração.
Um, dois, três, quatro, cinco...
Os dois se assustaram quando um barulho novo preencheu o cômodo vazio, que não cessou até o momento que Nina encontrou — no bolso do seu short que antes estava escondido pela jersey de Leo — seu celular. Praguejou baixinho antes de levar o aparelho para o ouvido, pigarreando antes de atender a ligação.
— O que?
Seu tom era rude e Nina se arrependeria de utilizá-lo mais tarde. Liv não tinha culpa de não saber que aquele era o momento mais inconveniente possível para ligar para ela. Uma ligação certamente não era desejava enquanto ela tinha o corpo de Leo entre suas pernas, os lábios dele passando por todo seu colo e a expectativa de se desfazerem do resto de roupas que ainda vestiam estivesse deixando-a maluca.
— Nina? Eu tentei te ligar tantas vezes, por que você não me atendeu? — a voz de Olivia estava alterada e isso ligou um alerta na mente da alemã.
Ela só não conseguia pensar melhor porque enquanto a amiga falava, Hawkins deixava um traços de beijos no seu pescoço que a obrigou a reprimir um gemido de aprovação.
— O que aconteceu, Liv? — questionou, puxando o cabelo de Leo com força para que ele parasse de provocá-la, mas o tiro saiu mais que pela culatra.
O puxão serviu como um convite para que Leo avançasse, deixando para trás a noção de não deixar marcas que tinha mais cedo.
— Nate e Remi se envolveram em uma confusão. Claire me ligou, desesperada. Pediu para que eu tentasse falar com você e com o Leo...
Nina travou assim que assimilou tudo o que Olivia tinha dito, com inquietude presente em cada sílaba que pronunciava. Ela empurrou Leo pelo peito, engolindo em seco e percebendo, pela expressão confusa que ele tinha no rosto, que o jogador já tinha entendido que algo estava errado.
— Onde eles estão? — Nina falou com pressa e Leo arqueou as sobrancelhas em curiosidade, procurando sua camisa na escuridão que preenchia o cômodo assim que Nina pulou de cima da máquina de lavar, fazendo o mesmo. Encontrou a dela primeiro, entregando-a enquanto continuava a procurar pela sua. — Eu encontro você lá.
— Na casa dos meninos. Precisa de uma carona? Eu estou saindo de casa mas posso passar ai se...
— Leo vai me levar — cortou a amiga, com os olhos fixos na figura do homem parado à sua frente esperando por mais informações. — Eu estou com ele.
Desligou antes que Liv pudesse perguntar porque infernos Leo estava em uma festa da Delta Phi e não comemorando com ou amigos — ou porque ele e Nina estava juntos. Nina não teria paciência para explicar enquanto sua cabeça trabalhava em diversas possibilidades que podiam ter culminado naquela situação, mas sentia uma gratidão imensa de estar na companhia de Leo naquela noite.
Parte por ter livrado ele de uma grande confusão.
Parte porque agora ela finalmente sabia como era beijar Leo Hawkins.
E agora que Nina sabia qual era o sentimento de ter os lábios juntos dos dele, não imaginava como conseguiria viver sem aquela sensação.
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VEIO AÍ HEIN GALERA!!!!!
Eu sou muito suspeita porque acho que essa é a cena de beijo de todos meus personagens que eu mais amo na vida. Primeiro porque eles VÃO A LOUCURA antes de se beijarem e eu acredito piamente que as vezes isso vale muito mais que o gesto em si. Segundo porque ELES (e a gente) ESPERARAM POR ISSO POR MUITO TEMPO, então somos merecedores desses mimos.
Espero que vocês tenham gostado! O capítulo não ia acabar ai, mas cortei pra não ficar muuuito grande. No próximo temos muita confusão (alguém já tem alguma teoria sobre o que é?) e o teste da Nina. No outro, a viagem dos dois pra Boston. Dá pra perceber que estamos chegando ao fim, né?
Espero não tem decepcionado ninguém com esse capítulo! Vou tentar ao máximo atualizar na próxima semana, se não rolar saibam que foi pelo TCC :(
Obrigada por todo carinho e todos os comentários, VOCÊS SÃO MIL! ❤
(me sigam no twitter ohlulis e no instagram lulisescreve)
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