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14. your right is wrong... but love never leaves a heart where it found it

— Não acredito que nós estamos fazendo isso.

— Nós não teríamos que fazer isso se você não fosse um idiota, Remi.

A repreensão de Leo fez Remi revirar os olhos antes de se jogar no sofá para esperar o tempo passar, cruzando os braços como uma criança mimada que tinha sido impedida de jogar videogame o dia todo. Leo ia de uma lado para o outro entre a cozinha e a sala de estar, atendendo pacientemente todo chamado de Nate, que tinha um avental de estampa de cupcakes amarrado no corpo.

— Você está parecendo a minha mãe — Remi murmurou baixinho, mas alto o suficiente para que Leo escutasse, exatamente como um adolescente faria após brigar com os pais.

— Talvez porque você esteja merecendo esse tipo de tratamento — Nate entrou na discussão, falando mais alto pela distância que estava do sofá, com um sorriso estampado em seus lábios. Adorava provocar Remi daquela forma. — Cara, essa é a coisa mais deliciosa que fiz pra vocês. Juro.

Nate tirava uma torta de frango do forno com muito cuidado e uma luva com a mesma estampa que o avental, sorrindo como um bobo ao apreciar seu feito. Leo parou para admirá-la junto ao amigo, encantado pelos corações de massa que ele tinha colocado em cima da torta para decorá-la, graças as forminhas que Hawkins trouxera depois de um dia inteiro procurando por elas em Silvermount.

— Tudo o que você cozinha é delicioso, Nate, mas não tenho dúvidas que isso aqui está fenomenal.

Remi, a contragosto, virou a cabeça para tentar enxergar dentro da cozinha, sentindo seu estômago se remexer com o cheiro que saia do cômodo.

Não era mentira que eles nunca tinham provado nada ruim feito por Nate Duncan. Até seus experimentos eram gostosos e neste momento não estavam falando como dois jogadores enormes e famintos de hóquei que precisavam de três mil calorias diárias e traçariam qualquer coisa que fosse colocado em sua frente depois de uma dia pesado.

Nate realmente tinha talento para a coisa e sabiam que teriam um jantar dos deuses toda vez que o via entrar na cozinha, pedindo ajuda de um deles — geralmente Leo, já que Remi era absolutamente inútil até para cortar uma cebola —, e designando a louça para o outro — Remi, porque isso ele conseguia fazer.

Mas naquela quarta-feira nublada, havia um lugar a mais posto na mesa que, milagrosamente, tinha um arranjo de flores belíssimas como enfeite.

Cortesia de Remi Vince.

(Na verdade, o cartão passado tinha sido o de Remi. A ideia tinha sido de Leo).

Porque Leo Hawkins precisava que tudo se saísse perfeito naquele dia. O jantar, o pedido de desculpas, o cartão...

— Leo está fazendo isso porque gosta dela.

Remi interrompeu seus pensamentos com a típica voz de birra.

Hawkins não tinha irmãos, mas apostaria seus patins novos que aquele era um card que pré-adolescentes usam para constranger os irmãos mais novos quando eles estão brigando.

É, se encaixava. Remi era como seu irmão e certamente ainda estava atravessando a puberdade, com todos os hormônios, os argumentos ruins e a cabeça vazia.

— Eu estou fazendo isso porque você foi um otário — Leo apontou diretamente para o amigo enquanto falava, arqueando as sobrancelhas. — E quando seu amigo é um otário, você deve repreendê-lo e não fingir que está tudo bem.

Mais um ponto para Nina Houston. A alemã estaria orgulhosa em ver que Leo estava realmente aprendendo algo com ela. Além de microeconomia intermediária, óbvio, já que suas aulas iam muito bem, obrigado.

— É, mas você não faria isso se...

O futuro monólogo de Remi foi interrompido pelo som da campainha reverberando por todo o primeiro andar. Nate secou as mãos no avental, Remi rolou os olhos mais uma vez e Leo esfregou as mãos na calça, não notando que elas estavam suadas até aquele exato momento.

Ele estava... Nervoso?

Era só Nina, pensou enquanto caminhava em direção a porta, mas não obteve a reação que esperava do seu corpo.

Porra.

Era-só-Nina.

— Não seja um idiota — sussurrou em direção a Remi já com a mão na maçaneta, endereçando-o um olhar dilacerante.

— Porra, Hawkins, eu já te disse — Remi grunhiu irritado, cruzando os braços novamente. — Bandeira da paz está estendida.

Seria uma noite divertida.

Primeiro, porque Leo realmente parecia estar se importando. Ele inspecionou cada segundo que Duncan ficou na cozinha, mexeu na mesa até que ela estivesse milimetricamente bem colocada e exigiu que todos se vestissem da melhor forma para receber a visita.

Segundo, porque Remi parecia não dar a mínima.

Mesmo que o primeiro tivesse repassado o roteiro inteiro da noite ao menos duas vezes com ele, garantindo que ele saberia exatamente como des-cul-pa se pronunciava, apenas para se certificar que Remi aprenderia a usar aquela palavra pela primeira vez.

Leo tomou uma grande lufada de ar antes de abrir a porta, colocando um sorriso no rosto no momento que puxou a maçaneta para si, revelando a convidada parada bem a sua frente, pronta para tocar mais uma vez a campainha.

Tinha sido uma boa escolha. No momento exato que seus olhos escuros demoraram nela, sentiu como se respirar fosse opcional.

Nina apertava os lábios em uma fina linha, como se estivesse tão nervosa quanto ele, mas seus ombros relaxaram assim que seus olhos se encontraram por um mínimo instante. Leo não teve outra opção a não ser sorrir em sua direção.

Ela estava linda. Na verdade, ela era linda. Leo não conseguiria se lembrar no momento se muitas outras garotas já tinham tirado seu ar durante sua vida. Certamente não se esqueceria com tanta facilidade que Nina Houston-Löwe tinha sido uma delas, com seus cabelos jogados por cima dos ombros e os olhos claros encarando-o como se esperassem um grande movimento.

— Ei, Houston — murmurou baixo, deixando um sorriso escapar pelos seus lábios e torcendo para não estar parecendo um idiota. — Você veio.

— Você disse que eu não podia dar uma desculpa. — Nina sorriu de volta, sem mostrar os dentes. Leo assentiu, recordando-se da mensagem que tinha mandado para ela quando estava fora da cidade, logo depois de assistir a todos seus stories publicados no Instagram e de ter desejado que puta-que-pariu não estivesse tão longe de Silvermount.

— É, eu iria te buscar se você tivesse tentado faltar — resmungou, dando uma passo para o lado para permitir sua entrada. — Por favor, sinta-se em casa. Nós estávamos esperando por você.

Nina assentiu, entrando na sala de estar que só tinha visitado outras duas vezes. Tudo parecia bem diferente se comparasse com a noite do open-house, mas o alvo que ela e Leo disputaram os dardos ainda estava na parede, como uma lembrança doce que a fez ganhar cor nas bochechas ao encará-lo. Na segunda vez, dois dias antes, ela mal teve tempo de estudar o lugar. Ficou trancada pela noite toda no quarto de Leo e saiu de fininho pela manhã antes que ele acordasse, com as bochechas coradas e os sapatos nas mãos.

Não tinham conversado ou se visto desde então. Fingiam que as confissões e a noite de segunda-feira foram frutos de uma alucinação coletiva e que nunca tinha acontecido. Era fácil acreditar nisso quando estavam longe. Parados de frente ao outro, porém, era bem mais complicado.

Nate a cumprimentou com um aceno e um sorriso, apoiado no balcão que dividia a cozinha da sala, e Nina fez o mesmo em resposta a ele. Enquanto Leo guardava seu casaco e sua bolsa — lê-se, colocava os dois em cima da poltrona porque eles não tinham um armário de casacos e ele não havia se lembrado disso —, ela não teve outra opção a não ser encarar Remi Vince, que continuava em silêncio sentado no sofá.

— Oi — ele murmurou tão baixo que Nina achou que estivesse imaginando.

Sorriu, mas não tão simpaticamente como fez para Nate. Na verdade, continuou com os lábios cerrados e levantou, quase que minimamente, o canto deles, na esperança que saísse algo que ao menos lembrasse um sorriso.

— Remi comprou flores para você — Leo interrompeu a tensão que tinha assolado os dois, se colocando de pé ao lado da alemã. — Estão em cima da mesa.

As sobrancelhas de Houston se levantaram em surpresa quando ela levou os olhos até o arranjo belíssimo que enfeitava a mesa.

Rosas amarelas. Suas favoritas.

Exatamente as que ela tinha postado no seu Instagram uma vez.

E, em um instante, ela se recordou que Remi não a seguia. Seu perfil era privado por questões óbvias e apenas pessoas de Silvermount tinham acesso a ele.

Leo. Leo a seguia.

Mordeu o canto interno da sua boca para evitar um sorriso, mas Nate estava a alguns passos na sua frente e percebeu que ela tinha entendido quem realmente tinha comprado as rosas amarelas.

— São lindas — agradeceu, se virando novamente para onde os outros dois estavam. — Obrigada, Remi.

Mas seu olhar não durou muito em Vince, subindo imediatamente para Leo, encarando-o com os olhos apertados.

Hawkins corou e, mais uma vez, ela escondeu um sorriso. Era divertida aquela brincadeira que os dois estavam imersos. Não sabia se seria assim até o fim, mas aproveitava o momento como podia.

— E ele também fez um cartão para você — Leo continuou, pigarreando para que a voz saísse mais forte, visivelmente envergonhado. — Não é, Remi?

Vince rolou os olhos mais uma vez. Estava esperando que Leo esquecesse essa parte do roteiro, mas era óbvio que nada passaria por ele naquela noite. Uma das coisas que Hawkins se certificou que Remi fizesse para pedir desculpas para Nina, foi um cartão DIY. Só para ter certeza de que, se ele esquecesse a pronúncia do 'eu-sinto-muito', ao menos haveria algo escrito para ela se apegar.

— É, eu fiz — Remi murmurou a contragosto, tirando um papel dobrado do bolso e entregando nas mãos de Nina. — Aqui.

— Remi é muito bom com desenhos...

Leo acrescentou porque achava importante frisar, mas o olhar de incredulidade no rosto de Nina ao desdobrar o papel causou confusão. Ele tirou o cartão feito em uma folha de ofício das mãos dela, travando a mandíbula assim que seus olhos analisaram tudo o que ali estava desenhado: um boneco de palitos, que uma criança de cinco anos poderia ter feito, com um balão escrito 'desculpe fui um otário' e outro 'podemos ser amigos?'. Ao menos ele tinha se dado o trabalho de colocar um pseudo topete para simbolizá-lo e desenhado um sorriso em seu rosto.

No mesmo momento, Leo levou seu olhar para Remi, esperando que sua expressão firme fosse suficiente para deixar seu descontentamento claro. Ele tinha explicitamente pedido para que Vince não fosse um babaca pelo menos uma vez em sua vida.

O que? Foi sincero — Remi murmurou em resposta assim que notou que era fitado por Hawkins, desviando a atenção para Nina. — Juro, Nina. Eu realmente sinto muito pela forma que tudo ocorreu no open-house.

Tirando a atitude e o rosto angular que o tornava tão temido, Nina sentiu verdade nas suas poucas palavras.

— Eu estava curioso ao seu respeito, mas nada justifica o que eu fiz — Remi tornou a falar, engolindo em seco. — Desculpe se eu tornei sua vida no campus mais difícil, esse nunca foi meu objetivo. E me desculpe também pelas idiotices que eu te disse naquela noite. Eu não te conheço e nunca poderia ter dito algo do tipo...

O discurso se saiu melhor do que Leo esperava e ela não escondeu sua expressão de surpresa assim que o amigo terminou de falar, mas o ofereceu um sorriso de agradecimento assim que trocaram olhares.

— Tudo bem Remi, eu também falei o que não devia naquela noite — foi sincera, assentindo. — É estranho, porque eu tenho um irmão que me lembra muito você. O mesmo gênio difícil, a personalidade estourada... E eu sei, bem no fundo, que ele é uma das melhores pessoas que eu já conheci na vida.

Não gostava muito de falar sobre sua família com desconhecidos, mas antes de perceber já estava confessando da semelhança de Remi com Henrik. Seu irmão mais novo era o retrato do homem que estava sentado em sua frente, com os defeitos que muitas vezes pareciam maiores que as qualidades.

— Então eu vou falar exatamente o que eu costumo falar pra ele, Remi. Ninguém deveria lutar tanto para não ser gostado.

Um silêncio se estabeleceu na sala, mas ele não era incômodo. Leo continuava a variar o olhar entre Remi e Nina sem saber o que fazer, enquanto Nate apenas observava a cena de longe com um sorriso malino nos lábios.

Aquilo era algo que Remi Vince precisava ouvir ao menos uma vez na vida. Era a verdade.

— Bem, agora que a visita está finalmente aqui, o jantar está servido! — Nate falou animadamente para quebrar o gelo que tinha se formado na sala, fazendo Leo soltar um suspiro de alívio assim que todos voltaram a sorrir.

— A melhor parte da noite — Leo esfregou as mãos e sussurrou em direção a Nina, sorrindo antes de começar a andar em direção a mesa.

Obrigado — Remi murmurou baixo ao passar pela alemã, oferecendo um pequeno sorriso em sua direção, mas talvez o mais sincero dele que ela já tinha recebido.

— Sempre que você precisar ouvir umas verdade, nós podemos conversar.

Parecia uma provocação, mas não era. Era tão sincero quando o pedido de desculpas dele e as outras coisas que tinham conversado até aquele momento.

O resto da noite correu sem muitas intercepções. Remi se apressou para deixar que Nina só tivesse a escolha de sentar ao lado de Leo, mas ninguém tinha falado nada sobre isso. A torta de Nate foi servida e, se o cheiro já estava delicioso, o sabor era trinta vezes melhor.

Parecia grande, mas eles a devoraram com fervor, parando só pelas vezes que Nate os interrompia para reiterar que eles tinham que se comportar na frente da visita e que acabariam com refluxo se continuassem engolindo sem mastigar direito.

A sobremesa foi servida em seguida e a escolha mereceu um sorriso de surpresa de Nina Houston. Apfelstrudel era um doce tradicional na Alemanha, feito de maçãs, passas e canela, envoltas por uma crosta de massa folhada polvilhada com açúcar de confeiteiro. O cuidado que eles tiveram para escolher a sobremesa a deixou feliz e — dessa vez — ela não precisou trocar um olhar com Leo para saber que ele que tinha sido responsável por isso.

Leo Hawkins tornava difícil impedir seu coração de errar uma batida. Praticamente impossível.

No final, Nina insistiu para ajudar com a louça. Leo cordialmente negou mas Remi, quem realmente iria ficar com a tarefa de lavar todos os pratos, talheres e panelas utilizadas naquele jantar, aceitou de prontidão e adicionou, deixando toda a educação de lado, que 'seria de bom agrado'.

Quando tudo já estava seco e guardado, tanto Nate quanto Remi seguiram para seus quartos. Cada um com uma desculpa diferente enquanto o verdadeiro motivo era que se sentiam como dois acompanhantes desnecessários para aquela cena final.

— Eu acho que deveria ir — Nina comentou, olhando a hora na tela do seu celular. O silêncio tinha ficado alto demais depois que os dois ficaram sozinhos. Era difícil encontrar motivos para fugir do olhar de Leo. — Falei a Claire que a encontraria depois do jantar.

— Posso te levar — Leo sugeriu, arqueando as sobrancelhas. Nina pensou em negar, querendo fugir daquele tempo a mais na presença dele que teriam no carro. — Eu insisto, Nina. Não é um horário adequado para pegar um Uber sozinha.

Pensou em retrucar, mas sabia que o jogador tinha um ponto. Não deixava de carregar um spray de pimenta de um lado para o outro na bolsa, mas suspeitava que nem sabia usá-lo direito. Os arredores do campus não eram agradáveis de se frequentar sozinha ou na presença de um desconhecido.

— Vou ter que aceitar pelo horário — enxugou as mãos em um pano de prato, seguindo para a sala com Leo em seu encalço. Era mais fácil brincar a deixar o silêncio constrangedor reinar entre os dois outra vez. — Só por isso.

Hawkins fingiu acreditar na mesma porcentagem que fingia que o único motivo para deixá-la em casa era o horário. Preocupava-se com sua segurança — de certo conhecia histórias pesadas sobre alguns acontecidos no campus — mas também queria estender ao máximo o tempo que passaria em sua companhia. Queria conversar com Nina. Queria, de novo, ter uma faceta de quem ela se mostrou ser quando estavam sozinhos.

A lembrança deu cor nas suas bochechas. Não conseguia parar de pensar nisso. Não conseguia parar de lembrar de ter acordado no meio da noite com o corpo dela abraçando o seu e seus cabelos espalhados por todo o travesseiro que dividiam. E depois de ter acordado de manhã sem nenhum sinal da presença de Nina ou recordação de que ela estivera ali.

Podia ter sido só uma alucinação causada pela febre. Um efeito bizarro que o fizera imaginar que Nina Houston-Löwe tinha estado ali. Mas, ainda, ele estaria em apuros. Se conseguira imaginá-la com aquela riqueza de detalhes, não sabia se havia volta.

Mantiveram-se em silêncio por metade do caminho, a música baixa dos altofalantes do carro sendo a única coisa que quebrava o gelo. A cidade estava vazia, mas quase como uma brincadeira do destino pegaram todos os sinais fechados. Todos, sem exceção, indicavam a luz vermelha assim que o Jeep de Leo se aproximava. Como se quisesse impor, como uma obrigação, que eles conversassem. Sobre segunda-feira. Sobre os corações acelerados. Sobre qualquer coisa.

Conversem. Conversem. Conversem.

— O jantar foi algo bem legal da sua parte — Nina quebrou o silêncio, olhando pela janela enquanto falava. Leo tamborilava os dedos no volante, esperando a luz a sua frente mudar de cor. Malditos sinais. — Mas não deixe o elogio subir a sua cabeça.

Leo sorriu e ela fez o mesmo, agradecendo a falta de luz por deixar isso em segredo. Balançou sua cabeça em negação, assumindo que a frase não seria nada Nina se ela não adicionasse uma pitada de rispidez.

— Eu acho que nós podemos fazer isso mais vezes — Leo sugeriu, ganhando a atenção dela. — Talvez agora possamos trocar a nossa mesa no café pela minha mesa na sala, também.

'Nossa' mesa no café.

— Podemos pensar sobre isso — Nina pareceu ponderar com um bico nos lábios. — O que vão falar sobre minhas visitas constantes a república de vocês?

— Como se você se importasse, Houston — Leo falou quase sem pensar, dando risada. — Você é uma das pessoas mais duronas que eu conheço.

A alemã ficou em silêncio e desviou o olhar para outro lugar quando o elogio chegou até seus ouvidos, torcendo para que o escuro tivesse impedido que Leo visse que tinha ganhado cor nas bochechas.

Isso estava acontecendo com frequência quando Leo estava presente.

— Mas Leo... Por que você fez ele se desculpar? — rendeu-se a sua curiosidade, angulando suas sobrancelhas grossas enquanto esperava por uma resposta. Voltou a olhar para ele. Queria ler sua expressão quando ele respondesse. — Essa foi a primeira vez que ele disse 'sinto muito' na vida, não foi?

Ela sorriu para quebrar o gelo, percebendo que Leo a encarava sem parecer ter uma resposta na ponta da língua, como costumava. Não estava exagerando, por um momento até pensou que Remi passaria mal de tão contrariado que ele parecia ao ter que se desculpar, por mais que ela tenha aceitado que eram sinceras.

Mas, certamente, tinha sido um pedido de Leo. Pessoas como Remi Vince não se incomodavam se tinha pisado no calo de alguém na vida, contanto que não fizessem o mesmo com ele. Parecia uma armadura, e no fundo ela até acreditava que era, mas era a única imagem de Remi que ela tinha.

Leo continuou em silêncio, mas a pergunta de Nina Houston tinha entrado em sua cabeça. Ela estava certa, por que ele se importava ao ponto de ter suado de nervoso para que aquele jantar se saísse da melhor forma possível? Sem falar da raiva que ele sentiu no momento que ele descobriu que a 'carta de desculpas' que Remi tinha dito que tinha feito na verdade era um desenho que uma criança de segundo grau faria melhor.

— Não sei, eu queria te compensar por tudo o que aconteceu no open-house — foi sincero, porque essa sempre era a única opção que ele achava que tinha toda vez que os olhos verdes de Nina o intimidavam. — Ou talvez eu só quisesse que minha melhor amiga se desse bem com meus melhores amigos.

Brincou, porque a verdade o assustava.

— Você é um idiota — Nina escolheu por xingá-lo, rolando os olhos por mais que estivesse com um mínimo sorriso nos rostos. — Vai continuar a insistir nisso de melhores amigos?

— Eu te disse, é isso que seremos até o fim dessas três semanas.

— Três longas, demoradas e difíceis semanas.

— Três longas, demoradas e difíceis semanas — Leo repetiu com um pequeno sorriso no rosto enquanto observava Nina, sabendo que nenhum dos dois acreditava mais no que diziam. — Estamos sobrevivendo.

— É, ainda não nos matamos — acrescentou, assentindo. — Diria que essa é uma vitória.

Hawkins assentiu com ela, se calando quando sua atenção novamente voltou aos olhos verdes. O silêncio não era incômodo, mas o ambiente escuro parecia convidativo para que eles falassem coisas que não se sentiam à vontade em outros momentos. Como se aquele espaço permitisse a eles serem mais honestos que qualquer outro que dividiram.

Arctic Monkeys era cirúrgico ao dizer que às noites eram feitas para dizerem coisas que não poderiam ser ditas no dia seguinte.

— Houston, por que você está em tantas coisas? — Leo perguntou, voltando a atenção assim que o sinal ficou verde. Sem desistir, porém, de esperar uma resposta dela. — Monitoria, irmandade, clube do livro e, agora, o time de patinação. Isso é importante para você pelo o que você me disse na segunda-feira? Sobre não querer ser igual aos seus pais?

Nina travou com a pergunta. Engoliu em seco, brincando com os anéis que preenchiam seus dedos. Queria poder nunca ter que responder aquela pergunta. Queria poder fingir que a resposta não era sim.

— Estou de olho na formação com mérito. Sei que eles levam tudo isso em consideração — respondeu prontamente, fugindo do olhar de Leo quando ele rapidamente desviou a atenção para ela. — Preciso disso quando for aplicar para as provas de diplomacia no próximo ano.

Leo relaxou sua expressão, mas não estava contente com a resposta. Nina estava fugindo mais uma vez. Ele podia sentir isso.

— Por que você se comporta como um lobo solitário aqui? Quer dizer, Nate tem a Soph. Remi está sempre com alguém, mas você... — Nina logo se adiantou, devolvendo uma pergunta igualmente desafiadora. — Você sempre está sozinho...

Deixou sua frase morrer. Não pode conter sua curiosidade e tinha que aproveitar a oportunidade.

— Eu não teria tempo para isso — foi sincero. — Treino, faculdade, trabalho... É cansativo. Eu tenho a impressão de que se adicionasse mais uma incógnita nessa equação, tudo começaria a desmoronar.

Não que Leo tivesse passados os últimos três meses sem um encontro casual, mas eles não eram tão frequentes como quando ele era um calouro ou antes de estar no time principal. Algumas vezes, ele deixava o Ivy acompanhado ou saia de alguma festa para algum encontro de última hora, mas nada mais isso. Tinha outras prioridades.

— Mas por que você aceitou me ajudar então? — Nina continuou antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa. Leo ponderou, dando de ombros. — Os treinos tomam seu tempo também. E nós continuamos com eles.

Não conteve sua curiosidade. Pegou Leo de surpresa, pela expressão que ele tinha no rosto ao levantar as sobrancelhas escuras, antes de relaxá-las de volta ao seu lugar de origem.

— Porque eu precisava de algo em troca. — Levou os olhos para ela, esforçando-se para não piscar assim que prosseguiu. — Por que você aceitou me ajudar?

— Porque eu precisava de algo em troca — repetiu suas palavras, mantendo os olhos presos nele. Percebeu, só nesse momento, que estavam na frente da casa de Claire. — Acho que essa é minha deixa.

— É, eu acho que sim — Leo murmurou, contrariado. Parecia evitar olhar diretamente para Nina. Parecia estar louco para não estar mais em sua presença. — Boa noite, Houston.

— Boa noite, Leo.

Ele se surpreendeu quando ela usou seu nome, mas era tarde para qualquer reação. Nina desceu do carro em um pulo, sem olhar para trás até o momento que Claire destrancou a porta para permitir que ela entrasse e Leo pudesse acelerar para longe dali.

Sua cabeça ficou lotada de conversas que eles não estavam tendo, subindo pelas paredes e incomodando mais que qualquer barulho externo poderia fazer.

Porque eu precisava de algo em troca.

Ouvir aquela resposta dele tinha doído como o inferno. Parecia ser sincera, parecia ser o lógico a se dizer. Mas algo a dizia que era uma mentira. Apenas mais uma, na pilha de outras mentiras que ela vivia sua vida.

Tinham se colocado naquela situação porque precisavam de algo, isso era inegável. Mas dizer que aqueles encontros eram pelo mesmo motivo era uma grande mentira. Se Nina e Leo continuavam se vendo durante a semana, trocando mais mensagens do que o recomendado e confissões noturnas como se fossem velhos amantes, não era porque precisavam de algo em troca um do outro.

Nina e Leo continuavam porque queriam. Porque não havia outra coisa que queriam tanto quanto a companhia mútua.

Eram grandes mentirosos se não assumissem isso. Eram grandes mentirosos se não soubessem assumir que queriam um ao outro.

— Você vai me explicar por que parece que viu uma assombração? — Claire perguntou, sentando-se na cama com uma xícara de chá nas mãos depois de fechar a porta do seu quarto.

Nina sentou ao seu lado, sem saber exatamente o que falar. Estava em pânico pelos últimos minutos. Não sabia que prendia a respiração até sair do carro, sentindo seus pulmões implorarem por ar.

Era assim que ficaria sempre que estivesse na presença de Leo? Era assim que as coisas seriam agora?

Por onde ela começaria a explicar aquela situação para Claire?

— Uau, isso é incrível — pegou o porta retrato que repousava na mesa de cabeceira de Claire nas mãos, admirando cada detalhe daquele desenho bem trabalhado.

Não sabia se tinha sido feito a partir de uma foto ou de uma cena ao vivo. Era o rosto de Claire que estava desenhado, com todos os sinais e rugas de expressão que ela tinha. Seus olhos estavam fechados — como se ela estivesse dormindo — e seus cabelos estavam livres das tranças, cacheados e não tão longos quanto eram naquele ano.

Era o tipo de desenho que encantava pela riqueza de detalhes. Alguém tinha conseguido, apenas com um lápis e uma caneta preta que Nina não sabia o nome, fazer uma representação perfeita de Claire. Era um trabalho de artista, de certo. Profissional, Nina diria.

No canto, uma assinatura discreta: R.M.V. Nada mais que isso.

A descoberta a atingiu de uma vez só. Sentiu-se como uma criança que encontra o maior prêmio dentro de um ovo premiado. Ou como alguém que descobre a moeda de mais valor nos brinquedos de escavar. Todo mundo tem segredos. Grandes, pequenos, mínimos. Capazes de acabar com uma reputação ou de estragar uma amizade. Levar a cadeia ou encerrar um processo. Todo mundo tem algo que quer manter dentro do armário, uma roupa suja que prefere manter escondida.

Nina tinha segredos demais. Estava se afogando, se perdendo dentro deles. Não tinha noção do que era verdade e do que era mentira.

— Eu não estou sendo sincera com você, mas você também não está sendo comigo — falou de uma vez, deixando o porta-retrato de lado. Era hora. Engasgaria nas próprias palavras se não começasse a colocá-las para fora. — Eu tive uma overdose ano passado e está acontecendo tudo de novo. E eu acho que quero beijar Leo Hawkins e não sei como me sinto em relação a isso.

Respirou fundo, como se as amarras tivessem sido tiradas da sua boca. Era essa a sensação do alívio, Nina pensou. Era essa a sensação de assumir que tinha um vício, um problema que não ia sumir só porque ela não estava falando sobre. Estava ali. Continuaria ali mesmo se ela não assumisse.

— Agora é a sua vez de me falar o que aconteceu entre você e Remi Vince, porque eu tenho quase certeza que ele que fez esse desenho seu. 

Finalmente FIM DO MISTÉRIO REMI&CLAIRE? OU COMEÇO?
Eu queria dizer que não ia ser nesse capítulo que eu ia começar a falar sobre os dois mas tô vendo muita gente desejando esse ship então vamos lá revelar que sim: REMI VINCE JÁ CADELOU MUITO PELA CLAIRE. Quem não? 
E o que foi o Leo praticamente dando a patinha pra Nina nesse capítulo? É o cachorrinho da patroa demais, minha gente. Ai ai Nina, se você não quiser........
Espero que vocês tenham gostado desse capítulo. Eu to realmente preocupada com o tanto de tempo que o otp tá levando pra ser real mas espero que vocês entendam que esse slow burn vai queimar até o final antes de colocar fogo em tudo!!!!! 
Quero agradecer a todo o carinho e os comentários que estou recebendo em DL ❤ É uma história bem difícil de escrever (parece que não mas eu juro que dá trabalho demais sos) mas é uma delícia sempre que tenho capítulo prontinho para compartilhar com vocês. Muito provavelmente já passamos do meio da história então a partir de agora contagem regressiva.
Estou respondendo os comentários dos últimos capítulos devagarinho porque tenho um probleminha na mão que me mata quando eu passo tempo demais no computador (alô, TCC?). Mas já li todos e fico louca para interagir com vocês. Então se quiserem conversar comigo podem falar por aqui, mandar uma mensagem ou me encontrar lá no twitter como 'ohlulis' também.
E ah, a música do capítulo é uma indicação, ok? Andrew Belle, dono do mundo! 
Obrigada por tudo e até a próxima ❤


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