Prólogo
Lilith suspirou com alívio ao ver a porta de seu apartamento a poucos metros de si. Passou mais tempo do que deveria procurando sua chave, que foram jogadas descuidadamente dentro de sua bolsa bagunçada, e abriu um sorriso satisfeito ao encontrá-la.
Entrou em seu apartamento e jogou sua bolsa para uma direção aleatória. Depois daquele dia tão cansativo, tudo o que mais queria era as coisas que lhe lembravam o trabalho bem longe de si. Espreguiçou-se e estalou alguns ossos no meio do caminho. Balançou seu corpo na esperança de espantar o cansaço, e havia funcionado parcialmente.
Pegou o controle de sua televisão, procurou no Youtube seu programa de vídeocast favorito e deu play em uma playlist, colocando em ordem aleatória. Aumentou o volume o suficiente para que conseguisse escutar bem independente do lugar da casa em que estivesse. Só aí pode executar suas missões caseiristicas em paz.
Começou passando uma vassoura na casa. Deixaria a faxina para outro dia. Logo em seguida foi para a cozinha preparar seu jantar. Na verdade, só pôs a macarronada que restou do dia anterior, que também era o resto da macarronada de outro dia, para esquentar. Fácil e prático. Decidiu que o melhor a se fazer enquanto esperava sua comida ficar pronta, era tomar um banho. E assim o fez. Colocou a temperatura de seu chuveiro no modo inverno e abriu o registro lentamente, deixando pouca água saindo para que ficasse ainda mais quente. Não que o dia estivesse frio, mas, bem, era mais relaxante assim.
Executou seus cuidados pós banho. Estes que envolviam: retirar sua lace, hidratar seu rosto, hidratar seu corpo, tentar fazer uma automassagem em suas costas e desistir logo depois pelo simples fato de que aquilo não funcionava, desembaraçar seu cabelo e passar perfume, mesmo que ninguém fosse sentir seu cheiro enquanto dormia e que tivesse que tomar banho no dia seguinte.
Voltou para a cozinha. Pegou um garfo e a panela onde havia esquentado seu jantar. Estava com preguiça o suficiente para não querer lavar nenhum prato no momento. Procurou sua bolsa, que antes fora jogada em algum canto da casa, e catou seu celular, torcendo mentalmente para que o aparelho não estivesse quebrado. Suspirou de alívio ao ver que o aparelho estava intacto.
De repente uma fala iniciada por André Alves, um dos apresentadores do ToalhaCast, lhe chamou a atenção. Esparramou-se em cima do sofá, e procurou a melhor posição possível enquanto tentava tomar cuidado para não deixar o conteúdo dentro da panela cair e manchar o estofado de seu sofá.
"Sinceramente, não acredito que haja outras formas de vida inteligente no Universo. Quer dizer, eles seriam inteligentes e avançados tecnologicamente o suficiente para criar naves que viajariam pelo espaço-tempo, e colonizar o planeta Terra facilmente, mas tudo que eles "fazem" é alguns risquinhos em milharais e abduzir meia dúzia de pessoas? E então ao tentar entrar em contato com a raça humana seriam sequestrados por alguns carinhas com umas armas tão facilmente? Essa conta não bate para mim.
— Eu estava preparando um argumento para te refutar, mas, suas ideias acabaram me convencendo parcialmente. Se existem ETs espalhados pela galáxia, universo e afins, bem, acho que não somos nós que acharíamos que o relógio digital é uma ideia de milhões."
Uma gargalhada esganiçada escapou, sem muito esforço, de Lilith, que até assistia atentamente ao programa. Recuperou o seu fôlego e limpou algumas lágrimas que se formaram em seus olhos devido ao riso exagerado.
Ajeitou suas madeixas rosas, removendo alguns fios de sua franja que estavam lhe incomodando o olho da sua testa, e o piscou na tentativa de acostumar sua visão naquele ambiente tão claro.
— Bobinhos. – A alien falou enquanto depositava uma gota de colírio em seu terceiro olho.
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