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Capítulo 2



Pagar as contas em Vênus e pagar suas contas na Terra são, sem sombra de dúvidas, experiências bem destoantes.

Para falar a verdade, pagar as contas em Vênus sequer chegava a ser uma experiência. Quando ela queria alguma coisa abria o aplicativo de compra no seu smartphone, que, diferentemente dos que existem na Terra, era um holograma transparente, pesquisava, abria o primeiro link que aparecia, solicitava seu produto e pagava a vista imediatamente. Horas depois o produto estava na porta de sua casa. Parcelar conta, pagar por boleto, cartão de crédito? Nada disso existia lá.

Agora, na Terra? Em específico no Brasil, o país que ela achou mais proveria o entretenimento que ela tanto queria, a história já era outra. Já começa com uma invenção que ela achou peculiar, para dizer o mínimo: a lotérica. Nunca em sua vida ela imaginaria que haveria lugares específicos para pagar as contas, sendo necessário pegar uma fila, muitas vezes quilométrica.

Era em uma dessas que ela estava agora. Uma fila quilométrica da lotérica, com um monte de gente reclamando da lerdeza dos caixas, esperando pacientemente que a sua vez chegasse, só para que, toda vez que chegasse perto de ser atendida, um idoso furasse a fila. Ok, ela não estava tão paciente assim. Fala sério, todos os dias ela passa por ali para ir ao trabalho e sempre está vazio. Mas logo hoje, que era seu dia de folga e ela só queria relaxar, brotava gente até da cerâmica do piso para fazer alguma coisa ali. E ainda tinha o músico que estava do lado de fora do estabelecimento. Normalmente ela gostava de música, mas aquele cara tinha voz desafinada, violão desafinado, não sabia tocar direito e ainda cantava gritando uma música nada a ver.

— Essa fila não anda, não é? — Uma mulher perguntou atrás de Lilith.

— Toda vez que eu venho aqui é a mesma coisa. — Disse um homem atrás da mulher que estava atrás dela.

E lá vinha o efeito manada. Uma pessoa se estressa sozinha e atinge as outras pessoas por tabela. Inclusive ela. Mais uma vez, Lilith se esticou para o lado e contou quantas pessoas ainda tinham na sua frente. 7 pessoas. E quatro caixas estavam funcionando. Ou melhor, três caixas tendo em vista que a pessoa empacou completamente um dos caixas.

Sério, como aquilo era possível? A caixa ficou um tempão chamando "PRÓXIMO" por aquele alto-falante e a pessoa passou um bom tempo no mundo da lua até que se tocasse de que estava na sua vez. E lá estava o ser humano a mais de quinze minutos, sem exagero, Lilith fez questão de contar, no caixa.

Outro caixa gritou "PROXIMO!". Seis pessoas na sua frente.

— Esses atendentes vêm trabalhar numa má vontade. Tá vindo trabalhar para que então?

— É só o gosto de dificultar a vida dos outros.

— A questão não são os atendentes. — Lilith acrescentou — A questão é que tem gente lerda que parece que não se toca que tem mais gente atrás e fica empacando o caixa.

Ela fez questão de dizer isso em alto e bom tom, carregando bastante na ironia e no deboche. E ela foi ouvida, porque o pessoal que estava reclamando em volta concordou. Ela só esperava que a carapuça tivesse servido, porque pelo amor.

"PRÓXIMO!", dois caixas gritaram praticamente ao mesmo tempo. 4 pessoas na sua frente. Paciência, paciência.

Veja bem, ela não via nada demais em fazer as coisas de forma mais desacelerada. Ela própria já deve ter feito raiva em muita gente na rua todas as vezes em que estava andando na rua a meio quilômetro por hora na frente de alguém, passou um tempão no caixa da loja de cosméticos porque estava procurando o cartão dentro de sua bolsa como se não existisse mais ninguém atrás de si, e entre situações. Mas ela tinha motivos. Tudo isso aconteceu nos seus primeiros dias no planeta e a adaptação e o jet lag estavam batendo de um jeito diferente. E o bendito que já ia fechar vinte minutos no caixa? Era extraterrestre também? Por que só assim para ela aceitar esse tipo de coisa.

"Ah, mas você é muito acelerada Lili" Ninha sempre dizia e ela sempre fazia questão de discordar. Ela não era acelerada, era ágil. Isso é completamente diferente. Idai que ela estava acostumada a um planeta onde o ano durava 225 dias e as coisas eram mais rápidas? Não tinha nada a ver.

Lilith olhou para a fila há sua frente mais uma vez. Quatro pessoas e nenhuma prioridade. Estava quase, é só ter paciência.

— Como é que possível a pessoa passar vinte minutos no caixa? — A mesma mulher revoltada atrás dela perguntou bem baixinho. Veja bem, ela só consegue reclamar, brigar já é outra coisa.

— Isso aí é a pessoa ser desocupada. — Lilith falou, ainda mantendo a voz alta — Não tem nada para fazer, não tem nenhuma obrigação, uma preocupação na vida e acha que os outros são desocupados iguais a ela.

— É isso mesmo viu filha. — A mulher na sua frente entrou na conversa — Olhe, tem mais de uma hora que eu tô nessa fila. Toda hora chega uma prioridade furando fila. Esses véio fica o tempo todo ali na praça jogando dominó, toca um samba eles são os primeiros a entrar na roda, aí chega na fila e já começa a dor na coluna, a dor nas costas, a dor nas pernas para dizer que é prioridade.

— A gente é prioridade por que tá mais perto de morrer. — Disse um idoso que estava mais lá na atrás.

"PRÓXIMO!"

— A prioridade agora é quem já tá a mais de uma hora na fila, meu senhor! — O homem que estava mais atrás ainda respondeu.

Está aí outra coisa que Lilith já havia percebido.

Todos os dias ela passava pela praça de manhã cedo para ir para o trabalho e já havia um grupo de idosos sentados em volta de uma mesa improvisada batendo violentamente as peças sobre o tampo de madeira. E, é claro, estavam sentados com a postura de centavos. E vez ou outra, na rua próxima ao seu antigo prédio, acontecia o que ela descobriu se chamar "forró" e "samba" e outros festejos que faziam as pessoas se movimentarem, e adivinha que estava lá no meio metendo dança mais que todo mundo? Exatamente, aqueles mesmo senhores de idade que estavam jogando dominó na praça.

E depois, quando ela estava no supermercado ou em algum outro lugar onde fosse necessário pegar fila, lá estavam os mesmos senhores passando na frente de todo mundo alegando estar sentindo um monte de coisas diferentes.

"Fascinante."

"PRÓXIMO!"

Duas pessoas. Só mais duas pessoas.

— Eu só acho engraçado — a mulher que estava atrás da venusiana falou — que toda vez que eu tenho que pagar uma conta eu chego no caixa, faço o que eu tenho que fazer e vou embora. Eu não levo nem cinco minutos no caixa.

— Acontece que tem gente que sente prazer em dificultar a vida dos outros. — Lilith falou mais uma vez.

Normalmente, Lilith não era a pessoa que ficava alfinetando os outros. Pelo menos não abertamente, porque Ninha e Gabi bem sabem que ela não sabe segurar a língua. Mas naquele momento em específico estava sem condições. Ela explodiria se não externalizasse. Mais uma vez, sem exagero. Ela já viu uma galera explodir de estresse em seu planeta e ela não confiava que a medicina terrestre daria conta de reconstruí-la direitinho como poderia ocorrer em Vênus. Não que um venusiano sentindo estresse fosse algo recorrente. Era um grupo bem seleto de situações que fazia um venusiano se estressar, tipo o transporte atrasar um minuto a mais.

É por isso que ela gostou da Terra. Em seu planeta natal tudo era tão perfeito que quando algo pequena saia minimamente dos trilhos eles explodiam. Aqui é tão recorrente as coisas saírem dos trilhos que ela até se surpreendia quando algo dava certo.

"PRÓXIMO!"

Só mais uma pessoa. Até que enfim.

Uma linha de investigação começou para tentar descobrir o que o ser humano que estava empacado no caixa estava fazendo ao redor da alien. A essa altura até ela estava curiosa. Pagar conta nenhuma levava aquele tempo.

A mulher que estava atrás dela perguntou, gesticulando, para Lilith e a outra mulher que estava na sua frente se elas sabiam o que eles estavam fazendo. Lilith se contorceu o quanto podia para tentar ver se enxergava o motivo da pessoa estar demorando tanto, mas ela não conseguia ver ao certo. As pessoas que estavam atrás deles também tentavam ver, mas ninguém conseguia ver nada.

"PRÓXIMO!"

A mulher que estava na frente foi em direção ao caixa e Lilith utilizou de todo seu autocontrole para não dar pulinhos de alegria. Ela era a próxima. Era só pagar a conta e estaria livre para ir embora.

— Eu já tô é quase para desistir! — disse o homem que estava mais atrás.

— Eu é que não vou desistir agora mais. Já tô aqui mesmo, já perdi tempo. Tem que fazer valer.

— Eu vou é marcar bem a cara dele. Se da próxima vez que eu vier aqui ele estiver na minha frente eu vou embora e volto uma hora depois. — Lilith tomou a fala — Se ele estiver atrás de mim eu faço questão de passar uma hora no caixa também. E eu quero que ele fale alguma coisa.

"PRÓXIMO!"

Surpreendentemente, o caixa que estava empacado foi liberado.

— Finalmente! — Lilith foi a primeira a falar.

— Até que enfim!

— Pensei que ia dormir aí!

— Quer passar mais uma hora aí não? Tô achando que foi pouco!

A moça do caixa chamou o próximo cliente, mas vocês acham que o dito cujo liberou o caixa? Pelo contrário. Ele ficou parado mexendo no celular ao invés de pegar o bendito troco e ir embora. Essa falta de noção Lilith não engoliu.

Imediatamente ela foi até o caixa e se posicionou ao lado do cara, empurrando-o levemente para o lado com o quadril.

— Que isso? Olha eu aqui dona!

Em toda sua plenitude, Lilith passou seu boleto para a caixa e começou a mexer na sua bolsa atrás do seu cartão.

— Desculpa. É que, dá mesma forma que você parece não ter visto que tinha pessoas atrás de você na fila, eu também não vi você aí.

— Eu tô terminando um negócio aqui.

— A moça do caixa chamou o próximo cliente, ou seja, você está liberado. E, seja lá o que você tenha que terminar, com certeza pode fazer isso lá fora. Até porque, você já segurou o caixa por tempo demais. Então dá licença por favor.

— Que falta de educação. Não tá vendo que eu tô ocupado?

— Ocupado só se for segurando a fila. Ninguém é desocupado igual a você para ficar perdendo tempo aqui não meu amigo. Já fez o que tinha que fazer, agora dá licença.

— Nossa, que grosseria! Só podia ser o povo desse bairro mesmo. Ninguém respeita ninguém.

— Respeito é via de mão dupla. Se você tivesse um pingo de consideração, não ficava aqui empatando todo mundo.

— Vai embora logo irmão, tu já resolveu o que tinha que resolver. — Uma pessoa da fila falou.

— Que povo estressado viu. — Disse o empaca-fila saindo do estabelecimento.

— Estressado por culpa de gente folgada igual a você otário! — Lilith fez questão de dizer o "otário" é alto e bom som.  











— É sério que você arranjou briga na lotérica? — Ninha perguntou.

Depois de todo aquele estresse, a venusiana se viu livre daquele estabelecimento. Ela fez uma nota mental de imprimir os boletos com antecedência para passar na lotérica quando não houvesse ninguém, porque depois daquela....

Como é possível? A pessoa passou uma hora no caixa e quando foi liberado ainda ficou lá, e ainda achava que tinha moral o suficiente para falar alguma coisa? Pelo amor. Ela já encontrou vários humanos nesses meses na Terra, muitos bem legais. Mas sempre havia aquele tipo desagradável. Pelo menos ela teve a glória de sair da lotérica com a fama de justiceira da fila. Ela não era o herói que as pessoas da fila queriam, mas era o que eles tinham.

Era nesses momentos de pegar fila que ela sentia falta da organização de Vênus. Lá a fila era definida de acordo com a posição em que a estrela de cada um estava no céu. Era uma forma idiota e bem sacana de decidir a ordem de atendimento, mas ela que não reclamava, afinal estava quase sempre em primeiro. Depois ela descobriu que os humanos decidem muitas coisas se baseando em posições de estrela e de planetas, mas deixemos isso para outra hora.

— Eu não arranjei briga, só tratei uma pessoa sem noção do jeito que deve ser tratada.

Mentir ela não mentiu.

Depois que saiu da lotérica ela passou no mercado para comprar uns itens de limpeza e umas besteiras para comer, e no caminho para seu prédio parou para comprar um despertador em forma de sapinho. Ela não gostava de despertador e preferia utilizar o do celular porque vibrava ao invés de fazer barulho, mas ela achou bonitinho então por que não?

Só aí ela voltou para o seu apartamento. Não antes de parar para fofocar com Seu João, o porteiro do prédio, sobre aquela especulação que estava rolando acerca da vizinha do segundo andar.

— Quer dizer que ela tá grávida mesmo?

— Tá, e não é de agora não viu. — Seu João contava enquanto ajudava a venusiana a carregar as compras — Ela disse naquele dia que era de três meses, não é?

— Isso.

— Mentira dela. A moça que faz faxina lá me disse hoje. Já vai fazer uns cinco meses que ela tá de barriga.

— Então a criança não é do carinha que ela tá agora, é do outro.

— Apois.

Eu sei, eu sei, ela tinha uma questão com gente fofoqueira. Mas ela não é fofoqueira, você que é.

— Eu acho que eu sei quem é esse cara que você tá falando. Uma vez ele tava no caixa 24 horas que tem no mercado. — Gabi colocou o seu copo de milkshake de volta na mesa — Eu entrei no mercado e ele estava lá. Eu fiz as compras, rodei aquele mercado inteiro, parei para lanchar, peguei uma fila, saí, e ele ainda estava lá.

— Eu tenho certeza de que ele faz isso de sacanagem. — Lilith emendou — Eu fiquei um tempão falando bem alto para ver se ele se tocava, mas ele não estava nem aí.

— Vocês são muito estressadas.

— Não é questão de estresse. — Lilith se defendeu — É questão de que a pessoa só pode estar tirando onda com a cara de todo mundo.

— Pois eu sou estressada mesmo, não sou otária para ficar aguentando esse tipo de coisa.

Pelo menos o resto do dia foi melhor que o início. Lilith deixou sua casa bem cheirosa com o cheirinho novo que havia comprado, estava tudo arrumado do jeito que ela gostava, o olho da sua testa não coçou nenhuma vez, seu cabelo não embaraçou quando tirou da lace, tudo dentro dos conformes.

E para fechar o dia bem, Ninha chamou o grupo para fazer a noite das garotas em uma lanchonete natureba que havia aberto recentemente. Dado o histórico das lanchonetes naturebas que a amiga costumava indicar, ela ficou com um pé, quase dois, atrás relacionados ao rolê. Nada tinha gosto nas outras lanchonetes, lembrando muito a comida de seu planeta natal, mas dessa vez até que foi diferente. Tinha até milkshake vegano e era muito bom.

— Afinal, você conseguiu pagar sua conta? — Gabi perguntou.

— Não, a mulher disse que só pagava pela internet. 

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