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《 3 | Turbulência 》

OIÊ, MINHA GENTE!

Sumi, mas tô viva, e quem é viva sempre aparece, por isso voltei para mais um capítulo! O de hoje tem umas 7K palavras e vai apresentar um pouco mais a dinâmica dos Jikook de Dionysus, além de plantar algumas pulgas atrás da orelha de vocês sobre certos eventos envolvendo o Jungkook, hehe.

Por favor, deixe o seu ⭐VOTO⭐ e acesse a playlist de Dionysus para mergulhar na atmosfera da fic (a playlist se encontra no mural do meu perfil K_M_R_Leda )!

↪ Use a tag: #VinhoAzul e tenha uma BOA LEITURAAA

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《 3 | Turbulência 》

Ele segurou o meu pulso e me puxou para trás de uma pilastra de ferro e concreto. Sua respiração me cobriu, acelerada e quente. Seus olhos injetados, pretos de um jeito que lembrava um mar escuro, varreu-me de cima a baixo como se para procurar algum machucado. Nestes entrementes, eu fiquei parado diante de seu corpo, completamente atordoado com o que tinha acabado de acontecer.

Outro som estranho soou, e a turbulência dessa vez causou falhas no sistema elétrico, que resultou em luzes piscando e no alarme de incêndio sendo acionado.

De repente, uma chuva caiu dos chuveiros anti-incêndio espalhados pelo teto, e gritos assustados ecoaram ao longe. Eram meus colegas de turma e meus professores, talvez também os funcionários do edifício. Um som de correria se propagou, indicando que aquelas pessoas estavam se distanciando daquela área. Em meio a tanto barulho, alguém chamava o meu nome, talvez fosse um professor ou Taehyung...

Taehyung!

Num impulso inconsciente, dei um passo à frente, na direção do chamado, sem pensar direito no fato de que eu estava saindo da segurança da pilastra.

Jeon Jungkook colocou a mão no meu peito e me trouxe de volta à parede de concreto sem hesitar.

ㅡ Você enlouqueceu?! ㅡ ele ralhou, cerrando os dentes. ㅡ O que pensa que está fazendo?!

ㅡ Meu amigo... Preciso encontrar o meu a-amigo! ㅡ Minha voz quase falhou por conta do nervosismo. ㅡ Eu não sei se ele correu para fora daqui com os outros. Não sei se está tudo bem.

ㅡ Você também não está na melhor das posições para se importar com mais alguém.

Seu comentário me encheu de raiva.

ㅡ Você não entende! Ele pode estar tendo uma crise com todo esse caos! Ele pode estar paralisado no meio desses expositores, com risco de ficar na mira daquela... Que merda é aquela coisa robótica, afinal de contas!? Ela tentou me matar!

Com o cérebro dando voltas e minha pulsação acelerada pela adrenalina, comecei a sentir um ataque de pânico crescendo nas minhas entranhas.

Antes de eu ceder a um tremor, Jeon Jungkook segurou os meus ombros com uma firmeza gentil completamente contrária ao seu ar impaciente de antes, e fixou os olhos tempestuosos nos meus.

ㅡ Calma, vai ficar tudo bem. ㅡ Ele girou o pulso, acionando seu smartwatch, e, com um clique na tela, fez uma ligação para alguém. Quando uma voz levemente familiar soou pelo alto-falante do pequeno aparelho, ele disse rapidamente: ㅡ Jin, verifica as câmeras do setor de exposições e procura por algum garoto da excursão que esteja perdido.

O Hoseok já resolveu isso ㅡ respondeu Jin, sua fala quase sendo abafada pelo barulho da chuva do sistema anti-incêndio que caía sobre nós.

ㅡ O quê?

Hoseok estava aí por perto e encontrou um estudante que tinha se separado dos outros. Pelas câmeras, vejo que todo mundo já está correndo em direção à saída. Você e o seu amiguinho são os últimos malucos que ainda estão parados no meio da bagunça. ㅡ Tive a impressão de que Jin soltou um riso sarcástico no fim, como se achasse aquela situação divertida.

Por acaso eu era o único pirando com todo aquele caos?

ㅡ Ótimo. Tira todo mundo do prédio ㅡ disse o herdeiro chaebol, num tom imperativo, e desligou a chamada em seguida.

Não passou um segundo antes de ele segurar o meu pulso e me arrastar para um canto mais distante, onde os sons metálicos da criatura robótica não chegavam. Vi de relance a besta assassina atravessando um corredor entre duas fileiras, buscando algo com seus olhos esbugalhados e vermelhos neon. Parecia um zumbi de ferro e matéria orgânica, até seu andar era aterrorizante e nada humano.

ㅡ Não olha. ㅡ Jungkook puxou o meu rosto para que eu o encarasse.

ㅡ Que diabos é aquilo? ㅡ ralhei, impaciente e surtando por dentro. Eu me sentia num filme apocalíptico.

ㅡ É uma máquina perigosa que não deveria estar aqui. Foi um erro muito grande... ㅡ Ele murmurou com a face tensa.

ㅡ Uma máquina? Um erro? É como um robô assassino? Aigoo! Construir esse tipo de coisa não deveria ser crime na Coréia do Sul? Quero dizer, eu nem sabia que algo assim existia! ㅡ Puxei meus cabelos para trás e respirei com dificuldade. ㅡ E por que aquilo disse o meu nome e falou aquelas coisas estranhas? Eu sou alvo dele, é isso?

Não vi o semblante de Jungkook nesse momento, porque comecei a limpar o rosto cheio de água, mas senti seu tom de voz mudar e se tornar um pouco sinistro.

ㅡ Não tem alvo nenhum aqui. Foi um defeito de fabricação, um erro que ocorreu na hora de processar informações. Agora, Park Jimin, escute-me... ㅡ Ele já não encarava mais. ㅡ Eu vou lidar com aquilo. Assim que escutar um estrondo alto, você corre em direção à saída de emergência, entendeu?

ㅡ Espera aí, mas lidar com aquilo sozinho...

Entendeu!? ㅡ Ele contraiu a mandíbula, impaciente. ㅡ Corra e não olhe para trás. Só saia daqui e vá embora.

Eu balancei a cabeça, confirmando que tinha entendido. Com isso, Jungkook se afastou e fez uma rápida varredura visual pelos arredores. Em seguida, andou até um expositor e, com um chute violento, quebrou a vidraça de proteção para tirar lá de dentro o protótipo de um braço mecânico.

Segurando aquilo como se fosse um taco de baseball, ele se afastou, indo em direção ao local onde tínhamos visto a mulher-robô-assassina pela última vez.

Fiquei parado, praticamente grudado à parede de concreto, enquanto aguardava pelo tal estrondo e pensava no quão maluco Jeon Jungkook era. Na verdade, toda aquela situação não passava de um evento absolutamente bizarro.

Alguns minutos mais tarde, um som perturbador e metálico ecoou. Era o meu sinal para correr.

Meu corpo se moveu no automático, sendo guiado por algum instinto de sobrevivência que residia em mim debaixo de algumas camadas de nervosismo e medo. Mas um tanto maior que o meu medo era a minha curiosidade em saber o que estava acontecendo com o herdeiro milionário esquisito, porque, afinal, ele tinha salvado a minha vida sete dias atrás. Então, um pouco antes de eu chegar à saída de emergência, hesitei alguns passos e olhei para trás.

Nisso, tive o vislumbre de algo se aproximando rapidamente, numa correria descoordenada que, num primeiro instante, aterrorizou-me. A água que caía do teto tinha deixado a minha visão embaçada e diminuído o meu alcance visual, por isso, só notei um pouco tarde que a figura que vinha em minha direção era uma menina chamada Hyun Seunghee, da minha turma do colégio. Ela chorava e estava apavorada, então, quando me viu, se agarrou em mim.

ㅡ E-eu estava no banheiro, aí comecei a escutar muitos barulhos e os alarmes de incêndio, então saí e tentei vir para cá... O-onde está todo mundo? O que está acontecendo? ㅡ disse, estremecendo.

Eu também me tremia.

ㅡ Você viu alguém lá? Ou talvez enquanto corria até aqui?

Essa pergunta pareceu ter deixado Seunghee ainda mais desesperada.

ㅡ Vi um garoto caído no chão. Parei para ajudá-lo, mas ele gritou para que eu saísse correndo o mais rápido possível ㅡ ela respondeu.

Engoli em seco.

"Ah, merda", pensei.

Eu estava apavorado, mas deixar Jeon Jungkook assim... Oras, eu tinha uma dívida imensa com ele ㅡ que se somava a 98 milhões de won de uma moto destruída ㅡ pesando na minha consciência. Voltar para procurá-lo seria o mínimo que eu deveria fazer.

ㅡ Olha, a saída de emergência fica na direção daquela luz verde. Você pode ir sozinha? ㅡ Apontei para os fundos da instalação, onde havia uma placa verde-neon piscando.

ㅡ Ce-certo. Obrigada!

Ela desgrudou o corpo de mim e se virou para correr. No entanto, nesse momento, outro estrondo reverberou no ar ao nosso redor, agora bastante agudo em bem alto, como se algo tivesse sido arremessado e arrastado pelo piso. De repente, uma fileira inteira de expositores começou a ser empurrada, e alguns deles receberam o impacto com tanta violência que caíram.

Sem pensar muito, entrei na frente de um quando vi que ia acertar Seunghee. Isso evitou que a cabeça da minha colega de sala sofresse uma pancada grave, mas o peso da vidraça e do ferro pressionou as minhas costas dolorosamente.

Seunghee me encarou, atônita, enquanto eu ainda mantinha o expositor semi-apoiado em mim.

ㅡ Vai! Saia logo! ㅡ gritei, cerrando os dentes. Os meus músculos estavam pedindo socorro.

Ainda em choque, a garota me obedeceu e correu para longe.

Sozinho, eu coloquei força nas minhas pernas para conseguir devolver o expositor à posição de antes. Quando consegui, escorreguei até o chão e me encolhi, cheio de dor e com um tornozelo machucado. O frio da água em meu uniforme não ajudou em nada.

ㅡ Merda... ㅡ balbuciei, tentando respirar fundo. ㅡ Bancar o super-herói não é pra mim.

Tentei mover os braços, mas senti um beliscão nos músculos.

Nesse momento, outro estrondo reverberou. Não sei se foi por causa da acústica cheia de ecos daquele espaço imenso, somado ao insistente e irritante som da água caindo do teto, mas o barulho que eclodiu dessa vez agiu como um soco no meu cérebro e embaralhou a minha visão.

Por um segundo, no lugar de expositores retangulares de metal, eu vi prédios altos e luzes piscando. Vi uma avenida brilhante e carros trafegando por cima dela como se flutuassem. Vi pessoas. Pessoas estranhas vestindo roupas ainda mais estranhas, e tive o vislumbre de uma sombra humanoide que carregava olhos azuis. Azuis incandescentes, duas esferas em chamas vindas diretamente de um inferno índigo.

Eu pisquei, e todo esse delírio havia sumido, mas a sensação esquisita ainda permaneceu dentro de mim por mais uns minutos enquanto fiquei parado naquele chão molhado, sem saber como me mexer com tantas dores musculares e tendo certeza de que todo aquele caos estava afetando algum ponto do meu cérebro que já não andava tão saudável assim.

"Não vou conseguir fazer nada neste estado. Tenho que sair daqui e chamar ajuda para Jeon Jungkook", foi a primeira coisa que pensei quando recuperei a consciência plena.

Fiz força para levantar enquanto cerrava os dentes por conta da dor. Assim que fiquei em pé, saí mancando o mais rápido que consegui. O piso úmido e escorregadio foi o meu maior inimigo, ele me atrasou e quase me fez cair algumas vezes, mas continuei em frente mantendo em mente o fato de que aquele motoqueiro maluco precisava ser salvo.

Mas aí, alguma coisa aconteceu. Alguma coisa grande e explosiva preencheu os fundos da área de exposição, levantando fumaça e poeira para todo o canto. O estrondo não foi violento, mas foi forte o bastante para balançar a atmosfera e tirar o meu equilíbrio, levando-me novamente ao chão.

Quando me virei na direção da eclosão, tudo era água, breu e nuvem poeirenta. Eu engoli em seco, porque imediatamente pensei que já era para Jeon Jungkook, que havia ocorrido uma tragédia absurda e terrível com ele.

No entanto, um minuto depois, a fumaça moldou uma figura humana que caminhava em minha direção. Lá estava ele, praticamente intacto, com algumas manchas de sangue pelo rosto, mas sem feridas à mostra. Seus cabelos estavam úmidos e puxados para trás com alguns fios caindo por cima da face séria, e suas roupas bonitas e escuras jaziam coladas ao corpo, imersas em água e carregando alguns rasgos.

Jeon Jungkook olhou para mim como se já esperasse que eu estivesse ali, pois não parecia surpreso. No entanto, havia uma irritação girando ao redor de seu semblante.

Ele parou diante do meu corpo caído e se agachou.

ㅡ Por que está mancando? ㅡ perguntou, fazendo uma varredura ocular em minhas pernas.

Olhei para ele com um questionamento no rosto. Ele havia me visto antes?

Notando minha curiosidade, Jungkook murmurou:

ㅡ Pedi para que Jin verificasse mais uma vez se ainda havia alguém nesta área, então ele te viu e me disse que você está mancando.

ㅡ Ah... Sim, um pouco. Está tudo bem. O que foi que aconteceu?

Ele ignorou minha pergunta, ainda estava muito concentrado na questão anterior.

ㅡ Você tropeçou em algum momento?

ㅡ Não. É que ainda havia uma aluna da minha turma aqui, e agora há pouco ela quase foi atingida por um expositor durante uns estrondos... Aliás, o que estava acontecendo para ter tanto barulho?

ㅡ Você entrou na frente do expositor por essa aluna? ㅡ Uma sobrancelha de Jungkook se arqueou.

ㅡ Sim, porque poderia ter sido pior... ㅡ Aquele interrogatório estava me irritando. ㅡ Será que dá para você me dizer o que diabos aconteceu aqui e parar de desviar o assunto?!

Ele comprimiu os lábios e franziu o cenho. Seus olhos encararam as minhas mãos que estavam vermelhas e um pouco inchadas por terem empurrado o expositor pesado.

ㅡ Aquela máquina é assunto meu que não deveria ter sido... alocado para cá. Os sons que você ouviu foram tentativas minhas de, hm, desligá-la. Mas não funcionou, então precisei recorrer a algo um pouco mais radical para destruí-la ㅡ ele disse, deixando óbvio que não queria se aprofundar muito em sua explicação.

ㅡ Assunto seu? ㅡ Soltei uma risada seca, nada crédula. ㅡ Aquilo era uma arma ambulante! E o que foi que aconteceu? O que é toda essa fumaça?

ㅡ Eu explodi aquilo...

ㅡ Você explodiu aquele negócio dentro de um prédio?! Tem noção de que há centenas de trabalhadores ㅡ como a minha irmã ㅡ aqui, neste momento? E meus colegas de sala estão lá fora, sem saber o que fazer! Você e seu brinquedo colocaram todo mundo em risco.

ㅡ Jimin...

PARK Jimin ㅡ corrigi, ácido. ㅡ Eu não te conheço para você falar tão intimamente comigo.

Ele travou. Seus olhos se arregalaram de um jeito que me fez sentir como se eu tivesse lhe dado um tapa na cara.

Respirei fundo e fiz força para ficar em pé. A dor nas minhas costas latejou, então acabei soltando um resmungo sofrido.

ㅡ Park Jimin... ㅡ Jungkook agora soava um pouco distante. ㅡ Deixe-me levá-lo a um hospital.

ㅡ Não, obrigado. Eu tenho que ir... ㅡ "Tenho que procurar a minha irmã e Taehyung".

Saí mancando apressadamente até a saída de emergência, esperando encontrar o meu grupo da excursão lá fora. Quando o Sol do exterior tocou o meu rosto, deparei-me com uma rua praticamente lotada de pessoas, em sua maioria funcionários do edifício, junto aos alunos e professores da minha escola.

Para a minha surpresa, a primeira pessoa que eu avistei foi Park Mina, minha noona. Ela estava parada conversando com um dos meus professores, até que me viu e sorriu para mim com uma calma que estranhei.

Foi só nesse momento que reparei que ninguém estava alarmado, como se aquele dia fosse um dia como qualquer outro.

ㅡ Jimin!

ㅡ O-oi! ㅡ Suspirei aliviado ao vê-la. ㅡ Você viu o Taehyung?

ㅡ Ele foi para casa, pois estava muito desconfortável com toda essa multidão. Seu professor o deixou ir porque sabe que isso é melhor para ele do que permanecer no meio desta loucura.

Eu balancei a cabeça, processando suas palavras. Pelo menos Jeon Jungkook não havia me enganado sobre o meu melhor amigo estar são e salvo.

ㅡ Ah, pitico, por que se separou do seu grupo de excursão? ㅡ perguntou Mina, me olhando com preocupação.

ㅡ An?

Aigoo, você está ensopado. ㅡ Mina riu, balançando a cabeça, e me cobriu com o seu casaco. ㅡ Eu quis entrar na área de expositores para te procurar, mas me instruíram para esperar aqui por conta dos procedimentos. Você se assustou, não foi?

Eu a encarei atônito porque ela tinha acabado de proferir uma das frases mais sem sentido que já escutei na vida.

ㅡ Como assim? Do que você está falando? Por que ninguém aqui está ligando para a polícia?! ㅡ exclamei, exasperado, e olhei ao redor. As pessoas começaram a me encarar por causa do meu tom de voz.

ㅡ Polícia? Espera, Jimin, acho que você não entendeu o que aconteceu. Uma simulação de incêndio havia sido marcada para hoje, mas foi de última hora, então ninguém estava preparado e todos nós fomos pegos de surpresa ㅡ explicou ela, tentando me acalmar enquanto acariciava o meu ombro.

ㅡ Simulação... de incêndio? ㅡ Eu pisquei, em choque.

ㅡ Sim. Tivemos que sair imediatamente do prédio. Foi tudo tão rápido que nem consegui te mandar mensagem.

ㅡ Ma-mas... Não! Não foi simulação! ㅡ Segurei os pulsos dela e os chacoalhei. ㅡ Noona, tinha uma coisa lá! Uma mulher robótica com umas armas no braço, ela me atacou e aí o sistema anti-incêndio foi acionado!

Mina piscou e franziu o cenho, seu semblante sendo tomado pela confusão.

À distância, escutei risadinhas familiares. Quando me virei, vi que era Yoon Sieon e outros colegas de turma que adoravam infernizar a minha vida. Eles estavam debochando de mim, exprimindo o que várias pessoas ao meu redor pensavam naquele momento: Park Jimin tinha pirado e estava alucinando como um maluco.

Foi só nesse momento que eu me dei conta de que ninguém, além de mim e de Jeon Jungkook, havia visto aquela criatura de metal. Isso me colocou numa situação muito difícil.

Mas aí me lembrei de Seunghee, a garota que encontrei dentro da área de expositores. Ela não tinha visto a mulher robótica, mas havia escutado os estrondos e foi testemunha da queda violenta dos expositores, então seria meu álibi perfeito. Por isso, busquei seu rosto na multidão, mas, depois de verificar toda a multidão, não a encontrei de forma alguma.

ㅡ Onde está a Hyun Seunghee? ㅡ perguntei a ninguém específico.

ㅡ Por que você quer saber dela? ㅡ Sieon fechou a cara para mim e se aproximou cruzando os braços.

Eu não queria briga com ele naquele momento, muito menos diante da minha irmã, então me retraí e contive o meu tom de voz.

ㅡ Eu a encontrei lá dentro, então ela vai poder provar que não estou inventando coisas...

ㅡ Inventando sobre ter visto um robô assassino? ㅡ Sieon debochou, o que provocou uma onda de risadinhas de outros alunos. ㅡ A Seunghee já foi embora. Ela estava se sentindo mal. Você provavelmente a assustou com essas maluquices.

Fechei as mãos em punhos. Uma náusea me atravessou, pois todos os olhares virados para mim naquele momento, com exceção do da minha irmã, eram de julgamento.

ㅡ Ah, senhor Jeon, o senhor estava aqui? ㅡ disse um funcionário da empresa.

De repente, as atenções se voltaram para aquela direção, pois Jeon Jungkook havia nos dado a graça de sua presença. Murmúrios admirados ressoaram, alguns mais agitados vindos das minhas colegas de classe que imediatamente começaram a comentar sobre o quão bonito era o tal herdeiro das Indústrias Jeon.

ㅡ Sinto muito pelo que houve aqui... ㅡ disse ele, todo educado. Agora os murmúrios comentavam sobre o quão agradável era a sua voz.

ㅡ Fomos surpreendidos, senhor. Mas até que circunstâncias como essas são boas para ficarmos preparados de verdade no caso de um evento ruim ㅡ disse outro funcionário. Seus colegas de trabalho concordaram, imitando o ar bajulatório.

Jeon Jungkook olhou para eles e então me encarou de soslaio por um longo segundo, antes de desviar o olhar e fechar a cara.

ㅡ Essa simulação de incêndio também me pegou desprevenido, porque eu estava aqui para estudar sobre a rotina na empresa... Peço desculpas aos estudantes que tiveram a excursão interrompida. Vamos indenizá-los de alguma forma... ㅡ disse.

ㅡ Simulação de incêndio?! Você não pode estar falando sério! ㅡ exclamei num impulso desenfreado e colérico.

ㅡ Jimin? ㅡ Minha irmã empalideceu.

Talvez eu realmente estivesse um pouco maluco, porque, naquele instante, ignorei todas e quaisquer possíveis consequências, e aproximei-me de Jeon Jungkook como se prestes a entrar numa briga com ele.

ㅡ Diga a todos que o que aconteceu lá dentro não foi uma simulação de incêndio. Havia um robô humanoide e ele me atacou com armas de verdade!

Jungkook ficou me encarando sem dizer nada, enquanto que os demais se seguravam para não rir da minha cara.

Eu insisti, mesmo sabendo que, àquela altura, ninguém me levava mais a sério, porque algo dentro de mim se recusava a aceitar que eu tinha enlouquecido e alucinado.

Eu não tinha alucinado.

ㅡ O barulho... Impossível ninguém ter escutado. O som da explosão e de todo o restoㅡ

Jungkook me interrompeu com um tom de voz frio:

ㅡ Houve um problema com os cabos de energia na área de expositores por causa de uma interferência do sistema anti-incêndio, e o edifício está passando por reformas na parte interna da estrutura. Creio que há um mal entendido aqui... ㅡ Seus olhos negros me encararam com uma indiferença cínica que me deixou atordoado.

Dei um passo para trás, balançando a cabeça em negação. Aquilo não podia estar acontecendo... Era a minha palavra contra a dele, então ela não servia de nada.

ㅡ Jimin... ㅡ Mina se aproximou, olhando para mim com uma preocupação que fez eu me sentir um idiota completo. Fiz um show e, no fim, saí como mentiroso lunático. Só a envergonhei. Quase não reagi à dor quando ela tocou nas minhas costas, porque, naquele momento, eu só queria sumir.

ㅡ Você deve ser a irmã dele, senhorita Park ㅡ falou Jungkook, seu tom de voz agora sem a frieza de antes.

"Ele sabe que Mina é minha irmã...", refleti, empalidecendo.

Nesse momento, tudo se apagou na minha cabeça e só surgiu uma preocupação: O estágio da minha noona em risco. Merda.

ㅡ Sou, senhor Jeon ㅡ respondeu Mina.

"Garota, era para você ter fingido que não!".

ㅡ Seu irmão se machucou lá dentro por conta do piso molhado. Eu gostaria de levá-lo a um hospital para compensar todo esse... inconveniente.

ㅡ Ele se machucou? ㅡ Mina ficou um pouco alarmada e se dirigiu a mim: ㅡ Jimin, é verdade?

Eu só me retraí em silêncio. Não queria falar nem olhar para ninguém, pois as coisas estavam desmoronando dentro de mim.

Nestes entrementes, alguém comentou baixinho que era por isso que eu estava agindo daquela forma. Porque bati a cabeça forte demais.

ㅡ Eu não fazia ideia... ㅡ Mina murmurou, buscando o meu olhar. ㅡ Jimin, você quer ir ao hospital com ele?

ㅡ Não seria a primeira vez. ㅡ Jungkook me encarou por cima. Nunca a altura de alguém me irritou tanto.

ㅡ É... Não seria. ㅡ Eu estreitei os olhos. ㅡ Vou com ele. Obrigado pela, hm, preocupação, senhor Jeon. ㅡ Reprimi um tom de escárnio.

Notei sua mandíbula sendo flexionada, antes de ele murmurar um "Vamos" e sair andando na direção do estacionamento do edifício.

Nessa hora, minha irmã me dirigiu a palavra:

ㅡ Não sei se o gerente vai me liberar do expediente, mas posso tentar sair para te acompanhar e...

ㅡ Não precisa se preocupar. Vou sozinho com aquele senhor Jeon ㅡ respondi rapidamente, devolvendo a ela seu casaco.

ㅡ Jimin, as coisas que acabou de relatar... Estou preocupada.

ㅡ Preocupada com a possibilidade de eu ter pirado de vez?

Acabei soando desnecessariamente ignorante com ela. Imediatamente me arrependi por ter feito isso.

ㅡ ... Desculpa. Está tudo bem, já te causei problemas demais por hoje. Eu só preciso... reorganizar a cabeça, ver um médico, não é? ㅡ Forcei um sorriso. ㅡ Vou aproveitar que quem vai custear os meus exames é aquele mauricinho irritante.

Mina abriu a boca para falar algo, mas eu me afastei rapidamente, despedindo-me dela com um aceno, e saí andando até o estacionamento fazendo o possível para não mancar de novo, porque agora todos os olhos me encaravam como se eu fosse um garoto esquisito.

Talvez eu fosse mesmo, mas não pelos motivos que eles achavam.

Reencontrei Jeon Jungkook já na saída do estacionamento, encostado em uma moto novinha em folha, segurando um capacete todo preto e lustrado que me trouxe memórias do dia do acidente.

Seu olhar me acompanhou enquanto eu me aproximava.

ㅡ Moto nova? ㅡ perguntei secamente.

ㅡ ... Sim.

Contive uma risada de escárnio. Não era à toa que Jungkook nem havia se importado com a anterior ter virado lata velha no acidente. Aparentemente, ele tinha dinheiro o bastante para comprar uma máquina luxuosa daquelas quantas vezes quisesse.

O silêncio pairou entre nós antes que ele tomasse a palavra:

ㅡ Vamos de moto. Poderíamos pegar um automóvel emprestado da empresa, mas aí teríamos que dividir o espaço com um motorista... E eu imagino que você queira conversar comigo a sós.

ㅡ Quero, porque, provavelmente, essa é a única forma de você me dizer a verdade. ㅡ Contraí o rosto numa careta. ㅡ Acabou de me transformar num lunático na frente de todas aquelas pessoas. Dos funcionários da empresa, dos meus colegas de escola e da minha irmã.

Jungkook desviou o olhar rapidamente. Seu semblante se tornou uma incógnita para mim.

ㅡ Podemos discutir sobre isso depois que eu levá-lo a um hospital? ㅡ Sua pergunta me soou um pouco urgente. Talvez ele estivesse preocupado com a possibilidade de a minha condição piorar e isso manchar a imagem do edifício J.Suro.

ㅡ Não. Eu quero saber por que você mentiu sobre aquela coisa robótica? É alguma máquina que não deveria vir à público?

ㅡ Mais ou menos. Como falei antes, foi um erro. E esse erro não vai mais existir.

ㅡ Por quê? Por que explodiu o último protótipo? Aliás, ainda não acredito que provocou uma explosão dentro de um edifício cheio de pessoas...

ㅡ Não havia tempo, aquela coisa poderia... ㅡ Ele hesitou e sua face empalideceu. ㅡ De qualquer maneira, não foi uma explosão forte o bastante para afetar a estrutura do prédio, e Jin fez com que todos saíssem. Ele estava monitorando as pessoas...

ㅡ Parece que ele se esqueceu de um. ㅡ Apontei para mim. ㅡ Eu ainda estava lá dentro.

Jungkook franziu o cenho e deu um passo na minha direção.

ㅡ Mas não deveria estar ㅡ ralhou entredentes. ㅡ Jin me contou que você estava correndo para a saída quando decidiu dar meia-volta. O que te fez parar? Por acaso decidiu ficar para salvar a colega de sala sobre a qual me falou? ㅡ Os lábios dele se contraíram num sorriso de escárnio. ㅡ Semana passada foi um gato, agora foi uma garota. Você tem síndrome de super-herói, Park Jimin?

Cerrei os punhos, frustrado. Depois disso, fui controlado por um impulso.

ㅡ Voltei por causa de você! ㅡ exclamei, dando um passo para frente.

Acabei pisando forte com a perna machucada. A dor fervilhou por todo o meu corpo, mas eu me mantive firme para continuar a falar:

ㅡ Fiquei pensando naquele projeto de máquina mortífera, no barulho alto e no fato de que você tinha ficado para trás sozinho. É tão absurdo assim eu querer, sei lá, ajudar alguém que salvou a minha vida? Ou mesmo se não tivesse salvado... Ah! ㅡ Não consegui ignorar a dor na perna até o fim. Meu tornozelo nesse momento fraquejou e me levou ao chão. Como se não bastasse isso, todo o meu corpo sucumbiu ao frio por causa das roupas úmidas, o que piorou a sensação ardente dos machucados nas minhas costas.

Jeon Jungkook então se agachou diante de mim. Seus olhos negros me analisaram, cobertos por uma sombra enigmática, um semblante que não consegui interpretar direito.

Ele parecia estar com raiva.

Por que ele sempre parecia estar com raiva?

ㅡ Primeiro o hospital, depois conversamos ㅡ falou, sem dar abertura para objeções.

Após isso, ajudou-me a levantar e a subir na garupa da moto. Fiquei quieto enquanto ele ajeitava os meus pés sobre os apoios, e cuidadosamente colocava o capacete reserva na minha cabeça. Nem parecia o mesmo cara de antes...

Quando acabou, pôs o outro capacete na cabeça e montou a moto, dando partida nela logo em seguida. O acelerador rugiu alto, exibindo sua alta potência. Um instante depois, estávamos correndo pela avenida principal do bairro de Gangnam.

"Jeon Jungkook cheira a menta", esse foi o primeiro pensamento que me atravessou quando o vento das ruas de Seoul nos atingiu, arrastando o perfume irritantemente agradável do meu motorista milionário direto para as minhas narinas.

O segundo pensamento que me apareceu girou em torno do fato de que o meu corpo estava totalmente colado ao dele. Eu não queria ficar tão perto de Jungkook, mas andar de moto não chegava a ser uma atividade recorrente na minha vida. As curvas rápidas e inclinadas praticamente me obrigavam a me agarrar naquele cara e sentir cada centímetro de suas costas. O casaco molhado dele não abrandava coisa alguma, nem mesmo evitava que o seu calor chegasse em mim. E que calor! Aquele garoto por acaso era um forno ambulante? Eu me sentia abraçando alguém que havia acabado de sair de uma sauna.

ㅡ Você está com febre? ㅡ falei por cima dos sons do trânsito ao nosso redor.

ㅡ O quê? ㅡ Jungkook me encarou de soslaio, por baixo da viseira semi-aberta, tirando o olho da rua por um segundo.

ㅡ Estou perguntando se você está com febre. O seu corpo está fervendo!

ㅡ Ah... Não.

ㅡ Tem certeza? Parece febril. Deveria verificar isso lá no hospital.

ㅡ Estou normal. São as suas roupas encharcadas que estão te afetando ㅡ disse secamente.

Depois disso, ele acelerou ainda mais a moto, e eu tive a impressão de que tinha feito isso para que eu parasse de lhe dirigir a palavra. Imediatamente me arrependi de ter soado minimamente amigável segundos antes.

》🔹《

ㅡ Uma pancada nas costas e um tornozelo supostamente torcido... ㅡ disse a médica que me atendeu no hospital onde Jeon Jungkook havia me levado. Nos encontrávamos dentro de seu consultório, um ambiente bonito e cheio de requinte, bem diferente das salas dos hospitais públicos que eu estava acostumado a visitar.

Os olhos da médica passearam pelas minhas informações na tela do monitor sobre a escrivaninha, e rolaram até as nossas roupas encharcadas.

ㅡ Rapazes, hoje deve ter sido um dia bem agitado. ㅡ Ela sorriu, gentil, e se aproximou de mim. ㅡ Por favor, senhor Park Jimin, tire a parte superior do seu uniforme e erga a barra da calça para que eu possa verificar as lesões.

ㅡ Ah, claro. ㅡ Arranquei o colete e comecei a desabotoar a camisa. Quando cheguei à metade dos botões, os meus olhos encararam Jungkook de soslaio, que estava em pé e encostado à porta.

O silêncio dele quase me fez esquecer de sua presença. Agora que fui relembrado dela, passei a ficar levemente constrangido, principalmente porque o seu olhar sobre mim carregava alguma coisa... indecifrável.

Tentei ignorar isso e continuei a desabotoar a camisa. Quando acabei, a médica me ajudou a tirá-la, pois os músculos das minhas costas arderam com o movimento.

Depois que fiquei totalmente despido da cintura para cima, voltei a rolar os olhos até Jungkook com o intuito de saber se ele ainda me observava como antes.

Eu o peguei encarando o machucado nas minhas costas com um semblante sério. Saber que a sua atenção estava nos hematomas, e não exatamente no meu corpo, me deixou menos nervoso.

Ele era um idiota grosseiro, mas também era um cara, e um cara muito atraente. Eu não lido muito bem com situações onde preciso ficar despido diante de garotos, muito menos de garotos bonitos. É absolutamente constrangedor. Mas eu precisava fingir que estava tudo bem naquele momento, porque, afinal, na visão dos outros, não havia motivos para eu sentir vergonha na frente dele, então forcei um relaxamento.

No entanto, os olhos de Jungkook se desviaram dos meus machucados e começaram a vagar pelos meus ombros, pelo meu peito, e então subiram ao meu pescoço. Ruborizei instantaneamente.

Ele continuou fazendo isso até chegar ao meu rosto e fixar o olhar no meu.

Jungkook piscou, estático, sem revelar nada do que se passava em sua mente. Enquanto isso, a minha face infelizmente se transformava numa pimenta redonda.

ㅡ Eu vou esperar na poltrona lá fora ㅡ disse ele, indiferente, e saiu pela porta atrás de si.

Com a sua ausência, consegui relaxar de verdade, mas o rubor custou a sair do meu rosto.

A consulta acabou sendo rápida e atenciosa. Recebi uma receita de remédios que eu deveria usar, e um encaminhamento imediato para fazer um raio-x. No final da tarde, depois de obter os resultados do exame, caminhei até a sala de espera onde encontrei apenas uma poltrona ocupada.

Jeon Jungkook estava nela, sentado de maneira confortável na direção de uma televisão com o volume no mínimo, e segurando metade de um hambúrguer comido. Os cantos de sua boca tinham farelos de pão e molho. Era a primeira vez que eu o via sem toda aquela pose fria e intimidante de sempre.

ㅡ O que a médica disse sobre o seu estado? ㅡ perguntou ele no momento em que pisei na sala. Logo em seguida, deu uma mordida no hambúrguer.

ㅡ Estou com uma entorse leve no tornozelo, então não posso forçar a perna e tenho que pôr gelo durante alguns dias. Quanto às minhas costas... ㅡ Tirei a receita do bolso. ㅡ Sem ossos quebrados, mas preciso usar anti-inflamatórios e uns medicamentos para diminuir a dor nos músculos.

Jungkook balançou a cabeça, compreendendo, e estendeu a mão para que eu lhe desse a receita. Demorei a entender que ele também tinha a intenção de custear os meus remédios, então, após um instante de hesitação, entreguei-lhe o papel.

ㅡ Toma. ㅡ Ele me jogou uma sacola após guardar a minha receita num bolso externo de seu casaco. Reparei que as suas roupas já não estavam mais tão úmidas, assim como as minhas. Seus cabelos também tinham secado e agora balançavam ao redor do rosto com a brisa do ar condicionado da sala de espera.

Peguei a sacola que ele me deu e a abri, curioso. O cheiro de hambúrguer quentinho rapidamente preencheu as minhas narinas, arrebatando-me. Só naquele momento me dei conta de que estava morrendo de fome.

ㅡ ... Obrigado ㅡ murmurei, e dei uma mordida farta.

Imediatamente concluí que aquele era o melhor hambúrguer que já comi na minha vida, por isso nem me surpreendi quando visualizei o nome da lanchonete na embalagem. Tratava-se de um estabelecimento caro com estrelas michelins.

Aparentemente nada envolvendo Jeon Jungkook poderia ser simples, humilde ou acessível. Esse pequeno choque de realidade me fez ficar reflexivo.

Seguimos comendo em silêncio, encarando a televisão sem de fato prestar atenção ao que era transmitido nela. Horas antes eu tinha várias coisas para gritar nos ouvidos de Jeon Jungkook, agora eu já não sabia direito como iniciar uma discussão.

Foi ele quem quebrou a quietude entre nós e tomou a palavra:

ㅡ Sobre aquela... mulher-robô que você viu, e as coisas que ela falou...

ㅡ Você quer que eu mantenha segredo, não é? ㅡ perguntei, finalizando o meu hambúrguer. ㅡ Igual naqueles filmes onde o governo entra na casa do protagonista depois de ele ter descoberto uma informação ultra secreta.

Jungkook pensou um pouco sobre a minha analogia. Acho que vi a sombra de um sorriso nos lábios dele. Devo ter soado meio idiota.

ㅡ ... Sim. Seria bom só esquecer o que houve ㅡ falou ele. Seu semblante ficou sério e frio outra vez, e suas palavras seguintes saíram com uma intensidade profunda, carregadas de determinação: ㅡ Aquilo não existe mais e nem voltará a existir.

Eu o observei um instante, antes de voltar a encarar o televisor silencioso.

ㅡ Sinceramente, espero que esteja me falando a verdade... ㅡ murmurei, transformando a embalagem amassada do hambúrguer que comi numa bolinha de papel cheia de crateras. ㅡ Eu posso parar de tocar no assunto do robô, mas tenho uma condição.

ㅡ Qual?

ㅡ Que nada do que aconteceu até agora atrapalhe de alguma maneira o estágio da minha irmã. Ela lutou muito por aquela vaga e... bem, atualmente o salário que ela ganha é o que paga as nossas contas de casa. ㅡ Travei quando me dei conta de que tinha falado além do necessário, expondo a minha vida financeira da maneira mais constrangedora possível para alguém que provavelmente gastava num dia o que a minha irmã ganhava num mês inteiro.

Para a minha felicidade, Jeon Jungkook não expressou nada quando me ouviu, nem um olhar de deboche, desprezo ou surpresa. Se tinha se importado minimamente com as minhas palavras, não pareceu. Tudo o que ele fez foi balançar a cabeça afirmativamente ao dizer:

ㅡ Não tem que se preocupar com isso.

Eu suspirei baixinho, aliviado.

ㅡ Aliás, naquela hora, quando falou com Mina do lado de fora do prédio, como sabia que ela era minha irmã? Por acaso você viu os meus antecedentes?

Ele arqueou uma sobrancelha e disse:

ㅡ Não... É que, quando estávamos no hospital na última sexta, você me disse que tinha uma irmã. Ela se parece contigo, então foi fácil supor...

ㅡ Ah... ㅡ Senti-me um idiota outra vez.

ㅡ Vocês têm o mesmo formato do rosto, do nariz e da boca.

ㅡ É, todo mundo diz que somos praticamente gêmeos.

ㅡ Hm... ㅡ Ele se virou para mim e me encarou de uma maneira que me deixou sem reação. ㅡ Seus olhos são mais estreitos e marcantes. São mais bonitos.

Aquele elogio veio tão de repente que tanto me paralisou quanto paralisou Jungkook.

Ele cerrou a boca e franziu o cenho, e então soltou o ar pelo nariz como num resmungo irritadiço. Em seguida, levantou-se da poltrona e caminhou até o lixeiro mais próximo para descartar a embalagem do hambúrguer que comeu.

ㅡ Vou te dar carona até sua casa ㅡ disse, sem olhar para mim.

ㅡ Não precisa.

ㅡ Mas eu vou. Pretendo parar no meio do caminho para comprar os remédios da sua receita e, assim, terminar o que tenho que fazer.

"Terminar o que tenho que fazer". Claro, ele estava fazendo todas aquelas coisas por mim para que eu não trouxesse problemas à empresa da família dele, e não porque se sentia preocupado comigo de alguma forma. Não sei por que fiquei surpreso.

ㅡ Está bem ㅡ falei, indiferente, e me dirigi até o lixeiro que ele havia usado para descartar a bolinha que fiz com a embalagem do meu hambúrguer.

Nessa hora, após uma rápida olhada no fundo do lixeiro, uma coisa chamou a minha atenção. Não havia nada lá, exceto o lixo descartado por Jungkook. Mas não era apenas um lixo, contei ao menos sete embalagens recém jogadas da mesma marca e sabor de hambúrguer que ele havia consumido. Sete hambúrgueres grandes aparentemente tinham sido devorados apenas por aquele rapaz enquanto ele me aguardava na sala de espera. Uau.

Num ato involuntário, olhei para os braços dele que marcavam as mangas de seu casaco com músculos bem definidos. Será que ele conseguia comer tanto porque praticava algum exercício para ficar daquele jeito? Devia ser...

Depois de dar de ombros, eu o segui até o estacionamento do hospital, onde subimos na moto que havia sido deixada lá e saímos em direção à rua. Atravessamos a cidade que já exibia tons alaranjados por conta do pôr do sol, com edifícios envidraçados reluzindo sob a luz do fim do dia.

A brisa daquele momento estava fresca. Ela nos abraçou, terminando de secar as nossas roupas e cabelos, e também transferiu para mim a temperatura do corpo de Jungkook. Reparei com atenção que ele não parecia estar mais tão quente como antes.

Fizemos só uma parada no meio do caminho para que Jungkook fosse a uma farmácia comprar os meus remédios, assim como havia prometido. Poucos minutos depois, com ajuda das minhas instruções, ele estacionou a moto na frente do pequeno prédio onde ficava o apartamento onde minha irmã e eu morávamos.

Eu desci da garupa com cuidado para não usar a perna com o tornozelo machucado, devolvi o capacete ao seu dono e parei diante do portão de entrada.

ㅡ Então... Obrigado ㅡ falei, ajeitando a sacola de remédios na minha mão.

Jungkook acenou em resposta. Seus olhos por trás da viseira aberta me encaravam de maneira enigmática.

Abri um sorriso torto numa despedida sem jeito, e então me virei para entrar em casa.

No entanto, escutei Jungkook me chamar um segundo depois.

ㅡ Espera... O gato que você salvou semana passada... Eu o adotei. Voltei ao local do acidente e o encontrei por lá.

ㅡ Ah, sério? ㅡ Abri um sorriso grande, porque aquela era uma ótima notícia.

Tive a impressão de que o olhar de Jungkook sobre mim mudou, ficando um pouco suave.

Um instante depois, ele fechou a viseira e virou o rosto.

ㅡ Tenho que ir. Adeus, Park Jimin ㅡ disse, girando a chave e fazendo a moto rugir outra vez.

ㅡ Adeus, Jeon Jungkook.

Dei um passo para trás e o assisti fazendo uma manobra circular, antes de partir em direção à rua e desaparecer no final dela.

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#VinhoAzul

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E aí? Curtiram o capítulo? O que acharam da dinâmica dos Jikook? Deu pra pegar algo misterioso no ar, não é? Vou ficar no aguardo pelas reações de vocês👀

Até a próxima, minha gente. Volto com um cap maior^^

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