07
Tonta pula em mim e se não fosse o Rafa me segurar eu estaria estatelada no chão igual no dia em que nos conhecemos.
— Você gosta de me ver estatelada no chão, garoto! — brinco e começo a rir.
— Você está bem? — Rafael sussurra e percebo que estou novamente nos seus braços.
Viro-me de frente para ele e suas mãos pousam na minha cintura.
— Você é oficialmente o meu herói — brinco. Tonta late e sorrio para ele. — Você também, Tonta.
Ele pula e depois deita no chão próximo a nós.
— Namorado, herói. E eu me perguntei o caminho todo se você aceitaria pelo menos sair comigo — Rafa diz convencido.
Lembro-me da minha gafe e o encaro envergonhada.
— Desculpa, eu não deveria...
Rafa leva um dedo aos meus lábios e me silencia.
— Não tem problema. Eu gostei. — Um sorriso se abre em seus lábios. — Desde o dia que nos conhecemos eu não consigo tirar você da minha cabeça, Lu. Eu sei que nesse momento você não quer nem pensar em relacionamento, mas eu vou esperar e se depender de mim um dia vou ocupar o título de namorado, noivo e depois marido.
Espanto-me com as suas palavras. Claro que me sinto atraída por ele, nos damos muito bem e estamos cada vez mais próximos, mas tudo ainda está tão recente. Não sei se estou preparada para namorar alguém.
Dou um passo para trás, para fora dos seus braços.
— Rafa, eu...
Ele balança a cabeça de forma negativa.
— Tudo bem. Vamos deixar rolar, mas saiba que daqui um tempo vamos voltar nesse assunto.
— Obrigada. — Sorrio e recebo um beijo casto na minha testa.
Novamente as borboletas começam a voar no meu estômago. Será que isso é se apaixonar por alguém?
— Mas o que veio fazer aqui?
— A sua mãe contou para a minha, que me contou, que você voltou, então vim ver como você estava e te convidar para um evento.
— Minha mãe e sua boca grande. — Balanço a cabeça em negativa, mas sorrio.
— Fiz mal em vir? O portão estava aberto, por isso fui logo entrando.
— Não, fico feliz que você tenha vindo e trazido o Tonta.
— Na verdade, eu o deixei no carro, mas ele deu um jeito de pular a janela. — Olha para Tonta e ele esconde os olhos com as patas, sabendo que fez coisa errada.
— Ele sentiu que o dono precisava dele, não brigue com o coitado.
Abaixo-me nos joelhos e começo a fazer carinho na cabeça do animal, ele se abre todo.
— Não vou. — Rafa sorri e meu peito se comprime. Ele não é, fisicamente falando, mais bonito que o João e outros homens que conheço, mas o seu sorriso e o quanto ele é maravilhoso o torna a pessoa mais linda que já vi na vida. — E então, qual a resposta para o meu convite.
— Onde e quando? — questiono.
— Sábado, às vinte horas.
— Fechado.
— Bom, eu já vou então.
Pensar nos dois indo embora me dá uma coisinha estranha.
— O que acha de ficar para o almoço? — convido.
Rafa me encara com um sorriso nos olhos e dá de ombros ao responder.
— Se você insiste.
O almoço se tornou café da tarde e depois jantar. Rafael acabou indo embora bem tarde. Conversamos sobre tudo, brincamos com Tonta e me senti uma modelo com tantas fotos que o Rafa tirou de mim e do Tonta. Ele anda com a câmera para cima e para baixo.
***
Três meses depois...
— Cuidado, esse é o último degrau — Rafa avisa quando meu pé toca mais um lance da escada. — Agora só mais um pouco e chegamos.
— Ainda bem, porque eu estou super curiosa — comento eufórica.
Desde a declaração do Rafa que não desgrudamos mais. Como ele disse, deixei as coisas rolar e elas rolaram bastante nesses últimos meses, principalmente em cima da cama, do sofá e por aí vai, se é que me entendem.
No começo eu fiquei bem pilhada, eu havia acabo de terminar um noivado e só conseguia me sentir feliz por isso. Eu agradecia imensamente a pessoa que me enviou aquelas fotos, pessoa essa que acabei descobrindo ser a minha mãe e pasmem, mas quem as tirou foi o Rafa. A vida é uma caixinha de surpresas mesmo. Se não fosse por elas eu estaria vivendo uma mentira e não os momentos especiais que passo com o Rafa e o Tonta.
Eu não posso mais negar que estou apaixonada. Desta vez, de verdade. Com direito a borboletas no estômago, sinos tocando durante os beijos e suspiros pelos cantos. Tudo que eu não senti com João.
Engraçado como a gente se engana, às vezes queremos tanto algo que colocamos na cabeça que focinho de porco é tomada. E até provar o contrário, ficamos cegos.
Sinto o corpo do Rafa parar atrás de mim e os seus lábios encostam do lóbulo da minha orelha.
— Vou tirar a venda — sussurra.
Sua mão sobe até o meu rosto e quando o pano libera a minha visão meu coração falha algumas batidas. Estamos na sala de revelação que o Rafa tem em casa, a outra porta do quarto que eu achei ser um closet.
À nossa frente, há um varal com várias fotografias penduradas.
— Ah meu Deus — exclamo.
Viro o meu rosto e o Rafa me olha em expectativa.
— Essas são as minhas fotos favoritas, as mais espontâneas e as da mulher que eu estou irremediavelmente apaixonado e do meu fiel companheiro.
Um suspiro apaixonado escapa de mim. Rafa ainda não tinha dito com palavras que está apaixonado por mim, apesar de que os seus gestos não me deixavam dúvidas.
Quero retribuir suas palavras, mas a emoção me deixa muda.
Rafa deposita um beijo na minha testa e vira o meu corpo de frente para o varal de fotos.
— Olha mais de perto — sugere.
Dou dois passos para o lado e miro na primeira foto. É simplesmente inacreditável.
Da esquerda para a direita há uma sequência de fotos desde que nos conhecemos. Na primeira eu estou correndo, na segunda Tonta está em cima de mim e uma cara engraçada me faz parecer genuinamente feliz. A terceira é a primeira foto que eu me lembro que ele tirou e as próximas vão seguindo dos dias até aqui. Ao todo são quase vinte fotos e na maioria eu estou sorrindo. Tem no parque, em casa, no Zoológico, em uma exposição, no casamento de uma prima e essa me chama atenção pelo meu sorriso sonhador. Acho que apesar de tudo eu não perdi a fé no amor. E o Rafa é a prova disso.
Analiso cada uma e é como se um filme de nós dois rodasse na minha cabeça. Quando chego ao final, há um bilhete pendurado. Pego nas minhas mãos e leio em voz baixa.
"O que eu mais amo na fotografia é como ela eterniza momentos. Como os que você sorri são os meus preferidos, resolvi guardá-los para mim."
— Ah, Rafa — suspiro e me jogo em seus braços, ele enlaça minha cintura e fico bem próximo ao seu corpo. — Esses sorrisos são o efeito da paixão e considerando que eu estou irremediavelmente apaixonada por um fotógrafo metido a herói e que eu quero muito que seja metido a meu namorado, não tem como ser diferente.
Rafa sorri abertamente e me toma em um beijo que me deixa sem chão e flutuando. Isso é realmente estar apaixonada e viver um conto de fadas.
— Por você eu sou metido a namorado, príncipe, galã e o que mais precisar para te ter ao meu lado com esse sorriso que ilumina o meu dia.
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