Capitulo 75
Jess
Fiquei o resto do final de semana inteiro sem ver Aaron. Meus pais me prenderam em casa durante o final de semana inteiro, com 100% de vigilância para que eu não o veja, e eu nem entendi direito o porquê de isso tudo estar acontecendo. Algo que aconteceu tão de repente.
Entendo que meus pais e o pai do Aaron provavelmente vão demorar no mínimo alguns meses até voltarem a se olharem na cara novamente, porque pelo que Aaron me disse por mensagem, — quando meu celular ainda não tinha sido confiscado — o Sr. Kanes está guardando quilos e quilos de mágoas e arrependimento por ter feito o contrato, e Aaron diz que ele está colocando a culpa inteira nos meus pais, mas sei que eles não são os culpados. Contratos dão errado direto, relações dão errados toda hora, não importa se são profissionais ou pessoais. Tudo pode dar errado em alguma hora, mas a agonia e a mágoa de saber que eles levaram o que deu errado com eles até nós, apenas cresce dentro de mim.
Como eles poderiam fazer isso? Como poderiam nos afastar com argumentos tão inválidos assim? Isso pode parecer o justo ou o certo a se fazer para eles, para não chega nem perto disso.
Na segunda feira, recebo inúmeras ordens sobre horário e sobre quem devo conversar, como: volte cedo pra casa, logo depois da escola, não vá atrás dele, a não ser que seja para dizer que tudo acabou entre vocês, não insista, você sabe que isso não vai acabar bem, estamos fazendo o que é melhor pra você, sabe disso, não queremos que sofra no futuro, as vezes a dor pode ser evitada. E mais outras palavras e regras que se repetiram constantemente neste final de semana. Mas é claro que não vou seguir essas regras inúteis que eles impõem para mim. A regra que sei que devo respeitar — para as coisas não ficarem mil vezes piores do que já estão agora — é o horário, mas as outras são apenas inúteis, sei que essas palavras não servem para mim, não quando tenho tanta certeza do que quero, que no momento é a única coisa de que tenho certeza. Eu e Aaron.
Meu pai me deixa na escola, com medo que eu vá para outro lugar ao invés de ir para lá, mas a escola atualmente é o único lugar que poderei ver Aaron, e não faço ideia do que iremos fazer sobre isso.
O silêncio no carro se estendeu durante o caminho todo. Estou furiosa com eles por me obrigarem a fazer essas coisas que apenas me deixam mais infeliz, então não me importo em ficar sem falar com eles por até mesmo semanas. Não enquanto eles continuarem me tratando como uma prisioneira.
Logo depois que saio do carro, com frieza, entro no colégio e encontro o corredor lotado, como sempre.
Procuro Aaron pelo andar inteiro, mas não consigo encontrá-lo. O que eu mais quero agora é conversar com ele. Quero beija-lo e abraçá-lo e ouvir dos seus ouvidos que ele tem um plano, ou que, com o tempo, tudo vai ficar bem, mas ele não está aqui.
"Oi," diz Jasmim, aparecendo de surpresa na minha frente.
"Olá," retribuo, a dando um abraço. "Como foi o final de semana?"
"Ah, você sabe, fiquei fazendo os meus vários nadas de sempre. Mas até que são divertidos, mas você deve sabe disso, ninguém faz nada neste mundo. É por isso que não me sinto culpada."
"E o pior é que você não está errada. Bem... mais ou menos."
Ela balança os ombro e faz uma careta. Sorrio para ela e continuo procurando por Aaron.
Preciso admitir, por dentro não estou nada bem. Por mais que esteja sorrindo para ela constantemente, tudo que posso encontrar dentro de mim é preocupação é angústia com o que pode acontecer agora, mas é injusto descarregar isso tudo em cima da Jasmim, quem eu não conheço há uma semana direito.
"Por que você está tão distraída hoje?" Ela pergunta, quando meus olhos passam por praticamente todas as pessoas e lugares do corredor.
"Ah, nada, só estou procurando o Aaron. Você não o viu aqui hoje, viu?"
Ela nega. "Não vi, mas posso te ajudar a procurá-lo se quiser. Você parece precisar falar com ele urgentemente."
"Mais ou menos. Algumas coisas aconteceram ultimamente e eu ainda não falei com ele sobre isso."
"Ah."
"Eu, eu te conto mais tarde," digo a ela, quando seu rosto fica triste por um momento.
"Tudo bem."
"É que agora não é a hora certa. Você entende, não entende?"
"Sim, entendo. Não se preocupe." Seu rosto agora parece ter se alegrado mais, e fico feliz por ela compreender a situação, mesmo eu não precisando falar muito sobre isso.
Não quero que a Jasmim pense que eu não confio nela, eu confio, mas é que eu nunca conversei sobre isso com ninguém, acho que tenho receio em falar para alguém sobre isso além do Aaron.
O sinal toca e decido que tudo o que eu posso fazer agora é ir para a aula, já que não adiantaria eu ficar procurando por ele por horas se ele não estiver aqui.
Me despeço de Jasmim e nós duas vamos para as nossas respectivas salas.
A primeira aula se passa quase mais devagar do que eae final de semana, mas a segunda, por outro lado, acaba se tornando bem mais rápida do que a primeira. Não sei se é porque o conteúdo é bom ou se é porque toda hora alguém da diretoria entra na sala para dar algum aviso ou chamar algum aluno para fora da sala.
Não sei direito o que aconteceu, mas aparentemente alguém invadiu a escola no final de semana e estão procurando pelo culpado. Sabem que é um aluno porque as paredes da quadra estão todas pichadas e mostram que claramente é alguém que estuda aqui. Mas como não é a escola toda que tem câmeras, ainda não sabem quantas pessoas invadiram e como.
Logo no final da aula, uma outra batida na porta novamente atrapalha a aula e faz o professor parar com as suas explicações.
"Sim?" Pergunta o professor Dosh, abaixando os óculos levemente em seu grande nariz e encarando a porta.
A porta se abre um pouco mais e me permite ver quem estava lá, causando um sentimento forte que corre pelo meu corpo inteiro instantaneamente.
"Com licença. Me desculpe, senhor," diz Aaron, que continua segurando a porta sem entrar na sala. "Não queria atrapalhar a sua aula, mas me mandaram aqui chamar uma aluna."
"Quem te mandou aqui?" Pergunta o professor, desconfiado.
"A moça da diretoria, eu... não sei o nome dela."
"A senhorita Josie?"
Aaron pensa por um instante. "Sim, sim, deve ser."
Ele abre um pouco mais a porta, descansando o peso do seu corpo na maçaneta.
"E quem você veio chamar?"
Aaron olha para os alunos, procurando por alguém... por mim. Quando seus olhos se encontram, um sorriso aparece escondido no canto dos seus lábios.
"Jessica Lush," diz, voltando o olhar ao professor.
"E é sobre..."
"Sim, sobre as pichações," ele completa. E ao ver que o professor continuou pensativo, diz: "Me disseram que era urgente. O senhor pode libera-la pelo resto da aula?"
A turma começa a cochichar sem parar, se perguntando se fomos nós que invadimos a escola no final de semana.
Ao menos se eu pudesse sair de casa...
O professor nos fita por alguns segundos antes de finalmente me liberar para sair da sala.
"Tudo bem, pode ir, Sra. Lush," ele fala, impaciente. "Mas vá em silêncio, e parem de atrapalhar a minha aula."
Em silêncio, como ele pediu, pego meus materiais e me retiro da sala de aula rapidamente.
Quando fecho a porta da sala e me encontro sozinha no corredor com Aaron, me jogo em seus braços e lhe dou um abraço forte, que acompanham beijos em todo o seu rosto.
Sei que ficamos sem nos ver por apenas dois dias, mas considerando o que está acontecendo agora, pareceu uma eternidade.
"Nossa, Aaron, não aguentava mais ficar sem te ver. Meus pais tiraram meu celular de mim, não queriam que eu conversasse com você," digo, apoiando minha cabeça no seu ombro.
"Bem que eu imaginei," responde. "As coisas lá em casa não estão tão diferentes. Meu pai nunca esteve com um humor tão horrível desde que..."
Algo que passa pela sua mente o impede de terminar a sua frase, e como eu imaginei que tinha alguma coisa relacionada a sua mãe, decidi mudar logo de assunto, pois sei como ele não fica confortável quando sua mãe vem a sua mente, mesmo que nunca tenha me falado muito sobre ela.
"E então, nós realmente temos que ir para a diretoria?" Pergunto. "Acham que somos nós?"
"Não, não temos, só disse aquilo para te tirar daquela sala." Aaron passa a mão pelo meu rosto e segura a minha mão, já me puxando para começar a andar pelo corredor. "Vamos sair daqui, não estou suportando este lugar. Não se importa em faltar o resto do dia, se importa?"
"Também não estou suportando este lugar," concordo com ele.
"Ótimo."
Aaron e eu damos passos apressados pela escola, praticante correndo até chegar ao estacionamento, e assim, no carro.
Nas horas seguintes, damos voltas na cidade até a hora de almoçar chegar. Tento não falar sobre os problemas que estão ao nosso redor ultimamente, porque ficamos dias longos sem nos ver para falar apenas de coisas ruins quando nos reencontrássemos.
Como vamos passarão resto do dia juntos, espero para falar disso com ele mais tarde, quando a saudade que nós estávamos um do outro já estiver saciada, mas isso nunca acontece por completo.
O sorriso que desaparecera durante os últimos dias agora estava completo no meu rosto, e acabei me esquecendo de praticamente tudo.
— — —
Meu povo do céu! Sabem aquele probleminha com a internet? Pois é, preciso dar um jeito naquilo, porque atrapalha tudo. Esse capítulo era pra ele sido maior e ter saído mais cedo, mas não teve como desta vez. Só voltou agora. Estou com medo de acontecer isso com mais frequência, mas vou dar um jeito de concertar logo!
Espero que me perdoem pela demora, de novo 🙃❤️
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