•Capítulo Vinte e Nove•
Passo a noite em claro, nervosa, com medo. Só de imaginar o que ela pode estar passando nas mãos dele, sinto calafrios. Sinto remorso por mim mesma, por não tem nem pensado em entrega-lo para policia aquela noite. Eu podia ter evitado tudo isso.
Quando recebo a mensagem do Sean, avisando que ele e Owen chegarem, respiro fundo me olhando no espelho. Eu estava com medo do que iria acontecer.
Desço as escadas rapidamente, observando os dois, um em cada canto da sala.
“O dinheiro está aqui.” Sean me entrega a maleta.
“Eu não sei nem como te agradecer.” Abro um leve sorriso e beijo sua bochechas.
“Vocês já estão indo?” Minha mãe questiona com a voz trêmula.
“Sim. Por favor, mãe, não ligue para polícia e nem nos siga. Fique aqui esperando, que logo te ligaremos com notícia!” Ela faz um sim com a cabeça e abraça meu padrasto.
“Vamos?” Owen questiona se aproximando de mim, o medo estava escancarado em seu rosto.
“Sim.” Engulo seco.
O caminho até lá é tenso. Sean não tira os olhos da estrada e Owen não para de se mexer, estava completamente inquieto. Eu estava tentando me concentrar, pois o normal de mim ao passar por um nervosismo desse é ter um ataque, mas isso não podia acontecer.
“O endereço que você me passou é aqui, Wendy, mas não tem nada aqui além de árvores.”
“Eu sei, mas é aqui o máximo que vocês podem se aproximar. Eu já vim aqui com ele uma vez, sei aonde fica.”
“Tem certeza que é seguro, Wendy?” Owen pergunta, segurando minha mão.
“Não, mas Madison está correndo perigo e eu tenho uma parcela de culpa nisso.”
“Não fala assim! Você não tem culpa de nada!” O moreno me repreende.
“Eu podia ter chamado a policia depois que ele me pediu o dinheiro, eu podia ter evitado isso, então sim, é culpa minha. Por isso sou eu quem vou lá.” Engulo seco e desço do carro com a maleta na mão. “Se eu não voltar em meia hora, daí vocês pensam em fazer algo. Antes disso não, ok?” Os dois apenas concordam com a cabeça e eu com o coração na mão, adentro no meio daquelas árvores, seguindo em direção ao galpão.
Quando chego lá, fecho os olhos respirando fundo e bato na porta. “É a Wendy. Estou com o dinheiro.” Alguns segundos depois, um rapaz moreno abre a porta, apontando uma arma na minha cabeça.
“Está sozinha?”
“Sim.”
“Se você estiver mentindo, as duas morrem.”
“Eu estou sozinha!” Falo de forma convincente e então ele me deixa entrar, tirando a maleta da minha mão.
“Ora, ora quem temos aqui!” Harry se aproxima armado, com um sorriso maníaco no rosto.
“Cadê a minha irmã?” Questiono e ele ri, como se eu tivesse acabado de contar uma piada. “Eu já entreguei o dinheiro, Harry. Aonde ela está?” Antes que ele respondesse, Madison solta um grunhido, me fazendo olhar para ela. Sua boca estava amarrada com um pano, assim como seu corpo estava amarrado na cadeira com cordas. Ela estava suando frio. “Mad, eu estou aqui!” Tiro rapidamente o que tampava sua boca, permitindo que ela respire de forma compulsiva e em seguida, depois de muito esforço, desdou o nó das cordas.
“Wendy!” Ela me abraça fortemente começando a chorar. “Eu pensei que fosse morrer!”
“Eu jamais deixaria!” Abro um sorriso a abraçando novamente, sentindo um enorme alivio no peito por ver que ela está bem. “Vem, vamos sair daqui!”
“Nananinanão! Sua irmãzinha pode sair, Wendy, você não.”
“O que? Eu não vou sem ela!” Madison se impõe, segurando minha mão.
“Então as duas ficam!” Ele sorri e eu a viro, forçando-a olhar para mim.
“Você vai, Madison. Segue reto que logo você vai chegar na estrada.”
“Mas Wendy...” A interrompo com um abraço e então cochicho em seu ouvido. “Owen e Sean estão ali na estrada. Vai até lá e pede ajuda.” Me afasto. “Eu te amo.”
“Eu também te amo, Wendy!” A morena engole seco e então saí correndo dali.
“Até que em fim estamos a sós, princesinha! Se lembra desse lugar? Foi onde tivemos a nossa primeira vez...”
Eu sentia nojo, só de me lembrar daquela noite. “Primeira e última?”
“Última? Ah, Wendy... é cedo demais para dizer que foi a última, não acha?” Ele me empurra com força, me fazendo cair no chão com tudo. “Está vendo isso aqui na minha mão? É uma arma. Caso você se mexa, eu não penso duas vezes antes de dar um tiro em sua cabeça, entendido?” Meu corpo inteiro estava tremendo, eu não conseguia falar e mal conseguia respirar. Ele foi se aproximando de mim, mas quando sua mão apertou minha perna com força, eu comecei a gritar e bate-lo fortemente. Ele tentava me conter, mas não conseguia. As lágrimas desciam compulsivamente dos meus olhos, coisa que nunca acontecia. “Para de se mexer, sua vadia! Eu vou matar você!” Ele abaixa as minhas calças com força, me fazendo gritar ainda mais alto, mas logo meu grito é ofuscado pelo barulho de um tiro.
“Mãos para cima rapaz, ou eu atiro!” Um policial grita, apontando uma arma em sua cabeça. Ele instantaneamente larga a arma no chão e se levanta.
Meu coração estava tão acelerado, que começou a falhar minha visão. Eu havia feito tanta força para tentar sair dali que não tinha forças para levantar. Em imagens borradas, vejo Owen se aproximando e erguendo minhas calças.
“Wendy! Wendy você está bem? Fala comigo!”
“Eu... estou bem!” Ele me abraça fortemente e consigo sentir meu coração se acalmar. Owen me ajuda a levantar e então Sean me abraça com força.
“Agora está tudo bem, Wendy. Ele foi preso. Nada de ruim irá acontecer com vocês!”
“Minha irmã.” Me desvencilho do abraço de Sean e a abraço com força. “Nunca mais arrisque sua vida por mim, ok?”
“Espero nunca mais precisar fazer isso!” Solto uma leve risada e então o policial se aproxima de nós.
“Vocês duas estão bem? Ele chegou a machuca-las?”
“Tentou, mas vocês chegaram a tempo.”
“Não se preocupe, pois esse aí, apodrecerá na cadeia. Era procurado da polícia fazia meses! Vocês nos ajudaram a achar. Quanto o colega dele, responderá por cúmplice, até que seja provado que ele teve um envolvimento maior.” O velho me entrega a maleta. “Isso pertence a vocês. Levem direto para casa!”
“Obrigada, policial Sanches!” Abro um sorrio, grata por ele ter salvo minha vida.
“Por nada, garotinha! Se cuidem!”
Assim que ele se retira, deixo a maleta no chão e abraço os três fortemente.
“Eu amo vocês!”
No caminho de volta para casa, Madison pede para pararmos em uma lanchonete, pois ela precisa urgentemente ir no banheiro, então Owen desce com ela, me deixando sozinha com o Sean no carro.
“Esse dinheiro é seu.” O devolvo a maleta. “Obrigada, Sean. Eu não sei nem como lhe agradecer, você salvou a minha vida!”
“Não mereço todos os créditos, Wendy. Eu apenas dei o dinheiro e acionei a polícia, mesmo sem sua permissão, mas o Owen fez muito mais.” O encaro confusa.
“Como assim?”
“Quando a Madison voltou sem você, eu tive que segurá-lo, pois ele não queria te deixar lá com ele. Tentei convencer ele que era melhor esperarmos a policia chegar, pois eles estavam armados lá dentro, mas quando ele te ouviu gritar... não consegui segurá-lo. Ele entrou, arriscou a vida dele pra tentar salvar você. Eu pensei que ele fosse morrer, mas a policia chegou logo em seguida e entrou lá atirando.” Respiro fundo, encarando o nada. “Sei que vocês dois estão brigados, mas... agradece a coragem que ele teve.”
“Por que está me contando isso? Pensei que não gostasse dele.”
“Não gosto, Wendy, mas gosto de justiça. Seria injusto eu levar todo o crédito, quando foi ele quem se arriscou por você.” Abro um sorriso. “Ele está vindo aí...”
Saio do carro e dou passos rápidos até chegar em sua frente. “Owen me contou o que você estava disposto a fazer por mim... contou que você arriscou sua vida.”
“Eu não faria nada diferente disso, Wendy. Eu prefiro morrer, do que ver você ir.” Sinto meus olhos marejarem e o abraço fortemente. “Eu te amo, Wendy Miller!”
“Eu também te amo, Owen Scott!”
“Isso quer dizer que... estamos bem de novo?”
“Mais ou menos...” Solto uma leve risada. “Ainda quero um digno pedido de perdão!” Ele sorri mordendo os lábios.
“Óbvio que Wendy Miller nunca facilitaria as coisas para mim.”
“Isso jamais, amigo! Agora vem, vamos para casa.” O moreno me abraça de lado e então caminhamos juntos até o carro, onde eu entro na frente com o Sean e ele vai atrás com minha irmã.
Aquele dia, foi o mais aterrorizante de toda minha vida, mas a forma que acabou, me trouxe um alivio e felicidade no meu coração.
Nessa tarde, percebi o quão sortuda eu sou, pois essas três pessoas que estão no carro comigo nesse momento, são os melhores amigos que eu poderia pedir e hoje eles me provaram, que jamais me deixariam na mão.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro