•Capítulo Quatorze•
Minhas mãos deslizavam pelo violão e minha voz simplesmente saía. Eu nem estava prestando atenção no que eu estava cantando. Eu apenas cantava. Meus pensamentos não saiam da minha conversa com o Owen.
Eu não podia acreditar que ele me culpou por nunca ter tido uma namorada antes. Eu não podia acreditar que ele não havia falado de mim para essa nova garota e muito menos que ele não queria que nós nos conhecêssemos.
Aquilo doeu demais em mim.
Pela primeira vez em minha vida, eu me senti ameaçada em relação ao Owen. Pela primeira vez, estou com medo que ele me substitua. Estou com medo de o perder.
Naquela tarde, a lanchonete estava cheia, o que era ótimo para o negócio. Aparentemente eu não conhecia ninguém que estava ali, exceto uma pessoa.
Sean Parker. Aquele garoto chato e irritante por quem quase todas as garotas da cidade são apaixonadas.
Ele estava sozinho e não parava de me encarar, o que me deixou extremamente desconfortável. E para piorar aquele dia que já não estava bom, um grupo de homens bêbados estavam praticamente gritando, fazendo eu me desconcentrar e errar as músicas diversas vezes.
Aquele fato me estressou. Minha respiração começou a acelerar e eu comecei a sentir o sangue ferver nas minhas veias, deixando a raiva tomar conta de mim.
Deixo o violão no chão e caminho rapidamente em direção a eles, que se surpreendem ao me ver chegando.
"Vocês podem ter o mínimo de respeito e baixar o tom de voz? As pessoas vem aqui na Waffle World, na intenção de comer, conversar e escutar uma música agradável de fundo, não para escutar conversas de homens idiotas." Cuspo as palavras, sem sequer pensar no que estava saindo da minha boca.
Um dos caras se levanta, com um sorriso cínico no rosto. "Você chama aquilo que você estava cantando de música agradável? Com essa sua voz, é impossível de ser agradável!"
Engulo seco. Eu estava me segurando para não socar a cara dele. "Como você pode falar isso se nem me ouviu cantar, babaca? Vocês têm que ter mais respeito, ok? Olha o tanto de famílias com crianças aqui."
"Wendy, calma!" Owen segura meus braços, mas eu me desvencilho do seu toque rapidamente.
"E o que você vai fazer se nós continuarmos falando, garota? Vai chamar a polícia? Chamar o seu chefe?"
"É melhor vocês saírem daqui agora!"
"O que o seu chefe vai pensar ao descobrir que sua funcionária, expulsou sete homens que iriam consumir um monte e trazer bastante lucro para ele, hein? Acho que você fica desempregada." Ele ri. "Eu seria o primeiro a te dar uma moeda na rua, mas por pena mesmo, sabe?"
Naquele instante, vendo aqueles homens rindo da minha cara, minha respiração estava muito acelerada e eu não tinha mais controle sobre ela. A qualquer momento, eu iria explodir. Como já aconteceram outras vezes.
"Wendy, por favor! Deixa esses caras em paz! Não perca o seu tempo!" Owen implora segurando minha mão, me obrigando novamente a recusar o seu toque.
"Você tem razão, não vou mais perder o meu tempo aqui." Me viro, voltando até o palco e pegando o meu violão do chão, ouvindo os caras comemorando a vitória.
Quando passo por eles novamente, pego um copo cheio de chop que estava na mesa e sem pensar duas vezes, jogo no cara que me insultou.
Saio em passos rápidos dali, ouvindo seus xingamentos.
Eu não podia ficar ali nem mais um segundo.
Após andar três quadras rapidamente, me sento em um banco, tentando acalmar a minha respiração.
Tinha como aquele dia piorar?
"Senhorita Ninguém, quer uma carona?"
Uma voz masculina chama atrás de mim. Quando me viro, reviro os olhos ao ver quem é.
Sean Parker, dirigindo o seu conversível caríssimo.
"Qual é Sean, vai rir na minha cara também?"
"Não. Só estou sendo gentil e te oferecendo uma carona."
"Qual é? Fazendo caridade agora, Parker? Eu não preciso de caridade, tá bom?" Ele bufa.
"Eu só vi que você está ofegante e resolvi ajudar! Você aceita ou não a carona?"
Em qualquer outro momento da minha vida, a responde seria redondamente um não, porém eu realmente não estava conseguindo respirar e não queria ter outro ataque por conta da minha bipolaridade.
"Tá." Suspiro e entro no carro, o fazendo sorrir. "Você lembra onde eu moro, né? Da festa que você entrou de penetra."
"É claro que eu me lembro!" O loiro sorri, piscando pra mim. "Quem diria... a senhorita ninguém na minha caranga." Franzo a testa o encarando, enquanto o mesmo dá a partida.
"E o que você sabe de mim, Parker?"
"Que você tem com certeza, a voz mais linda que eu já ouvi."
Rio cínica cruzando os braços. "Ótima tentativa, Sean, mas não vou cair no seu jogo."
"Qual jogo?"
"O mesmo que você faz com todas as garotas que você transa. Eu jamais faria isso com você."
"E você acha que eu transaria com você? Tem muitas garotas bem mais interessantes na cidade."
"Ótimo, mas me diga! Por que quis me ajudar? Você não é o tipo de pessoa que faz coisas boas a troco de nada."
O loiro para o carro e me encara. "Você está certa. Não foi a troco de nada! Eu tenho uma proposta para te fazer!"
Proposta? Mas que tipo de proposta um mimado como ele tem a fazer a mim.
"Fale."
"Você pedir demissão do Waffle World e vir trabalhar comigo em um lugar que realmente possa te dar futuro."
"E que lugar seria esse?"
"O restaurante do meu pai, o Sunset. É um restaurante de classe e olheiros de Julliard e da Broadway passam por lá direto. Sem falar que diferente dessa lanchonetezinha, as pessoas vão até lá realmente afim de ouvir uma música boa."
Era uma oferta interessante. O que não fazia sentido era ele tentando me beneficiar de alguma forma.
"Por que está me oferecendo isso?"
"Os olheiros estão cansados de cantores solos. Isso eles veem de monte. Porém, uma dupla pode impressionar."
"Eu cantar com você?" Solto uma gargalhada. "Sem chance, Parker!"
"Quanto você recebe na Waffle?" Antes que eu pudesse responder, ele contrapropõe. "Eu pago o dobro e você trabalha a metade. Apenas de noite e nos fins de semana."
Ele estaciona em frente a minha casa, fazendo eu soltar um suspiro de alívio.
"Desculpa, Sean, mas não faço dueto!" Desço do carro e o olho pela janela. "Obrigada pela carona."
"Bem que me falaram que você é difícil, mas toma aqui, um cartão com o meu número caso mude de ideia."
"Não mudarei." Sorrio de forma provocativa.
"Mas aceite. Se em um mês você não decidir aceitar, pode queimá-lo."
"Tá bom, insistente. Se passar uma estrela cadente no céu, trate de ver e fazer o seu pedido." Pisco para ele e caminho em direção a porta de casa.
Assim que ouço ele sair, solto um suspiro pesado. Talvez eu tenha sido dura demais, mas ele não escolheu um bom dia para tentar me convencer de algo.
Incrível o poder que aquelas palavras do Owen tiveram sobre mim.
E se ele estiver certo? E se realmente foi minha culpa?
Bom, isso eu não sei. A única coisa que sei é que estar brigada com ele, é a pior coisa pra mim.
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