•Capítulo Quarenta e Um•
Já acordou uma manhã e pensou: o que eu estou fazendo com minha vida?
Era essa a frase que vinha em minha mente todas as manhãs depois de descobrir que Owen não se lembrava nada daquela noite... da noite que virou meu mundo de cabeça para baixo novamente.
Eu me perguntava se ele realmente se sentia assim, ou se foi coisa do momento. Me perguntava o que teria acontecido se ele não tivesse esquecido. O que ele faria em relação a Madison? Isso me fazia também pensar no Sean.
O que ele sente por mim? Será que ele me ama? Será que assumiria um relacionamento comigo? Ou será que eu realmente não passo de mais uma de sua lista? Eu não sabia. Eu queria saber.
Essas e outras perguntas me atormentaram durante dias, me deixando maluca, mas a merda realmente começou, quando em uma das manhãs, eu esqueci de tomar o meu remédio para o meu transtorno bipolar e percebi que aquele dia foi bem menos tenso e longo que os outros. Percebi, ou pelo menos pensei, que eu ficava melhor sem os remédios.
Então eu parei de tomá-los.
Não tomar eles, fez eu virar outra pessoa. Eu não ficava mais cansada facilmente, eu não pensava antes de fazer as coisas e eu tinha mais coragem.
E coragem era exatamente o que eu precisava.
Faltavam quinze dias para o Natal e a cidade já estava coberta por neve e toda iluminada com as decorações natalinas. Eu sempre achei lindo e o clima era realmente incrível, mas a reunião da família inteira para comemorar essa data... ah, isso eu odiava.
Naquela amanhã, eu acordei decidida a não ter mais incertezas em minha vida. Eu queria esclarecer tudo com todos, para enfim, eu conseguir escolher o caminho que quero seguir. Quem sabe assim eu consiga encontrar a minha felicidade, né?
O que eu não sabia, era que mesmo sem os remédios, não seria nada fácil acabar com as incertezas. Aliás... elas são incertas e o desfecho delas também.
Sean havia me mandado uma mensagem, falando que queria se encontrar comigo antes do trabalho, então me disponho para ir até sua casa e ele aceita. Eu realmente precisava falar com ele.
Quando chego lá, ele me recebe com uma expressão meio séria e um sorriso nitidamente forçado, me fazendo franzir a testa.
“O que foi?” Questiono e o loiro se senta no sofá.
“Você que tem que me dizer. O que aconteceu com você? Você tá muito estranha nós últimos dias.” Engulo seco me sentando em sua frente.
“Como... como assim estranha?”
“Agitada, impulsiva... você parou de tomar os remédios, Wendy?”
“Não!” Minto descaradamente, na tentativa de evitar uma baita discussão.
“Tem certeza? Porquê eu já deixei de tomar uma vez e fiquei exatamente assim. Sei que pode parecer bom, mas é uma falsa sensação. Isso pode te destruir, Wendy!” Reviro os olhos e me levanto irritada.
“Eu já não te falei que eu não parei de tomar os remédios? Então pare de vir com sermão pra cima de mim!” Ele respira fundo, fazendo um não com a cabeça e se levanta me olhando. “Era isso que você queria conversar?”
“Sim.”
“E já acabou?”
“Sim.” Seu tom de voz seco, me faz engolir seco novamente, tentando tomar coragem para dizer o que eu tinha pra dizer.
“Ótimo, pois eu quero falar uma coisa séria com você. Podemos ir no seu quarto?” Ele fica surpreso e aceita com a cabeça, caminhando em minha frente. Assim que entro, fecho a porta atrás de mim e nem penso duas vezes antes de fazer uma pergunta.
“O que eu sou pra você, Sean?”
“Como assim?”
“O que você sente por mim?” O loiro solta um riso nervoso e encara meus olhos.
“Que papo é esse, Wendy?” Penso em diversas maneiras de responder sua pergunta, mas apenas mais perguntas vem em minha mente. “Hein?”
“O papo é que... eu já cansei de ficar em cima do muro, Sean. Minha vida sempre foi cheia de dúvidas, incertezas... eu não quero mais viver assim.” Sinto meus olhos transbordarem, mas impeço as lágrimas de escorrerem.
“E qual dúvida você tem sobre nós?”
“Minha dúvida é se existe um nós, Sean. Eu não quero mais beijar você, sem ter a certeza que eu sou a única que você beijou hoje e a única que você beijará amanhã. Eu não quero ter essa incerteza de poder perder você, de ser substituída novamente. Eu já cansei disso, cansei!”
“O que você quer dizer com isso?” Seus olhos marejam e eu limpo a garganta, fechando os olhos por alguns segundos.
“Que eu não quero mais estar com você se não for algo... oficial. Não quero estar com você sem ter a certeza de que você me...” Nunca foi fácil para mim falar essa palavra, mas com bastante esforço, consegui. “... me ama e que não me substituiria nunca.”
“Wendy...” Ele respira fundo extremamente nervoso e assustado, se aproximando de mim e me olhando nos olhos. “Você... sabe que eu não namoro! Deixei isso claro desde o início.”
Essa definitivamente não era a resposta que eu esperava.
E eu também não esperava que essa resposta, tiraria meu chão por completo.
“Mas poxa, isso que nós temos... nós dois... caramba! Você me faz tão bem! Por favor, não acabe com isso, Miller.” Ele suplica, mas eu nego com a cabeça, com raiva nos olhos.
“Não. Eu não consigo mais, Sean. Se não me quer como sua namorada... é melhor sermos só amigos, colegas de trabalho!” Pego minha bolsa no chão e ameaço sair do quarto, mas ele segura o meu braço me impedindo
“Wendy, por favor não faz isso!” Uma lágrima escorre dos seus olhos, que estavam encarando fixamente os meus, que choravam disfarçadamente.
“Não fui eu quem fiz. A escolha foi sua!” Me desvencilho do seu toque e desço as escadas correndo.
Assim que saio da sua casa, pego minha bicicleta e pedalo sem rumo, até que paro em uma pequena pracinha coberta por neve e me sento no banco.
Bastou cinco segundos lá sozinha, para que as lágrimas começassem a escorrer descontroladamente no meu rosto. Eu tentava, mas não conseguia me consolar. Eu só conseguia pensar que novamente eu tinha me iludido e que isso que eu vivi com o Sean foi bom, mas foi superficial. Se fosse real, ele não iria ter preferido terminar tudo ao invés de me ter como namorada.
Ele não me ama.
Ele não me merece.
Ninguém me merece.
Eu sabia que se isso acontecesse, iria doer, mas não sabia que iria doer tanto.
Não sabia que o Sean tinha esse poder sobre mim.
Depois de longos minutos me lamentando, eu me obrigo a enxugar as lágrimas e levantar. Eu tinha mais coisas para resolver... eu tinha que continuar o que eu comecei.
Eu tinha que continuar na busca por respostas, para enfim, achar o caminho da minha felicidade.
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