•Capítulo Dezoito•
Eu já estava dormindo quando tudo começou. Abri olhos apenas no momento em que o Owen saiu do quarto em passos pesados e rápidos, o que me fez ir atrás. Fiquei escutando tudo atrás da porta, sabendo que seria pior se eu me intrometesse, mais do que eu de fato já me intrometi.
Assim que Wendy saí, vou até ele, que chorava sentado na escada. Foram longos segundos assim, até que ele conseguiu se acalmar.
“Eu sou a pior pessoa do mundo. Eu não devia ter mentido pra ela, eu não devia!”
“Sim, você errou, mas não adianta ficar se remoendo por isso, não tem como voltar atrás.”
“Eu perdi a minha melhor amiga, Madison. Isso sempre vai me remoer.”
“Você não a perdeu, Owen. Ela está brava, mas isso vai passar e tudo vai voltar ao normal. Confia em mim.” Encaro seus olhos.
“Eu queria confiar, mas você não conhece a Wendy como eu. Vai ser uma missão quase impossível conseguir sua amizade de volta.” O moreno suspira se levantando. “É melhor você ir para casa, ver como ela está.”
“Duvido que ela queira me escutar, mas vou pelo menos para checar. Você vai ficar bem?” Ele afirma com a cabeça e então eu selo os nossos lábios, me afastando logo em seguida. “Eu te amo.”
“Eu também te amo.” Um leve sorriso se forma em nossos lábios e nos despedimos com um abraço.
Meu coração estava partido por vê-lo assim. Sinto cair sobre mim, uma parcela de culpa, mas eu não me arrependo de estar com ele. Eu estava realmente feliz. Quando chego em casa, subo as escadas até o quarto da Wendy e vejo que ela não está lá. Franzo a testa confusa e depois de procura-la pela casa inteira, concluo que ali ela não estava.
Minutos depois de eu mandar mensagem para o Owen, ele chega, mais nervoso do que antes. Ele cogita a hipótese de ir procurar ela, mas eu o impeço, dizendo que é incoerente sair pela cidade a procurando e que a probabilidade de acharmos, seria mínima.
Ficamos por horas ali na sala, telefonando, mandando milhares de mensagens e andando de um lado para o outro, preocupados por ter passado da meia noite e ela ainda não ter chego. Owen garante que não imagina aonde ela possa ter ido em uma hora dessas e está se sentindo péssimo por isso.
Quando o relógio marcava três da manhã e eu estava quase dormindo no sofá, Owen que estava a horas sentado em frente a janela, anuncia que ela chegou, mas sua expressão não é nada boa.
“O que ela está fazendo com esse idiota?” O moreno abre a porta bravo, enquanto o loiro praticamente trás Wendy nos braços, pois ela mal conseguia parar em pé. “O que você estava fazendo com ela, Parker?” Owen o enfrenta, extremamente irritado.
“Calma aí, cara! Não precisa se estressar. Eu apenas resolvi dar uma carona a ela, pois ela exagerou um pouquinho na quantidade de tequila lá no Sunset, mas fica tranquilo, está tudo sob controle. A baixinha não aprontou nada demais lá.” O loiro sorri e se despede da Wendy com um beijo na bochecha. Já o Owen fica ali, com raiva, mas sem ter o que falar.
“Caramba, Wendy! Você está absurdamente bêbada.” Ele tenta encostar em seu braço, mas ela desvia, quase caindo na porta de casa.
“Eu estou bem, Owen! Eu estou muito bem! Para ser exata, nunca me senti melhor!” Ela gargalha enquanto tira os sapatos.
“Você nunca foi de beber assim.” O moreno a repreende, a cercando por medo da mesma cair.
“E você nunca foi de mentir, Scott. Então me parece que as coisas mudam.” Essa sua resposta o deixa sem chão, ele realmente não esperava por uma patada dessas.
“Owen, deixa quieto. Não liga pra isso, amanhã vocês conversam.”
“NÃO!” A loira grita. “Eu não quero falar com ele nem hoje, nem amanhã e nem nunca!” As palavras saem de forma enrolada de sua boca, mas era possível compreender.
“Vem cá, Wendy. Vou te levar para o seu quarto.” Me aproximo segurando sua mão, mas ela se desvencilha do meu toque e me olha, com raiva nos olhos.
“Eu não quero a sua ajuda, Madison.” Engulo seco e volto o meu olhar para o Owen, que estava com os olhos marejados e a observo tentar ir para o quarto, mas ao ver que não consegue, ela se joga no sofá e não demora nem dez segundos para estar no décimo quinto sono,
“Wendy nunca foi de beber assim, Madison. E ela também nunca sairia com aquele cara. Isso tudo é culpa minha.”
“As escolhas dela não são sua culpa, Owen. E você tinha que ter agradecido o Sean por ter trazido ela em segurança. Imagina ela voltando sozinha nesse estado, seria mil vezes pior.”
“Ela não tinha nem que ter ficado nesse estado sozinha em um local. Principalmente no Sunset, onde é cheio dessas pessoas mimadas e... idiotas!”
“Bom, mas aconteceu. Ela estava abalada com tudo o que rolou e decidiu beber para tentar esquecer. Não a culpe por isso, é a saída que qualquer pessoa iria procurar nessa situação.”
“É... você tem razão. Eu estou muito nervoso, não estou nem conseguindo pensar direito. É melhor eu ir pra casa.”
“Sim. Pode deixar que eu cuido dela.” Solto um suspiro pesado, tensa por toda essa situação. Não gostava de vê-los assim, tristes. Isso me machucava também.
“Até amanhã, amor. Fica bem, ok? Com o tempo, tudo vai se ajeitar.” O moreno abre um leve sorriso, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
“Se Deus quiser vai sim. Boa noite, linda! Até amanhã.”
“Até amanhã, gatinho!” Sorrio o acompanhando até a porta. A despedida não foi das mais longas, a verdade é que com certeza ele queria passar um tempo sozinho. Mal consigo imaginar o quão difícil deve estar sendo isso para ele.
Depois que ele sai, me sento ao lado da Wendy e fico alisando seu rosto, pensando nos poucos momentos em que nos divertimos juntas. Eu nunca entendi o real motivo para ela não gostar de mim, não me dar uma chance, mas a verdade é que essa é uma das coisas que mais me incomodou na vida. Eu sempre quis que fossemos amigas, como aquelas irmãs inseparáveis de filme, sabe? Por mais que fossemos completamente opostas, eu acreditava que um dia, isso seria possível, mas depois de hoje, creio que ficaremos ainda mais distantes.
“Eu espero do fundo do meu coração que você nos perdoe e que fique bem logo. Você merece toda a felicidade do mundo, irmãzinha.” Solto um leve suspiro e me levanto.
Vou até seu quarto, pego um travesseiro e um edredom e a ajeito no sofá, a cobrindo logo em seguida.
Amanhã eu penso em como vou explicar para os meus pais o acontecido e também penso em como vai ser daqui para frente. A única coisa que é obvia para mim, é que de hoje em diante, nada será igual e nada será fácil.
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