•Capítulo Dezenove•
Acordei com o barulho insuportável do despertador, mas após desliga-lo, não tive a mínima vontade de sair da cama. Eu estava acabado. E foi eu mesmo quem acabei comigo.
Eu sempre menosprezei homens que só dão o devido valor à uma mulher, depois que a perdem, mas acabei fazendo isso. O meu amor pela Madison me cegou, de forma que me fez esquecer da coisa que é a mais importante na minha vida. Eu posso ter o mundo nas mãos, posso ser bilionário, ser imortal, ser o homem mais poderoso do mundo, mas se a Wendy não estiver do meu lado, eu não serei completamente feliz. Ela é parte de mim e eu fui um otário por fazer o que fiz. Eu preciso concertar isso.
Tiro o meu celular de baixo do travesseiro e mando diversas mensagens para Wendy, falando que eu realmente preciso falar com ela, que eu não estou nada bem, mas como o esperado, sou ignorado. Madison me conta que ela está trancada no quarto, tocando algumas notas no violão, mas que já disse que não quer falar com ninguém. Como eu queria ser outra pessoa e poder abraça-la em um momento difícil desses... sei exatamente como ela deve estar agora e isso me parte o coração.
Passo a manhã inteira na cama, apenas me remoendo e me odiando mais a cada segundo que passava. Assim que o relógio apita meio dia, me levanto da cama, finalmente indo me arrumar. Ao passar pela cozinha, pego apenas uma maça, pois além de não ter comida pois meus pais viajaram, eu estava sem um pingo de fome.
Dirijo até o Waffle, pensando em como vou falar com a Wendy e no que vou dizer. Eu precisava que ela me escutasse, que me desse mais uma chance. Eu não sei viver sem ela. Quando chego, me deparo com uma cena, que faz meu coração palpitar ainda mais rápido. Wendy estava sentada em uma mesa, conversando com o nosso chefe, extremamente séria.
Ela estava tão bonita. Sempre que está triste, Wendy usa uma roupa toda preta e dessa vez, havia feito um delineado nos olhos também, o que destacava o azul dos seus olhos. Porém, eles não estavam mais brilhando da forma que sempre brilharam para mim.
Assim que os dois se levantam, se abraçam e Wendy saí dali encarando o chão, indo em direção aos nossos armários. Dou rápidos passos atrás dela, mas nenhuma palavra saí da minha boca, ao vê-la tirando todas as coisas de seu armário. Meu coração estava sem bater, à alguns segundos já. Quando ela se vira para sair, nossos corpos se chocam e seus olhos se encontram com os meus. Os segundos em que ficamos nos olhando, pareciam uma eternidade para mim. Eu pude sentir sua fúria, sua decepção. Depois de fortes piscadas, Wendy suspira e volta a se afastar, mas seguro sua mão, antes que ela possa sair.
“Você foi demitida? Foi por causa da briga de ontem com os caras? Se for, eu tento explicar, falo que a culpa é minha.”
“Não. Eu pedi demissão.” Arregalo os olhos.
“Se você fez isso pelo o que eu fiz...” Antes de conseguir concluir a frase, ela me interrompe de maneira grosseira.
“Isso aqui não tem mais sentido pra mim, Owen. Nada mais faz sentido. Eu vou procurar algo que realmente tenha futuro.” Ela se referia a um empregou ou a uma pessoa? “Agora me solta, tenho que ir.” Só então percebo que eu ainda estava segurando sua mão, a soltando no mesmo instante.
“Wendy, por favor! Vamos conversar.”
“Nós não temos nada pra conversar. E eu não quero mais isso aqui.” A loira empurra um papel em meu peito com raiva e me encara novamente. “Passar bem, Owen.” Ela saí, mais fria do que o gelo, me deixando ali, em pedaços. Era a nossa foto que estava em seu armário, desde o primeiro dia que chegamos aqui.
Eu não sabia e nem tinha noção de que
a culpa, é com certeza o sentimento mais dolorido que tem, mas ali eu tive a certeza disso.
Naquela tarde, mais ou menos uma hora depois de a Wendy ter ido embora, o treinador da equipe de surfe foi até ali, para tentar me convencer de voltar para a equipe, mas eu neguei. Não estava com cabeça para competir agora e... não sei se conseguiria superar o meu trauma sem a Wendy por perto.
Talvez, eu tenha perdido a minha ultima oportunidade de voltar para a equipe, mas isso não era nada naquele momento.
Quando eu estava voltando pra casa, sentado no banco do carro, pego a foto que ela havia me devolvido, lembrando do dia em que tiramos ela. Estávamos muito felizes.
Dois anos antes.
“Owen, você é ridículo! Como pode ter tanta certeza de que eu amo você?” A loira questionou rindo, enquanto andávamos sob a ponte lentamente. Ela estava parecendo um pinguim devido a quantidade de casacos que estava usando, mas não atoa, o frio estava intenso naquela tarde.
“Porque dá para ver em seus olhos, Wendy Miller. Você nega, sempre negou, mas eu sei que me ama.” Paramos frente a frente. Ela estava envergonhada, com as bochechas parecendo dois tomates, de tão vermelhas que estavam.
“Amor é uma palavra muito forte, Scott.”
“E é exatamente por isso que só sentimos um pelo outro. Somos almas gêmeas disfarçada, Wendy. Aceite.” Brinco, mas a verdade é que naquele momento, meu coração estava quase saindo pela boca, pois eu pensava que nós fossemos nos beijar. Eu queria isso.
“Aí tadinho, você acha mesmo que tem chances comigo? Tolinho!” Ela responde, brincando também, mas sinto um aperto em meu peito, porém disfarço com uma risada.
“O que teria de tão ruim em namorar comigo?”
“Você é feio, chato e extremamente petulante. Tenho dó de quem ficar com você.” Arregalo os olhos e abro a boca, fingindo estar surpreso com a resposta super previsível dela.
“E eu tenho dó de quem ficar com você. Se é que vão querer ficar né...” Falo, já recebendo vários tapas dela logo em seguida, me fazendo gargalhar.
“Vai ser bem mais fácil EU achar alguém do que você, ok? Eu sou muito mais bonita e bem melhor do que você!” Wendy diz convencida e saí rebolando em minha frente.
“Ah é? Se é melhor...” A pego no colo, deixando seus pés bem longe do chão. “Tenta sair.” A loira grita e se balança loucamente na tentativa de sair de meus braços, mas falha drasticamente.
“Idiota!” Ela grita em meio a risadas quando a coloco no chão. “A verdade é que eu acho que de tanto que estamos falando disso, nós dois morreremos solteiros.”
“Então vamos fazer um trato.” Sugiro, fazendo-a franzir a testa.
“Qual?”
“Se estivermos com trinta anos e estivermos sozinhos, a gente se casa para não virarmos os tios dos dez gatos.” Estendendo a mão e me surpreendo com a rapidez quem ela a aperta.
“Fechado. Eu não me dou bem com gatos!” Ela se vira, dando uma piscadinha que me fez rir. Ela sempre tinha a resposta para absolutamente tudo. “Vamos tirar uma foto pra marcar esse momento? Não podemos esquecer desse acordo, nada melhor do que uma foto para registrarmos.” A loira pega o celular da bolsa e após eu concordar, fazemos a selfie, com o mar de fundo.
Hoje
Naquele dia, eu dormi pensando que um dia eu me casaria com ela e eu estava feliz por isso. Hoje, ela me devolveu essa foto, o que aparentemente foi o jeito dela de dar um fim nesse acordo. Olhar aquela foto, onde nós dois estávamos abraçados com sorrisos sinceros estampados em nossos rostos, deixou ainda mais o meu coração em pedaços.
Antes de dormir, fiquei pensando em várias formas de lhe pedir perdão, mas nenhuma delas parecia eficaz. Será difícil de ter esse perdão, sendo que ela nem me deixa falar. Eu precisava pensar em outra maneira, mas nada me vinha na cabeça.
Só sei que terei muito trabalho para
reconquista-la, mas farei. Pois não conseguirei viver sem a Wendy.
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