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Capítulo 4


Se você quer mesmo saber
Por que que ela ficou comigo
Eu digo que não sei
Se ela ainda tem seu endereço
Ou se lembra de você
Confesso que não perguntei

Aquela Mulher 

Chico Buarque

- Merda! - Sibilei, quando senti o líquido quente do café queimar um pouco a minha mão. A xícara tinha transbordado na cafeteira e eu não percebi, distraído, irritado. Irritado, não. Furioso, na verdade, o que já era péssimo porque eu não gostava de me sentir furioso. Era sábado pela manhã, 6 horas ainda, mas eu estava muito inquieto para dormir. Maldita Diana!

Eu tinha acordado no meio da noite para descobrir que ela tinha ido simplesmente embora. Aquilo nunca tinha acontecido antes e eu fiquei por um momento perplexo, enquanto caminhava pelo apartamento, completamente nu, me dando conta que ela realmente não estava lá. Ela levara a calcinha rasgada do chão, notei, olhando em volta.

Aquela maluca tinha ido embora sozinha no meio da madrugada. Por que diabos ela não me chamou? Por que apenas saiu sorrateiramente sem... Sem o quê mesmo? Conversar depois do sexo? Ficar para o café da manhã? Não haveria nada disso, então, porque eu estava puto em descobri que ela tinha ido embora assim? Eu sabia o motivo, ou pelo menos achava que sabia. Eu deveria ter levado ela em casa, sido mais cavalheiro de alguma forma e, principalmente, conversado com ela. Porra, a gente tinha que conversar.

Tomei um gole do meu café, recostado no balcão da cozinha, passando uma mão pelos meus cabelos molhados.

A noite havia sido épica, e o que tinha começado na sala - nas paredes, na verdade - tinha continuado na minha cama de maneira quase selvagem. Eu me sentia assim, particularmente, enquanto tinha Diana em meus lençóis, embaixo de mim, em cima de mim, a minha frente... Ela era como um vulcão em erupção, e as imagens estavam fazendo a sua parte agora para me deixar novamente duro. Às 6 da manhã, e com raiva dela.

Porque nós havíamos transado sem camisinha, da primeira vez. E ainda que eu tenha usado depois, nas próximas, não fez e nem faria diferença nenhuma. E até agora eu fechava os olhos e me dava conta da loucura e da insensatez daquilo e não conseguia ajustar aquele comportamento a minha maneira usual de agir, ao que eu era, ao modo que eu pensava. Transar sem camisinha com uma garota que eu mal conhecia, eu poderia dizer aquilo em voz alta por toda a eternidade e ainda assim essa atitude não se encaixaria. Aonde eu estava com a cabeça? Bem, as duas cabeças estavam entre as pernas de Diana, cada uma de jeito e em momentos diferentes, eis minha resposta, pensei, sardônico.

Então, era claro que eu precisaria conversar com ela. Saber se usava algum tipo de método contraceptivo, se estava tudo bem, e se algo acontecesse? Engravidar uma aluna. Perfeito. Isso era perfeito, pensei, com ironia. Tinha sido para isso que eu mandara as pretensões de papai às favas e fui buscar o meu próprio caminho? E os meus ideais de relacionamento, que estavam em torno de algo sério, planejado meticulosamente com alguma mulher que se ajustasse a minha vida e atendesse às minhas expectativas, como encaixar isso se eu engravidasse uma garota em uma única transa? E os meus discursos sobre responsabilidade para Marcos ao longo da nossa vida? Eu estava fodido. Ainda assim, se por acaso ela engravidasse, eu não me afastaria dos meus deveres de forma alguma, isso estava absolutamente decidido para mim.

O certo era que não existia aquilo de culpa ali, a responsabilidade era tão minha quanto dela. Na verdade, mais minha, muito mais minha. Eu era um cara de 30 anos, experiente, ela tinha 19 anos, por favor, eu deveria estar no controle, eu deveria ser a parte racional da equação. Mas se eu fosse sincero, em alguns momentos senti-me como se estivesse completamente sob o seu domínio, a sua mercê. E se na cama isso era sexy, fora dela era perturbador, principalmente para quem gostava de estar no controle das suas emoções, como era o meu caso.

Meu Deus, aquilo era muito louco. Mas já tinha acontecido, agora era arcar com possíveis consequências, não seria a primeira nem a última transa sem camisinha no mundo. Eu só estava indignado por que ela tinha fugido no meio da noite, quando poderíamos ter conversado racionalmente sobre aquilo. Ou até mesmo aproveitado as horas restantes depois da conversa para retomar nossas atividades...

Mas não, ela tinha decidido se esgueirar. Nenhuma mulher saia da minha cama assim, eu as levava embora, ou as deixava ir, mas nenhuma quis correr de mim desse jeito. Assim que terminei meu café, bastante zangado ainda, vesti um calção preto, uma camiseta azul, pus um boné, fones de ouvido, e resolvi correr na orla. Daqui a pouco Teo estaria aqui, já que tinha vindo deixar Julia e Amanda na casa dos pais dela, aqui perto.

Mais de uma hora e meia depois, eu voltei ao apartamento, completamente suado, ofegante, sentindo meus músculos vibrarem com o esforço da corrida. Ainda que eu tivesse aparelhos em casa, nada substituía uma corrida ao ar livre, e desse jeito, acabei correndo mais do que pretendia, distraído, mas tinha tomado uma resolução firme.

Na próxima aula, na quarta, iria chamá-la para uma conversa, e daria um jeito de marcarmos em algum local para que pudéssemos esclarecer as coisas. Talvez eu a chamasse para vir aqui novamente apenas para conversar, pensei, sabendo de antemão que aquilo era besteira. Depois de ontem, a última coisa que eu queria se tivesse aquela mulher de novo ao alcance das minhas mãos, era conversar, apenas. Depois, poderia até ser.

Teo chegou por volta das 9h30, já que ele sabia que assim como ele próprio, eu não era um cara de permanecer muito na cama, mesmo em um sábado pela manhã. A não ser que eu tivesse companhia, o que não era o caso.

- Pelo que vejo, alguém já começou o dia a todo vapor. - Teo disse, sorrindo, a título de cumprimento, assim que chegou. Eu já tinha tomado um novo banho e estava de bermuda e camiseta, enxugando meus cabelos com uma toalha. Ele havia ligado quando eu estava voltando da corrida, para avisar que estava saindo da casa dos sogros. Abracei-o e fiz um gesto para que ele sentasse.

- E você, visitando os pais de Amanda assim tão cedo, não me diga que de repente está louco de amores pela sua simpática sogra. - Eu sorri de volta, sentando-me do outro lado do sofá.

- Deus, não! Impossível. Só as trouxe para passar o dia com ela. Na verdade, até ficaria se Augusto estivesse por lá, mas como ele não está, não dá pra ser torturado de livre e espontânea vontade. - Ele gemeu, passando a mão no rosto, e eu sorri, compreensivo.

- E Julia? - Eu ergui uma sobrancelha. Sabia que a menina de 11 anos tinha problemas de relacionamento com Amanda, que pareciam se agravar cada vez mais à medida que ela crescia. Teo me contava algumas coisas, ainda que, óbvio, ele mantivesse alguns detalhes sobre os problemas do seu casamento para si próprio.

- Desconfio que ela preferia ter vindo comigo para sua casa, pela carinha que ela fez quando me despedi. Mas você sabe, Amanda parece estar se empenhando e eu não ajudaria muito tirando-a de perto da mãe a cada vez que ela tentasse aproximar. - Ele se recostou mais no sofá, e por uns segundos, pareceu um pouco perdido nos próprios pensamentos, então, me encarou - E você, como vai o mais novo promotor da área?

- Estou bem. É desafiador, mas é o que eu queria, sim, acho que me encontrei. Isso de ficar resolvendo questões legais sobre investimentos alternativos não é pra mim.

- Pelo visto, o treinamento de Marcos para assumir as empresas precisa estar a todo vapor, então. Não que ele também queira isso. - Teo disse, e nós sorrimos. Marcos era quase cinco anos mais novo que eu, e ainda que fosse um notório bon vivant, sempre acompanhado de belas mulheres e disposto a curtir a boa vida em qualquer oportunidade, tinha tomado consciência de que ele assumiria os negócios do pai, e não eu, como filho mais velho.

- Claro que não, pelo jeito, o único treinamento que ele está interessado, aos vinte e poucos anos, é em como entrar e sair o mais rápido possível da cama de uma mulher e pular para a de outra. - Eu completei, com um sorriso.

- E andar tanto com Ricardo, como ele vem fazendo ultimamente, parece que vai fazer ele se doutorar em dois tempos nisso.

- Deus, é verdade. Ainda mais agora com Ricardo resolvendo abrir uma boate. Tenho a impressão que eles dois não saem mais de lá.

- Ele sabe que não vai encontrar um companheiro de farra e loucuras no irmão mais velho, então, encontrou em Ricardo o parceiro perfeito pra isso. - Teo deu de ombros, sorrindo pra mim. Eu engoli em seco, de repente desconfortável, e levantei.

- Você quer beber alguma coisa? Uma cerveja?

- Sim, pode ser, sim. Mas você... tem bebida em casa, que milagre é esse? - Ele me seguiu, franzindo as sobrancelhas loiras, estranhando. Sempre que eles vinham ao meu apartamento, comprávamos antes, por que eu raramente tinha bebida em casa. Mas na volta da corrida, resolvi comprar umas cervejas por que de repente tinha ficado a fim de beber algo.

- Comprei ainda há pouco. Te acompanho. - Expliquei, pegando duas cervejas, e passando uma a ele. Tomamos alguns goles em silêncio, em pé, recostados, naquele tipo de silêncio tranquilo que às vezes os homens ficavam, quando bebiam. Depois de mais alguns goles, eu fiz um sinal e voltamos a nos dirigir a sala.

- E então, é definitiva mesmo a sua saída da área jurídica da Avellar? - Teo questionou, quando estávamos ambos meio sentados e meio largados no sofá. Eu assenti.

- Sim, na verdade eu ainda tinha permanecido pelo menos na área jurídica enquanto não saia o resultado do concurso, agora, precisei me afastar totalmente. Não tenho a intenção de voltar.

- Otávio deve estar espumando pela boca. O filho perfeito, o herdeiro que ele moldou e sonhou para as empresas e o legado dele, prefere abdicar de tudo para uma carreira própria na área jurídica. Deve estar puto, hein?

Eu soltei longamente o ar, olhando pro teto por um instante. Eu e Marcos éramos irmãos e nos amávamos muito, talvez pelo fato de termos essa diferença de idade eu sempre me senti protetor e responsável por ele. Mas não tínhamos conversas profundas sobre coisas mais íntimas. Isso era muito raro. Ricardo, era um dos meus melhores amigos, também, mas na maioria das vezes, era com Teo que eu acabava sendo um pouco mais aberto, ainda que ele vivesse me chamando de trancado. E eu acho que eu era. Um pouco, pelo menos.

- Eu acho que o papai não acreditou que eu estava me afastando até que aconteceu. Eu só espero que ele não resolva colocar sobre Marcos o dobro do peso que ele punha em mim.

- Fica tranquilo. Eu acho que ele pode até fazer, mas Marcos é diferente. Você ouvia, sentia a pressão de Otávio e tentava alcançar a perfeição, por que é seu jeito de lidar com as coisas. - Teo me encarou como se me desafiasse a contradizer aquilo. - Com Marcos, ele vai ter um pouco mais de dificuldades em impor o que quer, e vai ter um pouquinho mais de cabelos brancos pra coleção, também, enquanto estiver tentando.

- Como quando éramos crianças, nada vai mudar, pelo jeito. - Eu ri, e Teo me acompanhou.

- Isso, ele sabe onde está se metendo: com o filho doido em vez do filho exemplar.

Pois eu estava me sentindo tudo, menos exemplar naquela manhã. Respirei fundo outra vez, fechando os olhos, e passei a mão pelos meus cabelos. Quando eu os abri, Teo estava me olhando com aquela expressão de quem estava só aguardando eu dizer o que tinha que dizer. Eu já conhecia, então nem lutei muito contra. E na verdade, eu já queria dizer a ele, ou explodiria.

- Eu transei com uma aluna.

Ele tirou a garrafa rápido da boca e limpou-a com a costa de uma das mãos, os olhos ligeiramente arregalados. Não era muito fácil chocar Teo, mas eu podia dizer pela sua cara, que eu havia me saído bem naquela tarefa, agora.

- Como é que é?

- Isso aí que você ouviu. Ontem, aqui mesmo no meu apartamento, eu fiz sexo com uma das minhas alunas.

- Puta que pariu!

- E não uma aluna de último ano, ou algo assim, não: um aluna de 19 anos. - Continuei, agora que eu estava dizendo, ia dizer a merda toda. Teo continuou imóvel, me encarando como se tivesse nascido uma terceira cabeça em mim. Eu podia entender bem isso, claro.

Eu sempre fui considerado o modelo de comportamento de nós quatro, o cara que era alvo das brincadeiras e gozações por ser sempre o certinho, sempre o seguidor de regras, previsível, até. O cara que preferia namorar com uma mulher e mantê-la, do que viver pulando de cama em cama. E definitivamente não o cara que fazia sexo com as suas alunas.

- Olha, você não faz merdas na vida, mas quando resolver fazer, ninguém te ganha. Meus parabéns. - ele finalmente disse, parecendo impressionado. Teo era um cara que tinha realmente pirado muito antes do casamento com Amanda, e mesmo com todos os problemas que ele deixava escapar de vez em quando - principalmente depois que Julia tinha nascido - ele respeitava o próprio casamento, e talvez por isso, por ter essas mesmas concepções acerca de um relacionamento, eu me sentia mais à vontade para discutir aquilo com ele do que com os outros dois lunáticos.

- É? Então segura essa: eu transei com ela sem camisinha. - Disparei, cruzando meus braços, sentindo uma satisfação que não me era comum, em chocá-lo ainda mais. Talvez eu não estivesse tão confortável em ser considerado tão previsível quanto eu achei que estaria.

Teo, no entanto, foi quem me chocou, jogando a cabeça para trás e soltando enorme uma gargalhada. Eu continuei sério olhando pra ele, braços cruzados, esperando ele terminar o show. Quando ele finalmente sorria, apenas, tomou um longo gole da sua cerveja, esticou as pernas e cruzou-as.

- Vamos lá, despeja essa história aí, Diego. Valeu a pena ter vindo pra cá, porra. Eu quase desejo agora que Marcos e Ricardo estivessem aqui para ouvir isso, sério.

- Eu te proíbo te contar algo a eles. Nem sei por que estou te contando essa merda - reclamei, levantando, exasperado, e fui até a varanda, aberta, e fiquei olhando pra fora por uns segundo, depois me voltei e sentei novamente de frente pra ele.

- Mas eu sei por que você está me contando: por que eu sou seu primo e amigo, por que você confia e mim e sabe que eu compreendo a gravidade da situação, mas... Ainda assim, isso não vai me impedir de curtir com a tua cara, seria exigir demais de mim.

Eu suspirei e ele sorriu, relaxado.

- Caralho, Diego, como foi isso? Quem é ela? 19 anos, cara?

- Já te disse, uma aluna do segundo período. Uma tentação. Uma porra de um ciclone que eu nem vi que estava vindo, é isso. Simples.

- Porra, deve ser uma tentação e tanto pra balançar você assim.

- Eu não estou balançado, Teo. Só preocupado, agoniado...

- Arrependido?

- Nem por um segundo, e foda-se se isso não é o pior de tudo. No máximo arrependido de ter sido tão irresponsável, mas não do que aconteceu.

Ele assentiu, como se compreendesse.

- Um ciclone, não? Isso quer dizer exatamente o quê, na cama?

- Quer dizer que eu não estou comentando nada disso com você.

Ele riu, mas não insistiu.

- E você estava saindo com ela ou algo assim?

- Eu não saio com as minhas alunas.

- Não, só fode com elas sem camisinha. Vá te catar, Diego, e me conta isso direito.

- Eu deveria apenas chamar a atenção dela, por viver sempre chegando atrasada na aula, e cara, eu detesto isso, você sabe. Mas... Virou uma bola de neve rapidamente e eu não conseguia mais pensar em nada que não fosse...

- Transar com ela sem camisinha -ele disse, levantando uma sobrancelha.

- Teo. Você vai ouvir ou vai ficar frescando? Claro que não foi assim, não foi planejado, só de repente, aconteceu. E eu não tenho uma boa justificativa pra isso, não posso alegar nada a não ser a minha total negligência naquela hora.

- Certo. E ela, teve alguma, como direi, possibilidade de dar a opinião dela sobre o assunto? - Ele estava tentando se manter sério, pelo menos.

- Eu não a forcei a isso, se quer saber: ter sexo sem camisinha, nem poderia. - Na verdade, se me lembrava bem, Diana pareceu ter plena consciência de que estava deslizando em mim sem proteção alguma. Mas eu não admitiria isso para Teo e nem para ninguém, eu deveria ter cuidado das coisas, eu comecei tudo. Pelo menos eu acho que foi assim. Não sabia mais de nada.

- Ela é muito jovem. - Teo apontou.

- Sim. E mais ousada que qualquer mulher que já conheci. - Murmurei, fechando os olhos, lembrando, por um momento, da sensação que foi tê-la totalmente pendurada em mim enquanto eu me empurrava furiosamente nela... Para com isso, cara. Por favor.

- Eu espero que você não esteja pretendendo ficar de pau duro agora, bem aqui na minha frente, por que eu vou embora. - Teo avisou, voltando a beber. -Aí já é demais para o meu sábado de manhã.

Eu pigarreei, me ajustando no sofá.

- O certo é que eu a convidei para vir aqui entregar um trabalho e no momento seguinte...

- E você não viu isso vindo, Diego? Esse ciclone? Ele já estava anunciado no momento em que você a convidou para vir aqui, faça-me o favor. Talvez antes. - Ele apontou o dedo pra mim - Você queria isso.

- Transar sem camisinha? Eu nunca planejaria isso.

- Transar com ela. Sem camisinha foi só parte do desenrolar do processo. E pelo que vejo, você planejou sim, chamar a garota aqui, Diego, qual é?

Eu gemi, frustrado, por que estava ouvindo exatamente o que eu sabia que era a verdade. Claro que era.

- Cara, você nunca fez isso nem na adolescência, não foi?

Eu passei as mãos nos cabelos, bagunçando-os.

- Claro que não. Nunca.

- Porra, eu queria conhecer essa garota. - Ele disse, com malícia, e eu olhei pra ele fixamente, um pouco irritado.

- Você não vai conhecê-la.

- E posso saber por quê? Vai mantê-la pra você, professor tarado? - ele riu.

- Você tem uma mulher, concentre-se nela.

- E essa garota é sua mulher?

- Óbvio que não, Teo! Foi só uma transa. Isso nem vai se repetir.

- Certo.

- Escuta, isso foi um lapso, ela é completamente errada pra mim, de todas as formas que você veja. Não há menor possibilidade de...

- A menos que ela esteja grávida, não é? Gosto de pensar que você é homem suficiente para ignorar que ela seja errada, o que quer que isso signifique, e assuma suas responsabilidades.

Eu lhe lancei um olhar decididamente zangado, agora.

- Você me conhece, não diga absurdos, é claro que eu assumiria se ela engravidasse. Só preciso fazer com que ela saiba disso. - Tirei meus óculos, passei a mão no rosto e me joguei para trás, no sofá.

- Não entendi. Como assim, você não disse a ela que estaria disposto a arcar com as possíveis consequências? Sabe pelo menos se ela estava se protegendo? Para quem não quer um filho, você está me saindo muito bem.

- Eu nunca disse que não queria um filho. E além do mais, eu não consegui falar com ela devidamente. Não com todos os detalhes necessários.

- Bom, se não deu nem pra falar, deve ter sido uma noite e tanto. Espero que não tenha sido aqui, onde estou sentado agora.

Eu ri.

- Não, fiquei tranquilo.

- Então, por que você não falou com ela sobre essa questão?

- Porque ela foi embora. No meio da porra da noite, e me deixou dormindo - eu grunhi, a admissão deixando um gosto amargo na minha boca. E lá veio mais uma vez a sua risada alta, e eu bebi um longo gole e aguardei ele deixar de se divertir às minhas custas.

- Puta merda, Diego. Que mulher é essa? Quer dizer, ela é o sonho de caras como Ricardo e Marcos, e logo você encontra uma assim?

- Ela simplesmente fugiu e não me deu tempo de dizer nada. Foi isso. Eu pensei que teríamos tempo pra bater um papo, mas pelo visto, estava com pressa, mesmo afirmando que nunca tinha pressa. - Rosnei as últimas palavras pra mim mesmo, e acho que Teo nem ouviu.

- Que coisa, cara! Uma mulher que te deixou no meio da noite... - ele riu de novo. Eu já estava começando a me arrepender daquela conversa, oficialmente.

- Quando você terminar de achar engraçado, me avisa.

- Mas é engraçado. O gentleman que as mulheres adoram, encontra uma que trata ele como um pedaço de carne, depois do sexo. Porra, é fodidamente engraçado, sim.

- Sim. Muito.

- Mas isso não é um grande problema, cara. Você vai vê-la novamente, afinal.

- Sim, na aula. Na quarta-feira. - A irritação com Diana estava voltando com for a total. Eu nem saberia o que faria direito se a encontrasse novamente... E as alternativas na minha mente giravam todas em torno dela pagando pela seu atrevimento. Merda. Mas de uma coisa eu sabia, ia esperar para ver o que ela diria quando nos encontrássemos novamente, que merda de desculpa teria para ter saído como uma fugitiva da minha cama.

- Você vai esperar tudo isso? - Teo estava falando.

- Não é como ela se fosse fugir, Teo, e eu só preciso me certificar que ela estava protegida, e se não, vamos ver, mas não pretendo deixar que ela assuma nada sozinha.

Ele assentiu, me olhando em concentração.

- Sei. E Camila?

- O que tem Camila?

- Eu achei que você tivesse algum tipo de interesse nela.

Eu expirei fortemente. Camila Deschamps tinha sido minha colega da faculdade de Direito. Nós ficamos juntos por um ano, recentemente, antes que nossas respectivas ambições e caminhos distintos na vida - ela na sociedade com o pai e os tios em um escritório de advocacia, e eu com a minha carreira na justiça pública - nos afastassem.

Eu a admirava, ela era exatamente o tipo de mulher que eu via no meu futuro: calma, tranquila, com objetivos na vida bem parecidos com os meus, a mesma idade que a minha. Totalmente diferente de uma garota que tinha problema escrito em letras garrafais na testa. O problema era que com todas essas qualidades, ainda assim eu não sabia se queria ir adiante com ela, então, tinha adiado educadamente o convite que ela havia feito para que eu fosse jantar com ela e seus pais, na sexta passada. Voltar de onde eu já tinha vindo, não sei que queria isso com uma mulher.

- Eu pensei que você estava com ela. Na última vez que fui ver tia Abigail, ela estava lá.

- Se estivesse, não teria transado com outra, Teo. Você me conhece. Ela tem uma certa amizade com a minha mãe, eu acho, mas isso não significa que eu estou com ela.

- Certo, Diego. Cara, olha só: certifique-se que as coisas estão certas com essa garota. De vez em quando isso acontece, mesmo que todo mundo ache que não. Você acha que isso te trará algum tipo de problema na universidade?

- Não. Não acho que ela seja o tipo que está em busca de problema dessa natureza. Na verdade, ela nem mesmo me dava um segundo olhar até o dia em que resolvi repreendê-la pelo atraso.

- Uma mulher que não te dava um segundo olhar, que você diz que é totalmente errada pra você, aí vocês fodem como dois loucos, ela vai embora, você fica aí se lamentando. Não tenho certeza se eu entendi tudo isso muito bem.

Eu não disse nada. Fiquei olhando para o lustre na sala, pensando naquela batida de trem que eu tinha imaginado. Ela aconteceu? Eu só ainda não sabia o alcance dela, ou estava tudo bem? Eu descobriria logo.

***

Por mais que eu tenha pensado, naqueles dias, em dar um jeito de descobrir onde Diana morava ou entrar em contato de alguma forma, resolvi que faria um papel ridículo com isso, já que ela tinha decidido ir embora e também não parecia preocupada com nada do que tinha acontecido na noite de sexta. Meu único objetivo era saber se a nossa atitude impensada teria algum tipo de consequência, e mais nada.

Então, na quarta-feira, quando eu tinha aula na turma dela, entrei e não fiquei surpreso em não encontrá-la, afinal, não poderia esperar que ela mantivesse a promessa de chegar no horário, pensei, divertido. Mas a diversão foi se extinguindo quando a aula foi se aproximando do fim e ainda assim ela não apareceu, a cadeira ao lado do tal Thiago permanecendo vazia, e eu não pude deixar de ficar intrigado. E depois preocupado. Por que ela não tinha vindo? Teria alguma coisa a ver com o que tinha acontecido conosco? Porra, por que diabos eu não tinha mesmo tentado localizá-la antes?

Terminei a aula antes do horário, com concentração zero para ir até o fim, e antes de chegar ao estacionamento, estava ligando para Alex Rocha, um colega detetive com quem eu mantinha contato desde a faculdade, e que prestava alguns serviços para a área jurídica da empresa enquanto eu ainda trabalhava lá. Ele finalmente atendeu depois do quinto toque.

- Eu tenho um nome, apenas, e pequenas outras informações. Em quanto tempo você descobre um número de telefone e endereço? - perguntei, assim que ele disse alô.

- Bem, bom dia pra você também, Diego. Isso depende de...

- Ótimo, eu te dou duas horas, no máximo.

Alex reclamou, mas depois me garantiu que retornava o quanto antes com informações para mim sobre Diana Ribeiro, e eu desliguei. Se ela não apareceu na aula, eu tinha que dar um jeito de falar com ela, nada mais de esperar ela entrar em contato comigo, por que pelo jeito, ela não entraria. Com essa decisão em mente, eu fui em direção ao prédio do Ministério Público, no Centro.

Depois de um almoço rápido em companhia de alguns colegas mais próximos, recebi um telefonema da minha mãe, informando sobre o grande coquetel que teríamos dali há uns 15 dias, quando papai comemoraria mais um negócio bem-sucedido da Avellar Investimentos. Ela queria sabe sobre a minha acompanhante, se Camila, como a própria tinha dito a ela, iria comigo. Isso, era, com toda a certeza, algo que eu não tinha a menor intenção de conversar naquele momento. Disse a ela que depois falaríamos sobre a questão, e que por enquanto, ela deixasse essa vaga em aberto. Minha irritação só crescia à medida que o tempo passava e eu não recebia nenhuma resposta de Alex. Mas por volta das 14 horas, como prometido, meu celular tocou com uma chamada sua.

- E então?

- Bem, eu descobri que ela mora em Vila Izabel, e tenho o número de telefone também. Mas te aviso logo, eu fui à casa em que ela morava com a avó e a mãe, e nada delas.

Eu me recostei na cadeira, devagar.

-Morava? Como assim morava?

-Pois é, cara. Elas foram embora daqui, ao que tudo indica. As três. Fecharam a casa no sábado, saíram, e não retornaram até agora. De acordo com uns vizinhos mais próximos aqui, alguma coisa com a mãe dela, uma confusão com um namorado. Se você quiser, eu posso descobrir mais, mas vou precisar de mais tempo.

Enquanto Alex falava, milhares de coisas passavam pela minha cabeça, a primeira delas era que Diana talvez não tenha me procurado por motivos além do que tinha acontecido entre nós. Ainda assim, saber que ela tinha simplesmente ido pra algum lugar e eu não poderia ao menos esclarecer algumas coisas com ela, era uma merda. E se estava com problemas, por que não tinha...sim, por que não tinha chamado o professor com quem ela tinha passado uma parte da noite, não era? Que ideia estúpida.

-Alex, você disse que tem um número de telefone? Um número dela?

-Sim, dela, ao que parece. Consegui com uma colega aqui próxima, uma vizinha. Elas não eram exatamente muito de confraternizar com a vizinhança. Anota aí.

-Ok. Diga.

-Diego, você quer alguma outra informação ou...?

-Não, por enquanto, vou tentar ligar. Se precisar, volto a entrar em contato. Obrigado, Alex.

-Disponha.

Eu anotei rapidamente o número de telefone, e fiquei olhando para aqueles números por uns segundos, então resolvi simplesmente teclar e esperei, ajustando meus óculos, um pouco apreensivo. Tocou, várias vezes, e caiu na caixa postal. Fiz mais duas ligações e nada. Deixei o celular sobre a minha mesa e cruzei os braços. Definitivamente, aquela garota tinha entrado como um ciclone na minha vida organizada, e ao que parece, estava desaparecendo como um, também. E diferente do que eu havia dito a Teo, ela havia fugido, sim.


Boa noite, amores!

No próximo capítulo, vamos saber o que aconteceu com a Diana, não é? 😘❤️

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