CAPÍTULO UM
🫧
Eliott fedia como um esgoto a céu aberto, o odor parecia grudado em sua pele. Mas isso não era o pior, seus tios, Nancy e William, haviam sido chamados a escola depois da explosão repentina e adivinhe. Eliott foi culpado e expulso mas não pela explosão, e sim pelo fato que ele havia "despertado" como um mutante.
Agora ele esta sentado no sofá com seus tios ao seu lado, em frente a um velhote em uma cadeira de rodas tomando chá e um cara com cara de nerd, eles se chamaram de os x-men, convidando Eli a se juntar a uma nova escola, esta onde os alunos era como ele, possuiam poderes ── e precisavam de muita terapia.
Eli queria negar, mas sabia que o mundo não via mutantes de uma maneira boa, eles eram perseguidos, presos ou pior, até mortos, como se tivessem culpa da mutação genética que sofreram durante seu desenvolvimento.
Por fim, seus tios aceitaram, deixando o garoto loiro sem outra opção, eles nem sequer se despediram dele, apenas o mandaram subir para o quarto e arrumar sua mochila com roupas, pois ainda precisavam cuidar da floricultura.
Eliott fez o que foi mandado, não antes de lançar um olhar hesitante aos tios, perguntando silenciosamente se aquilo era uma boa ideia. Ele pensou que sua tia subiria em algum momento e então ajudaria a organizar suas roupas prometendo que enviaria cartas para ele, mas isso não aconteceu.
Eli arrumou suas coisas em completo silêncio, ouvindo a conversa abafada do cômodo de baixo, ele enfiou alguns ternos de roupas em uma mala grande, indo até o banheiro e pegando sua escova de dente e outras coisas, desviando de seu quarto ele foi até o quarto dos tios, pegando o cofrinho de dinheiro que ele havia juntado mas que por algum motivo havia ficado para os tios, se ele estava indo embora levaria o cofrinho junto.
Quando voltou ao quarto seus olhos varreram o pequeno cômodo onde viu a única foto que possuía da mãe, sem pensar duas vezes ele a arrancou do porta retrato, enfiando a foto dentro da mala e fechando o zíper.
Ele desceu as escadas ainda em silêncio, carregando com certa dificuldade a mala pesada, sua mente estava cheia de perguntas sobre tudo mesmo sabendo que não obteria uma resposta.
Ninguém o esperava na sala, exceto pelo professor Xavier e Hank, o homem lhe ajudou com a mala pegando-a com facilidade.
─── Onde estão meus tios? ─── Eliott perguntou em um sussuro, franzindo as sombrancelhas. Xavier suspirou, olhando para o garoto.
─── Eles disseram que precisavam voltar para a floricultura.
Eli franziu impossivelmente mais as sombrancelhas, o descontentamento visível em seu rosto, deixava claro o quão traído o menino se sentia naquele momento.
─── Eliott, você entende o que isso significa? ─── Xavier perguntou ao seu lado enquanto saiam da casa, seguidos por Hank.
─── Sobre eu conseguir explodir canos ou o fato dos meus tios terem me abandonado sem olhar para trás? ─── Ele perguntou com uma careta mal contida.
─── Sobre conseguir explodir canos. ─── O homem deu uma risada baixa, como se o sarcasmo de Eliott fosse algo presente em sua vida ── Eli não duvidava, já que o homem lidava com um monte de adolescentes hormonais com superdores.
─── Significa que eu sou um mutante, não tem muita coisa para entender… ─── O menino deu de ombros.
Xavier deu um pequeno sorriso. Ele sabia que por trás daquela postura indiferente havia um garoto que acabara de perder tudo que conhecia, mesmo que aquilo nunca tivesse sido realmente bom para ele.
─── Você é mais do que apenas um mutante, Eliott. É um jovem com um talento incrível que precisa ser nutrido e compreendido, É por isso que a Escola para Jovens Superdotados existe.
─── Escola para Jovens Superdotados, hm? ─── Eliott arqueou uma sobrancelha, o sarcasmo retornando ao seu tom. ─── É só um jeito mais chique de dizer "refúgio para aberrações", né?
Hank, que carregava a mala com facilidade, olhou para ele, ajustando os óculos.
─── Você pode chamar do que quiser, mas muitos de nós chamamos de lar.
Eliott olhou para os dois com curiosidade, "Lar". Essa palavra soava estranha para ele. Desde que foi abandonado pela mãe ele nunca teve um… apenas um lugar onde dormia e era tolerado.
─── Não sou nenhum super-herói. Só quero viver minha vida zem que ninguém me odeie ou queira me bater… é pedir muito? ─── Eli murmurou franzindo as sombrancelhas.
─── Não é, Eliott. ─── Chales respondeu, sua voz calma deixava o menino desconfortável e talvez um pouco irritado. ─── Mas o mundo infelizmente ainda tem muito a aprender sobre aceitação. É por isso que nossa escola não é apenas sobre ensinar você a controlar suas habilidades mas também sobre como se encontrar e se defender em um mundo que talvez não esteja pronto para você.
Eliott parou ao lado do carro preto que esperava no meio-fio. Ele olhou para os dois, hesitando.
─── E se eu… não me encaixar? ─── Ele mordeu o lábio, cerrando os punhos. Hank soltou um suspiro profundo antes de responder.
─── Garanto que vai.
Eliott desviou o olhar, encarando a rua. Ele podia ouvir o som do sino da floricultura, imaginar seus tios voltando ao trabalho como se ele nunca tivesse existido formou um nó na sua garganta, o peito estava dolorido como se houvesse sido apunhalado com uma adaga afiada.
─── Tudo bem… ─── Eliott sussurou, abaixando os olhos para calçada.
Hank abriu a porta do carro e colocou a mala de Eliott no porta-malas com um único movimento ágil.
─── Bem-vindo à equipe, garoto.
Eliott bufou, entrando no carro e cruzando os braços enquanto olhava pela janela.
O Instituto Xavier o lembrava um museu, cheirava a coisa velha, e tinha um monte de estátuas espalhadas, era uma mistura caótica de um museu e uma escola.
Havia um monte de adolescentes fazendo coisas de adolescentes, como tirando fotos das saias de outras garotas, levando socos ou sendo congelados. Era caótico e estranho.
─── Me diga, Eliott... você tem ideia de quão poderosas suas habilidades podem ser? ─── Xaviee perguntou enquanto iam em direção a um lago. O garoto virou os olhos para o professor, arqueando a sobrancelha.
─── Eu explodi um banheiro. Não parece algo incrível. ─── Ele encolheu os ombros. O professor por sua vez sorriu novamente como se Eliott fosse algum tipo de atração engraçada.
─── Pode ser mais incrível do que você imagina.
Eles pararam em frente ao lago, do outro lado havia um alvo e Eliott entendeu facilmente oque queriam que fizesse. Xavier apontou para o alvo do outro lado como se fosse a coisa mais natural do mundo.
─── Quero que você tente usar seus poderes, Eliott.
O garoto piscou, confuso.
─── O quê? Aqui? ─── Ele olhou para o lago e depois para Xavier, franzindo o rosto. ─── Eu não sei como controlar isso... Foi automático antes.
─── É exatamente isso. ─── Xavier respondeu calmamente, suas mãos repousando sobre os braços da cadeira. ─── É algo natural. Está dentro de você, como respirar, confie no que sente.
Eliott bufou, cruzando os braços e lançando um olhar cético para o lago.
─── Certo, professor zen. Mas não reclame se isso acabar mal.
Eliott deu um passo à frente, olhando para o lago com hesitação. Ele respirou fundo e estendeu a mão ao lado, como se de alguma maneira a água criasse vida e viesse em sua direção, por um momento nada aconteceu. Achando aquilo idioga ele olhou para o professor, que manteve um olhar encorajador mesmo em silêncio.
─── Natural... como respirar... ─── Ele murmurou para si mesmo.
Eliott fechou os olhos, deixando a mente calma. Ele tentou imaginar um lago, ou uma cachoeira, a água descendo de maneira bruta pelas pedras, sendo indomável e perigosa.
Um formigamento percorreu seus braços, subindo até as pontas dos dedos, então pensou em pequenas bolhas de água flutuando ao seu redor, era fácil visualizar, como se já houvesse feito isso muitas vezes.
Encorajado ele abriu os olhos, olhando ao redor para ver a bolha gigante de água que começou a se erguer do lago. Era enorme e refletia a luz do sol como uma lanterna natural, Eliott sorriu surpreso e orgulhoso de si mesmo.
Seus olhos desviaram até o alvo do outro lado, a bolha se partiu em vários pedaços, cada uma moldando uma forma pontiaguda enquanto flutuava. Em um movimento ágil ela voaram em direção ao alvo.
Eliott pensou que ela cortariam a madeira mas antes que pudessem se chocarem as bolhas simplesmente se desfizeram acabando com a empolgação que o garoto sentia.
Ele bufou, encolhendo os ombros. Lançando um olhar sério para o professor.
─── Acho que devemos adicionar um pouco mais de pressão, o que acha? ─── Xavier respondeu, observando as pequenas poças de água ao redor do alvo.
─── Acho que isso é uma grande idiotisse. ─── Eliott resmungou, fazendo o homem rir.
Os dormitórios eram maiores do que o garoto esperava, tinham duas camas, dois armários, duas mesas e duas cadeiras. Era mais aconchegante do que seu quarto… sua mala já havia sido posta sobre uma das camas quando entrou no quarto escuro.
─── Você pode escolher qualquer uma das camas, o jantar começa às 19 horas, não se atrase. ─── Logan murmurou como se mostrar aquele lugar para o garoto fosse uma grande dor de cabeça para ele. ─── Os banheiros masculinos ficam no final do corredor.
Eliott o encarou, pensando que designar um velho bêbado não era a melhor ideia que já tiveram, mas acentiu. Logan suspirou e então lhe deixou sozinho no quarto, Eli se jogou de costas na cama vazia, observando em silêncio o teto de madeira, sua vida havia mudado drasticamente em apenas um dia.
Nunca poderia se imaginar como um mutante e muito menos sendo abandonado pelas únicas pessoas que estiveram ao seu lado nos últimos dez anos. Foi estranho, mesmo que naquele lugar houvesse pessoas como ele, mutantes rejeitados pela família, ele ainda sentia que não se encaixava. Sentia falta da mãe que viu poucas vezes na vida e imaginava conhecer o pai que nunca viu.
Seus devaneios foram cortados pelo cheiro horrível que emana de si mesmo, ele grunhiu, se levantando e caminhando até a mochila. Precisava de um banho urgente, sentia o odor impregnado não somente me suas roupas como também em sua pele.
O banheiro era maior do que Eliott esperava, as cabines era alinhadas lado a lado com apenas uma parede feita de algum tipo de plástico dividindo-as.
Ele entrou em uma das cabines, fechando a porta de plástico com um suspiro, se sentia suficado por aquele cubículo minúsculo fechado. Ele fechou os olhos ligando O chuveiro, esperando sentir a água morna caindo em seus ombros, mas oque recebeu foi um fluxo gelado.
─── Isso não tem como melhorar. ─── Eliott resmungou baixinho, passando as mãos pelos cabelos loiros antes de aplicar shampoo que havia trazido.
O cheiro familiar fez toda a tensão em seus ombros relaxarem, lembrando das poucas coisas boas que haviam acontecidos na sua vida.
Enquanto esfregava o couro cabeludo, sua mente começou a viajar voltando a lembrar da foto da mãe, imaginando como agora após mais de dez anos, ela estava? Será que ainda mantinha os mesmo cabelos loiros longos, ou havia feito um corte ousado? Ainda morava no Queens?
Será que as vezes quando ela via alguma pelúcia de tubarão se lembrava dele? Ela teria se orgulhado dele? Ou teria medo também? Medo de como ele era diferente, de como o mundo reagia a pessoas como ele, mutantes.
Ele não sabia a resposta, talvez Christine nem se quer se lembrava mais do próprio filho…. O pensamento em específico lhe fez vacilar, as mãos tremendo enquanto sentia a espuma do shampoo escorrer pela pele.
Eliott suspirou pesadamente, fechando os olhos enquanto a água quente lavava o shampoo e com talvez sorte a sensação de abandono que perfurava seu peito. Ele sabia que sua mãe provavelmente não era a "super heroína" que sua mente infantil construiu. Ela o abandonou, mas uma parte dele insistir em acreditar que havia uma boa razão para isso…
Ele desligou o chuveiro, o som da água se tornando apenas o silêncio daquele luhar. Pegou a toalha enxugando rapidamente o cabelo molhado e a pele, vestindo o terno de roupa que trouxera para o banho… não se passava de uma blusa preta, calça jeans clara, larga o suficiente para que pisasse na barra dela, um moletom cinza de zíper, e seu tênis de cor verde desbotada.
❗️não revisei nada, sorry 😿
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