14 • I'm not shy
Robby correu pelos corredores, ele não sabia o que iria falar para o moreno, mas ele precisava consertar as coisas.
Robby se pegou rindo enquanto um pensamento passou por sua mente.
Miguel esteve torcendo por ele durante todo aquele tempo.
Aquilo o deixou feliz. Ele não sabia o por que, mas ele sentiu um calor subir por seu corpo ao pensar em Miguel gritando seu nome em meio aquela multidão de Sonserinos. Seria uma cena engraçada mas que deixaria o loiro feliz, e levemente constrangido.
O loiro subiu desesperadamente as escadas da Torre de Astronomia, ele só queria encontrar o moreno o mais rápido possível.
Ao se aproximar do topo da torre ele escutou vozes, suas pernas travaram na hora que reconheceu a voz de Miguel, mas a outra voz era completamente estranha aos seus ouvidos.
- Estou te falando, você deveria andar com pessoas que te valorizam. Aqueles
Diaz - Lawrence e o Keene não estão te dando o devido valor...
Robby subiu os últimos degraus devagar, a voz era de uma garota mas ele não sabia quem era.
- ... Eu não me importo com isso de casas diferentes, na verdade, eu adoraria sair com você qualquer dia desses.
Robby chegou no último degrau e se deparou com uma lufana de cabelo castanho bem curtinho praticamente em cima de Miguel.
- Você é tímido? Eu não me importo de mudar isso.
Miguel está encostado na parede sem se importar com a garota que a cada segundo colava mais o corpo no dele.
O corpo de Robby estava quente, ele estava se sentindo irritado e nem havia um motivo racional para isso.
Como se por telepatia, Miguel sentiu quando Robby se aproximou, o que exatamente passou por sua mente, ele também não sabia, mas o moreno passou uma das mãos pelas costas da garota e a puxou mas para perto.
- Pode ter certeza de que eu não sou tímido, querida.
A voz grave, o olhar quente, tudo aquilo foi demais para Robby e ele apenas saiu correndo de lá.
O que ele pensou? Que talvez Miguel Diaz sentiria algo que não fosse ódio por ele?
Robby seguiu seu caminho sem saber se era ele que estava correndo ou era o mundo ao seu redor que estava indo rápido demais.
O loiro voltou para o quarto e se jogou na cama, não se importou em olhar ao redor e ver quem estava no quarto.
- Está tudo bem? - Robby se assustou ao ouvir a voz de Lily. - Eu resolvi esperar vocês voltarem, fiquei preocupada. Conseguiram se acertar, pai?
- Desculpa Lily, mas acho que você estava errada, não tem como eu e o Diaz nos tornarmos algo que não seja inimigos. Ele me odeia, eu odeio ele e o principal, Diaz é hétero. Não tem como existir algo entre nós. Sabe o que é pior, eu realmente achei isso fosse real, você, seus irmãos, eu vejo tanto de mim em vocês e tanto dele também que me convenceu por um tempo, mas não tem como, só não tem como, entende isso? Eu e Diaz nunca vamos ter um futuro juntos.
Robby não percebeu que estava chorando até sua voz falhar em meio as lágrimas que caíam.
Lily correu para o abraçar.
- O que aconteceu, Papai? Me diz, por favor.
- Ele é um idiota, é isso que aconteceu, e o pior é que eu realmente pensei que talvez nós poderíamos ter algo, mas ele fez questão de me mostrar que nada disso é real. Por favor Lily, tenta conseguir o livro o quanto antes, eu preciso voltar para casa, preciso seguir minha vida bem longe daquele garoto.
- Eu posso tentar, mas... - a pequena deu um sorriso ao se lembrar dos momentos em casa - Sabia que vocês não brigam? Quero dizer, no futuro, lá em casa vocês tem algumas discussões mas logo esquecem, normalmente o Pai vai te pedir desculpas com um buquê branco enorme, de acordo com ele é o melhor símbolo de paz que existe. O que eu quero dizer é que, eu conheço meus pais, e eu sei que vocês não vão ficar brigados por muito tempo, seja lá o que o meu pai tenha feito.
Não importa o que Robby tentasse dizer, uma parte dentro dele sabia que seu sangue corria nas veias da pequena garota.
Eles ficaram conversando por um tempo até que ela saiu para ir para a aula, Harry não quis ir, ele precisava desse tempo e pediu para que Lily avisasse aos irmãos que ele queria ficar sozinho.
Robby seguiu sozinho pelo resto do dia, não queria ver ninguém, mas seu estômago o traiu, como a comunal da Sonserina era nas masmorras e fica abaixo do nível do Lado Negro, era difícil saber se estava de dia ou de noite ao olhar pela janela.
Robby saiu de cabeça baixa para fora, ele não estava se reconhecendo, ele já havia visto Diaz com tantas garotas antes, mas dessa vez, uma parte dentro de si se quebrou, e estava doendo, muito.
Enquanto estava perdido em seus pensamentos, Robby não viu o que estava em sua frente e acabou esbarrando em uma pessoa.
- Me desculpa, eu não vi... Professor Silver?
- Venha para a minha sala.
Robby sabia que havia se metido em problemas por ter faltado em todas as aulas da tarde.
Ao entrar na sala, Robby começou a pedir desculpas sem parar.
- Sinto muito por não ter ido nas aulas, eu prometo que vou pegar as matérias atrasadas e...
- Lawrence, se acalma.
- Desculpa.
Silver se sentou em sua cadeira atrás de uma larga mesa e apontou para uma cadeira em sua frente, Robby se sentou ali mas ficou apreensivo.
- Eu vi sua discussão com Miguel, na verdade, o castelo todo viu e ouviu. Quer conversar sobre isso?
- Me desculpe Professor, mas não sei se...
Pode ter sido um delírio, mas Silver sorriu.
Robby estava mesmo vendo Terry Silver sorrindo para ele.
O mais velho começou a mexer nas gavetas e tirou um grande livro de dentro dela.
- Olhe isso, Lawrence, talvez depois de ver essas fotos você decida se pode conversar comigo ou não.
Receoso ele pegou o álbum, demorou um tempo até finalmente abrir.
As primeiras fotos eram de duas crianças, uma garota loira escura e um garoto com cabelos bem pretos.
- Elas são muito parecidas, eu admito que as vezes é assustador a genética daquelas crianças.
Robby estava sem palavras, aquela era sua mãe, e com exceção do cabelo loiro escuro, Lily era a cópia dela.
Ele seguiu vendo as fotos e então se surpreendeu com uma em específico. Robby estava rindo ao lado de Silver, não apenas rindo, mas rindo com ele.
- Não me lembro ao certo o que aconteceu nesse dia, mas você passou o dia me ajudando a organizar minha sala, em algum momento nós começamos a rir, talvez tenha sido algo que você disse ou fez, não me lembro.
Era ele ali, não havia como ser montagem ou algo do tipo.
As próximas fotos era de certa forma perturbadoras.
Havia uma de Robby e Miguel com dois garotinhos no colo. Outras muitas desses mesmo garotinhos correndo, comendo, brincando, dormindo, todas com Silver presente.
- O dia que vocês me contaram o nome que eles teriam eu chorei, não na frente de vocês, óbvio, mas eu chorei. Mesmo não tendo um passado muito bom com seu pai e seu padrinho, eu sempre amei aquele menino, e saber que Alex carrega o meu nome também, me fez a pessoa mais feliz do mundo.
Se houvesse palavras para serem ditas naquele momento, Robby as teria perdido. Ele estava em choque com tudo o que via e ouvia.
Após muitas fotos dos gêmeos, Lily apareceu, um bebê fofo, os irmãos sempre com ela.
Uma foto fez Robbgy sorrir; Scorpius e Sírius estavam com o cabelo preso em duas Marias Chiquinhas enquanto tentavam fazer Lily parar de chorar.
Robby viu todas as fotos do álbum e ficou olhando para a última delas por um tempo bem maior.
Robby e Miguel estavam sorrindo de mãos dadas, pelas vestes deveria ser a formatura deles. Os dois estavam tão feliz, nem perceberam que estavam sendo fotografados, mas a imagem do moreno puxando a garota para mais perto tomou sua mente e ele logo pensou que aquelas fotos nunca se tornariam realidade.
- Por que me mostrou isso?
- Não sei, talvez para que você visse o futuro lindo que vocês vão ter, eu nunca entendi essa guerra entre vocês dois, e quando ficaram juntos eu jurei que não passava de mais uma pegadinha, mas então eu vi como estavam felizes, e não pude deixar de me sentir feliz também.
- Mas Professor, pior do que o meu relacionamento com Miguel, só o de nós dois, você deixou claro que me odiava desde a primeira vez que me viu.
- Isso não é completamente verdade, eu me sentia culpado por não ter salvo sua mãe e ver você sempre me fazia lembrar dela e do seu pai. Mas depois que eu descobri o que você passava com aqueles trouxas repugnantes, minha visão de você começou a mudar. E após você me salvar, eu pude ver mais uma vez os olhos da sua mãe e eu entendi que deveria deixar o rancor pelo seu pai de lado e deveria começar a te tratar como o jovem bruxo imprudente e frágil que você sempre foi. Demorou um pouco, mas nós acabamos nos dando muito bem.
Eram informações demais, ele estava se sentindo perdido e atordoado.
- Escuta, Robby, eu entendo que agora tudo está confuso, mas logo vocês vão voltar e tudo vai seguir como deve.
Aquele não parecia o mesmo bruxo que Robby conhecia.
- Eu não sei se consigo falar agora, posso sair? Acho que tive informações demais.
O mais velho confirmou com a cabeça e seguiu para a saída da sala.
- Robby, não se esqueça que pode conversar comigo sempre que precisar.
Robby forçou um sorriso enquanto concordava levemente com a cabeça.
Quem raios era aquele homem? Terry Silver não era, isso ele tinha certeza.
Robby foi para o Grande Salão e como já esperava, já estavam todos comendo.
- Está tudo bem? Lily contou que você queria ficar sozinho. - Ryan estava nitidamente preocupado.
- Acho que deu mais errado do que eu esperava. Me desculpa, Rowan, não foi minha intenção.
Robby bagunçou os cabelos do loiro que parecia estar prestes a chorar.
- Não precisam se preocupar, a verdade é que aquilo não iria adiantar. O amigo de vocês já tem com quem passar o tempo e eu não sou essa pessoa.
Robby queria parecer neutro ao dizer aquilo mas sua voz carregava dois sentimentos, raiva e tristeza, e isso não passou despercebido pelos três Sonserinos que o encaravam.
༒
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