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"A vida é um infinito efeito borboleta"

"Somos todos assassinos
Todos nós matamos partes de nós mesmos para sobreviver
Todos temos sangue nas mãos
Algo em algum lugar tinha que morrer
Para que pudéssemos permanecer vivos."

Se as memórias sangrassem, se os sonhos gritassem

Rafe respirou o ar surpreendentemente não seco e quente de Los Angeles assim que saiu do consultorio psiquiatrico que trabalhava.

JJ tinha o hábito de batucar os dedos contra o volante e assobiar nas raras vezes que dirigia ─ porque Rafe não queria mais ter que ir na delegacia para tirá-lo da cadeia, por motivos de que ele insultou um policial ao receber multas de trânsito. ─ , por isso, todas as vezes que Rafe se pegava fazendo as mesmas coisas, não era algo com o que ficava surpreso.

Ele o fez durante todo o trajeto até a academia que seu marido ─ Rafe fingia não sentir uma espécie de redemoinho no estômago toda vez que se lembrava ─ era professor, depois de pegar as crianças na escola e deixar Luka na natação e Sam e Nolan na casa dos tios Jude e Carvan.

Seu eu do passado odiaria sua vida se a visse, provavelmente debochando de como parecia um animal domesticado.

Foi uma surpresa perceber que gostava tanto de planejamentos, considerando o quanto era impulso.

JJ estava perto de um dos ringues vazios quando ele chegou. Rafe sempre o achou lindo, porém eram momentos como esse que ele parava pra realmente apreciar sua beleza, quando chegava do consultório e o encontrava com os cabelos molhados, os músculos a mostra pela regata e as bochechas vermelhas de um jeito adorável.

Hoje, por outro lado, Rafe não conseguiu pensar em nenhuma dessas coisas. Ele só tinha olhos para o homem ao lado de JJ, que ria e o tocava com uma intimidade que estava deixando seus punhos doendo de tanto que apertava.

JJ brincava com seu colar como um gatinho inocente, parecendo alheio as claras investidas do homem. Rafe sempre achou fofo como ele nunca foi bom em perceber quando flertavam com ele, mas às vezes era simplesmente irritante.

Um pouco da raiva de Rafe o abandonou quando os olhos de JJ se iluminaram ao encontrar os seus.

"Oi, lindo." beijou seus lábios assim que se aproximou, não deixando de reparar no olhar de desgosto que recebeu do outro homem.

"Oie." JJ o abraçou como se eles não se vissem a séculos e Rafe comparou sua expressão com a de um cachorrinho bagunceiro incrivelmente fofo. "Kaio, esse é o Rafe, meu marido. Rafe, esse é o Kaio, irmão de uma das minhas alunas."

Rafe notou que o outro não ficou surpreso, a aliança no dedo de JJ não o impediu de se aproximar, mas foi nítido que alguma coisa o abalou.

"É Kaike." Rafe tossiu, contendo a risada e achando adorável como JJ pareceu ficar perdido.

"Oh, foi mal." o homem sorriu de maneira forçada, diretamente para JJ, que fazia carinho no braço de Rafe. "Nunca fui bom com nomes."

"Querido, vamos, as crianças estão esperando." JJ franziu o cenho. Ele sabia dos planos das crianças.

"Estão?" Rafe assentiu, não gostando de mentir para JJ, mas faria de tudo pra tirar os olhos de Kaike dele, já que arrancar os olhos do homem era considerado crime e ele não queria visitar a cadeia novamente.

"Ok, vou pegar minhas coisas." ele beijou sua bochecha antes de sair e Rafe lançou um olhar ameaçador para Kaike antes de ir para o carro.

JJ não demorou a aparecer, deixando suas coisas no banco de trás enquanto cantarolava baixinho uma música.

"Então, o que vamos fazer? Podemos levar as crianças para aquele parque de diversões que chegou ontem na cidade, o Nolan me disse que..." Rafe o cortou friamente, ligando o carro.

"Eu menti, elas estão onde combinamos." JJ franziu o cenho e encarou o esposo.

Rafe não costumava mentir, muito pelo contrário, jogava verdades em sua cara como se fosse morrer se não o fizesse.

JJ não considerava uma mentira quando deixava de contar algumas coisas do dia a dia para Rafe, como quando deixou Luka dormir mais tarde porque ele queria muito ver um filme que só ia lançar de madrugada, quando escondeu mais uma das brigas de Sam na escola para que ela não ficasse de castigo e quando comprou um brinquedo que Nolan queria muito mesmo Rafe dizendo que ele já tinha muitos.

Mas mentir um para o outro, isso era algo que eles não costumavam fazer, o que deixava JJ ainda mais confuso.

"Por que mentiu?" Rafe não respondeu. "Rafe, o que foi?"

Ele sabia que estava deixando JJ preocupado. Eles só se chamavam por seus nomes quando o assunto era sério.

"Nada, está tudo perfeito, mais perfeito impossível." rosnou enquanto apertava o volante em suas mãos e JJ mordeu o lábio inferior de maneira ansiosa.

"Eu não tô entendendo."

"Aposto que sim." JJ abriu e fechou a boca várias vezes, tentando repetir tudo que tinha acontecido pra ver o que poderia ter deixado seu marido do jeito que estava.

Eles estavam quase chegando em casa quando uma luz se acendeu em sua cabeça e ele olhou para Rafe com um sorriso exultante.

"Você tá com ciúmes."

Rafe resmungou mentalmente, achando impressionante sua capacidade de achar JJ adorável e irritante ao mesmo tempo.

"Não tô não." ele tinha estacionado o carro, mas ainda segurava o volante e não tinha se mexido para sair.

"Sim, você tá."

"Não tô."

"Tá sim!" JJ soou como uma criança animada e Rafe tinha certeza que o bairro todo tinha ouvido seu grito.

"Pelo menos eu não sou um idiota que nem percebe quando alguém tá praticamente se esfregando em mim." JJ riu e pulou para o colo de Rafe, que resmungou baixinho porque parte de sua força tinha ido embora.

"Sabia que eu fico duro pra caralho quando você fica com ciúmes?" o psicólogo evitou o contato visual, sabendo que cederia se encarasse as estrelas brilhando no céu dos olhos de JJ.

"Não é ciúmes." a colônia de Rafe atingiu JJ com mil borboletas em seu estômago, aumentando ao ouvir os suspiros de Rafe quando roçou o nariz em seu pescoço.

"Porra. Me fode." Rafe estremeceu, não conseguindo encontrar palavras e desistindo quando JJ puxou seu rosto para ele, roçando seus lábios até que Rafe o beijasse selvagemente.

JJ agarrou os braços do marido, apertando seus músculos e produzindo sons obscenos enquanto Rafe parecia querer devorar não só sua boca como sua alma. O loiro gemeu de frustração quando o beijo chegou ao fim pela falta de ar, seus lábios e os de Rafe igualmente da cor do pecado e molhados, conectados por um fio de saliva.

"Diz que você é meu." JJ arranhou a carne das costas de Rafe, que tinha os lábios colados em sua orelha, deixando-o zonzo.

"Seu."

"Repete." o pau de Rafe latejava em sua cueca e tudo pareceu explodir quando JJ impinou ao receber um tapa na bunda.

"Eu sou seu, Rafe. Todo seu. Só você pode me tocar."

"Bom menino." JJ corou e Rafe colou suas bocas novamente.

Era por volta do fim da tarde quando Rafe descobriu não ter os ingredientes necessários para fazer o jantar. As crianças tinham chegado há um tempo e milagrosamente estavam todas de banho tomado.

Depois de continuar o que começaram no carro, dentro de casa, Rafe e JJ tomaram banho juntos e aproveitaram o resto do tempo a sós antes de buscar as crianças.

"Luka." chamou enquanto vestia a jaqueta. Tinha descoberto da pior maneira que Luka podia ser bem rancoroso quando queria, principalmente envolvendo compras em um supermercado.

"Tô pronto." o garoto de mechas loiras escuras, jaqueta de couro azul e olhos claros se aproximou.

Rafe gostava de como eles se pareciam sem ao menos tentar.

"Posso ir junto?" uma menina de bochechas vermelhas, olhos azuis e cabelos castanhos perguntou.

"Você quer ir no supermercado?" a sobrancelha levantada de Luka refletia no rosto de Rafe.

"Não posso?" eles continuaram a encarando. "Ok, meu desenho favorito acabou e eu tô entediada. Posso ir, por favor?" fez beicinho, juntando as mãos em forma de súplica.

"O que você acha, filho, vamos deixá-la ir nessa missão tão importante?"

"Não sei, pai, é muito perigoso."

Ela rolou os olhos enquanto sorria. "Bobos."

"Partiu então." JJ falou segurando um menino de mechas lisas de tom quase dourado, olhos profundamente azuis e metade do rosto quase coberto por um boné que era claramente maior que o seu tamanho no colo.

"Eu já considero uma vitória se conseguirmos jantar antes das nove." todos concordaram com Rafe e um miado de gato se fez presente.

JJ colocou seu filho mais novo no chão, sabendo que ele se despediria do animalzinho como se fosse a última vez que fossem se ver, algo que fazia sempre.

"Me desculpa, amigo, não posso te levar." sua voz infantil derreteu o coração de todos e ninguém se surpreendeu quando o animal de pelagem negra e olhos cor de esmeralda pareceu assentir.

"Tenho certeza que ele vai ficar bem, Nolan." Luka pegou a mão do irmão.

Rafe aprendeu a lidar com o dar e receber quando começou a estudar psicologia, entendendo que um relacionamento precisava disso para funcionar.

Ele ainda não concordava totalmente com Bert Hellinger, o pai das constelações familiares sistêmicas, que acreditava em tal equilíbrio como uma das leis para que o amor desse certo, mas isso tinha a ver com seus próprios conceitos.

Então quando ele e JJ conseguiram superar a fase de querer fazer um ao outro sangrar e pegaram intimidade, em uma noite, JJ deu um soquinho em seu braço para que Rafe cantasse com ele a música que saia dos alto falantes do carro e conseguiu o que queria depois de um ou dois olhares pidões.

Foi por isso que, no caminho, quando JJ começou a cantar "I Gotta Feeling" com uma empolgação muito engraçada para um adulto de trinta anos, Rafe não se sentiu totalmente patético por acompanhar ele e seus filhos. Não foi perfeito, mas tecnicamente foi em seu coração.

Quinze minutos depois eles chegaram. JJ pegou Nolan no colo e saiu com Luka enquanto Rafe estacionava com sua filha.

Ele não precisou pedir pelo carrinho, Luka já tinha o pegado.

"Quero ficar dentro do carrinho, papai."

Nolan não era de falar muito, demonstrando mais do que verbalizando mesmo sabendo formar frases. Eles sabiam que era porque seus progenitores o mandavam calar a boca toda vez que chorava e mesmo que sua irmã tivesse tentado poupá-lo ao máximo, era claro que ele ainda tinha alguns traumas, que eram tratados por uma profissional qualificada.

Infelizmemte, ele não era o único que tinha passado por situações terríveis e tinha acompanhamento médico para sua saúde mental.

Rafe e JJ nunca entenderiam como alguém podia fazer tanto mal para crianças tão boas quanto eles, mas estavam satisfeitos por terem conseguido colocar seus progenitores na cadeia. Rafe por pouco quase se arrependeu de não ser mais o cara que achava que matar era natural.

Por isso, quando Nolan falava, todos prestavam atenção como se ele fosse revelar a fórmula da imortalidade.

"Aqui, irmãozinho." Luka entregou uma pelúcia de polvo que trocava de cor para Nolan dentro do carrinho.

Ele ocupava muito espaço que poderia ser utilizado para mais coisas, porém JJ sabia que eles sempre podiam pegar mais um carrinho para que Nolan pudesse continuar onde queria.

"Oi, Estrela." cumprimentou uma das mulheres atrás do caixa, que tirou os olhos do celular e sorriu ao vê-lo.

Seus longos cabelos levemente encaracolados eram escuros como carvão e seus olhos cor de mel traziam um brilho infantil que combinava com a fita roxa em sua cabeça.

Diferente da maioria das pessoas que venderia sua alma para tirar toda e qualquer gordura do corpo, Estrela parecia muito feliz e satisfeita com o seu.

A aliança cravejada de diamantes em seu dedo anelar significava que ela não era a única.

JJ estava caçando chocolates quando conheceu Estrela, que começou a divagar sobre os problemas de uma tal de Dafne e ele palpitou porque, um, aqueles problemas eram tão fodidos quanto metade de sua vida costumava ser e, dois, ele não tinha vergonha na cara.

"Quanto tempo, menino, você sumiu."

Quando ele e Rafe foram jantar na casa de Estrela, um dia depois de saberem da existência um do outro ─ o que Rafe não achou fodidamente perigoso e não pediu para Jude checar a ficha criminal dela e de Michael, seu noivo ─ , Rafe comentou sobre como eles eram fofoqueiros, algo que ambos discordaram totalmente.

"Você sabe o que é uma trança boxeadora? Eu nem sabia que uma merda dessas pudesse existir." ele agradeceu por Luka e Nolan aparentemente não terem ouvido-o xingar. "A Sam queria que eu fizesse nela pra festa de aniversário da Meg e eu fiquei acordado vendo vídeos no YouTube até três da manhã."

Estrela o encarou com uma expressão do tipo: "Você é um pai tão doce, a maioria dos pais não sabe nem fazer uma trança normal, isso quando estão presentes." ou algo parecido.

"E ficou perfeita." Sam apareceu com Rafe. "Obrigada, papai."

JJ sabia que tinha valido a pena suas poucas horas de sono quando Sam pulou animada ao ver sua trança, e como naquele dia, seu coração aqueceu novamente.

"Seu pai reclama, reclama, mas não consegue dizer não pra vocês." Sam abraçou Estrela atrás do caixa, murmurando um: "Oi, tia Estrela" igual Luka e Nolan tinham feito.

"Por isso que eu faço esse papel, caso contrário já estaríamos dormindo debaixo da ponte." Rafe beijou a bochecha do esposo e Sam riu de alguma coisa que Luka disse enquanto brincava com o cabelo de Nolan, que estava entretido com seu polvo de pelúcia.

"Eu já disse que amo a família de vocês hoje?" a mulher exclamou calorosamente.

"Hoje ainda não." Rafe respondeu.

"Ainda bem, porque eu não ia falar nada." ela fingiu voltar a mexer no celular e o casal riu, avançando para fazer compras, mas não antes de JJ dizer que tinha algumas coisas da academia pra contar e Estrela concordar ansiosamente.

"Do que precisamos, papai?" Luka perguntou.

"Bom, como hoje é sexta, acho que vocês podem pegar o que quiserem." as crianças correram em direções diferentes e Nolan balbuciou alguma coisa incompreensível dentro do carrinho.

"Nossa dispensa vai explodir de doces."

"O sujo falando do mal lavado." Rafe disse enquanto JJ pegava diversas balas finis.

"Isso são para aqueles momentos."

Os dois sabiam o que isso significava, porque dias ruins ainda existiam mesmo que não houvesse motivos.

Os ataques de pânicos de Rafe desapareceram e embora os pesadelos tenham diminuído, ele ainda os tinha.

Ele surtou no começo por ter que tomar remédios, se acostumando com a sensação que eles o deixavam depois de muitos palavrões. A terapia ajudava, mesmo que fosse um saco falar ao invés de ouvir.

JJ ainda lutava com seu passado na terapia e depois de muitos anos, ele agora conseguia se lembrar de tomar seus remédios sem que Rafe precisasse colocar um alarme em seu celular.

Milhares de motivos podiam causar um dia ruim, mas as vezes você simplesmente ficava assim e não tinha o menor problema nisso.

Hoje, porém, era um dia feliz, então a próxima coisa que Rafe disse foi: "TPM?" e JJ engoliu uma risada.

"Ainda bem que você não virou piadista ou estaria morrendo de fome." Nolan encarou as caixas de leite que Rafe colocou dentro do carrinho e em seguida os potes de Nescau.

"Falou o comediante." Rafe pegou quatro caixas de creme de leite.

"Falou o que vai receber um soco na cara se continuar me irritando."

"Tudo bem." Rafe se aproximou, sussurrando no ouvido de JJ. "Se fode com o dedo na próxima vez que quiser meu pau na sua bunda." JJ emitiu um som parecido com arrependimento, se virando para olhar o marido.

"Eu não disse nada. Eu não disse nada. Pode continuar falando, querido." Rafe riu e Luka apareceu, segurando um grande pote de sorvete de prestígio.

"Posso?"

"Só no final, até lá o sorvete já vai ter derretido." Rafe respondeu e Luka assentiu enquanto sorria, indo guardar o pote.

O clima de Los Angeles tinha esse super poder de derreter as coisas em poucos minutos.

"Sério?" JJ perguntou ao olhar para sua filha, que tentava equilibrar seis garrafas de água com gás.

"O que? O papai toma todas." acusou Rafe.

"Você demora demais."

"Com licença!" ela falou naquele tom parecido com JJ, o que deixou o próprio orgulhoso enquanto Rafe revirava os olhos afetuosamente.

Depois de colocar as seis garrafas de água no carrinho, ela voltou com quatro iogurtes de bolinha e JJ fingiu não reparar que a indireta dessa vez foi pra ele.

As crianças iam e vinham toda hora, perguntando se podiam ou não levar determinado alimento, então quando Nolan agarrou uma lata de Chantilly e disse que queria, eles acharam justo levar.

"O que você queria mesmo pegar?" JJ perguntou encarando a data de validade de uma coxinha congelada e sorrindo largamente ao descobrir que ainda estava boa.

Rafe que o fez olhar, ele já estava pronto pra colocar dentro do carrinho.

"Tava pensando em preparar talharim ao molho branco e bacon." ele se encostou em um dos freezers horizontais.

"Gostoso."

"Obrigado, você não se casou comigo só por causa do meu pau enorme." sussurrou a última parte e JJ bufou uma risada.

"Papai."

"Sim?" Rafe se aproximou de Nolan.

"Queria algo pro Satanás." uma senhora próxima deles encarou o menino com os olhos arregalados e saiu fazendo o sinal da cruz, deixando JJ gargalhando e Rafe que se limitou a um balançar de cabeça. "Pode ver pra mim? Ele ficaria muito feliz por saber que lembrei dele."

"Contanto que você fale pra ele parar de assustar os vizinhos, pode ser?" Nolan olhou para o chão com uma expressão séria muito fofa antes de concordar, erguendo a mão.

Rafe a apertou e saiu atrás de algo para seu gatinho ─ o animal ─ que provavelmente prefiria Nolan a qualquer caixa de papelão do mundo, o que era adorável porque ele parecia odiar tudo e todos.

"Quero te fazer uma proposta." Luka apareceu ao seu lado.

"Diga."

"Se você errar a charada, podemos ter um cachorro chamado Chaminé?"

JJ estava olhando alguma coisa em seu celular, ouvindo Sam conversando com Nolan sobre Patrulha Canina.

"Podemos ver isso." ela esfregou o queixo e JJ deixou escapar uma lufada divertida, guardando o celular de volta no bolso, sua respiração ficando presa e ofegante em um só tempo ao ouvir seu nome em uma voz que não ouvia há muito tempo.

"JJ?" ele olhou para cima, encontrando Pope, Kiara, John B, Sarah e uma morena muito bonita que nunca tinha visto.

"C-Caralho. JJ." Kiara exclamou chocada, seus lábios se curvando em um sorriso enquanto lágrimas brotavam em seus olhos.

JJ notou, todos eles tinham envelhecido muito bem. Ele faria uma piada sobre isso se tivesse voz.

"Cara, é você mesmo?" Pope falou com os olhos úmidos e JJ xingou em nome de todos os anjos, demônios, Deuses e figuras diabólicas para que não houvesse choro. Ele ainda estava aprendendo a confortar pessoas que não fossem seus filhos ou Rafe.

John B deu um passo à frente e JJ meio que tomou um susto quando foi puxado para um abraço com tapas fortes nas costas. Não era essa a reação que esperava depois de ter deixado um bilhete dizendo que os amava para sempre e que estava na hora de tentar andar com as próprias pernas.

"Senti sua falta, amigo." ele confidenciou em seu ouvido e JJ enrugou um pouco o nariz com seu cheiro.

Ele estava acostumado com o cheiro de seus amigos, sabendo de cada um em específico porque eles pareciam ver sua casa como uma pousada, dormindo sempre que uma oportunidade aparecia. Normalmente começava com jantares, breves descansos depois do trabalho ou o que era mais comum, sessão de filmes.

"Todos nós sentimos." Sarah sorriu e JJ encarou a morena do lado de fora, não sabendo mais pra onde olhar enquanto era abraçado por todos, mas ela só deu de ombros com um sorriso.

"Você parece bem." Kiara bateu em seu ombro após se afastarem, encarando a roupa que ele usava como se fizesse um enorme esforço para não julgá-la. A aliança de ouro em seu dedo anelar aparentemente passando despercebido.

Em sua defesa, ele tinha roubado a camisa de botões preta e a calça bege de Rafe.

"Seu cabelo é bonito." os sete pareceram notar Sam só agora e a morena sorriu com o elogio, se abaixando na altura da menina.

JJ estava do outro lado de Nolan e Sam, por isso nenhum deles presumiu que eles se conheciam. O marido de Rafe tinha se afastado para ouvir o áudio de Cardan, que ele acertou em apostar que estava cheio de palavrões.

"Obrigada, o seu também."

"Ele ficou muito mais bonito quando o meu papai fez uma trança boxeadora." a morena riu da empolgação de Sam e Sarah franziu levemente o cenho, achando o jeito como a menina falava estranhamente familiar.

"Tenho certeza que sim. Você parece um anjo, sabia?" Sam riu ternurento.

"Lucifer também foi um." ela mostrou a língua para o irmão mais velho.

"Demos sorte, Noy, era o último salmão." Rafe colocou o peixe dentro do carrinho, não erguendo os olhos para ver os cinco.

O menino não disse nada, mas estendeu a mãozinha, indicando para Rafe se aproximar. Uma vez feito, Nolan acariciou sua bochecha com os olhos brilhando e Rafe ficou impressionado por seu coração não ter explodido de tanto amor.

Talvez, e isso era um grande talvez, ele chorasse mais tarde ao se lembrar desse momento.

"Rafe?" Sarah sussurrou.

A temperatura pareceu cair e seu corpo se arrepiou friamente, seu batimento cardíaco ganhando um ritmo muito acelerado.

Por um momento, Rafe foi jogado de volta no passado, o sangue em suas mãos juntamente com o sabor metálico em sua boca.

Ele era lógico, a psicologia não tirou sua essência de apenas acreditar no que via. Seus demônios estavam de volta e Rafe precisava encará-los para saber que era real, então foi isso que ele fez.

"Esse é o meu nome." ele sentia frio, muito frio. JJ entrelaçou suas mãos ao perceber isso, enviando aos outros a informação que eles pareciam estar em dúvida.

"Legal." a morena exclamou quase que instantaneamente, não deixando o silêncio pairar.

John B tinha a boca aberta e Kiara o cenho fortemente franzido, aparentemente ainda tentando entender. O rosto inteiro de Sarah gritava sua surpresa e Pope não precisava abrir a boca para que eles soubessem que estava com raiva.

"Esses anjinhos são seus?" Sarah perguntou com a voz quase falhando.

"Nossos sim, anjinhos eu..." JJ tentou aliviar o clima.

"Papai!" Sam exclamou revoltada.

"É claro que você levaria esporro de uma criança, cara." John B riu nervosamente.

"Quanta ingratidão." se fingiu de ofendido.

"Como essa..." Pope calou-se para não xingar na frente das crianças. "Como isso aconteceu?" sinalizou entre Rafe e JJ com uma fúria evidente.

JJ não sabia o que dizer quando abriu a boca, mas seu marido foi mais rápido. "Não te devemos explicações."

"Somos a família do JJ."

"Não!" Luka gritou e foi assustador para os cinco como seu rosto tinha a mesma expressão de fúria que Rafe. "Nós somos. Eu não sei quem vocês são, mas não vão ofender nossos pais." cruzou os braços.

"Isso aí." Sam concordou, lançando-os um olhar gélido.

"Concordo com os meus irmãos." Nolan tinha a mesma expressão que os dois.

"Parece que temos seguranças." Rafe sussurrou para JJ, que parecia prestes a transbordar de emoção.

Rafe sabia porquê. JJ tinha tanto amor em seu coração que não sabia como guardá-lo dentro de si. Ele era ansioso em distribuir seu amor, para mostrar aos outros que os amava e que faria qualquer coisa por eles, desde matar a morrer.

O coração de Rafe foi ferido várias vezes, ao ponto de que ele aceitou que a dor fosse normal. Rafe aprendeu a mantê-lo seguro sob camadas de armadura e muita instabilidade que tinha na época.

Mas nenhum deles era como costumava ser. Eles tinham uma família agora. Um lar para voltar depois de uma viagem de férias, um almoço com os amigos, a praia nos sábados porque Nolan, Luka e Rafe eram obrigados a ir por Sam e JJ, e até um gato preto que os amava mesmo que disfarçadamente.

Eles podiam lidar com o passado batendo em sua porta, mas juntos dessa vez, nada de fugas.

Todos terminaram suas compras, colocando em seus carros e Estrela não ficou magoada por não conseguir fofocar com JJ, notando o clima tenso como um grande elefante rosa no meio do supermecado.

Surpreendentemente e totalmente por conta de querer conhecer as crianças ─ que não retribuiam sua empolgação ─ foi Sarah quem sugeriu um almoço para que eles pudessem esclarecer as coisas, já que isso não seria possível no meio de um comércio.

Apesar de seus esforços em fingir que estava tudo bem, seus filhos notaram o quanto aquele reencontro tinha os afetado. Se não pelo fato de terem pedido pizza ao invés de Rafe cozinhar, pelo fato de poderem comer no sofá assistindo "Toy Story 1"

Rafe e JJ organizaram as coisas na cozinha e as crianças foram escovar os dentes, vestindo seus pijamas desde que chegaram em casa.

Nolan, Luka e Sam seguiram para o quarto dos pais com eles e o casal não reclamou, querendo abraçar seus filhos e dormir até que tudo desaparecesse.

O marido de JJ o impediu de se jogar na cama antes de trocar de roupa e escovar os dentes. Uma vez com todos deitados, Nolan ficou entre Sam e Luka, agarrado a camisa do irmão mais velho. JJ tinha a cabeça deitada no peito de Rafe e Sam se enfiou em seus braços.

"Amamos vocês, papais." Luka cortou o silêncio.

"Muito." Sam completou.

"Muito." Nolan se juntou.

"Também amamos vocês."

"Muito." JJ completou, beijando o topo da cabeça de Sam.

"Muito." Rafe prosseguiu e todos riram.

"Obrigado por serem os melhores pais que uma criança poderia ter." Luka falou e Rafe sorriu, felicidade e emoção refletida em seus olhos.

"Se me fizer chorar agora, vou tirar seu vídeo game." JJ choramingou e eles riram novamente.

"Durmam bem, filhotes, estaremos aqui quando acordarem." Rafe abraçou mais a cintura do esposo, beijando seus lábios. "Amo você, caramelo." JJ sorriu, sentindo isso em seu peito.

"Também te amo, baby." ele se aconchegou mais em Rafe e escondeu o rosto em seu pescoço, sentindo-se seguro, protegido e forte. Sua família era sua força.

Eles ficariam bem, com ou sem passado, e apesar das circunstâncias, ainda tinha sido um dia feliz.

Mesmo que a tempestade tenha tampado um pouco do sol, ele ainda não tinha parado de brilhar.

NOTAS DA AUTORA: Qualquer erro me avisem. Depois de um completo caos que aconteceu comigo, consegui postar sua idéia hydenmalfoy Obrigada💖

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