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12. HAPPY HOUR

Querido Diário,

Às vezes penso em como era tão fácil ser criança.

Quando pequenos, não precisamos nos preocupar com trabalho, dinheiro ou despesas, nossos pais fazem isso por nós.

Mas aí chega o momento em que nos tornamos adultos e precisamos sair de sob os cuidados dos pais. É quando passamos a valorizar todo o trabalho que eles tiveram para que nos tornássemos adultos de bem.

Nesses momentos, minha admiração por meus progenitores se eleva e eu sinto uma saudade tão forte que meu coração dói, principalmente por não saber quando os verei pessoalmente de novo.

Eu só queria olhar em seus olhos e dizer: "Obrigada. Agora eu sei o quanto foi duro o que vocês passaram para que eu ficasse bem".

24/05/24

Mais uma semana de trabalho. Mais uma semana em que Constanza Bianchi infernizava a vida de Elise e dos outros estagiários. Os humores estavam em um nível bem ácido por todos os lados. Até Luca Donati, o supervisor dos estagiários, estava com um humor execrável. Podia ter um jeito charmoso e educado, mas a verdade é que se irritava profundamente pela curadora que ficava interferindo na forma como guiava os estagiários e cumpria suas funções.

Entre todos, Amber era a única que ainda sorria e brincava, acostumada a "lagartas autoritárias" como Constanza, um novo apelido que começou a ser usado entre os estagiários. Segundo a americana, sempre tinha algum colega ou superior que agia como se tivesse um espeto enfiado na bunda o tempo todo.

Elise estava aliviada que era uma sexta-feira e ela tinha folga no dia seguinte. Aos sábados, apenas os funcionários efetivos do museu trabalhavam. O problema era que não podia aproveitar a noite com Julian, pois ele estaria acompanhando seu chefe em uma exposição de um novo artista, à procura de alguma obra de arte moderna fenomenal. A exposição era em outra cidade e Julian pegaria o trem à tarde, enquanto Elise ainda estaria no trabalho, por isso não podia ir com ele.

Ela estava fazendo o inventário de novas peças de cerâmica que haviam chegado aquela semana, quando Amber entrou na sala, se abanando e se jogando em uma cadeira próxima.

— Que calor! Hoje está mais quente que o normal. Mal posso esperar pelo fim do expediente.

— Eu também. Olha só esse vaso. O restaurador cometeu um erro.

— O quê? — Amber levantou para olhar o que Elise apontava em cima da mesa. — Não estou vendo nada de anormal. Como você sabe que tem um erro?

— Eu tenho uma especialização em museologia e fiz um curso de restauração e reparo de peças antigas como parte do meu mestrado de civilizações antigas e suas culturas. O erro do restaurador não está no reparo em si, mas no detalhe. — Pegou duas lupas e apontou para que Amber olhasse para o mesmo lugar que ela. — Veja, essa peça data de meados do primeiro século, no entanto, o material utilizado na restauração da parte inferior ainda não existia em Roma até dois séculos depois que essa peça foi feita. É quase imperceptível para quem não entende, mas isso muda a estética e a história que esse vaso conta, principalmente para um historiador e arqueólogo.

— Uau. Você é bem detalhista, não é? Eu também sou museóloga, mas nunca teria percebido isso. Por que não mostra para o Luca? É tua chance de se destacar. Quem sabe você possa até fazer a reparação correta dessa vez.

Elise suspirou.

— Como se a Constanza fosse permitir isso. Mulher insuportável. Iria preferir pagar um restaurador de outra cidade para fazer o trabalho.

Como sempre, Amber deu de ombros.

— Não custa tentar, não é mesmo? Faz assim, eu vou chamá-lo para vir até aqui, você mostra o que observou e espera sua reação. Se não der certo, você pelo menos terá tentado, e se der, você fica me devendo um favor.

Elise ponderou. De fato, não tinha nada a perder tentando.

— Tudo bem. Vou continuar o inventário enquanto espero.

Amber saiu rindo, e logo depois entrou Luigi, um dos outros três estagiários. Desenvolveram todos uma relação amigável entre si durante o trabalho. Amber era a louca descolada que todos amavam e odiavam ao mesmo tempo. Além dela, tinha um britânico chamado Timothy, que era o brincalhão do grupo. Luigi era o sério, mais inteligente que os outros e o único italiano naturalmente loiro que Elise conhecia. O outro italiano era Paolo, típico sedutor de negros cabelos cacheados e olhos cor de mel. Para eles, Elise era a misteriosa e seu sorriso irônico era intrigante.

— Olá, Elise. O que aconteceu para Amber sair sorrindo como o gato de Cheshire daqui?

— Nada demais. Ela só foi chamar o Luca.

— Hum. Está explicado.

Elise o olhou, curiosa.

— Como assim?

— Paolo disse que pegou os dois quase se beijando na sala dele outro dia. Acho que Amber está enamorada dele.

— Sério? Ontem mesmo a peguei flertando com um visitante.

Ele suspirou.

— Talvez seja por isso que Luca está de tão mal humor. Nós italianos não somos tão abertos em nossos relacionamentos quanto os americanos. Mesmo que seja um relacionamento sem compromisso, não gostamos de dividir mulheres.

Elise observou o rapaz. Ele aparentava ser o mais velho do grupo, em torno de vinte e cinco ou vinte e seis anos. Ela o tinha flagrado observando-a algumas vezes, mas como todos sabiam que era noiva, a respeitavam e mantinham a devida distância.

— E você, Luigi? Tem alguma signorina próxima de se tornar a Signora Pio?

— Signora Pio sempre será minha mãe, mas não, não tenho ninguém. A maioria das moças de nossa idade procuram um marido com dinheiro e eu não estou disposto a permitir que alguma oportunista desfrute do meu. Prefiro alguém que goste de mim sem se importar com os dígitos na minha conta bancária.

— Você está certo, é claro.

Ele se aproximou e pegou a lupa.

— Essas peças são bem interessantes. Quando olho para elas, imagino as mulheres na beira do rio, moldando-as e ensinando aos seus filhos. Nossa cultura é muito rica.

— Você é um italiano bem orgulhoso, não é?

— Todo italiano é. Principalmente em se tratando de nossa própria cultura e história. E quanto aos brasileiros? Vocês também não carregam esse orgulho patriota?

— Acredito que a maioria de nós sim, mas o Brasil é um país imenso e há tanta diferença cultural que fica impossível se ater a um ou dois tópicos. Além do mais, lá é muito diferente dos países da Europa. Muitas pessoas não fazem ideia da riqueza cultural do nosso país por não ter oportunidade de estudar sobre isso.

Luigi balançou a cabeça afirmativamente.

— Que bom que você faz parte da minoria, então. — Elise o olhou, surpresa. Ele percebeu e continuou: — É muito bom ter uma profissional bem equilibrada por perto. Você é única.

— Obrigada — ela murmurou, corando.

— É apenas a verdade. Você une a todos nós e nem faz ideia do poder que tem. Bem, na verdade eu vim aqui para te convidar para um happy hour depois do expediente, para comemorar a passagem dessa semana estafante. Os outros estão loucos para sair e se divertir um pouco. Nós já combinamos tudo, só faltava chamar você e a Amber.

Elise pensou por um momento. Julian chegaria tarde e ela não queria atrapalhar os amigos recém-casados, então não faria mal sair com os colegas de trabalho, certo?

— Tudo bem. Mas já aviso que não costumo beber. Apenas um cálice de vinho para acompanhar a refeição de vez em quando.

— É claro. Vamos a um restaurante próximo. É um ambiente muito agradável e de culinária familiar. Mamma Beatrice faz o melhor risoto de Roma. Será muito bom ter você conosco, já que não pôde ir da última vez.

Elise agradeceu e ele saiu.

Mais tarde, os cinco estavam reunidos no estabelecimento aconchegante, com música alegre e muita conversa. Elise aceitou a sugestão de Luigi e pediu o risoto. Realmente maravilhoso.

Conversaram alegremente e, vez ou outra, Elise percebia olhares interessados de Luigi para ela. Ficava desconfortável, mas ele era muito educado e nunca falava nada, então ela fingia não perceber. Tiveram uma noite agradável, mesmo que sentisse falta de Julian e Amber estivesse aérea a noite toda.

Elise pensou sobre o que andavam falando de Amber e Luca. A moça voltara para a sala cabisbaixa e apenas anunciara que ele iria ver a peça em meia hora, depois saiu. Será que realmente estava acontecendo alguma coisa entre eles?

Em dado momento, Amber anunciou que iria ao banheiro. Quando já estava fora há quinze minutos, Elise recebeu uma chamada de vídeo de Julian e pediu licença para atender. Como o único lugar com privacidade e silêncio o bastante para atendê-lo era o banheiro, ela se dirigiu para lá e atendeu, estranhando o fato de não ver Amber por lá.

— Olá, amor. Como está a exposição? — ela falou em português.

— Interessante, na verdade. Eu liguei porque quero te mostrar uma pintura que me intrigou. Se eu não soubesse, diria que foi inspirada em você. Olha isso.

Ele mostrou um quadro emoldurado em dourado, onde se via um rosto de perfil, delicado e fino, com nariz empinado e pequeno, cachos soltos voando ao vento e lábios cheios. Os olhos estavam fechados e os cílios longos lançavam sombras sobre as maçãs altas do rosto retratado em tons de cinza. De fato, parecia muito com ela, como se alguém tivesse tirado uma foto sem ela perceber e usado como modelo para a pintura.

— Nossa, é incrível. Se as outras pinturas desse artista forem como essa, ele é bem talentoso.

— Sim, ele é, mas acho o Andreo muito melhor. Como vai a noite? Teus colegas já se embebedaram?

— Não. Estamos tranquilos...

Ela parou de falar quando ouviu um gemido abafado vindo de um dos cubículos do banheiro.

— O que foi isso? — Julian perguntou, pois viu quando ela olhou rapidamente para o local de onde ouviu outro gemido e uma batida.

— Espera, parece que tem alguém...

Antes que ela pudesse continuar, ouviram um gemido alto.

— Isso foi um gemido? — Julian arregalou os olhos e foi para um lugar mais reservado. — O que está acontecendo?

— Acho que tem um casal aqui no banheiro. É melhor eu ir antes que...

Não concluiu sua fala, pois seus olhos arregalaram e sua boca ficou aberta, olhando para as duas mulheres saindo do cubículo aos beijos. A morena de cabelos negros que Elise conhecia bem agarrou as nádegas da outra, apertando, e depois se afastou, sussurrando algo no seu ouvido antes que a pequena morena italiana saísse, sorrindo.

Então Amber simplesmente lavou os dedos na torneira da pia, se aproximou de Elise e olhou para a tela do celular onde Julian aparecia tentando não rir do silêncio de sua namorada.

— Oi! — disse Amber, em português. Sua voz estava enrolada, pois havia bebido mais que todos os outros. — Você é o Julian, noivo gostoso da Elise. Eu sou a Amber. Se ela não tivesse você, eu a pegaria. — E abraçou Elise pelos ombros, tentando beijá-la, mas a morena se afastou.

— Você está bêbada, Amber. Vamos, está na hora de encerrar a noite.

— Ah, qual é? Seja um pouco mais divertida. Luca é um idiota ciumento — ela resmungou, depois olhou de novo para Julian na tela do celular. — Ei, você não topa fazer um ménage? Estou louca para provar um homem que não fique se achando meu dono. — Elise sentiu a morena apertar sua bunda e arfou, chocada. — E a tua noiva é muito gostosa também.

Julian riu, tentando se controlar a todo custo e falhando.

— Sim, ela é, mas eu lamento por você, porque ela é só minha.

— Outro ciumento. — resmungou Amber.

— Tudo bem... Gigante, eu vou desligar, nos vemos mais tarde. Tenho que fazer a Amber tomar uma boa dose de café.

— Me conta tudo depois. Te amo.

— Eu também te amo. Tchau.

— Own, que fofo! — Amber cantarolou enquanto saíam do banheiro de braços dados.

Elas se sentaram à mesa com os rapazes e Elise disse para pedirem um café bem forte para Amber.

— Não estou bêbada!

— Falando desse jeito, também não está sóbria — disse Timothy.

— Estou sóbria o bastante para fazer aquela moreninha delirar de prazer no banheiro.

— Nossa! Agora quero saber com detalhes! — exclamou Paolo.

Luigi revirou os olhos e chamou o garçom para pedir o café. Depois de beber, com uma careta, o café amargo, Amber se levantou e anunciou que estava indo embora. Timothy se ofereceu para acompanhá-la, porém, ela o dispensou.

Vendo-se sozinha com três homens, Elise decidiu que também estava na hora de ir. Despediu-se deles e foi em direção à praça pegar um táxi. Andou por apenas dois minutos quando ouviu um barulho vindo de um beco próximo. Reconhecendo o som de luta e de uma mulher gritando, Elise correu ao ver Amber tentando se defender de um assaltante que puxava sua bolsa e batia nela enquanto ela tentava impedi-lo de lhe roubar.

Elise rapidamente entrou no modo ataque e partiu para cima do homem, golpeando-o nas costelas com um forte chute. O homem cambaleou e tentou atacá-la, mas os anos de experiência que ganhou em academias de luta com Julian tornaram Elise perigosa em combate corpo a corpo.

Ela quase não se esforçou. Acertou os pontos certos para causar dor e imobilizar, depois ajudou Amber a se levantar. A americana tinha marcas de escoriação por ser arrastada no asfalto durante a agressão do assaltante e seu rosto já começava a inchar.

Duas horas depois, ambas se encontravam na mansão Marchetti. A polícia levou o delinquente e Amber fez o exame de corpo de delito pelas agressões que sofreu. Como Amber morava sozinha em um pequeno apartamento, Elise a convidou para passar a noite na mansão, pois não queria que sua colega ficasse sozinha.

Dante estava viajando, por isso Andreoli recebeu a moça e mandou aos empregados que fosse acomodada em um quarto de hóspedes. Elise a ajudou a se instalar e, enquanto Amber tomava um banho, ela foi para seu quarto se banhar e vestir algo confortável.

Quando voltou, a outra estava se deitando, vestindo uma camisola de Elise que ficava larga em seus quadris e curtíssima, pois ela era dez centímetros mais alta.

— Como está se sentindo?

Amber riu, sem humor.

— Como se tivesse apanhado de um marginal. Como você fez aquilo?

— Aquilo o quê?

— Você deu uma surra naquele cara. Ele tinha quase duas vezes o teu tamanho.

Elise deu de ombros, imitando o gesto característico de Amber.

— Já enfrentei um oponente maior, mais forte, e que era melhor lutador que eu.

A garota deitada arregalou os olhos.

— Como assim? E você ganhou?

— Com muito custo e um pouquinho de esperteza, sim. Eu o derrubei.

— Então você é acostumada a lutar daquele jeito?

— Pode-se dizer que sim, mas não em situações como a de hoje. Eu luto em academias de artes marciais e quando treino com o Julian.

— Vocês são um casal de lutadores? Estou oficialmente impressionada.

Elise sorriu e resolveu mudar de assunto.

— Você está bem mesmo? Por experiência própria, sei como é passar por uma situação traumática. Você não vai pirar nem entrar em choque, vai?

A outra fez muxoxo.

— Não é a primeira vez que sou assaltada e nem que apanho de um homem... Não quero falar sobre isso.

— Entendo. De qualquer forma, foi imprudente resistir ao assalto. Ele podia ter te matado.

Ela deu de ombros.

— Como eu disse, não foi minha primeira vez. Agora eu gostaria de dormir. Obrigada por estar comigo.

— Sempre que precisar. A Bruna te convidou para passar o fim de semana aqui, para ter cuidados e se recuperar mais rápido.

— Obrigada. Você é uma ótima amiga e tem amigos maravilhosos. Me desculpa pelo que aconteceu mais cedo.

— Você não estava em seu estado perfeito, então eu desculpo. Escuta, Amber, você pode mexer comigo e provocar, tirar sarro, mas nunca, jamais mexa com o meu noivo. Eu sou tão ciumenta quanto ele e você não vai querer estragar uma amizade que está nascendo por causa de uma libido descontrolada.

— É claro que não. Desculpa mesmo.

— Tudo bem. Descansa. Você precisa. Boa noite.

— Boa noite, Elise. Você é um doce.

Mais tarde, quando Julian chegou e ela contou o que aconteceu, ficou pensando que lhe parecia familiar ser chamada de "doce" por alguém. Só não lembrava quem.

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