noite do dia 3: árvores-cama
Jack
Olá diário,
O tempo parecia nos castigar, a hora não passava e tudo parecia muito distante.
Eram exatamente 14h25min e eu e Mônica achamos martelos e pregos.
As tábuas foram a parte mais fácil, já que haviam tantas delas espalhadas pelo chão.
Então começamos a tampar as janelas do andar de baixo. Eu estava começando a martelar a segunda tábua quando ouvi Mônica:
-Ai, mas que Droga!
-O que foi? -me aproximei.
-Meu dedo. - ela o levou aos lábios com expressão de dor.
-Que clichê. -sorri, e ela fez o mesmo. Sentei ao seu lado. -Aqui, -enrolei o próprio dedo na minha blusa - aperte assim, ajuda.
Ela o fez e sorriu para mim.
-Deu certo! -Ela me olhou nos olhos, e eu fiz o mesmo.
Sempre considerei os olhos de Mônica um de seus pontos fortes, azuis como o céu noturno e profundos como um gigante abismo.
-Droga Jack, isso não vai dar certo. -ela me tirou dos meus devaneios.
-An? O quê?
-As janelas! -ela apontou. -Somos idiotas ou o quê? Essa coisa não tem porta! Eu não sei você, mas eu não sei fazer uma. –Ela começou a se levantar- E agora?
Eu pensei por um momento, sabíamos que eles apareceriam aos montes de noite, sem proteção não teria jeito, realmente.
Olhei pela janela que Mônica mal havia começado a tampar. Apesar de tudo, a vista era bonita: Grama, árvores, arbustos... Tudo isso destacado pelo sol forte.
Tive um estalo; Árvores! Árvores!
-Eu já sei! Precisamos de cordas. Acho que há algumas no quarto de ferramentas! -Começo a me levantar e Mônica vem atrás de mim.
-O que... O que vai fazer Jack?
-Vamos dormir nas árvores! Amarrar-nos lá em cima! Não precisamos tapar aqui,mesmo que entrem,podemos levar as mochilas lá para cima e, quando for seguro, descemos.
Ela da um sorriso de canto de boca e saímos em disparada para o quarto de ferramentas.
+++++
Eram quase 19h00min. Sentamo-nos em um círculo e colocamos nossos lanches no centro, Eric tirou da bolsa uma garrafa de água e dividimos entre nós.
O jantar era normalmente o horário em que eu ficava mais alerta e, convenhamos, medroso. Era a pausa perfeita entre a segurança do dia e as multidões noturnas, verdes e nojentas.
Mônica bateu as mãos umas nas outras, retirando os farelos de pão:
-Bom, vamos fazer assim: enquanto dois dormem, dois ficam de guarda. São pouquíssimos os zumbis que vão conseguir subir nas árvores. O que acham?
-Quem vai ficar de guarda hoje? -Dália tirou uma mecha do cabelo que caía no olho.
Eric se ofereceu, disse que tinha descansado bastante durante a tarde e que estava disposto o suficiente para ficar acordado a noite toda.
-Certo, então agora eu e Dália tiramos no pedra,papel e tesoura. -Ela sorri. Mônica é ótima nesse jogo.
++++++
Dália
Oi diário,
Eu estou com medo, medo demais para abrir os olhos.
Eu e Eric tínhamos sido os encarregados de vigiar as árvores enquanto Mônica e Jack dormiam. Eles se amarraram nas árvores, em galhos grandes e firmes onde pudessem dormir.
Então Eric e eu subimos em galhos mais baixos, onde ficaríamos de guarda e expulsaríamos os zumbis que, de alguma forma, conseguissem subir.
Eric concordara em não usar a arma para não acorda-los.
Estava escuro, puro breu, e a bateria da minha lanterna estava acabando.
Desci da árvore com cuidado, sem deixar que zumbi algum chegasse nem mesmo perto. Fui até a casa abandonada atrás de mais pilhas.
Entrei e fui até o quarto de ferramentas, sempre muito alerta.
Eu estava agachada procurando as pilhas quando uma mão grande e forte cobriu minha boca. Eu tentei gritar, mas nada saía, estava me sentindo sufocada.
Chutei para trás e ouvi um gemido, mas de nada adiantou. Senti algo pesado sendo batido contra minha cabeça, uma dor latejante, e apaguei.
E agora estou aqui, tremendo, deitada no que julgo ser o chão, sentindo o cheiro de enxofre, com frio.
Sinto uma mão - tão grande quanto a anterior - me chacoalhar. Com relutância, abro vagarosamente os olhos. Tudo começa a entrar em foco, devagar.
Ainda está escuro, então acho que não se passou muito tempo desde que desmaiei.
Olho a minha frente, nunca confundiria esses olhos cor de mel. Rony.
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