Capítulo 2 - I'm in love with you
Camila Hayes
Acabei rendida a ir assistir o jogo e, acreditem – era óbvio –, Alex marcou dois pontos e ambos fez questão da dedicar a mim. Todos da arquibancada me olharam, alguns pensando "nossa, ela é sortuda" e outros "como ela conseguiu um cara como ele?". É triste, mas eu conseguia saber bem o que alguns pensavam só pelos olhares analisadores, pior ainda é que a maioria eram de mulheres. Ter uma espécie de relação com Alex Lawson fazia você enxergar certas coisas um pouco melhor.
O lado de bom de tudo isso, foi que os Furious venceram.
E agora, em plena sexta a noite, eu me arrumava para o encontro com Alex. Enquanto me olhava no espelho pela quinta vez, passando a mão pelo vestido soltinho azul com várias rosas brancas, pensava em tudo o que poderia acontecer naquele noite. Nos pés, fui rendida a usar um salto médio de cor branca por insistência de Alice, já que Alex havia me dito que iríamos a um lugar um tanto que sofisticado. Se eu já estava assustada antes, depois dessa informação fiquei pior. Por sorte, naquela noite, minha irmã havia comprado dois ingressos de cinema para que nossos pais saíssem, não queria correr o risco de meu pai ver Alex e dar um chilique. Eles acreditaram e ainda ficaram felizes quando ela disse que havia ganhado uma promoção no trabalho – trabalhava em um spa perto da faculdade – e que sua chefe havia lhe presenteado com os ingressos, mas que ela não iria.
Agora, Alice e Emily estavam sentadas na minha cama, observando a forma como eu estava nervosa para o meu primeiro encontro.
- Tem certeza que o meu cabelo está bom? – Perguntei, massageando os cachos soltos.
- Pela quarta vez em menos de cinco minutos, sim. – Alice respondeu.
Voltei a me virar para as duas, abrindo os braços e mostrando a roupa.
- Gostaram?
- Falta pouco para eu não fazer você largar o Lawson e sair comigo. – Emily disse, sorrindo. Adorava a forma como ela elogiava.
Alice se levantou, tocando em meus ombros.
- É só um garoto, Mila, não precisa ficar assim. – Assenti. – Mas eu sei como é o primeiro amor, têm dessas coisas...
Franzi a testa, forçando uma risada.
- Ele não é o meu primeiro amor. Nem sequer acredito nisso.
- Você diz isso agora, vamos ver quando você voltar. – Minha irmã beijou minha cabeça, pegando, em seguida, o perfume e borrifando em mim.
- Isso, Alice, acaba o perfume. – Emily disse, esparramada na cama.
- Emily, cala a boca. Uma mulher perfumada tem poder sobre qualquer um.
- Eu sei de outro perfume que tem mais poder do que esse...
Eu e Alice arregalamos os olhos, olhando para Emily, incrédulas.
- Sério, você consegue ficar alguns minutos sem falar algo impróprio? – Alice perguntou, colocando o perfume de volta na cômoda.
- O que eu posso fazer? Eu mesma nasci imprópria. Descendência egípcia, gay, pais com relacionamento ruim, poucos amigos e, claro, gostosa. O que você esperava? – Ela tinha um sorriso malicioso nos lábios.
Alice revirou o olhar, cruzando os braços, e perguntou:
- E o seu namorado?
- Eu não tenho namorado. – Emily se levantou, indo até o espelho, conferindo o seu bumbum na calça apertada. – Eu tenho namorada, você.
- Estou falando sério, Emily. Você não namora o tal de Ethan? Certo, Camila?
- Sim, mas ela insiste em dizer que não namora ninguém, mas ao mesmo tempo só fica com ele. – Falei, guardando algumas coisas na bolsa.
- Só estamos curtindo. – Ela se apoiou na cômoda. – Quando resolvermos namorar, vocês serão as primeiras a saber. Dia 33 de outubro, mais ou menos.
Alice bufou, voltando a sentar na cama. Eu apenas ri.
- O que vocês acham da próxima fazermos uma festa do pijama? – Perguntei.
- Eu adoraria! – Alice disse, animada.
- Vai ter bebida? – Emily questionou.
- Refrigerante e nada mais. – Falei, semicerrando o olhar para ela. – Você sabe que nossos pais não deixam. E você não quer decepcionar meu pai, certo? Sabe que ele te venera.
- Vê, Alice? Até seu pai sabe que eu sou a pessoa certa para você, não o Jason.
- É Jordan. – Alice disse.
- Claro que é.
As duas continuaram se encarando, Emily com seu olhar provocador divertido e Alice tentando não cair na pilha.
Porém, o contato foi cortado quando a mensagem de Alex chegou em meu celular.
Alex [19:02]: Tô aqui fora. Vem, não vejo a hora de te ver.
- Ele chegou, aí meu Deus. – Falei, caindo sentada na cama e já sentindo minhas mãos gelarem.
As meninas se aproximaram de mim, me segurando.
- Camila, relaxa. – Alice disse.
Emily segurou meu rosto, fazendo com que eu a olhasse.
- Me escuta, sua vadia, eu aceito você ficar nervosa saindo com qualquer outra pessoa, especialmente comigo – Ri. –, mas não com aquele idiota. Eu sei, eu sei, você está apaixonada, porém não deixe isso tão transparente, não até você ver as intenções dele nesse jantar, ok? É preciso ficar atenta para garotos como Alex. – Assenti. – E relaxa, não é nada de mais, você só está indo a um encontro.
Me levantei, indo até o andar de baixo. As duas me acompanharam, me dando conselhos e dizendo para que eu aproveitasse e não ficasse nervosa. Mas não ajudava.
- Espera. – Falei antes de abrir a porta, me virando para as duas. – O que você vai dizer aos nossos pais caso eu ainda não tenha chegado?
- Você estará na Emily e provavelmente dormirá lá, mas se não dormir ela vai te trazer de volta.
- A nossa mãe pode ligar para a Sra. Broussard, sabia?
- Ela tem plantão no hospital hoje, ou seja, eu que irei atender. – Piscou.
Assenti, aliviada.
- Ok, então... – Falei.
- Pode ir. – Alice disse.
Eu continuei parada, olhando para as duas.
- Vai. – Minha irmã repetiu.
Não consegui me mover. Estava nervosa e ansiosa demais para ver Alex e, ainda mais, por ser o meu primeiro encontro da vida.
- Ah, pelo amor de Deus. – Emily disse, segurando meu braço e me arrastando até a saída.
Ela abriu a porta, praticamente me jogando para o lado de fora, e gritando um boa sorte junto a Alice. Me mantive parada, de costas, fingindo mexer em algo na bolsa.
É só um encontro, Camila, todo mundo passa por isso. Relaxa.
Respirei fundo, repetindo as palavras mentalmente para mim mesma, até tomar coragem e virar para Alex. Ele estava apoiado no carro, como sempre ficava todas as manhãs, usando terno – o que me trouxe lembranças do baile de primavera – e com um rosto indecifrável, como um apreciador de belos quadros analisando um deles em uma galeria. A cada passo que eu dava seu olhar descia dos meus pés e ia subindo lentamente até a minha cabeça. Suspirei, sentindo meu estômago revirar e seu olhar queimar sobre minha pele.
Ninguém nunca havia feito eu me sentir daquela forma.
Quando cheguei perto o suficiente e percebi que ele estava petrificado, ainda me olhando, sorri timidamente. É, eu odiava muito ser observada por mais de um minuto, principalmente por Alex e seu olhar faminto.
- Estou tão ruim assim? – Perguntei, franzindo a testa.
- Não. Não. – Ele riu, subindo seu olhar para o meu. – Você está perfeita, Camila.
- Alex, para. – Passei a mão pelos cabelos, envergonhada.
- Eu sei, você odeia quando eu faço isso, mas não consigo evitar. Adoro quando você usa óculos, mas adoro mais ainda quando está sem eles porque vejo seus olhos melhor. – Olhei-o, sorrindo de lado.
- As lentes que a Meghan me deu tinham que servir para algo bom, não é?
Ele negou com a cabeça, rindo e abriu a porta do carro pra mim. Quando me aproximei para entrar, ele se aproximou de mim, sussurrando em meu ouvido:
- Sempre que eu vier te buscar, alguém vai ficar nos assistindo? – Franzi a testa.
Quando entrei no carro e a porta foi fechada, avistei Emily e Alice – pensando estarem super escondidas – assistindo tudo. Revirei o olhar, rindo.
...
O restaurante ficava no centro, na cobertura de um dos prédios mais famosos da cidade. Percebi o quão importante era quando o manobrista pediu as chaves do carro de Alex ao irmos em direção a entrada do restaurante. Sim, eu julgava o nível de luxo de um local em detalhes como esses. Se tinha manobrista, era o caro o suficiente para o meu bolso.
Alex pôs sua mão em minha cintura e foi me conduzindo pelo local. Ao chegarmos à cobertura, fomos levados à reserva feita por ele. O ambiente era romântico, pouco iluminado com velas artificiais, rosas vermelhas, casais apaixonados nas mesas e uma pista de dança onde algumas pessoas dançavam a sutil música.
Ao sentarmos e sermos atendidos pelo garçom, quase engasguei com a água ao ver o preço.
- Alex – Sussurrei para que o garçom não ouvisse, mas ele olhou.
Dei um sorriso amarelado para o homem em pé ao lado da nossa mesa e pus o cardápio em meu rosto, ficando com o rosto visível apenas para Alex que me olhava sem entender nada.
- O que? – Ele perguntou, pondo o cardápio da mesma forma em seu rosto. Juntos, formávamos uma espécie de parede de proteção contra o garçom fofoqueiro.
- Você ficou maluco? – Voltei a sussurrar. – Não podemos pagar por isso.
Ele riu. Franzi a testa por aquilo. Ele havia ficado maluco?
- Do que você está rindo?
- Camila, dá pra relaxar? Eu que vou pagar. Então, aproveite e coma.
Antes que eu pudesse discordar, ele tirou o cardápio do rosto e voltou a se sentar como antes. Eu fiz o mesmo, fingindo que nada tinha acontecido.
- Eu vou querer o carbonara com filé. – Alex disse. – E você?
- Vou querer o mesmo. – Falei, devolvendo o menu para o garçom.
- Algo para beber?
- Eu vou querer uma garrafa de vinho branco. A que vocês indicarem para essa noite. – Alex disse, também devolvendo o menu.
Neguei com a cabeça, fingindo não estar ouvindo aquilo. O homem analisou Alex por alguns segundos.
- Senhor, terei que pedir a sua carteira de identidade. Não vendemos bebidas para menores.
Alex deu uma risada.
Meu Deus, seríamos expulsos do restaurante antes mesmo de comer.
- Cara, você está falando com o filho de Elliot Lawson. Um dos donos daqui.
Observei a forma como o garçom mudou de postura.
- Desculpe, Sr. Lawson. Trarei a melhor garrafa de vinho branco da noite. – Ele virou-se para mim. – E para a senhorita?
- Suco de laranja.
Quando o homem saiu, continuei olhando para Alex. Ele suspirou, aproximando-se da mesa e tocando minha mão.
- O que? – Perguntou.
- Não sabia que o seu pai era um dos donos daqui.
- É, ele é. Do prédio, para falar a verdade. Mas quem administra mesmo é a minha madrasta.
- E você usa o nome dele?
- O idiota tinha que servir para alguma coisa.
Neguei com a cabeça.
- Mas não quero falar sobre ele. – Disse, iniciando um carinho em minha mão. – Você está estranha.
- Em relação a que?
- A nós, Camila. Eu falei sério quando disse que devemos conversar. Sei que está desconfortável na escola.
Suspirei, assentindo.
- É difícil estar tendo algo com o garoto mais popular da escola.
- Eu não sou o garoto mais popular da escola.
- Sério? Você acha mesmo? – Perguntei, fingindo tédio.
- Ok, posso ser um pouco popular, mas isso não quer dizer nada.
- Pra uma garota como eu, que odeia ser o centro das atenções, quer dizer muita coisa.
- O que te incomoda?
- Alex, as pessoas olham e falam como se o que estamos fazendo é anormal, como se fosse algo terrível. Mas eu sei que não é sobre você estar com mais uma garota, mas sobre eu estar com você. O pensamento é que você é bonito demais para mim.
Ele negou com a cabeça.
- Não dê ouvidos a esses idiotas. Juro que daria uma lição em cada um deles, mas a melhor lição que eu posso dar é ignora-los. – Suspirei. – Você é linda pra caralho. Se alguém é sortudo, esse alguém sou eu.
Sorri de lado, abaixando meu olhar.
- Você sabe que não é bem assim...
- Camila, a forma como você fala de si, se diminui até ficar minúscula, é abusivo. Não faça isso. Acho que nunca vou poder colocar em palavras o quanto você é linda.
- Eu só sou um pouco difícil de lidar com elogios e críticas. – Falei.
- Pode deixar que da parte dos elogios eu cuido. – Disse, beijando minha mão.
- Mas não muda o fato das pessoas da escola ainda falarem de mim. Somos o maior assunto de todos.
- Pelo menos não seremos esquecidos. – Disse, piscando.
- Como você faz isso? – Ele franziu a testa. – Ser tão confiante, ignorar o que os outros falam. Você parece ser acostumado com isso.
- Essas pessoas conhecem você? Elas dormem na mesma cama que a sua? Elas moram na mesma casa que a sua? Sabem do seu passado, das suas dores e tudo o que enfrenta diariamente? – Neguei. – Então, por que dar ouvido a elas?
Assenti, ficando pensativa sobre isso. Por que você ainda dava ouvidos a elas, Camila?
O contato entre nossas mãos foi cortado quando o garçom chegou com as comidas e as bebidas.
- Isso foi rápido. – Falei, animada pelo bom cheiro.
- Uma das vantagens de se ter pai metade empresário, amor. – Piscou e eu neguei com a cabeça.
Depois de comermos, começamos a falar sobre escola, campeonato e como nossos encontros poderiam diminuir por conta dos treinos. Porém, quando o assunto chegou na parte das festas, eu me incomodei, não por causa dele, mas por conta do que isso me lembrava.
- Espero que tenha cuidado com as escolhas que faz quando está com os garotos do time em festas. – Falei, seriamente.
- Como assim? – Perguntou enquanto bebia o vinho.
- Ainda me incomoda o fato daquelas apostas e eu sei que aconteciam nas festas.
Ele engoliu em seco, colocando a taça de volta na mesa.
- Eu prometi resolver isso.
- Você sabe que a virgindade da Audrey nunca vai voltar, certo? E isso quase acontecia com a Trisha.
- Me arrependo todos os dias. – Disse, quase em um sussurro.
- E por que você ainda não falou com elas?
- Porque eu tenho vergonha.
Entristeci meu olhar, vendo a forma como seus olhos marejaram. Alex encheu o copo até a metade, bebendo tudo de uma vez.
- Eu não me orgulho das coisas que já fiz, Camila, mas estou disposto a repara-las. O que fiz com Audrey e planejei fazer com Trisha foi uma dessas coisas. Olhar para elas de novo me faz ter a lembrança do meu passado e eu me odeio mais ainda por isso. – Disse, suspirando. – Mas eu prometo que irei me redimir com as duas.
- Não precisa me prometer nada, você deve fazer isso por si.
- Eu sei, só quero ter alguma testemunha. – Eu ri e ele também.
- Você não é um babaca por completo, Alex Lawson.
Ele franziu a testa, fingindo estar ofendido.
- E quem disse que eu era?
- Ninguém. A forma como você trocava meu nome já dizia tudo.
- Oh, certo. É que eu costumo lembrar apenas os nomes das meninas que quero pegar, Juliet. – Ergueu as sobrancelhas.
- Você... – Ruborizei.
[Deem play: Revelation – Troye Sivan]
O piano da música começou, atraindo vários casais para a pista de dança. Observei atentamente alguns deles se levantando e iniciando os passos lentos. Fiquei tão presa aos movimentos que me assustei ao ver Alex em pé, ao lado da minha cadeira, com a mão estendida.
- E nem adianta dizer que não sabe dançar. – Falou. Eu ri, tocando sua mão.
Sim, nós estávamos indo à pista de dança de mãos dadas. E não, eu não iria dizer nada sobre aquilo. Talvez eu não quisesse.
Suspirei quando sua mão tocou minha cintura, colando nossos corpos, e a outra segurou a que estava solta, iniciando uma dança leve, tal como a música.
Seus olhos penetrantes se mantinham presos aos meus, fazendo com que toda minha pele arrepiasse. Eu não desviava, não ruborizava e nem desejava me esconder como antes. A antiga Camila nunca dançaria com um garoto em uma pista de dança, nunca permitiria ser tocada daquela forma e, mais ainda, estar em um encontro como aquele.
Alex Lawson me fazia quebrar regras que eu disse um dia nunca quebrar.
- O passado nunca vai deixar de ter passado e continuar passando. Mesmo no presente, quando a gente gostaria que fosse apenas passado, ele passa uma vez para lembrar ainda que é preciso mudar. – Disse, olhando em meus olhos.
- Isso foi lindo. E profundo.
- Li em um livro. – Deu de ombros.
- Sério? Você anda lendo agora? Acho que fiz um bom trabalho.
- Aprendi que pessoas inteligentes atraem você, então... – Eu ri.
- Na verdade, você me atrai. E você é inteligente. Pare de imaginar que inteligência são pessoas que vivem com a cara nos livros. Para mim, pessoas inteligentes são aquelas que aprendem com os seus erros, buscam aprender sempre e, mais ainda, lidam bem com situações ruins. – Ele sorriu.
- Eu nunca vi ninguém falar tão bem como você. — Ri leve.
- Então serei uma boa jornalista.
- Você vai mesmo? Pensei que Juliet quem seria... – Neguei com a cabeça, rindo leve.
- Ela não é a única no mundo.
- Você será a melhor. – Meu sorriso aumentou. – E, eu sei que não sou bom palavras, acho que elas saem melhor escritas, mas eu só quero que saiba que... – Ele me olhou por alguns segundos. Cada detalhe do meu rosto. – Eu estou muito apaixonado por você, Camila. Não vou cansar de dizer isso. Acho que todos os dias quando acordo, me apaixono um pouco mais porque você é a primeira coisa que eu penso, se você está bem, se precisa de algo. Tudo que faço é pensando em você, lembrando de você e tentando ganhar um sorriso seu. Nunca pensei que faria as coisas que fiz desde que fiz para você. E eu estou disposto a correr esse risco louco de quebrar regras com você, Hayes. Você quer namorar comigo?
Paramos de dançar. Eu enrosquei meus braços em seu pescoço, continuando a admirar seus olhos por mais alguns segundos até descer para a sua boca. Colei nossos lábios e logo toda a eletrizante e fervorosa emoção estava ali de novo. Alex me apertou mais ainda contra ele com ambas as mãos em minha cintura. Nossas línguas ansiosas uma pela outra tocavam-se, famintas, e desejando sempre estar em contato. Quando era menor, costumava achar beijos nojentos, mas minha mãe sempre me dizia que quando eu encontrasse o beijo certo, eu entenderia. E eu encontrei.
Quando nos separamos, continuei a olha-lo, com os olhos fechados e os lábios inchados.
- Isso foi um sim? – Perguntou ao abrir os olhos.
- Isso foi um: sim, eu quero ser sua namorada – Beijei sua boca rapidamente. – e também estou perdidamente apaixonada por você.
Ele sorriu, me abraçando e tirando os meus pés do chão. Nós começamos a rodar pela pista de dança, no meio dos casais.
- Estamos namorando! – Alex gritou. – Eu estou namorando a garota mais linda do mundo!
Não me importei com o fato de nos olharem, mesmo com a maioria sorrindo, estar com Alex me fazia sentir nas nuvens e, a partir de agora, não dar importância a certas coisas. Ele continuou a girar, até parar e me colocar novamente no chão. Eu iniciei um carinho em sua nuca, ainda rindo, afobada. Alex tirou o cabelo do meu rosto, acariciando minha bochecha.
- Queria muito te emprestar os meus olhos só para que você pudesse ver esse seu sorriso lindo.
- Obrigada por ser a razão de boa parte desse sorriso.
Alex sorriu, puxando meu rosto e colando os nossos lábios para mais um beijo.
É, a primeira paixão têm dessas coisas.
...
Depois de sairmos do restaurante luxuoso – que Alex fez questão de pagar, graças a Deus –, ele colocou na cabeça que queria tomar sorvete na antiga praça que nos reuníamos para fazer o seu trabalho.
Era uma noite um pouco fria em Jacksonville, mas aquilo não impedia que as pessoas transitassem pelas ruas, pelo contrário, o clima deixava tudo mais gostoso para sair, inclusive tomar um sorvete mesmo com o clima assim. Sorri quando Alex tirou seu terno colocando em meus ombros.
- Você anda muito cavalheiro. – Falei, ajeitando o terno.
- Quero ganhar o prêmio de melhor namorado do mundo.
Ri com sua fala. Ainda não passava pela minha cabeça que eu estava namorando, logo mais com Alex Lawson. Se eu encontrasse com a Camila de meses atrás e dissesse a ela tudo que o que aconteceria, ela ligaria para a polícia. Porém, a Camila de agora gosta muito dessa ideia.
Como um reflexo, aproximei minha mão da dele e entrelacei os nossos dedos. Alex me olhou, surpreso.
- Camila... Você tem certeza disso? – Perguntou.
- Algo em mim diz que isso não está fadado ao fracasso. Eu preciso arriscar mais, e se for para arriscar, quero que seja com você.
Alex sorriu, apertando mais o nosso contato entre as mãos.
Ao chegarmos à sorveteria, ele fez questão de tirar o terno dos meus ombros e segurar na minha mão novamente.
- Camila?! – A voz do além de Alice me fez dar um pulo de susto.
Mas não era do além, ela estava ali bem na nossa frente, com Jordan. A olhei, sorrindo amarelo e sem saber como reagir. Ficamos os quatro, um de frente para o outro, sem dar uma palavra.
- O que está fazendo aqui? – Perguntei.
- Eu e Jordan viemos tomar um sorvete, ué. – Deu de ombros. – E vocês?
- Também.
Alice desviou sua atenção para Alex, sorrindo simpaticamente.
- Oi. Eu sou Alice, irmã da Camila. – Estendeu a mão. Alex apertou, abrindo um sorriso.
- Alex. Namorado da Camila.
Alice ergueu as sobrancelhas surpresas, assim como Jordan. Eu esfreguei a mão na nuca, ruborizando.
- Uau. Essa é uma novidade pra mim. – Alice disse, olhando para mim.
- Fui pedida a pouco tempo.
- Pensei que seu nome fosse Alessandra.
- Alessandra?! – Ela disse, rindo. – Não, de onde tirou isso?
- Sua irmã me disse.
Dei de ombros, tentando não rir.
- Eu disse que te explicaria depois.
- Eu sou Jordan, namorado da Alice. – Os dois apertaram as mãos. – Creio que somos co-cunhados agora. Boa sorte com o papai Hayes.
Alice riu, batendo leve no braço do namorado.
- É, já estou sabendo sobre isso. – Alex disse.
- Vocês já estão indo, não é? – Sugeri para os dois. Eles se entreolharam, assentindo.
- É, já estamos indo. – Alice disse, segurando a mão de Jordan. – Foi bom conhecer você, Alex.
- Sinto que já a vi em algum lugar. – Ele falou, pensativo.
- Sua fama na fraternidade das minhas colegas não é muito boa.
Alex ergueu as sobrancelhas, aparentando se lembrar.
- Lembrei. – Ele estava envergonhado. Segurei a risada.
- Até mais, pessoal. E Alex, sinta-se convidado para ir a nossa casa a qualquer momento. Nossos pais vão amar conhecer o namorado da nossa Camila. – Alice disse, maliciosa. – Especialmente nosso pai.
- Tchau, Alice! – Exclamei, lançando um olhar mortal para ela.
Jordan acenou para nós, rindo e empurrando a namorada para saída.
Neguei com a cabeça, olhando para Alex.
- Me desculpa por isso. Minha irmã é um pouco inconveniente.
- O que? Eu adorei ela.
Fomos caminhando até a atendente e fizemos os pedidos. Enquanto esperávamos os sorvetes, Alex se virou para mim, risonho.
- Há quanto tempo eles namoram?
- Uns cinco a seis meses, não sei exatamente. Por que?
A atendente nos entregou nossos pedidos e nós saímos da loja.
- Você sabe que eles transam, não é? – Disse.
Me engasguei enquanto engolia o sorvete, tossindo. Alex ria enquanto dava tapinhas leves nas minhas costas.
- Você está bem?
Eu pigarreei, voltando ao meu estado normal.
- De onde você tirou isso, seu louco? – Perguntei como se fosse um crime.
- Reconheço um casal que transa. Por exemplo, está vendo aqueles dois ali no banco? – Apontou para o casal sentado, rindo de algo que um deles mostrava no celular. – Eles transam.
Atravessamos a rua, indo até o parque e procurando pelo lugar que costumávamos ficar.
- Alex, você pode estar errado. Minha irmã falaria se transasse com o Jordan. – Falei ao me sentar.
- Acontece, meu bem, que a vida sexual da sua irmã não é da sua conta.
- Nós contamos tudo uma para outra.
- Você dará detalhes a ela sobre sua primeira vez? – Perguntou, provocativo.
- Não, mas eu obviamente irei contar quando acontecer.
- Baby, sua irmã apenas não comentou com você, mas ela e o Jordan transam sim.
Fiquei pensativa sobre isso. Será que Alice estava fazendo e não havia me contado nada?
- Por que está falando sobre isso? Está sugerindo algo?
- Bem, não. – Sorriu de lado. – Por que? Você está?
- Alex, eu não vou falar de sexo com você.
- Por que não? Tem alguém melhor do que o seu namorado para isso?
Eu ri, negando com a cabeça. Se ele soubesse sobre os meus sonhos...
- Eu não tenho tanta experiencia como você.
- Você já me ensinou uma vez, por que não posso fazer isso agora?
Fiquei imóvel quando sua mão tocou minha coxa, iniciando movimentos leves.
- Para com isso, Alex. – Disse, firme.
Ele parou, agora me analisando.
- Você anda tendo pensamentos sobre isso, não é? – Eu ruborizei, desviando o olhar do dele. Alex riu, animado. – Você anda tendo!
Olhei para os lados para ver se ninguém nos olhava. A última coisa que eu queria era que um casal de idosos passasse por nós e ouvisse o assunto.
- Você pode falar baixo? – Rosnei.
- A puberdade chega, meu amor, e eu estou ao seu dispor. – Piscou, terminando de tomar seu sorvete.
- Espero que saiba que eu tenho o meu tempo.
- Claro que sei e eu esperarei o tempo que for, só não garanto minhas mãos se comportarem. – Ele desceu uma de suas mãos ao meu bumbum e apertou rapidamente.
Bati em seu braço, rindo.
- Então, por que mentiu sobre o nome da sua irmã?
- Porque eu estava assustada demais na época. – Ri, me lembrando. – Foi no dia em que tivemos que fazer o trabalho de química juntos, lembra? Você viu a foto de The 1975 no meu caderno e pensou, talvez, que Juliet fosse minha irmã.
- Bem, eu estava obcecado pela Juliet, qualquer informação seria válida.
- Inventar um nome foi a primeira coisa que me ocorreu. – Nós rimos.
- E sobre o seu pai? Ele é tão assustador assim?
- Ele é só superprotetor, vive em uma casa somente de mulheres e cuida de nós com unhas e dentes. Eu o entendo. Tenta nos proteger de qualquer espécie de maldade, preconceito e pensa que qualquer um que tenta se aproximar de nós é com intenções ruins. – Falei. – Quando minha mãe veio morar com ele aqui, ela sofreu bastante com isso. Ele só criou uma armadura.
- Corro algum risco? – Eu ri.
- Bem, é só agradá-lo e não demonstrar intenções maldosas.
- Mas eu tenho intenções maldosas com você.
- Alex, estou falando sério. Meu pai vai gostar de você se não ficar me tocando ou acariciando perto dele. Tente falar sobre livros, suas habilidades e pescaria. Ele ama pescar.
- Não sei nada sobre pescar.
- Então, você corre algum risco. – Ele fingiu sentir dor, me fazendo rir. – Mas não temos que pensar sobre isso agora, temos?
- Eu não sei. É importante pra você?
- Sim, é. Mas acho que como começamos agora, não precisamos de tanta pressa.
- Você pode tentar ir o acostumando sobre a ideia.
- Vou tentar. – Ri, imaginando como seria.
- Mas não importa como seja, estou disposto a correr o risco. – Sorri, apertando seu rosto e o beijando.
- Se continuar assim, não vai demorar a receber o prêmio de melhor namorado do mundo. – Ele riu, passando o braço ao redor do meu pescoço. – E a sua família? Ficaria feliz com nosso namoro?
Alex suspirou, desviando sua atenção.
- Evelyn com certeza, ela ameaçou me matar se eu não te pedisse em namoro hoje. – Eu ri. – Naomi também ficaria muito feliz. Meu pai seria indiferente.
- Por que você e seu pai não se gostam?
Alex tirou seu braço do meu pescoço e começou a brincar com os dedos, aparentemente ansioso.
- São várias coisas, mas acho que a principal delas é em relação a minha mãe.
- Vocês costumavam se dar bem?
- E como. – Riu sem humor. – Mas hoje em dia ele só costuma me dar bom dia ou reclamar de algo que eu faço.
- E a Evelyn? Ele se dá bem com ela?
- Muito. Por sorte ele trata minha irmã bem. Comigo eu não me importo, mas se a tratasse mal, eu nem sei o que faria.
- Mas você tem a sua madrasta, certo? Vocês se gostam?
- Naomi é praticamente a minha mãe. Ela cuida de mim e da minha irmã desde que éramos bem pequenos. Ela é um dos motivos pelo qual ainda não sai daquela casa.
- Alex, por que o seu pai te trata mal?
- Acho que ele me culpa pela ida da minha mãe.
- Por que sua mãe deixou vocês?
Alex negou com a cabeça, passando os dedos pelos olhos. Ele não queria lembrar do assunto, eu sabia disso, mas odiava ver a forma como aquilo lhe machucava.
- Eu não quero falar sobre isso, ok? – Sorriu leve. – Acho que já está na hora de irmos.
Ele se levantou, mas eu segurei sua mão, forçando-o a olhar para mim.
- Quando se sentir bem para falar, eu estou sempre aberta a ouvir.
Alex sorriu, assentindo. Ele estendeu sua mão para que eu segurasse e assim eu fiz.
Eu não me importava se Alex tinha um passado penoso e que isso ainda o machucava. Não me importava o fato dele ainda ter as marcas de lembranças ruins e não se abrir comigo. Eu estava disposta a entrar de cabeça naquilo e faria de tudo para que desse certo.
Quando segurei sua mão e o abracei naquela noite, senti que ele estava em pedaços, mas eu não me importei em me cortar. E creio que nunca me importaria.
Aí aí, eu amo muito esse casal! ♥️ Aproveitem rsrsrsrs.
Agora pras novidades! Quem me segue no Instagram sempre fica por dentro de tudo o que estou preparando e AMANHÃ, no domingo, eu terei uma conversa super legal com a Hanna do podcast do Spotify Lírio Literário onde vamos falar sobre mim, minha inspiração, sonhos e, claro, Manual das Garotas Más. Vou postar o link aqui no perfil do Wattpad e também no Instagram! Então, se você não me segue, siga porque sempre tô interagindo, fazendo jogos sobre o livro e postando novidades! (Instagram: @SweetWriter8)
E me contem tudo o que estão achando e as expectativas para esse livro! Quero saber tudo ♥️
Obrigada pelo carinho de sempre! Amo todos vocês. Até o próximo sábado!
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