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[87] Tudo Em Dia

Os funcionários que trabalhavam nos casarões inerentes a Márcio Toralápis, cuja função é abrigar seus clientes da Fossa, já estavam preparando o almoço para quando o espetáculo do dia terminasse. Alheios a toda confusão na Fossa, só vieram a ficar cientes no momento em que encontraram um grupo de gente armada na sala.

- Viemos fazer um saque - Jungwon explicou com um sorriso enquanto mostrava a chave. - Agora todo mundo bem quietinho voltando pra cozinha.

- Quem são...

- Agora! - O tom firme do ômega fez os funcionários abandonarem o questionamento. Eles seguiram em silêncio pro lugar de onde vieram.

Se explicar a Toralápis seria mais fácil do que enfrentar toda aquela gente, afinal, não era deles o dever de manter a segurança do lugar. Foram rendidos e não podiam fazer nada a respeito.

Severino buscou as carruagens com alguns betas, enquanto Jungwon guiou os demais até o escritório de Toralápis, onde o ômega usou a chave para abrir a porta do cômodo secreto. As muitas arcas contendo moedas de ouro nunca usadas ainda estavam lá.

- Coisa linda. Parece um mar dourado - Agripino abriu um dos baús.

- Vamos ter muito tempo pra admirar isso, agora que tal levar tudo lá pra fora antes que a cavalaria chegue aqui e me acorde desse sonho? - Morgana bateu as palmas.

- Nem pra isso vocês servem. - Cosma riu, agarrando um dos baús.

- Não precisamos. Já tem um bando de burro de carga pra fazer isso. - A ômega rebateu.

Outros alfas juntaram-se a Cosma, assim como os betas. Para desespero de Morgana, Jungwon instruiu os ômegas e as betas a ajudarem também, com um baú para dois.

- Isso é muito pesado! - Ivonete resmungou. Estava carregando uma arca com Carlos, cada um segurando em uma alça do lado.

- Eles não vão conseguir levar sozinhos. - Jungwon explicou. - A não ser que queiram deixar alguns baús para trás, é melhor botar força nesse braço.

- Meu braço é fino, parece espaguete - Morgana choramingou, levando com Jungwon.

- Sinto que meus braços vão cair - Severino suspirou.

- Cala a boca que tu é alfa. Olha a grossura do teu braço.

- Minha filha, isso é gordura.

- AH! Basta! - Agripino gritou. - Vocês estão me irritando. Parecem um bando de gasguitas!

Tal como Severino havia dito, Jungwon percebeu que não havia guardas por dentro das muralhas daquele lugar. Do mesmo modo, o alfa preveniu sobre a proteção que cercava os muros, até certa extensão da floresta.

Contando que, evidentemente, não teria um guarda para cada centímetro quadrado da floresta, Jungwon acreditava que eles não teriam grandes dificuldades para atravessar a parte da floresta que os separava da enseada.

A cada passo que dava o ômega mantinha seus olhos atentos em todos os cantos possíveis, assim como seus outros sentidos, esperando por algum ataque. Porém, nada do que se esperava aconteceu. Na metade do caminho, eles encontraram um grupo de piratas, liderados por um jovem alfa que Jungwon facilmente reconheceu.

- Jay... - ele murmurou, colocando seu lado do baú no chão e posteriormente correndo ao seu encontro.

O alfa abriu os braços para recebê-lo quando o menor pulou para o envolver. Jay o ergueu do chão com um abraço forte que durou algum tempo. Onde houvesse espaço em seu rosto para beijá-lo, Jungwon o fez.

- Tava com tanta saudade - Jay expressou, sentindo o aroma do ômega quando retribuiu os beijos.

- Eu também! - Quando o ômega foi posto no chão, ele abraçou o mais alto pela cintura mais uma vez, depois buscou ao seu redor. - E o Lian?

- Na enseada com o Luna.

Seguindo ordens previamente dadas pelo contramestre, os piratas tomaram posse dos baús, levando-os na direção em que o navio estava ancorado. Moacir e sua turma não ficaram satisfeitos, mas tiveram de aceitar.

Assim que chegaram na distinta enseada, a incerteza que pairava entre Jungwon e os alfas logo foi desvendada. Os baús foram organizados dentro dos botes. Eunji, Hyun e Sarah também estavam na praia na intenção de ajudar, bem como outros piratas.

- E a nossa parte?! - Moacir rosnou. - O nosso setenta por cento.

- Você realmente achou que eu daria setenta por cento disso tudo a vocês? - Jungwon franziu o cenho.

- Não - Cosma foi sincera, revelando logo em seguida quando puxou Hyun pelo braço, colocando uma faca em seu pescoço: - A gente já tinha conhecimento dis...

Antes que a alfa tivesse a oportunidade de concluir sua fala, um disparo atingiu sua cabeça e ela caiu dura no chão. Hyun correu na direção daquela que fez o disparo e ficou ao seu lado. Sarah ainda mantinha a arma apontada para o corpo no chão quando expressou com desprezo:

- Ninguém toca no meu irmão, vadia!

Ainda que o grupo de alfas tentasse resistir, não dariam um passo sem serem alvejados pelas armas dos piratas. Moacir e seus parceiros não pouparam xingamentos e maledicências contra o ômega.

- Se eu te ver outra vez... - Agripino rugiu tremendo de raiva.

- Se eu fosse você, rezava pra isso não acontecer - Jay deu um passo à frente, evidenciando que ele estaria pronto para matar cada um deles.

Jungwon estava pensativo, observando os ômegas que acabara de subir nos botes. Severino ao seu lado, mantinha seus dois baús sem ter certeza do que fazer. Ouvindo seus murmúrios, o ômega saiu de suas reflexões para dirigir-se a ele:

- Tem lugar na minha tripulação, se você quiser.

- Pensei que nunca fosse me chamar! - O alfa aceitou imediatamente, virando-se para os piratas: - Será que não tem um rapaz forte que me ajude a levar esses baús?

O ômega riu, negando com a cabeça. Quando girou para os alfas, só então percebeu que eles já haviam partido. Jay resolveu a situação e ele suspirou aliviado por não ter de ver a cara de nenhum deles outra vez.

- Vocês também tem, se quiserem. - Também ofereceu aos betas. - Ou podem levar sua parte no acordo.

Jungwon sabia que eles não tinham para onde ir, a princípio. Ficariam vivos no máximo uma semana, sem tempo de gastar mais do que duas moedas. Espertos, eles aceitaram o chamado e também subiram nos botes a caminho do Luna.

Assim que subiu a bordo do navio, Jungwon viu seu outro alfa descer as escadas do convés superior com os olhos fixos nele. O ômega não esperou e foi em sua direção, encontrando-o no último degrau e sendo recebido com um abraço tão intenso que, se pudesse, ficaria ali sem contar as horas.

- A gente tava quase indo te buscar. - Ele encaixou as mãos em ambos os lados do rosto do menor e o beijou. - Mas...

- Como são obedientes... - Jungwon completou, tirando um sorriso divertido do mesmo.

- Onde esse povo vai ficar? - Ouviram a voz do contramestre e viraram de frente para as pessoas em questão.

Jungwon subiu alguns degraus para que todos pudessem vê-lo, e dirigiu-se aos novos tripulantes:

- O Luna pode ser um navio muito grande, mas nossa tripulação também é.... Então vamos precisar nos virar com o que temos, até encontrarmos um novo navio.

- Vai trocar o Luna? - Tony franziu as sobrancelhas. - Mas eu gosto tanto do Luna.

- Não. - O Capitão sorriu, cruzando os braços. - Nós teremos mais um navio.

- Perai! - Corty, a cozinheira, pensou em voz alta e perguntou: - Não vamos saquear um navio, mas roubar um?

- Um de guerra, se possível. - Jungwon adicionou. - Isso significa que temos vagas abertas para algumas funções como cozinheiro e timoneiro.

- Eu já trabalhei em navios mercantes - um beta confessou, e outros também afirmaram ter alguma experiência em alto mar.

Os novos tripulantes decidiram que a melhor opção para passar suas noites seria o porão de cargas. Não seria nada confortável, mas era temporário e os protegeria da atmosfera imprevisível do Mar Tenebroso.

Após Jungwon transmitir todas as regras, deveres e direitos de cada um, os piratas buscaram seus afazeres e os novatos foram conhecer o interior do navio junto ao contramestre.

O Capitão aconselhou que buscassem o médico para que fossem examinados, devido ao fato de terem sobrevivido por anos no subterrâneo. Depois, ele mesmo seguiu até a cabine quando sentiu um pouco de tontura. Apesar disso, sentou em sua cadeira para registrar os lucros do dia.

- Deite-se um pouco - Lian se apoiou na mesa. - Sinto daqui o seu cansaço.

- Só vou terminar isso aqui. - Jungwon fechou os olhos quando parou de escrever.

- Você tá exausto.

Herdando a grande teimosia de seus pais, Jungwon negou e respirou fundo para continuar seu dever. Se mesmo depois das adversidades todos os outros estavam fazendo suas tarefas, ele como Capitão deveria agir dessa forma.

O alfa ainda pretendia insistir, mas alguém bateu na porta. Taesung apareceu contando que seu irmão o mandou ali, para avaliar o estado de saúde do Capitão.

- Ele pediu pra você levar o Luna um pouco pro Norte - médico avisou a Lian -, e disse que depois acerta um itinerário.

- Tá bom. - Lian beijou seu ômega na testa e posteriormente deixou a cabine.

O timoneiro sabia da urgência em tirar o navio daquela enseada, por este motivo não demorou em cumprir a ordem. Ainda que leve um tempo até que Toralápis tenha conhecimento de que foi furtado deliberadamente, abrir uma longa distância entre o Luna e o Brasil era a decisão mais prudente a ser tomada.

- Aprecio esse cuidado, mas diz pro seu irmão que eu estou bem - Jungwon quase caiu quando se levantou da cadeira, sendo amparado pelo alfa que estava bastante próximo. Percebendo o olhar atento do médico, ele adicionou: - Sei o que parece... eu só levantei rápido demais.

- Eu te ajudo. - Taesung ignorou as desculpas e o ajudou a chegar na cama.

O alfa não estava apenas servindo como apoio, mas identificando sinais importantes antes de realizar exames físicos. De modo geral, em uma anamnese, o profissional deveria questionar seu paciente para obter dados importantes a fim de chegar a um diagnóstico, mas diante da teimosia do ômega, ele o estudou em silêncio, de olho em sua respiração, suor e temperatura corporal.

- Se sente melhor? - O médico perguntou.

- Sim. - Jungwon respirou profundamente. - Vá em frente, não vou atrapalhar seu ofício.

Taesung assentiu agradecido. Examinou cuidadosamente o corpo do Capitão, inspecionando, palpando e auscultando consistência e ruídos do tórax dele.

- Não tenho muita certeza disso mas, como já deve saber, acredito que esteja grávido. - Disse o alfa, sem rodeios.

- Eu senti há alguns dias.

- Então o Jay e o Lian já devem desconfiar também.

- Levando em consideração que o teu irmão te mandou aqui... - Jungwon e ele sorriram. - Nessas condições, o que eu não posso fazer?

- Muitos dizem que caminhar tranquilo em meio a disparos de canhão em um ataque, não é muito aconselhável em uma gestação...

- Já entendi. Nada de muita ação.

- Exatamente. Além de... - o médico passou uma série de indicações e conselhos para que Jungwon tivesse uma gestação segura e saudável. Pretendia fazer o mesmo com os alfas logo após.

Depois de prestar auxílio ao Capitão, Taesung retornou a enfermaria para dar continuidade a avaliação que estava fazendo, em alguns dos novos integrantes. Doenças infecciosas foram descartadas e algumas enfermidades tratadas, por meio de algumas infusões.

Após decidir uma nova rota onde poderiam encontrar e saquear grandes navios mercantes, Jay retornou para a cabine onde passou a registrar os últimos acontecimentos, enquanto Lian permaneceu guiando o leme.

Enquanto escrevia as informações no diário de bordo, de vez em quando o alfa olhava na direção da cama, onde Jungwon descansava em um cochilo sereno. Um pouco mais tarde, Lian se juntou a eles no interior do cômodo. Ele se sentou próximo do ômega e o acariciou no cabelo.

- Seu irmão te contou alguma coisa? - Falou com o outro alfa.

Jay negou, balançando a cabeça.

- Nem tive tempo de perguntar, tava resolvendo umas coisas.

Jungwon estirou os membros de modo preguiçoso e abriu os olhos devagar. Assim que viu o alfa mais velho um sorriso radiante apareceu, mas continuou deitado, desfrutando do mimo em seu cabelo.

- Como se sente?

- Pronto para saquear um galeão.

Lian riu com a resposta. Apesar de ser uma simples brincadeira, a afirmação do ômega tinha um tanto de verdade. Assim que percebeu que Jungwon havia acordado, Jay guardou o livro de registros e dirigiu-se para junto de seus companheiros.

- Taesung não te falou nada?

- Ele me deu alguns conselhos... - Jungwon fez uma pausa quando sentou no colchão, fazendo um pouco de mistério antes de revelar: - Pra gente ter cuidado durante a gestação.

Os dois alfas ergueram as sobrancelhas e trocaram olhares. Um deu início e o outro concluiu:

- Durante a...

- Gestação?

- Sim. - Jungwon sorriu.

Apesar de terem sentido por meio da marca, os alfas não tinham segurança do que poderia ser aquela estranha sensação, apenas deduziram por ser o mais óbvio. O próprio ômega confirmando trazia uma certeza definida.

Os sorrisos cresceram mais do que em qualquer outro momento. A felicidade que experimentaram naquele instante foi compartilhada pela marca, a consequência de seu amor que agora estava crescendo no interior de Jungwon.

Ainda não havia nenhum sinal visível de que tinha um ser ali dentro, mas ambos, ao mesmo tempo, apoiaram a mão no ventre do ômega. Jungwon sorriu ao sentir o calor daquelas mãos grandes, porém, amáveis.

- Eu sou a pessoa mais feliz desse mundo - Lian estava com um sorriso enorme, olhando de um para o outro. - Vocês têm noção disso?

- Acho que vou explodir - Jay também não cabia em si. - Eu te abracei muito forte naquela hora, será que não machucou o bebê?

- Eu acho que ainda não tem bebê por aqui, só a sementinha. - Jungwon riu.

- Ah, certo...

- Por que pediu pro seu irmão me examinar? - Encarou o alfa mais novo. - Vocês já sabiam?

- De certa forma a gente sentiu que algo estava diferente em você - Jay trocou olhares com o outro.

- E depois das coisas que aquele alfa disse. - Lian referiu-se a Severino. - Qual o significado daquelas palavras?

Jungwon tinha em mente que seus alfas ficariam confusos e posteriormente iriam reivindicar uma explicação. Estava pronto para contar tudo o que sabia. Os alfas permaneceram em silêncio, ouvindo o precioso depoimento.

Em alguns momentos, Lian conectou alguns pontos que para ele se tratavam apenas de coincidências. Uma sensação de deja vu que o acomete em certas ocasiões. A incrível conexão que teve com Jungwon, quando tinham idade suficiente para que seus lobos assumissem a ligação que possuem.

Agora ele também sabia que a sensação de já ter visto Jackson antes em algum lugar, não era apenas pelo fato de que ele era um caçador muito comentado pela China. O lobo que reencarnou em Lian pertenceu a uma alfa vendedora de flores denominada Sarah, aquela que encantou o maior pirata de todos os tempos, Francis Bonny, com suas flores no mercado de Nabuco. Em especial, as tulipas.

Mas enquanto Lian fazia suas conexões, por outro lado, Jay tentava assimilar o que conseguiu compreender. Seu lobo estava atribuído a um respeitado oficial da Marinha coreana, Sang Hyunsik. Ele ficou encantado quando conheceu o jovem Francis, mas teve seu pedido de casamento recusado pelo ômega.

Jungwon preocupou-se que Jay poderia ficar chateado e até bastante magoado, mas para a sua surpresa, a decepção do alfa estava relacionada a outra razão, que ele fez questão de expôr:

- Não acredito que eu já tenha pertencido à Marinha...

- Hmmm - Lian ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços. - Parece que agora temos mais algo em comum, além do ômega marcado, oficial Jongseong.

- Para com isso! - Jay bateu nele com um travesseiro. - Sou um pirata. O passado não importa.

- Que bom que pensa assim... - Jungwon moveu os dedos sobre o colo, inquietos.

Seus olhos estavam úmidos e transmitiam um pouco de culpa. Ele ergueu os olhos para o mais novo, quando este encaixou a mão em seu rosto e secou a lágrima que haviam caído.

- Eu fiz você esperar todo esse tempo... - o ômega parou de falar quando Jay negou com a cabeça.

- Sei que somos responsáveis por nossas escolhas, mas esse tipo de coisa me faz acreditar em destino - confessou suavemente. - Ele fez questão de colocar a gente na mesma tripulação, pra que desse certo dessa vez.

Jungwon sorriu e também o outro alfa.

- E dessa vez ele quis ferrar comigo - Lian brincou se referindo ao destino, por ter sido da Marinha.

Jungwon segurou a mão dos alfas, os três se aproximaram vagarosamente e encostaram a testa com delicadeza e ternura. Com os olhos fechados, permaneceram por um tempo apenas sentindo seus lobos, o elo que sentiam um pelo outro e o fruto daquela relação, a semente que eternizaria seu amor.

🏴‍☠️

Nos dias seguintes, o Luna já encontrava-se há muitos quilômetros longe da costa brasileira. O itinerário seguido indicava que brevemente iriam encontrar um galeão ou navio mercante.

Durante esse período, os novos integrantes encontraram uma forma de se encaixar na tripulação, ajudando no que podiam. Os que não tinham conhecimento na área náutica, foram em busca de se capacitar em alguma atividade. Ninguém ficou sem ocupação.

- Lembro que minha avó costumava usar algumas ervas quando eu ficava doente - Alice contou ao médico. - Sei de algumas funções.

A maioria dos ômegas buscou um serviço que não necessitava de muita proximidade dos alfas. Mesmo que Jungwon tenha deixado claro a punição para atos hediondos, eles ainda tinham um certo receio quanto à confiança na classe citada. Os alfas que conviveram nos últimos anos foram extremamente depravados.

Alice, no entanto, escolheu uma área que a deixava muitas horas sozinha com um alfa, o médico da tripulação. O rapaz muito bonito, inteligente e atencioso logo chamou-lhe a atenção. O melhor de tudo é que ele não tinha um ômega que o ligasse pela marca, ou que lhe interessasse. Pelo menos, era o que ela acreditava.

- Tenho um bom estoque de plantas nativas do Brasil aqui - Taesung mostrou nas prateleiras.

- A gente passou tanto tempo na floresta coletando, seria estranho se não tivesse - Hyun comentou, fazendo o alfa rir.

- Mas também usamos bastante... - O médico sorriu para o menor. Somente ambos sabiam como Brunão deixou essa vida.

O diálogo foi brevemente interrompido quando o contramestre chegou e levou Taesung consigo. Os ômegas voltaram a conversar assim que ficaram sozinhos.

- O que você faz aqui? - Alice quis saber.

- Eu costumo passar o tempo conversando com o Tae.

- Ah... deve ser bom ser o primo do Capitão, porque aí você não precisa fazer nada - a ômega sorriu para ele, mas Hyun não gostou do comentário.

- Isso não é verdade - ele se defendeu. - Eu ajudo o Jungwon com as rotas. Sou bom com mapas.

- Mas não é como se você fosse insubstituível - o olhar simpático de Alice não amenizou as palavras duras.

Hyun se sentiu ainda mais desconfortável e não quis responder. Ele deu as costas para a ômega e fingiu estar ocupado com algo, para que ela não falasse consigo. A mesma também o ignorou, examinando as prateleiras que foram mostradas pelo médico momentos atrás.

A realidade é que Alice desenvolveu interesse no alfa assim que o encontrou na noite em que embarcou no Luna, quando Jungwon os aconselhou a procurar o médico. O problema era que outro ômega vivia perto dele, e isso causou certa tensão na recém-chegada.

Pouco tempo depois o alfa retornou e compartilhou com ambos o motivo de sua ausência:

- Ele me chama aqui a cada meia hora pra ver como o Jungwon tá.

- Que fofo. - Hyun sorriu voltando para perto.

- Eu me sinto muito bem sabendo que tem um médico tão dedicado que vai cuidar de mim, assim como seu irmão cuida do ômega dele. - Alice apoiou a mão no ombro do alfa.

- A função dele é cuidar de toda a tripulação, não apenas de você. - Hyun adicionou.

- Eu não disse o contrário.

- O seu tom indicou isso.

Alice ergueu as sobrancelhas e virou-se para o médico, depois para Hyun. Era só o que faltava. Depois de 8 anos vivendo naquele lugar terrível, quando conhece um alfa que realmente incitou-lhe grande desejo, surge um empecilho em seu caminho. Mas durante o tempo que permaneceu na Fossa, ela soube lidar com ameaças bem piores.

Conheceu aquele ômega fazia poucas semanas, mas percebeu que a timidez dele o deixava desestabilizado. Ela sorriu à medida que sua testa franzia exibindo uma pequena expressão de incredulidade e malícia. Naquele momento ela soube que poderia usar um reflexo de constrangimento para afastá-lo da enfermaria:

- Ah, desculpe. Você gosta dele, não é?

- Não. Q-quer dizer, sim. Mas é que... e-ele é meu amigo...

- Meu Deus, olha pra você todo vermelhinho. - A ômega sorriu de jeito meigo. - Que lindinho.

- Para com isso. - O médico advertiu.

- O quê? Você não percebeu? - Ela ergueu as sobrancelhas, segurou no outro ombro dele e o virou para si. - Você não tem mais idade pra ser tão inocente assim. Ele não gosta de você apenas como amigo.

- Para de falar essas coisas... - Hyun murmurou.

- Tudo bem, querido. Se apaixonar faz parte do crescimento. Só não pode ter pensamentos impróprios pra sua idade, em relação a ele.

- Eu não... - quase entrando em combustão, Hyun tentou explicar que não fazia aquilo, mas Alice prosseguiu:

- Tá tudo bem. Eu te entendo. Eu também passaria horas aqui com um médico desse.

O ômega teve dificuldade para se manter estável diante daquela situação embaraçosa. Sua única atitude foi dar meia volta e deixar a enfermaria rapidamente. Taesung o seguiu até a porta, mas desistiu quando viu o mais novo entrar em seu quarto e trancar a porta.

De volta ao interior do cômodo, ele questionou a ômega:

- Por que fez aquilo?

- Eu apenas traduzi o que li nos olhos dele.

- Ninguém pediu.

- Desculpa. - A ômega deu de ombros.

- Não é a mim que deve desculpas.

- Eu tava tentando ser útil ajudando ele.

- Procure o meu irmão se você tá buscando algo realmente útil pra fazer. - Aconselhou devido ao fato de Jay ser o contramestre.

- Ou eu posso ficar aqui te olhando trabalhar, aí eu posso aprender e te auxiliar.

- Não tô trabalhando agora. Se me der licença, eu vou pro convés.

Se antes não estava, agora ficou perceptível para Alice que os sentimentos de Hyun eram recíprocos. Para o médico, não foi um jeito agradável de saber que era correspondido.

Quando passou no corredor pela porta do quarto do ômega, ele pensou em chamá-lo, mas desistiu. Obviamente, Hyun não estava propenso a conversar com ele naquele momento.

Ao chegar no convés, sem nenhuma surpresa para si, encontrou o irmão prestes a procurá-lo. Jay o contou que seu ômega precisava de atendimento pois estava tossindo. Taesung buscou seus materiais e logo em seguida foi conduzido a cabine, onde Jungwon e Lian se encontravam em discussão acerca do curso estabelecido:

- Não acho arriscado passar por aqui. Temos você pra gerir os ventos a nosso favor. - Disse o Capitão.

- Eu sei que você tá falando isso só pra eu concordar com você. - Lian estreitou os olhos.

- Não preciso. Sei que você vai fazer o que eu quero. - Jungwon o acariciou no rosto, depois virou-se para os alfas que entraram na cabine: - Mais exames? Tudo bem.

O ômega sentou em uma cadeira e esperou o médico se aproximar. Ainda que Jay o fizesse passar por aqueles procedimentos mais vezes do que o necessário, ele não se negava a atendê-lo, porque acreditava que o mais novo só estava preocupado. Na realidade, ele considerava aquele cuidado muito adorável.

- O Jay falou que você tava tossindo - o médico disse.

- Só um pouquinho. - Jungwon não percebeu, mas enquanto conversava consigo, Taesung contava sua frequência respiratória em segredo.

Caso soubesse disso, a respiração automática do ômega seria desligada e isso poderia alterar o resultado da contagem, pois Jungwon mudaria seu ritmo respiratório, independentemente de ser ou não sua intenção.

- Na verdade, só foi uma vez. - O ômega adicionou.

- Certo... - Ele anotou o resultado, como sempre fazia com todos, registrando o histórico de saúde da tripulação.

Posteriormente, o médico utilizou um tubo de madeira para captar possíveis ruídos na respiração do ômega e em outras regiões do tórax. Quando ficou satisfeito ele novamente manifestou suas considerações de maneira simples:

- Essa tosse é só um reflexo natural do seu corpo, pra limpar a garganta. Se hidratar bastante ajuda a diminuir esse incômodo.

- Vou buscar água! - Jay prontificou-se.

- Eu te acompanho... - Taesung foi junto, mesmo tendo percebido que já havia uma jarra com água no cômodo em que estavam.

Fora da cabine, permaneceram em silêncio até que passaram pelo dormitório em que o alfa mais novo divide com Tony. Ele prontamente guiou seu irmão para dentro. Jay franziu o cenho, confuso com aquela atitude:

- A cozinha não é aqui.

- Eu sei. Senta aí. - O médico indicou uma cama e sentou na outra, entregando-lhe uma série de páginas que o ajudaram em seus estudos.

- O que é isso?

- Leia.

Jay respirou fundo e passou os olhos rapidamente no primeiro pergaminho. Sua intenção era manter seu ômega hidratado, como o próprio Taesung indicou, não entendeu porque o médico estava postergando tanto, fazendo-o ler aquele documento.

Mas à medida que lia cada frase, o contramestre entendeu a importância e do que se tratava. Ele fez uma pausa, meditando algumas das informações que acabara de adquirir. Depois que chegou a uma conclusão, ele expressou:

- Eu estava sufocando ele, não é? Com todo esse cuidado.

- Você só tava preocupado, mas isso em excesso não é bom. Nem pra você, nem pra ele. O Jin escreveu esses arquivos baseado na experiência que teve com nosso pai, o Capitão Jeon e o Jackson. Também tem informações importantes sobre a gestação dos ômegas, pra você entender melhor. Chama o Lian pra ler com ele.

- Você não precisa? - Perguntou, em relação aos registros.

- Já sei tudo que tem aí. Fica com ele, depois você me devolve.

- Tá bom.

- Outra coisa. Vê se faz uma limpeza naquela cabine. Tá cheio de teia de aranha e pó nas prateleiras. Imagino a situação nos baús... Inalar aquela poeira pode causar danos aos pulmões.

- Mais alguma coisa?

- Sim. Não precisa ir buscar água pro Jungwon na cozinha, tem uma jarra na cabine.

- Ah, é mesmo...

Quando seu irmão deixou o quarto, o médico riu e balançou a cabeça em negação. Era curioso o fato de que Jay, como contramestre, exercia sua função sem dificuldade, lembrando-se de todos os serviços diários do Luna e quem deveria realizá-los. Em contrapartida, ele era distraído ao ponto de esquecer que já havia um recipiente com água próximo a mesa no aposento do Capitão.

Continua...

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