Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

[85] Recrutamento

A inveja pairava sobre os residentes que testemunharam consternados o banquete dos ômegas. Foi irritante assistir sem poder participar. Depois de tanto esforço para agradar ao público, nada do que fizeram se mostrou eficaz. Estavam cansados e aborrecidos, em especial, os indivíduos que seguem o comando dos que se acham os reis.

Jungwon acabara de chegar na Fossa, venceu o combate e compartilhou com seus colegas as recompensas da grande conquista. Diferente dos alfas, que nunca conferiram um único agrado aos que lhes prestam fidelidade assídua. Pensar nessa situação os deixava profundamente enfurecidos, perguntando-se, afinal, o que estavam ganhando sendo tratados como bucha de canhão.

— Isso é realmente frustrante. — O Jurema disse propositalmente alto, para que os alfas ouvissem. — Depois de tantos anos seguindo as ordens desse povo, eu nunca recebi nada parecido. Nem mesmo um grampo de cabelo.

— Indireta pra mim? — Um alfa que sempre vencia os combates perguntou. — Por que não fala na minha cara? 

— É pra todos vocês, Gilberto — Jurema tomou coragem —, seu cuzão.

— Eu vou te matar, desgraçada! 

Um conflito se iniciou do outro lado do salão. Jungwon estava de longe sem disfarçar o sorriso em seu rosto, enquanto mais pessoas se juntavam à confusão. Ele cruzou os braços para assistir os guardas chegando para separar a briga, batendo em todos que estavam envolvidos.

O castelo de areia dos alfas estava desmoronando. Jungwon pretende tirar tudo o que eles têm, para então levá-los a um motim. Ele os envergonhou na arena, recebeu o prêmio e festejou com os ômegas bem diante deles. Agora estavam perdendo a influência que tinham entre os demais residentes, até mesmo sobre os betas. 

🏴‍☠️

Longe da Fossa, no centro da cidade, os piratas agiam como se nada tivesse acontecido, quando na verdade seu Capitão estava desaparecido. A pedido deste, nem mesmo procuraram por ele, exceto por três dos mais jovens tripulantes. 

Eunji, Sarah e Hyun passaram todos esses dias em busca de pistas que os levasse ao local exato em que Jungwon se encontrava. Mesmo com o mapa da região limitado a certa parte da floresta, eles conseguiram encontrar o caminho mais provável que leva ao possível antro obscuro de Márcio Toralápis.

Após Hyun preencher as lacunas que faltavam no mapa, eles procuraram aquele que estava no comando. Ainda que estivessem ancorados, sempre tinha alguma contrariedade para resolver. Sempre que podia, Jay executava exatamente o que seu ômega faria se estivesse ali, mas sempre o necessário para o bem da tripulação. 

De volta ao Luna, ele encontrou os três sentados no chão, na frente da porta da cabine. Estavam com cara de quem aprontou uma das grandes e nem tentaram disfarçar. Eunji foi a primeira a se levantar e dirigiu-se ao mais velho:

— A gente sabe onde ele tá. 

Era evidente que Jay sabia de quem se tratava. O alfa abriu a boca para responder mas ficou tão chocado com aquela repentina confissão, que nada lhe veio à cabeça no momento. Ao invés, ele chamou seu alfa e os guiou para dentro da cabine, onde teriam mais privacidade para discutir o assunto.

No interior do cômodo, Hyun posicionou o mapa em cima da mesa e mostrou ao contramestre as demais áreas que ninguém mais além do governo tinha conhecimento. Jay e Lian observaram a topografia da região, atentando-se a alguns sinais e observações que concedem detalhes mais precisos de cada localização.

— Como exatamente vocês conseguiram isso aqui? — Jay encarou os três. 

— Desculpa, mas eu não podia ficar parada sem saber onde o meu irmão está. — Eunji respondeu. — Eles dois me ajudaram, mas a ideia foi toda minha.

— Quem desenhou? — Lian ainda estava impressionado com os detalhes do mapa. 

— Eu. — Hyun ergueu a mão. — Mas não teria conseguido sem a Sarah. Ela que levou a gente até esse lugar. Foi brilhante.

— Não tem nada de tão extraordinário nisso — a irmã deu de ombros. — Eu só segui a lógica e estudei o tipo de carruagem que eles utilizam, a capacidade de carga, o tamanho. Depois comparei com as estradas que seriam mais viáveis para horas de transporte sem danificar as rodas, essas coisas… nada de mais. 

— Você foi genial e sabe disso — Hyun a corrigiu. — Se fosse uma caçadora seria tão boa rastreando os alvos quanto o nosso pai. 

O semblante indiferente de Sarah mudou e deu lugar a um sorriso radiante, após o elogio recebido. Não demorou mais do que 2 segundos para ela mudar de ideia:

— Tem razão, eu sou incrível.

Embora seu reconhecimento espirituoso sobre si mesma tenha soado engraçado, aquilo não deixava de ser verdade. Todos sorriram perplexos, mas concordaram com ela. 

— O que pretende fazer com essa informação? — A urgência do assunto fez Eunji trazer todos de volta ao ponto inicial. 

— Por enquanto, nada. — Jay foi direto.

— Mas…

— Eunji, escuta — Foi suavemente interrompida por Lian. — Jay e eu sentimos o Jungwon o tempo todo, ele está muito tranquilo e até contente. O Kraken também não se manifestou, então isso significa que o plano dele tá saindo exatamente como ele quer. Qualquer coisa que a gente fizer pode atrapalhar ou até pior… 

— Vamos agir no momento certo. — Jay completou. 

— E quando seria esse momento?

— Não fazemos ideia. — Lian foi sincero. — Mas conhecendo seu irmão, pode ser a qualquer momento. Precisamos estar aqui, preparados pro que ele precisar. 

— Eles têm razão. — Sarah opinou, e seu irmão balançou a cabeça assentindo.

— É, eu sei… — Eunji deu-se por vencida. — Eu só espero que não demore muito.

Ninguém falou mais nada, no entanto, o semblante de todos expressava o mesmo. Se demorassem muito tempo aparentando estar perdidos sem seu Capitão, Toralápis poderia desconfiar de que, na verdade, eles sabiam o que estava acontecendo e tramavam algo grandioso contra ele e seus cúmplices. 


🏴‍☠️


Depois da breve distração que tiveram, outro dia se passou e os ômegas tiveram de voltar a sua miserável rotina. Mais uma vez estavam se preparando como podiam, com os poucos acessórios que tinham à disposição no momento. A finalidade de tudo isso era oferecer o corpo para divertimento dos alfas, até que estes fiquem satisfeitos. Esse processo sempre durava a semana inteira. 

Jungwon percebeu a movimentação incomum e os observou um pouco. Ele não era nenhum tolo, assim que chegou na Fossa foi aconselhado a fazer aquilo também, logo sabia o que eles estavam prestes a fazer pelo modo que se comportavam. Suas expressões carregavam medo e asco. 

— Não precisam fazer isso. — Disse, ainda sentado na cama.

Ninguém respondeu a princípio. Estavam envergonhados. Jungwon sozinho foi capaz de lidar com todos que o atacaram, mas eles estavam se vendendo para que não fossem perseguidos. 

Um olhou para o outro, esperando alguém articular qualquer coisa. Alice foi a primeira que tomou coragem:

— É como garantimos nossa sobrevivência. 

— Que constrangedor — Ivonete riu, sem graça.

O assunto em questão era evidentemente muito difícil para aqueles ômegas. Estavam com vergonha  do que Jungwon poderia pensar sobre eles, uma vez que não tinham coragem de encará-lo . O pirata não entendia exatamente o que estavam passando, mas teve compaixão, lembrando-se de uma pessoa muito importante para si.

— O pai do meu alfa passou por algo muito parecido. Ele é uma das pessoas que mais admiro. 

— Está falando sério? — Carlos se aproximou.

— Não iria brincar com algo assim — Jungwon fez uma pausa enquanto os outros também chegavam mais perto, depois continuou: — Vocês sobreviveram com o que tinham, mas agora estou oferecendo uma nova opção. 

— O que seria? 

— Lutar. 

— Tá bom. Agora você tá brincando — Carlos riu. Quando viu que era o único a fazê-lo, ficou sério novamente. — É verdade?

Jungwon assentiu.

— Se ficarem ao meu lado nunca mais vão precisar se humilhar a ninguém. 

— A gente vai lutar igual a você lá na arena?

— Não imediatamente… mas eu garanto que vou proteger a todos. 

Dentre todos, Morgana era aquela que estava a mais tempo na Fossa, por este motivo era a mais cética do grupo. 

— Não estou dizendo que é mentira, eu vi o jeito que você lutou na arena. — Ela afirmou. — Mas estava defendendo a si mesmo. Agora, fazer isso enquanto protege outras pessoas é completamente diferente. 

— Sou um pirata. — Jungwon revelou.

Os ômegas tiveram a mesma reação. O queixo caiu e as sobrancelhas ergueram-se no mesmo instante. 

— Tá bom… — Morgana pensou em voz alta. — Isso explica muita coisa.

— Um capitão, na verdade — Jungwon se corrigiu. — Mas isso não vem ao caso agora… O que estou querendo dizer é que já enfrentei inimigos muito piores. Se estou dizendo que posso fazer isso, é porque eu consigo.

O olhar cheio de determinação do lúpus transmitiu aos demais a franqueza de suas palavras, bem como entusiasmo e fascinação. 

— Eu quero. — Alice largou a escova que usava para pentear seu longo cabelo. — Não vou mais aceitar que aqueles selvagens toquem no meu corpo.

— Você aceitou isso muito rápido — Joaquim advertiu. — A sua vida está em jogo.

— Que vida? — Alice voltou-se para ele, mas o ômega não soube responder. — Não quero mais continuar assim. Jungwon tá oferecendo uma possibilidade. Por que não? 

— Quer saber? Alice tem razão. — Morgana opinou após refletir sobre o breve discurso da colega. — Que se dane. Todo mundo vai morrer um dia nessa porra. 

As duas deram as mãos e seguiram juntas para o lado de Jungwon. Os outros ainda demoraram um tempo mas, no fim das contas, chegaram à mesma conclusão que elas. A realidade naquele lugar era um inferno para eles, em todos os dias da semana, se havia uma chance de mudar suas vidas, valia a pena a tentativa.

— O que devemos fazer? — Carlos levantou a dúvida que certamente ocupou a cabeça dos demais. 

Estavam dispostos a enfrentar uma nova possibilidade, explorando a proposta feita por Jungwon. Foram motivados pelo fato de que não precisavam mais se expor a abusos para evitar a morte, mas não passariam disso? Eles queriam saber se iriam continuar dependendo de outra pessoa para sobreviver na arena, seja por meio de violência sexual ou simplesmente por pena. 

Se a ideia era abraçar uma nova perspectiva, eles não queriam continuar correndo pelos cantos da arena, se afastando de todos, com os olhos presos na ampulheta pedindo para que a areia chegasse mais rápido no outro lado.

Jungwon compreendeu a dúvida de Carlos – e demais ômegas – assim que ele a expôs. Na realidade, ficou satisfeito que a intenção deles estava de acordo com seus propósitos. Uma vez que não havia necessidade de convencê-los a lutar, o pirata finalmente respondeu:

— Precisamos de mais armas. — Ele não os convidou apenas, como também mostrou como se faz.

Os ômegas seguiram logo atrás quando Jungwon dirigiu-se até uma das camas vazias no fundo da residência. Eles observaram-no chutar a parte lateral da cama até conseguir remover o encaixe da estrutura. Quando passou para o outro lado, com a intenção de prosseguir com o desmonte, recebeu ajuda assim que os outros perceberam como fazer sem se machucar. 

Depois de repetir o mesmo procedimento em outras camas desocupadas, conseguiram juntar algumas barras de ferro que serão usadas basicamente para proteção, durante os conflitos da Fossa. Além disso, Jungwon desmontou o biombo de madeira que servia para dar privacidade quando faziam a higiene íntima, para criar estacas com as pontas extremamente afiadas. 

Posteriormente, Jungwon mostrou como melhor utilizar cada instrumento. Os ômegas prestaram atenção em cada movimento que ele fazia, e quando surgiam dúvidas o pirata respondia cada uma delas, até mesmo quando o assunto não correspondia precisamente com a demonstração apresentada. 

— Por que você não foge? — Joaquim quis saber. — Pode fazer isso a qualquer momento, por que não faz?

— Ainda tenho alguns assuntos para resolver aqui. — Jungwon deu uma pausa no treino. 

— Posso ir com você? — Alice aproximou-se dele. — Quando fugir.

— Todos podem, se quiserem. 

Aquela foi a melhor resposta que ouviram em anos. Ainda que a fuga não fosse realizada, era bom voltar a ter esperanças e sonhar com um futuro diferente. 

A partir do dia em questão, o sentimento de que suas vidas mudariam completamente os invadiu. Os ômegas passaram a se empenhar ao máximo, em busca de melhores resultados. Jungwon soube como treiná-los sem exigir mais do que eles poderiam suportar. Ele não esperava que seus novos companheiros se tornassem super guerreiros em uma semana, apenas que não ficassem tão 

perdidos na arena como sempre acontece.

No decorrer da semana, o assunto mais comentado entre os residentes era sobre o próximo confronto, tudo graças a Moacir, aquele que era considerado o mais poderoso na Fossa. Como se não bastasse ter perdido o prestígio, sua influência diminuiu com as comparações que fizeram entre ele e Jungwon. Enquanto o ômega dividiu seu prêmio com os colegas residentes, Moacir sempre usufruiu sozinho dos benefícios. 

Mas o pior dentre a repercussão que a vitória de Jungwon teve, com certeza foi a recusa dos ômegas a oferecer alívio sexual. Era um hábito praticamente obrigatório na preparação dos alfas e alguns betas. Ficar sem usufruir de seus corpos fez com que a raiva aumentasse, e também a indignação. 

Na tentativa de recuperar a confiança e respeito dos seguidores, Moacir espalhou entre todos que, no sábado seguinte, ele voltaria a ser ovacionado pelo público que sempre o aclamou, provando que Jungwon teve sorte de principiante, envergonhando-o diante da multidão. 

Na sexta-feira à noite, fizeram questão de transmitir a Jungwon e seus companheiros que seus dias naquela Fossa estavam contados, através de indiretas, conforme o jantar era servido. Nenhum ômega respondeu as provocações, ainda que certas palavras tenham preocupado alguns deles. 

Jungwon manteve-se tranquilo. Era preciso pensar com clareza, como em um ataque a navios mercantes. Perder a cabeça tal como seus adversários era o mesmo que assinar sentença de morte. A tensão aumentava a cada hora que se passava, e até mesmo aqueles que temiam os sábados, desejavam que o amanhecer chegasse sem demora. 

Quando o sino tocou indicando um novo dia, muitos já estavam de pé à espera do café da manhã. De um lado do salão estava Moacir e seu bando vil, determinados a vingar sua desonra. Do outro, Jungwon e os ômegas, repassando últimos detalhes para a hora do combate. 

Cerca de 15 minutos após terminarem a refeição, a temida porta que leva a arena foi aberta. A fila como sempre foi organizada de acordo com a pontuação de cada um. Jungwon foi chamado para ficar na frente, mas o ômega não quis, ao invés, juntou-se aos demais últimos colocados. 

O percurso longo através do túnel que mais se parecia com um túmulo, cheio de ossos, foi silencioso e desconfortável. Mesmo sabendo que alguns não voltariam vivos do combate, estavam ansiosos para ver se as promessas que os alfas fizeram seriam cumpridas. 

A desavença dos residentes chegou ao conhecimento do público, que também aguardava inquietante, sentados confortavelmente nas arquibancadas. Eles gritaram assim que o primeiro alfa pisou na arena, seguido pelo próximo da fila e assim por diante. A maioria deles foi se posicionando em locais estratégicos, para atacar os últimos no momento em que cada um deles surgisse através da escotilha. 

Contudo, ao invés dos ômegas entrarem na arena individualmente em fila única, eles formavam uma posição que se fosse vista de cima lembrava a letra V, com Jungwon no centro e demais ômegas ao lado. Do modo em que estavam, era possível cobrir um ao outro conforme avançavam, enquanto o da frente liderava toda a ação. O público assistiu sem saber o que pensar, era a primeira vez que viam um grupo de residentes se unirem. Eles sempre lutaram exclusivamente para salvar a própria pele. Aquilo foi no mínimo curioso.

— Que porra eles estão fazendo? — Moacir perguntou-se em voz alta. 

— Estão olhando pra gente — Carlos engoliu em seco. — O que faremos?

— Mantenham a posição. — Jungwon ditou, determinado. — Não recuem.

Os ômegas intensificaram o aperto em suas armas. Cada um portava uma longa haste de madeira com a ponta afiada, e na outra mão uma barra de ferro de aproximadamente 30 centímetros. Os olhos dos espectadores voltaram-se para eles, interessados naquela incomum estratégia de combate. 

Quando o primeiro adversário avançou contra eles, optou por atacar a lateral direita, onde Joaquim, Ivonete e Ariovaldo estavam. Eles moveram as lanças para frente, na tentativa de mantê-lo distante mas o alfa não se intimidou, em vez disso, desviou as hastes de seu caminho e chegou próximo de agarrar o pescoço de Ivonete, mas Jungwon foi mais rápido e o acertou com sua faca. O público bradou eufórico quando o alfa caiu instantaneamente.

A ira gritou alto dentro daqueles que pretendiam reconquistar o prestígio diante dos espectadores. Ainda que outros combates estivessem acontecendo ao redor da arena, era nos ômegas que eles mantinham toda atenção, encantados com a forma como protegiam seu pequeno grupo. Todos que arriscaram atacá-los, foram derrubados e eventualmente finalizados. 

Moacir estava furioso por não saber o que fazer. A maioria dos que estavam ao seu lado foram mortos, tentando desfazer a formação dos ômegas. Agora só restavam poucos, e estes pretendiam manter a único e mais valioso bem que tinham; suas vidas. Não importava se estavam perdendo sua reputação de guerreiros brutais, fugir do combate era melhor do que fazer daquele lugar seu túmulo.

— O que estão esperando? — Moacir os chamou. — Precisamos matar aquele miserável!

— Boa sorte tentando — Cosma advertiu. 

Abandonado pelos seus, Moacir se viu sozinho e impossibilitado de concluir seu propósito. Até mesmo o público gritava ovacionando os ômegas, quando antes nem se importavam com sua existência. Aquela reviravolta inesperada e repentina traria a Fossa uma nova Era, onde Moacir e seus aliados iriam ocupar a posição mais baixa dentre os residentes. 

Quando toda a areia chegou do outro lado da ampulheta, indicando o final do espetáculo, todos já sabiam dos resultados daquele combate. Os próprios espectadores gritavam o nome daquele que seria escolhido vencedor. O nome de Jungwon sendo entoado por dezenas de vozes cheias de entusiasmo, se converteu no pior pesadelo que Moacir pode imaginar. 

Após Silva Saulo proferir seu animado discurso, os residentes foram escoltados de volta às moradias. Alguns, com um incrível sentimento de realização, outros, repletos de constrangimento. A maioria estava feliz por ao menos estarem vivos, e comentavam ao longo do túnel sobre as incríveis habilidades de Jungwon e a grande surpresa que foram seus ômegas como uma base resistente.

Moacir imaginou-se matando todos que abriam a boca para comentar sobre o combate. Ainda que fosse em relação a outro assunto, a mera lembrança da arena era suficiente para deixá-lo mais enfurecido. Tudo o que ele queria era deitar e descansar a mente, para esquecer o dia em que o levava a suportar a vida na Fossa.  

🏴‍☠️

No dia seguinte, o clima no salão ainda era de velório entre os alfas. Para seu desagrado, a recompensa de Jungwon foi concedida mais uma vez e outro festejo foi realizado. Os ômegas comiam, bebiam e dançavam, cantando as músicas mais conhecidas entre si. 

— Eu não lembro de ter me sentido tão bem assim em toda minha vida — Morgana girou com os braços abertos.

— Vai acabar caindo. — Alice avisou, também sorrindo.

— Sinto que posso fazer tudo. 

— Jungwon, você não vem? — Carlos chamou. 

O pirata estava na porta, observando a atividade dos outros residentes pelo salão. Virou-se para o ômega quando ouviu seu nome e voltou para dentro do cômodo, parecendo decidido a algo. 

— Eu volto logo… — ele pegou uma garrafa de rum e levou consigo para o salão.

Os ômegas o olharam com curiosidade, mas continuaram a diversão particular. Acontece que já era tempo de Jungwon recrutar demais residentes, agora que havia tirado qualquer motivo que eles tinham para permanecer naquele lugar terrível. 

Foi recebido com olhares hostis quando chegou na moradia alfa. Todos resmungando de longe. O único que teve coragem de se aproximar para encará-lo foi Moacir. 

— O que você veio fazer aqui? — Tentou intimidá-lo. — Eu poderia matá-lo agora mesmo.

— Nós dois sabemos que não conseguiria mesmo que tentasse, então poupe seu fôlego e escute o que tenho a dizer. — Jungwon rebateu com voz tranquila. Antes que o alfa pudesse responder ele mostrou a garrafa: — Eu trouxe bebida. 

Ainda que seu coração movimente o ódio ao invés de sangue pelo seu corpo, Moacir não seria capaz de negar bebida, principalmente quando ela aparece em sua porta sem que tenha de fazer nada para receber. Ele segurou a garrafa e a tomou das mãos do ômega, depois virou-se para dentro do cômodo e sinalizou com uma das mãos, permitindo a entrada do mesmo. Jungwon sorriu, seguindo-o prontamente.

A diferença entre aquela moradia para a dos ômegas era chocante. Eles tinham outras mobílias, alguns objetos e jogos para mantê-los entretidos, assim como um boneco de madeira para treinos. Ao redor da cama de Moacir tinham muitos artefatos que sinalizavam sua predominância quanto aos demais.

— Não vai dividir? — Cosma e outros se aproximaram.

— Claro que não. — Moacir rosnou para eles. — Essa garrafa é minha!

Jungwon respirou fundo quando revirou os olhos. A forma pavorosa dos alfas resolverem suas questões sempre envolvia rosnados e ameaças. Querendo evitar presenciar discussões desnecessárias entre criaturas irracionais, o ômega aumentou a voz, chamando a atenção de todos:

— Eu tenho uma proposta. 

— O que você teria de bom para oferecer — Agripino o encarou dos pés à cabeça —, além do seu corpo?

Jungwon ignorou o olhar depravado e respondeu:

— Liberdade, riqueza. Uma vida longe desse lugar.

— O que te faz pensar que a gente quer sair daqui? — Moacir tomou a fala.

— Olha ao seu redor. O que te faz querer ficar? — Jungwon riu com desprezo. — Vocês pensam que são alguma coisa aqui, mas na verdade não valem nada. São peças descartáveis que só servem pra morrer desgraçadamente, diante de um público boçal.

— Eu construí a minha reputação nesse lugar — Moacir se defendeu. — Posso ser apenas uma peça descartável, mas sou uma peça muito valiosa…

— Valiosa pra quem? — Jungwon o interrompeu. O alfa não soube responder, então ele prosseguiu: — A única coisa que você vai ganhar com essa determinação inútil é um lugar naquela parede.

O local em que o ômega se referiu tratava-se do ossuário feito no túnel que leva a arena. Moacir, assim como demais alfas, refletiram em silêncio. Eles consideram aquela parede o maior fracasso de um residente, e sempre a usavam como exemplo quando queriam humilhar algum oponente. 

— Por que devemos confiar em você? — Sandoval ergueu a questão. 

— Mostrei na arena que não preciso mentir pra conseguir alguma coisa. 

— Se isso tudo é verdade então cadê a grana? — Marola se referiu à riqueza.

— Não sei exatamente — Jungwon foi sincero. — Ainda preciso descobrir.

— E se você ir embora e deixar a gente aqui? — Agripino sinalizou. — Pode muito bem fazer isso.

— Tem pessoas esperando por mim — Jungwon se referiu aos ômegas. — Não pretendo deixá-los para trás.

— Ótimo — Moacir indicou que estava aceitando a proposta. — Pois se você nos abandonar, vai sobrar pros seus amiguinhos ômegas ali.

Não havia mais nada para aqueles alfas na Fossa. A única coisa que tinham era uma reputação de anos, que foi destruída em apenas dois sábados. Mas a oportunidade de ouro surgiu diante deles. Estavam dispostos a cooperar com o plano de Jungwon, mas pretendiam traí-lo quando tivessem o tesouro em suas mãos e a liberdade fosse garantida. O que eles não contavam era que o ômega também não pretendia entregar uma única moeda para eles.

Continua…

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro