[78] Prioridades
Que seu dia seja repleto de coisas boas 🌹🥰
Boa leitura:
Meses após o início da longa jornada, os dois navios finalmente chegaram ao seu destino. Jungwon estava animado para finalmente conhecer o tão famoso reino descrito no diário de bordo do Black Swan, pelo Capitão Jeon, como um lugar imprevisível.
— Então… aqui é o Brasil. — Jungwon estudou a extensão do lugar ainda parado no embarcadouro. Eunji estava ao seu lado e igualmente animada.
— O que você vai fazer primeiro? — A irmã perguntou.
— Explorar. — O sorriso do ômega cresceu até exibir os dentes.
— Por favor, não se meta em confusão — Capitão Jeon advertiu. Quando Jimin parou ao seu lado, virou-se para ele da mesma forma: — E você também não.
— Por que eu faria isso?
— E eu? — Jungwon cruzou os braços, com o cenho franzido, assim como o ômega mais velho.
Jungkook suspirou em rendição enquanto olhava para a filha mais nova. Eunji sorriu para ele em solidariedade e deu de ombros, acompanhando a prima quando Sarah passou em direção à cidade.
— Eu também vou explorar. — Hyun arquitetou animado.
— Quer vir comigo? — Jungwon ofereceu.
— Talvez depois… — O mais novo sorriu agradecido. — Pretendo treinar cartografia e você não vai querer ficar parado no mesmo lugar por tanto tempo.
— Você tem razão, olha só aquela floresta… — os olhos de Jungwon brilharam exibindo a copa de muitas árvores logo após a cidade.
— Jungwon… — Jungkook soou com advertência.
— Pai… — O ômega imitou o mesmo tom.
Jungwon não podia incendiar o Brasil, porque Jay não escondia mais suas maquinações, mas continha sua empolgação. Em contrapartida, seu outro alfa conseguiria materiais inflamáveis suficientes se o ômega pedisse…
— Será que o rum do Brasil continua tão bom quanto antes? — Taehyung ponderou, sorrindo animado quando Jungwon cruzou o braço com o dele.
— A gente só vai saber se provar…
Jimin moveu os pés inquieto, assistindo os dois se afastando. Ele olhou para Jungkook e depois para eles novamente. O alfa sorriu, balançando a cabeça.
— Vai lá. Eu sei que você também quer ir.
— Tá, eu vou só pra me certificar se eles não vão fazer nada de errado…
Jungkook assentiu e não disse mais nada, mesmo sabendo que o perigo maior entre os três, de longe, era seu ômega. Sua atenção voltou-se para o lado quando ouviu Jongseong passando instruções aos piratas do Luna.
— Gosto de como você é responsável — Jungkook elogiou o primeiro genro. Quando deu as costas para este, encontrou o outro, que sorriu cínico para si. — Você não.
O Capitão virou o rosto para as ruas junto às docas. Não havia a mesma quantidade de gente interessada em vender suas mercadorias, ou curiosas a respeito das embarcações que acabaram de ancorar. Um grupo de guardas estudaram a recente movimentação no porto, mas se retiraram logo em seguida.
— Algum problema, Capitão? — Jay chegou junto ao lúpus.
— Não… e é isso o que torna tudo mais estranho.
Jungkook estava realmente esperando que o governante do lugar os cercasse para questionar suas intenções no porto em questão, mas eles não pareciam se importar ou temer seus inimigos. Todo reino defendia suas fronteiras, o Brasil parecia diferente da última vez que estiveram alí.
— Vou procurar saber mais sobre isso — Namjoon informou, virando para Jisung: — Talvez seja melhor você vir comigo, não tenho paciência pra gente falsa.
— Eu também vou. Alguém precisa representar o Luna. — Jay seguiu com os dois contramestres do Black Swan.
Andar pela cidade e explorar o mercado também era uma boa forma de entender como as coisas estavam funcionando naquele reino. Jungkook divagou sobre as possibilidades quando se deu conta de que havia ficado sozinho com seu outro genro. Ele olhou para o lado, encontrando o sorriso tranquilo de Lian.
— Você não tem nada pra fazer? — Jungkook perguntou. O mais novo deu de ombros e negou com a cabeça. Aquela não era a companhia que o Capitão mais desejava, mas levá-lo consigo poderia ser mais útil do que levar um destrambelhado qualquer da tripulação do Luna. — Vem comigo…
Os piratas foram recebidos com o mesmo entusiasmo que os demais portos onde já ancoraram. Haviam sentinelas espalhados por toda a cidade, mas o fato mais curioso foi o preço das mercadorias, cada produto idêntico ou similar possuía o mesmo valor em todos os locais de comércio.
As pessoas daquela região relataram que era uma lei feita pelo governador. Aquele que vendesse seus produtos a preços diferentes, teria suas mercadorias confiscadas e seria punido por desobediência.
O regente do lugar chamava-se Toralápis, descrito como um perfeccionista extremo e um beta muito rico. Ninguém sabia ao certo qual era a natureza dos negócios de Toralápis, mas ele possuía contatos por todo o reino e mais bens do que se pode contar.
Como todas as tabernas e hospedarias tinham o mesmo valor para as estalagens, os piratas se misturaram pelos albergues. Havia um pouco de cada tripulação em quase todos os estabelecimentos da cidade. Jimin e Jisung escolheram o mesmo lugar para descansar, assim sendo, seus filhos e alfas também ficaram por ali, bem como os mais próximos.
Jisung ficou satisfeito de não ter encontrado o vil comércio de pessoas que marcou a época em que esteve no Brasil. De certa forma, Jisung sabia que seu amigio Kunta estava por trás do fim da nefasta escravidão que assolou seu povo por décadas.
Alguns dias após a chegada dos navios, os piratas já estavam se sentindo em casa. Bebidas e bordéis eram o que não faltava. Cada um se divertia à sua maneira. Os gastos que estavam tendo fazendo a festa no Brasil, seriam facilmente recuperados quando descobrissem a fonte próspera que alimenta a economia daquela área.
Era cedo quando Lis deixou a hospedaria que estava junto a sua irmã e Taesung. Como havia prometido, a beta estava disposta a fazer seu amigo conhecer mais pessoas e quem sabe até embarcar em um romance.
— Olha só, estão olhando pra cá… — Lis tocou no braço do alfa e o mesmo olhou na direção indicada. Duas ômegas sorriram tímidas e cochicharam algo entre si. — Vou lá falar com elas. Fica com a Zoe.
— Espera.
Lis o ignorou e seguiu sorridente em direção às duas garotas. O jeito simpático dela logo chamou a atenção das ômegas. O sorriso da que possuía uma longa trança era doce, e as sardas em seu rosto a deixavam fofa.
O tempo que passou encarando as ômegas de longe foi o suficiente para que Zoe se aproveitasse do momento para alcançar Sarah e Eunji, que passavam do outro lado da rua. Quando voltou para perto do alfa, Lis quase teve um ataque por não ver mais sua irmã onde havia deixado.
— Onde ela foi?!
— Quem?
— A minha irmã!
— Ah… — Taesung buscou ao seu redor, só agora percebendo que a ômega havia sumido.
— Vou atrás dela, e você tem um encontro hoje a noite.
— Tenho?
— Sim. Com a Maria das Neves. A de trança. — Dito isso, Lis deixou o alfa pensativo quando saiu a procura da irmã.
Talvez a ideia de Lis não fosse de todo ruim, conhecer uma ômega tão bonita não seria uma grande perda de tempo. Apesar de nunca ter ido a um encontro antes, Taesung não se perturbou com isso, uma vez que só precisava ser ele mesmo.
No mais, agora que estava momentaneamente livre ele decidiu explorar a floresta em busca das espécies de plantas que encontrou no livro. Já que não conhecia a região tão bem, decidiu caminhar até onde fosse possível ouvir os sons vindos da cidade.
— O que você tem de bonita, tem de perigosa. — Comentou consigo mesmo enquanto colhia algumas flores usando uma luva.
O alfa estava com os dois joelhos apoiados no chão, atrás de um arbusto frondoso que escondia facilmente todo o seu corpo. Um ômega que vinha correndo deliberadamente, tropeçou nele e caiu do outro lado. Quando virou para ele, encontrou Hyun assustado olhando para algo que se aproximava.
— Se machucou? — Taesung o ajudou a se levantar.
— Estou bem.
— Vai correr pra sempre? — A voz estrondosa pertencia a um alfa de aparência vil, por volta dos 40 anos, de nome Brunão.
A pergunta foi direcionada a Hyun, mas ele não respondeu. Escondeu-se atrás de Taesung, enquanto o mesmo situava-se no que estava acontecendo. Brunão se aproximou alguns passos quando insistiu:
— Temos contas a acertar.
— Me deixe em paz!
— Quem é ele, Hyun?
— Ei! Não fale como se eu não estivesse aqui. — Brunão apontou para o outro alfa. — E não se meta. Isso não é da sua conta.
— Estou fazendo com que seja.
— Não dê uma de idiota, vai acabar morrendo também. Meu problema é com esse ômega.
— Você ouviu ele. Deixe-o em paz.
Brunão rosnou cerrando os dentes, visivelmente indignado e a um passo de matar os dois.
No dia em que chegaram no Brasil, Hyun explorou algumas ruas onde treinou cartografia e conheceu algumas pessoas, inclusive o desprezível Brunão. Ele ofereceu ao ômega levá-lo a um lugar muito bonito, onde o mesmo poderia registrar um lugar nunca antes visto.
Claro que Hyun não confiou, mas com a insistência insuportável do alfa, ele combinou de encontrar Brunão no dia seguinte, sob o pretexto de que já estava muito cansado naquele dia.
O alfa desmarcou todos os seus compromissos apenas para encontrá-lo. Suas intenções já não eram boas antes mesmo de ser enganado. Ele passou a perseguir o ômega desde então, e só vai ficar em paz no momento em que colocar suas mãos imundas nele.
— Algum problema aqui? — Um outro alfa, de bigode fino e cabelo comprido partido no meio chegou.
— Eu já tô resolvendo. Pode ir embora.
— Você sabe como o Toralápis odeia quando as coisas saem do controle.
— Problema seu e dele.
— Brunão… — o alfa soou ameaçador. — Você não vai querer ser mandado pra fossa de novo.
— Que saco, Ferreira! — Brunão moveu-se irritado de um lado para o outro, depois parou, olhando entre Hyun e Taesung. — Isso não vai ficar assim.
Assim que os dois se retiraram, Hyun explicou ao médico o motivo daquilo ter ocorrido. Taesung sabia que no momento em que Jackson ou Jisung descobrissem o que aconteceu, aquele alfa não ficaria vivo nem mais um dia. Mas Hyun não gostou muito da ideia, visto que Jackson não permitiu que o mesmo explorasse a cidade desacompanhado.
— Se meu pai souber que eu o desobedeci, vai me levar de volta pro Black Swan. Por favor. Você é um dos únicos que me entende…
— Tudo bem, mas não vou deixar que ele te faça mal.
— E como pretende fazer isso?
— Matando ele primeiro.
— Mas ele é perigoso e você nem ao menos sabe lutar.
— Eu não vou lutar com ninguém — o alfa examinou dentro de um recipiente as flores que colheu. — Só preciso colocar veneno na bebida dele.
— Sem que ele perceba… — Hyun ponderou em voz alta.
— Exatamente.
— Acha que consegue fazer isso sem se expor?
— Eu sou muito bom quando se trata de manipular as pessoas. Não é à toa que o meu irmão me chama de peste.
— Nossa… — o ômega riu do apelido carinhoso dado por Jay. — Certo, eu vou com você.
— De jeito nenhum! Eu prometi que não vou contar pros seus pais mas a condição é que você não vai se envolver nisso.
— Eu já estou envolvido até os cabelos.
— Tá. Então vamos lá contar pro Jackson… — virou-se em direção a cidade.
— Não! — Hyun o impediu segurando em seu braço. — Tudo bem, estou de acordo. Eu posso pelo menos te ajudar a preparar? Aquele nojento me ameaçou. Não posso ficar apenas assistindo de braços cruzados.
Embora fosse relativamente indefeso, Hyun possuía o sangue de ômegas fortes. Não era surpresa ele querer participar. Taesung olhou para as flores, depois para ele e assentiu. O perigo de lidar com aquelas plantas era se intoxicar, mas com sua orientação o ômega não correria perigo.
— Você precisa fazer exatamente o que eu disser… — cada requisito posto pelo alfa foi aceito pelo mais novo. — Faremos no porão do Luna, e tudo o que for usado será descartado.
Hyun entendeu que o cuidado do médico se baseava em querer evitar uma contaminação em outras partes do navio. Ele próprio não queria causar acidentes e levar problemas para Jungwon, por isso mesmo não procurou o primo quando passou a ser perseguido por Brunão.
Não havia muitos piratas no Luna quando os dois chegaram no navio, apenas aqueles que Jay designou para alguns serviços daquele dia, ou os que não pretendiam gastar se hospedando em pousadas.
Um pequeno laboratório foi montado no porão, onde Taesung separou alguns recipientes e outros objetos que poderiam ser descartados. Hyun estava sentado sobre um caixote, removendo as folhas da planta utilizando uma pinça.
— Aqui estão. — O ômega exibiu o recipiente cheio de folhas. — O que eu faço agora?
— Preciso de água morna. Só um pouco. Usa isso aqui. — Taesung entregou a ele uma caneca com a alça quebrada.
O ômega foi até a cozinha onde encontrou algumas lenhas sendo consumidas pelas chamas do forno. Usou uma peça de ferro para esquentar a água. Quando algumas bolhas começaram a se formar no fundo do objeto, ele adicionou o líquido dentro da caneca que recebeu e retornou para o porão.
As folhas já estavam devidamente maceradas assim como outras partes da planta, quando Hyun voltou a sentar no caixote. Não havia muito o que se fazer desde que o alfa só precisava misturar os componentes.
Assim que a solução ficou pronta, o ômega percebeu que havia outro frasco com uma aparência diferente da substância mortal. Curioso a respeito, virou-se para o médico:
— O que é isso?
— Um antídoto. Só por precaução. Uma gota disso aqui já deve ser capaz de matar.
— Quantas você vai colocar?
— Tudo.
— Oh…
Depois de todo o cuidado que Taesung teve para não contaminar outras partes do navio, o ômega acreditava que dificilmente um acidente poderia acontecer, mas admirou a prudência do médico.
Ao final da fabricação, Hyun ajudou a descartar os objetos que entraram em contato com a planta e posteriormente foi acompanhado pelo alfa até o embarcadouro, próximo a rampa de entrada para o Luna.
— Você acha que ele já está em alguma taberna? — O ômega perguntou.
— Não sei. Provavelmente. Nem que eu tenha de procurar ele em cada estabelecimento dessa cidade, mas vou encontrar.
— Estou com um pouco de medo…
— Você vai ficar bem.
— Não é isso. Estou com medo do que pode acontecer com você.
— Ah, bom… não se preocupe, tomarei cuidado.
— Se demorar a voltar eu vou atrás de você.
— Não. Fique em segurança, eu voltarei.
— Confio em você.
Hyun subiu a rampa de acesso ao Luna e acompanhou o alfa seguir em direção a cidade, até onde a vista permitiu.
Assim como havia dito, o médico procurou Brunão em todas as tabernas que tinha conhecimento, mas o alfa não estava em nem uma delas. Apesar de ter um encontro marcado naquele dia, Taesung esqueceu completamente disso enquanto se concentrava em ajudar Hyun.
Distraiu-se assistindo o movimento das pessoas, quando Brunão cruzou seu campo de visão, seguindo para uma das tabernas. Ele estava sozinho, o que tornava seu objetivo mais fácil.
Taesung o seguiu sem fazer alarde. Dentro do local, onde sua presença passou despercebida pela maioria dos clientes alegres, ele esperou Brunão ficar mais à vontade. O mesmo foi servido mas ninguém se apresentou para acompanhá-lo.
Assim sendo, Taesung respirou profundamente antes de se aproximar da mesa do alfa. Não era exatamente medo o que ele sentiu, mas uma ansiedade no sentido do que estava prestes a fazer.
— Precisamos conversar — disse com voz firme e tão seguro de si quanto Sungjae.
Brunão olhou para ele de cima a baixo e sorriu com desdém. O alfa ainda demorou propositalmente, fazendo hora apenas para provocar.
— Será que não vê que estou ocupado?
— Serei breve. — Taesung olhou para uma cadeira e depois para o alfa. — Posso sentar?
— Acha que é assim? — Brunão riu. — Se quiser sentar em minha mesa, vai ter que pagar uma bebida.
Aquilo era tão maravilhoso que Taesung fez grande esforço para não sorrir. Ele não poderia simplesmente chegar com uma caneca e oferecer para o alfa. Era preciso que o próprio Brunão tivesse a intenção de beber.
— Você acha que eu vim aqui pra ficar bancando bebida de alguém? — Fingiu estar revoltado. — Olha bem pra mim e diz se eu tenho cara de idiota?
— Você não tem só cara de idiota, você é um completo. — Brunão o desafiou com o olhar, Taesung ficou calado, fingindo estar indignado. — Se for continuar aí parado é melhor sair daqui, antes que eu te coloque pra fora pessoalmente.
Antes que o alfa desistisse, Taesung resmungou algo e saiu em direção ao balcão. Brunão riu, acompanhando-o com o olhar, certo de que era muito esperto por estar bebendo de graça.
Taesung pediu que fosse servida a bebida mais forte, em uma das maiores canecas. Estava tomando cuidado para que o alfa não percebesse qualquer cheiro ou gosto diferente. Também teve prudência para que ninguém fosse testemunha, no momento de despejar o líquido e misturá-lo à bebida.
Assim que retornou para Brunão, colocou a caneca em cima da mesa e sentou do outro lado, de frente para o mesmo. Ele parecia satisfeito por ver o mais novo engolindo seu orgulho de alfa e o servindo.
— Eu vim aqui pra… — Taesung iniciou, mas foi interrompido quando Brunão ergueu a mão.
— Espere. — Ele tomou um pouco da bebida e depois o encarou. Taesung engoliu em seco, temendo que o alfa tivesse percebido alguma coisa, mas Brunão não notou qualquer diferença. Ele tomou um pouco mais e então informou: — Vou permitir que você fale até minha bebida acabar. Aconselho que seja rápido, se não quiser pagar outra.
Brunão riu mais uma vez, sem perceber quando o outro voltou a respirar aliviado. De modo que o veneno faria efeito em poucos minutos, Taesung foi direto ao ponto antes que o alfa caísse estrebuchando:
— Você vai deixar o Hyun em paz.
— Quem caralhos é Hyun?
— O ômega que você anda perseguindo.
— Ah, o loirinho? Hmm, deixa eu ver… — Brunão tomou mais uma grande quantidade da bebida, antes de continuar: — Já decidi que ele será meu. Eu poderia até deixá-lo ir, quando eu me cansar, mas só pela sua insolência eu vou matar ele tão devagar que você não vai aguentar e vai pedir pra morrer também.
Aquilo foi tão hostil que levou um tempo para Taesung dirigir o que ouviu. Enquanto isso, Brunão continuou saboreando a bebida abarrotada de veneno. Quando deu por si, o alfa mais novo estava de tal maneira enfurecido que não se aguentou, assim que percebeu os primeiros sinais do efeito da toxina.
— Quem vai te matar sou eu.
— Como é? Acho que não ouvi direito — Brunão gargalhou. Ele piscou algumas vezes e respirou com dificuldade. — Já viu o meu tamanho pro seu?
— Tá difícil pra respirar?
— Quê?
— Além da visão, sua audição tá falhando também?
Brunão tossiu algumas vezes, com o cenho franzido. Ele olhou para a caneca, agora vazia, depois para o alfa.
— Você… — murmurou, com a voz tão debilitada que mal conseguia falar. — Você…
— Sim, eu coloquei veneno na sua bebida. — Sussurrou, para que apenas o alfa ouvisse.
Brunão abriu a boca para ameaçar, mas tudo o que conseguiu foi sugar um pouco de oxigênio para dentro dos pulmões, já que suas vias estavam se fechando. Ele apoiou as mãos sobre a mesa na tentativa de avançar para cima do mais novo.
— Que foi? — Taesung sorriu tranquilo. — Suas pernas estão falhando? É o seu corpo entrando em colapso.
Em uma última tentativa desesperada, Brunão se jogou para frente, mas caiu com o torso sobre a mesa e depois para o lado, encontrando o chão. Quem estava por perto se assustou com a repentina queda do alfa.
Alguns tentaram chegar perto para entender o que se passava e talvez ajudar, mas Taesung foi rápido quando os impediu.
— Saiam da frente, eu sou médico. — Todos imediatamente abriram passagem para o alfa. — Se afastem, ele precisa respirar.
Um círculo se formou ao redor de Taesung e o moribundo. Brunão arregalou os olhos e abriu a boca tentando gritar, mas estava engasgando com sua própria saliva que começou a espumar.
Naquele momento ele queria poder esganar Taesung. Para qualquer um ali presente, o médico estava muito preocupado e fazia o possível para salvá-lo, mas para Brunão, os olhos do alfa estavam sorrindo enquanto simulava o socorro.
Apesar de seus músculos estarem se contraindo involuntariamente, Brunão conseguiu erguer o braço com dificuldade, tentando alcançar o pescoço de Taesung, mas o alfa segurou em sua mão com força, oferecendo seu falso apoio:
— Estou com você! Não vou soltar sua mão.
“Desgraçado”. — Brunão gritou internamente.
— Vamos, você consegue! — Taesung insistiu parecendo sério, enquanto seus olhos transmitiam, apenas para o alfa, o quanto ele estava nem aí para ele. Brunão abriu a boca um pouco mais, tremendo de raiva. — Isso, respira. Não desista!
Os últimos instantes de Brunão foram os que ele mais praguejou e amaldiçoou. Ele nunca sentiu tanta vontade de matar alguém como naquele momento. Estava provando o amargo veneno, literalmente. A mesma dor que causou em outras pessoas e pretendia fazer com Hyun.
Assim que sentiu o peso do braço dele cair, Taesung largou sua mão de qualquer jeito e verificou os sinais vitais do alfa. Brunão já não estava entre os vivos.
— O que aconteceu? — Alguém perguntou, quando viu o médico levantar.
— Está morto. — Taesung limpou as mãos em um lenço, e antes que os curiosos tocassem sem cuidado no corpo do falecido e acabassem tendo o mesmo destino, ele acrescentou: — Eu teria cuidado ao tocar nele se fosse vocês.
— Por que? — Se afastaram automaticamente.
— É uma doença muito contagiosa, transmitida pelo contato com qualquer fluido.
— Vamos, calcem suas mãos com sacos e me ajudem a levá-lo para fora. — O dono da taberna solicitou aos empregados.
Antes de deixar o estabelecimento, Taesung agarrou a caneca usada pelo alfa e livrou-se dela a caminho do Luna. No caminho para o navio, ele encontrou um poço onde lavou as mãos com abundância.
Hyun não saiu do convés, caminhando da popa a proa quando não estava roendo as unhas na lateral do navio, implorando para que o alfa aparecesse logo. Quando viu Taesung se aproximando pelo embarcadouro, abriu um largo sorriso e desceu a rampa correndo para recebê-lo com um forte abraço.
Taesung não esperava aquilo, mas retribuiu de imediato, abraçando-o de volta com o mesmo entusiasmo. Sua primeira reação não foi querer saber se Brunão havia morrido, mas alívio por ver que o médico estava bem.
— Que bom que você tá bem! — Hyun intensificou o abraço. — Eu fiquei tão preocupado!
— Mas que porra é essa?! — A voz de Jackson fez os dois separarem imediatamente.
O lúpus estava do outro lado do embarcadouro, a alguns metros de distância, próximo ao Black Sean. Quando ele se aproximou devagar, Hyun adiantou-se:
— Não é nada do que você tá pensando…
— Volta pro Black Swan. — Jackson impôs ao filho, depois dirigiu sua atenção a Taesung: — Quantos anos tem?
— Dezenove.
— Hmm… — refletiu conforme desembainhava a espada. — É. Já viveu demais.
— Não, pai! — Hyun colocou-se na frente quando Jackson ergueu a arma. — O que você tá fazendo?!
— Isso se chama assassinato. Agora sai daqui.
— Você não pode fazer isso! Não pode matar a pessoa que salvou a minha vida!
— O quê? — Jackson abaixou a arma, com as sobrancelhas franzidas. — Como assim, salvou a sua vida?
— Promete que não vai ficar bravo?
— Eu já estou muito bravo, Hyun. — O lúpus evidenciou, com uma expressão séria.
— Por favor? Não faz nada até eu terminar de contar…
Jackson respirou fundo, mas assentiu, mantendo a espada em punho. Para ele, só um milagre poderia salvar a vida daquele alfa. Este milagre começou a surgir à medida que o ômega contava toda a história que chegou naquele momento.
— Por que não me contou? — Perguntou, finalmente guardando a espada.
— Fiquei com medo. Você disse pra eu não sair por aí sozinho…
— Sua vida é muito mais importante. — Jackson acariciou o rosto dele. — Não esconde mais nada assim de mim, nem do seu pai.
— Prometo que não vou mais fazer isso.
Jackson sorriu para ele, respirando mais aliviado. Posteriormente, voltou sua atenção para o alfa mais novo, mudando seu semblante tranquilo para uma expressão severa.
— O que você fez com ele?
— Matei.
Jackson olhou para o ômega depois para Taesung. Aquele alfa não tinha qualquer habilidade com lutas e também não estava armado.
— Como fez?
— Veneno.
— Alguém viu? — Taesung negou balançando a cabeça. Jackson continuou: — O que fez com o corpo?
— Nada. Tá lá na taberna apodrecendo.
— Você não se livrou do corpo?! Você tem merda na cabeça?!
— Pai, ele não é um caçador. — Hyun interveio.
— Qualquer pessoa com o mínimo de inteligência teria feito alguma coisa.
— E o que eu deveria ter feito? — Taesung se irritou. Estava sendo chamado de burro descaradamente. — Devia ter colocado o corpo no meu bolso ou sair arrastando pelas ruas da cidade?
Todo o restante do autocontrole de Jackson foi gasto naquele momento. Ele encarou o médico, com seus olhos castanhos quase avermelhados.
— Eu só não te mato agora pra mostrar como se faz, porque você salvou a vida do meu filho.
— Pai…
— E você espera no Black Swan, vamos conversar.
— Mas…
— Pro navio!
O ômega rolou os olhos e depois transmitiu a Taesung um olhar com um mudo pedido de desculpas. O alfa negou com a cabeça e sorriu para ele com os lábios ainda unidos, indicando que estava tudo bem. Isso posto, Hyun deu meia volta e seguiu para o Black Swan, onde teria a conversa com seu pai.
Seus olhos acompanharam por um tempo o ômega se distanciando, mas isso logo mudou quando Jackson percebeu e o chamou:
— Olhe para mim. — Taesung moveu os olhos para ele e esperou. Jackson teria fatiado em pedacinhos qualquer alfa que estivesse com os braços ao redor de seu filho, mas naquela situação, suas mãos estavam atadas e ele teve de engolir o orgulho de pai e lúpus: — Obrigado…
— Tudo bem.
— Estou devendo.
— Não preci…
— E vou pagar! — Jackson o interrompeu com um dedo erguido. De repente, esse dedo moveu-se até ficar apontando na direção do alfa mais novo, e o lúpus chegou mais perto quando avisou: — No entanto, se eu pegar você abraçando o Hyun outra vez, vou arrancar seus braços e enfiar na sua bunda até sair pela boca. Você entendeu?
— Sim.
— Ótimo. Espero não chegar a esse ponto, porque Jungwon precisa de um médico na tripulação dele.
Taesung permaneceu parado quando o alfa deu as costas para se encontrar com Hyun no Black Swan. Se contasse para Sungjae a ameaça que recebeu, quem teria os braços enfiados na bunda com toda certeza seria Jackson.
Continua…
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