— Parece que a correnteza levou a tripa e ele saiu nadando em direção a ela — Jay comentou, assim que voltou a cabine. — Em todo o caso, já não é mais problema nosso.
— De onde sai essas marmotas? — Taesung perguntou.
— Não sei — o próprio irmão respondeu. — Mas alguém deveria descobrir onde é e fechar o buraco.
Jungwon riu, esticando o corpo na cadeira. Ele respirou fundo enquanto massageava o pescoço superficialmente, com os olhos fechados. Passou boa parte da manhã sentado, escrevendo e planejando.
— Digam ao Lian que eu quero ele aqui e agora — afirmou, abrindo os olhos. — Preciso da massagem dele urgentemente.
— Lian tá guiando o leme — Jay continuou explicando, enquanto Taesung deixou a cabine —, até que a gente contorne todo o Triângulo da Morte, é preciso muita cautela.
— Não tem ninguém que possa fazer isso?
— Ele é o nosso timoneiro... — Jay comentou, tentando não soar tão óbvio.
— Ah, é mesmo... — o ômega inclinou o corpo para frente e apoiou a testa na mesa.
Jungwon continuou na mesma posição mesmo quando ouviu os passos do mais novo indicando que estava se aproximando.
— Eu posso fazer, se você quiser.
— Você tem as mãos muito suaves... — ergueu o rosto e o encarou. — Não me leve a mal, eu gosto quando fazemos amor assim, mas neste caso eu preciso de mãos firmes.
— Mas eu posso ser firme também — o alfa informou, abrindo os botões dos pulsos da longa manga da camisa que vestia.
— Acredito em você, mas...
— Capitão — Jay o cortou suavemente. — Por favor, deite-se na nossa cama.
Quando abriu a boca, as únicas palavras que conseguiu articular foram:
— Tá bom.
O ômega removeu as botas e deixou a cadeira de capitão em direção a cama, onde subiu de joelhos no colchão. Jay dobrou as mangas até o cotovelo, conforme o ômega abria os botões da própria camisa, para removê-la. Ele entregou a peça para o alfa e deitou lentamente, apoiando a bochecha no colchão, deixou as pernas juntas e os braços largados confortavelmente ao lado do corpo.
Jungwon suspirou ansioso ao sentir o peso do alfa subindo na cama. Jay sentou sobre as coxas dele e esticou o corpo para pegar um pouco de loção corporal. Ele passou certa quantidade nas mãos, esfregou e depois espalhou suavemente pelas costas do ômega.
— Hmm, que quentinho... — Jungwon sentiu um leve arrepio. — Como eu disse, você é bastante afetuoso quando toca em mim.
Jay sorriu, mas não comentou que sequer havia iniciado a massagem. Ele apenas estava espalhando a loção pelas costas do ômega, para que suas mãos deslizassem com mais facilidade.
Jungwon fechou os olhos e relaxou, desfrutando da suavidade. A princípio, não era exatamente o que ele esperava, mas Jay certamente sabia como fazê-lo relaxar, em todos os sentidos...
Contudo, toda aquela delicadeza em sua pele cessou, quando o alfa adicionou mais força ao mover suas mãos, subindo da parte baixa até o meio das costas.
— Ui... — O ômega sorriu.
Era exatamente aquilo que ele queria, se Jay continuasse desse jeito, iria deixar seu Capitão mais do que satisfeito. O alfa estaria feliz se soubesse disso, mas como Jungwon não disse nada, ele passou a massagear colocando mais pressão.
Jay movimentou com mais intensidade, o ômega podia sentir seus músculos relaxarem. Quando o alfa aplicou mais pressão na área perto dos ombros, Jungwon abriu a boca para expressar o quanto estava bom, mas as palavras não saíram. Estava tão relaxado que apenas suspirou, permanecendo com a boca entreaberta.
— Assim tá bom? — O alfa quis saber.
— Uhum... — respondeu com a garganta. Em seguida, movimentou a cabeça positivamente, para confirmar.
Seu corpo estava tão molinho que sentia-se incapaz de fazer outra coisa além de murmurar. Até passou em seus pensamentos a ideia de que, se toda essa pressão fosse utilizada em outro momento, o alfa poderia quebrar a cama.
— Tá se sentindo melhor?
— Pergunta isso daqui alguns minutos... — Jungwon fez grande esforço para articular. — Porque agora não sou capaz de opinar.
Jay sorriu, inclinando o corpo para beijá-lo na bochecha. Ele ainda passou os dedos entre o cabelo do ômega, Jungwon fechou os olhos e desfrutou do gesto carinhoso.
— O Lian ainda tá no leme desde aquela hora? — O ômega manteve os olhos fechados.
— Sim. Ele disse que não quer sair da rota.
— Diz a ele que o capitão mudou a rota dele pra nossa cama — Jungwon afirmou. Jay sorriu. — Fala pra ele vir descansar aqui comigo.
— Tá bom.
Jungwon segurou na mão do alfa e o impediu de se levantar imediatamente.
— E você, volte também.
— Sim, senhor. — O alfa brincou.
Assim que o alfa desceu da cama, uma voz bastante conhecida vibrou na mente de Jungwon. O ômega abriu os olhos mas não se moveu, continuou na mesma posição quando solicitou:
— Manda alguém levar maçãs pro Kraken?
— Pode deixar.
Quando saiu do quarto o contramestre foi subir a escada para o convés superior, onde o timoneiro guiava o navio com atenção. Seu foco não o impediu de virar o rosto para o mais novo e sorrir para ele.
— O Jun falou pra você ir descansar um pouco.
— Depois... — Lian voltou sua atenção para o oceano.
— Tá, deixa eu corrigir: o Capitão mandou você ir descansar.
— Que golpe baixo, hein. Prometo que já vou, me dá só cinco minutos.
— Não me faça voltar aqui... — O contramestre ameaçou em tom de brincadeira, enquanto descia para realizar o outro pedido do capitão.
— Agora eu vou ficar de propósito. — Lian sorriu ao escutar a risada do mais novo.
Jay se aproximou dos marujos que havia deixado para acompanhar o médico à cabine. Ele analisou o serviço feito e assentiu satisfeito pelo desempenho.
— Tô gostando de ver — Jay elogiou.
— Bem que a gente merecia uma folga, hm? — Jill Red comentou.
— Poderíamos ficar uma semana em alguma cidade que tenha bordel. — Mary Jones deu a ideia, a maioria concordou.
É incontestável que a tripulação do Black Swan compartilhava da mesma opinião. Provavelmente, já estavam enchendo Namjoon com a mesma coisa. Talvez fosse uma boa ideia juntar o útil ao agradável, fazer uma ligeira parada e assim todos ficariam satisfeitos.
— Eu vou falar com o Capitão sobre — o contramestre prometeu. Os piratas assentiram esperançosos. — Onde tá o marujo responsável pela limpeza de hoje?
— Se jogou do navio.
— Devia ter feito ele limpar antes de pular — Jay suspirou, depois voltou-se para eles: — Muito bem, Jill, você me ajuda a limpar o convés e o Tony vai pegar maçãs pro Kraken.
O contramestre simplesmente poderia atribuir o serviço a outro bucaneiro, e cuidar das demais tarefas que exigem sua atenção, mas Jay cresceu sendo grumete na tripulação do Black Swan e lá ele aprendeu que as mãos dos líderes não caem, se fizerem o trabalhar considerado de mais "baixo nível".
Muitas vezes, ele já presenciou o próprio Jungkook ajudando os betas a enrolar os cabos que sobravam, Jimin ajudando a limpar, Jisung na cozinha cortando legumes e Namjoon fazendo a mesma atividade que ele estava prestes a realizar.
O alfa e seu capitão tinham em mente que eles não eram apenas os que mandavam na tripulação, eles eram a própria tripulação. Fazer parte do navio significa trabalho em grupo. Os piratas admiravam o fato de que o líder e seu braço direito não agiam como ditadores. Embora muitas vezes tenham de agir com pulso firme, eles eram justos.
Tony levou algum tempo procrastinando pelo corredor, até finalmente chegar no depósito após a cozinha. Muitas caixas de maçãs foram adquiridas pelo Capitão, para que o Kraken se deleitasse pelo menos até a próxima cidade que eles pretendiam aportar.
— Tanta maçã assim só pro Kraken — o pirata refletiu admirando a quantidade. — Acho que se eu pegar só uma, ele não vai sentir falta...
Tony abriu uma das caixas e recebeu uma maçã das mãos de uma garota. Ele a fechou novamente e virou-se para devorar a fruta antes de levar as maçãs pro convés, mas antes de dar a mordida ele parou e olhou para trás lentamente.
Das duas, uma: aquela caixa de madeira possui mãos humanas, ou tinha alguém metido entre as maçãs. O pirata se aproximou desconfiado e ergueu a tampa devagar. Quando viu que realmente havia uma menina ali dentro, largou a tampa e saiu gritando o nome da cozinheira.
— Corty! Vem ver o que o capitão fez!
Zoe abriu a tampa deixando espaço apenas para que seus olhos pudessem ver o que estava acontecendo. Ela viu quando o marujo voltou acompanhado de uma alfa, o mesmo afirmou quando apontou em direção a caixa:
— O Capitão trouxe uma ômega pra alimentar o Kraken, veja...
De modo que seu esconderijo já não valia de nada, Zoe abriu a tampa de vez e revelou-se por completo. Dentro da caixa tinham alguns miolos de maçãs que a ômega se alimentou.
Corty olhou para Tony cheia de espanto. O pirata balançou a cabeça, evidenciando seu desagrado com aquela situação. Ambos decidiram levar a garota até a cabine do capitão, para que o lúpus se explicasse.
Jungwon estava sentado na beira da cama, terminando de amarrar o cadarço de uma das botas, quando ouviu alguém batendo na porta. Não era Jay e muito menos Lian, já que seus alfas não dependiam de permissão para ter acesso àquele aposento.
— Pode entrar — ele indicou, fazendo o último nó.
Tony abriu a porta e entrou completamente no cômodo, enquanto Corty permaneceu parada na entrada. Ainda não era possível ver a ômega, Zoe ficou ao lado da cozinheira, para o caso de o capitão decidisse jogar a garota para o Kraken pessoalmente.
— Eu o desafio! — Tony ergueu os punhos. Jungwon franziu as sobrancelhas e ficou em pé. O alfa voltou alguns passos com as mãos agora erguidas. — Quero dizer, estou disposto a ouvir a sua versão dos fatos.
— Ele bebeu? — O Capitão perguntou à cozinheira e a mesma negou. Depois, ele voltou sua atenção para o dito: — O que há com você?
— Não vou permitir que mande aquela pobre garota pras entranhas daquela criatura.
— Quê? — Quanto mais Tony falava, mais confuso o ômega ficava.
— É disso que ele tá falando, Capitão... — Corty abriu a porta completamente, exibindo a presença de Zoe quando a ômega entrou na cabine junto a mesma.
— Zoe...? Você entrou aqui escondida nas caixas de maçã? — Jungwon supôs, levando em conta a acusação feita pelo alfa.
— Sim...
Jungwon olhou para Tony e o mesmo sorriu amarelo, pedindo desculpas apenas movendo os lábios, sem emitir som algum.
— Corty, você pode ir. Tony... — O Capitão o olhou mais uma vez. O alfa engoliu em seco. — Chame Lis e Eunji aqui imediatamente.
O pirata respirou aliviado e deixou a cabine junto com a cozinheira. Enquanto esperavam pelas duas, Jungwon perguntou à menina os motivos para ter feito o que fez.
— Só queria conhecer pessoalmente o mundo da Eunji... — a ômega justificou. — Uma única vez.
— É um mundo cheio de riscos...
— Eu sei. Me preocupo quando está em alto mar, mas quando ela volta eu fico encantada com as histórias que conta.
Jungwon manteve-se em silêncio quando sua irmã e Lis entraram na cabine. As duas pareciam surpresas quando viram a ômega sentada com o Capitão.
— Então é realmente verdade — a beta se aproximou.
— Não brigue comigo... — Zoe se defendeu. — Você era apenas um ano mais velha do que eu sou hoje, quando se juntou ao Luna.
— Eu pedi permissão aos nossos pais e pro Capitão. Não fugi e invadi o navio dele — a mais velha retrucou, porém, sorriu quando a abraçou. — Menina maluquinha. Você tá bem?
— Estou muito bem, não se preocupe.
— Meu Deus. Que perigo você correu...
— O que importa é que ela está bem — Jungwon comentou. — E terá a nossa proteção enquanto permanecer no Luna.
— Então isso quer dizer que...
— Ela virá conosco. — Jungwon completou a fala da beta. — Sinto muito. Estamos navegando com o Black Swan, precisamos manter o curso.
— Ela pode ao menos ficar comigo?
— Claro! Leve-a na enfermaria para que nosso médico a examine. Ela ficou muito tempo dentro daquela caixa.
— Farei isso, Capitão. Obrigada.
Lis abraçou sua irmã pelos ombros e a levou consigo para fora da cabine. Antes de deixar o cômodo, Zoe trocou um sorriso tímido com Eunji, o que não passou despercebido pelo Capitão.
— Você realmente não sabia disso? — Jungwon ergueu uma sobrancelha.
— Não. Mas teria ajudado se ela tivesse me contado.
— E você ainda confessa!
Eunji tentou permanecer séria, mas acabou rindo da forma que seu irmão a encarava.
— Sinceridade e ousadia, irmãozinho — ela deu de ombros. — Tá no nosso sangue.
Jungwon fechou os olhos quando suspirou, mas logo abriu novamente, com um sorriso. Ofereceu a mão para ela, quando Eunji aceitou, ele a guiou para o convés para informar a tripulação sobre a nova tripulante e reiterar os mesmos avisos que foram dados com relação a Hyun.
Eunji não se manifestou, mas em seu coração valia para todos o mesmo aviso que Sarah deu em relação a Hyun, mas no caso dela, era sobre Zoe.
— Você confia que todos vão obedecer? — Lis perguntou apenas para o capitão ouvir.
— Não. — Jungwon foi sincero. — Mas como eu disse, a Zoe será protegida. No meu navio ninguém mexe com meus amigos.
Lis sorriu, assentindo. Jungwon passava uma sensação de confiança muito forte, por isso a beta ficou mais tranquila em relação à segurança da irmã. Ela só esperava que Yuri e Celina não tivessem um infarto assim que descobrirem que sua filha mais nova fugiu.
Após os recados, Jungwon foi fazer aquilo que pretendia antes de Tony e Corty aparecerem. Jay estava limpando o convés, por isso não voltou, mas Lian continuou guiando o navio, ignorando o fato de que seu corpo necessitava de descanso.
— Pensei que você fosse obediente — Lian sorriu quando ouviu a voz do ômega. Jungwon subiu a escada e parou ao lado dele. — Eu disse pra você descansar.
— Você não quer sair da rota.
— Não quero que você tenha uma síncope.
— O Almirante Zhang me treinava até a exaustão — Lian revelou. Jungwon achou curioso o fato de que ele não o chamou de pai. O alfa continuou: — Não estou nem perto disso.
— Você não percebe até que seu corpo cai no chão.
De fato. Quando mais jovem, Lian se concentrava tanto em obedecer o pai que após muitas sequências de treinamento, repentinamente sua visão ficava escura e logo depois seu corpo desabava no chão. Lian nunca percebia quando ia acontecer, de repente ele acordava em sua cama, com o Almirante ao lado pronto para dar um sermão.
Até então, Lian não estava cansado. Ele não ficou horas seguidas em pé, guiando a embarcação. Em alguns momentos o timoneiro travou o leme e sentou, apenas observando a direção do vento e atento a qualquer mudança.
Jungwon estava distraído. Ele virou o rosto por alguns segundos, para assistir a movimentação dos piratas no convés inferior, quando inesperadamente sentiu duas mãos agarrando seus quadris e o corpo sendo erguido, para então ser colocado sentado em cima do parapeito, ao lado do leme.
— Eu não tô cansado, gatinho — Lian afirmou, de frente para o ômega. Envolveu a cintura dele com um braço, enquanto a outra mão ainda segurava o leme. Depois concluiu, deixando um beijo em sua bochecha: — Mas você fica muito fofo quando tá preocupado.
— Não faça isso sem avisar — O ômega segurava forte o apoio do parapeito. Seu coração quase saiu pela boca achando que ia cair lá embaixo. Ele olhou para trás, alguns piratas assistiam a cena e outros seguiram suas vidas. Quando se acostumou, ele apoiou os braços nos ombros do alfa e cruzou atrás da nuca do mesmo. — Tá todo mundo vendo.
— Deixa que vejam. — Dito isso, o alfa juntou seus lábios.
Jungwon retribuiu instantaneamente. Lian estava encaixado entre as pernas dele, mantendo o braço firmemente ao redor do ômega, para impedi-lo de cair. O beijo continuou, e ambos não se importaram se tinham marujos assistindo.
Até mesmo quem estava no convés do Black Swan podia ver aquela cena. O Capitão Jeon seguia despreocupado corrigindo alguns pontos com Namjoon, até que seus olhos seguiram em direção ao Luna e ele viu.
Namjoon sentiu o humor do Capitão mudar, embora o tom de voz utilizado por Jungkook tenha se mantido o mesmo. Estava na expressão dele. Por algum motivo, o Capitão Jeon não conseguia gostar daquele alfa. Talvez fosse pelo fato de que o comportamento dele lembrava o seu, em sua juventude.
— Capitão, a tripulação vai sentir seu mau humor — Namjoon tentou alertar.
— Eu sei o que tô fazendo. — Jungkook respondeu, visivelmente irritado.
— E certamente também sabe que seu filho mais velho já é capitão do próprio navio. — Jackson comentou. Não era como se ele tivesse se apegado a Lian, mas o fato de que aquele lobo pertenceu à sua mãe, o deixava em uma posição de defesa. — Deixe-o viver a vida com os alfas dele.
Namjoon abriu a boca e ergueu as sobrancelhas, olhou para o Capitão e depois para Jackson. Se os dois lúpus fossem se enfrentar, ele não iria querer estar no meio, então se afastou devagar, ainda acompanhando com os olhos.
— Não se esqueça que você também tem um filho ômega — Jungkook o lembrou. Seu humor foi melhorando à medida que via o sorriso sumindo do rosto de Jackson. Jeon ainda concluiu: — E ele tá crescendo.
Jackson ficou parado alguns segundos, vendo o Capitão se afastar cantarolando. Ele olhou para Namjoon, depois caminhou pelo convés e desceu para as camadas inferiores, onde saiu em busca de Jisung, com a intenção de convencê-lo a trazer Hyun de volta ao Black Swan.
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Enquanto o Luna e o Black Swan estavam próximos do Triângulo da Morte, seguindo o curso a caminho do Mar Tenebroso, a vida continuava em Nabuco, com Yuri gerindo os negócios a todo o vapor.
Após ficarem sabendo da fuga de Zoe, através de um bilhete deixado pela mesma, Yuri convenceu Celina de que a pequena ômega ficaria bem. Depois de alguns dias com o coração cheio de preocupação, Celina finalmente aliviou um pouco e abriu a taberna que gerencia.
— Me desculpe por esses dias que não abrimos — a ômega falou com Yue, a mãe de Lian, que conseguiu um trabalho naquele estabelecimento.
— Tudo bem, o Lian tem vinte e seis anos mas eu ainda me preocupo. Não consigo evitar. — A beta sorriu, gentil.
O movimento estava fraco no início daquela manhã. Alguns comerciantes souberam que navios mercantes estavam chegando, e dirigiram-se ao local do embarcadouro para conseguir os melhores produtos.
Em breve, a taberna de Celina estaria cheia de marujos e piratas gastando seu salário com bebidas. Yue varreu o chão e posteriormente foi limpar as mesas quando um cliente entrou no local. Assim como de costume ela foi atender, mas não esperava que se tratava de alguém que ela não via há muitos anos.
— Almirante...?
— Apenas Wo. — Ele a interrompeu, quando corrigiu.
A beta franziu o cenho, depois olhou pela janela se havia muita movimentação do lado de fora. O fluxo de transeuntes ainda encontrava-se baixo. Certamente ainda estavam tratando de negócios.
Yue guiou o alfa até uma sala mais reservada, onde o mesmo lhe contou que havia sido investigado em segredo e que, obviamente, apenas ficou sabendo porque uma oficial o contou.
— Fiquei em prisão domiciliar. Quando a investigação foi concluída, fui considerado inocente. Deixei o cargo de Almirante, pois já não servia a China apropriadamente.
— Sinto muito, Wo...
O alfa negou, movendo a cabeça.
— O Lian teve coragem suficiente para buscar as prioridades dele — o alfa encostou a não suavemente no rosto dela, e concluiu com um sorriso: — Eu vim atrás da minha.
Apesar de não ter encontrado Lian na Ilha de Nabuco, pois o mesmo havia partido duas semanas antes, Lee Wo ficou satisfeito em saber que seu filho estava feliz com o caminho que escolheu para sua vida.
🏴☠️
Apesar de todos os esforços que fizeram para que não deixassem a rota, os efeitos causados nos arredores do Triângulo da Morte fizeram com que as duas embarcações fossem afastadas uma da outra.
Jimin quis voltar e procurar pelo filho, mas Jungkook o convenceu de que ele não era um filhotinho perdido, mas o Capitão de um navio. Ele confiava que Jungwon seria capaz de encontrar uma saída sozinho. Jimin também acreditava, embora fosse capaz de ir contra todas as leis da pirataria por seus filhos.
O próprio Capitão comunicou a tripulação do Luna sobre o pequeno desvio no curso. Por decisão do mesmo, o navio ficaria ancorado até que uma nova rota fosse criada, para que pudessem encontrar o Black Swan.
— Sua vez. — Taesung indicou. Estava com Hyun na popa da embarcação, distraindo-se com um baralho e o jogo da memória.
O mais novo virou uma carta e era justamente o par da que ele já possuía. Hyun levou vantagem naquele jogo, visto que a memória do alfa era ligeiramente fraca.
— Quer tentar outra coisa? — O ômega perguntou, um pouco sem jeito. Era a vigésima vez que ele vencia. — O Jungwon disse que talvez demore um pouco pra encontrar o rota.
— Tá dizendo que até lá, eu sempre vou perder no jogo da memória?
— Não é isso! É que... — parou de falar quando o alfa começou a rir. — O que foi?
— Relaxe, eu não sou ruim nesse jogo, sou horrível. Percebi que você tava errando algumas vezes de propósito.
— Ah, você notou...
— É bastante óbvio, na verdade, quando você de repente começa a errar.
— Desculpa...
— Tudo bem. É fofo quando você faz isso... Mas olha, você não tem que se diminuir pra que outra pessoa se sinta melhor. Seja no jogo ou em qualquer outra situação. Sempre dê o seu melhor, hm?
Hyun sorriu para ele e assentiu com a cabeça. Taesung não precisava dizer palavras como "você é ótimo" ou "você vai conseguir", para estimular o ômega. Ele o fazia de um jeito mais indireto, e Hyun compreendia.
— Será que vai demorar muito pra encontrar a rota? — O ômega perguntou, juntando as cartas.
— Pra falar a verdade o Jungwon sabe. O Triângulo da Morte é imprevisível, mas ele calculou quase todas as possibilidades que podem acontecer, como mudanças no vento, tempestades e erros de navegação. Mas o Jay me disse que ele não quer gastar muitos recursos.
— Então por que ele não usa as constelações?
— Como assim?
— Bom, o Triângulo da Morte pode causar alterações no vento e desviar o curso dos navios, mas se tem algo que ele não pode mudar é a posição das estrelas.
— E você sabe?
— Sim. Mas não sei como corrigir possíveis erros com um sextante. Nunca usei um.
— Vem. — Taesung não esperou por uma resposta quando segurou na mão do ômega e o levou consigo em direção a cabine.
Jungwon estava tão concentrado que não ouviu quando alguém bateu na porta. Jay abriu e permitiu que seu irmão e Hyun entrassem. Apenas o contramestre e Lian encontravam-se com o Capitão, ainda que nenhum dos dois alfas conseguisse entender o que Jungwon estava murmurando enquanto encarava o mapa.
— O Hyun tem algo a dizer. — Taesung afirmou.
— Tenho? — O ômega olhou para ele, depois para os outros três que o encaravam esperando. — É só que... você já tentou se orientar pelas estrelas? — O silêncio de Jungwon o fez se sentir ridículo. Ele respondeu a si mesmo, em tom baixo: — Claro que já, você é super inteligente...
— Não. — Jungwon respondeu, depois olhou para o mapa quando refletiu: — Nem pensei nisso, na verdade...
— Você sabe como fazer? — Jay perguntou.
— Não com tanta precisão como o Taehyung... — ele olhou para Taesung e o mesmo assentiu, para que continuasse. Hyun prosseguiu: — Mas com um sextante pra corrigir, eu acho que consigo.
Jungwon olhou para seu primo com um sorriso que apenas Jay e Lian sabiam o significado. O lúpus certamente estava pensando em algo que vai além daquele momento. Ele apanhou o sextante e ofereceu a outra mão ao primo.
— Hyun, você quer vir comigo observar as estrelas? — Jungwon convidou, com um sorriso enigmático.
O mais novo entendeu as intenções do convite e aceitou ser guiado pela mão. Taesung foi logo atrás, assim como os outros alfas.
Com ajuda do primo, Jungwon encontrou a melhor forma de encontrar o Black Swan, fazendo a menor volta possível e gastando poucos recursos. Em poucas horas, o Luna estaria alcançando o outro navio a caminho do Mar Tenebroso.
Após a nova rota ser estabelecida, o Capitão decidiu que a âncora seria erguida apenas pela manhã, visto que, ao que tudo indica, o Black Swan também estaria ancorado para descansar.
O médico ajudou Hyun a recolher as cartas espalhadas pelo chão da popa, enquanto Jungwon reuniu seus alfas dentro da privacidade da cabine novamente.
— Encontramos nosso navegador. — Jungwon afirmou, sentado com as pernas cruzadas na cadeira de capitão.
— O Hyun? — Lian sugeriu.
— Sim. — O ômega respondeu com um grande sorriso simples.
— Espera... — Jay ponderou. Ele e o alfa estavam de pé, do outro lado da mesa, de frente para o Capitão. — Você não acha que é muita responsabilidade pra um menino de catorze anos? Estou falando isso como amigo do Hyun.
— Sim. Conhecendo o Hyun, ele sentiria muita pressão. — Jungwon concordou. — É por isso que, por enquanto, ele não precisa saber disso. Para todos os efeitos, ele é apenas o meu auxiliar.
— Certo. Agora digo como contramestre, não acha que é um pouco precipitado deixá-lo nessa posição?
— Relaxe... — Jungwon largou as costas no encosto da cadeira e sentou mais a vontade. — Sei o que estou fazendo.
— Sua confiança é tudo pra mim — Jay comentou, contornando a mesa e se aproximando por um lado.
Lian fez o mesmo, do lado oposto. Jungwon permaneceu sentado, observando enquanto ambos se aproximavam.
— Ui... estou cercado. — O ômega sorriu.
— Não vai tentar fugir? — O mais velho indagou, parado ao lado do ômega.
— Por que eu faria isso? — Jungwon girou a cadeira na direção dele e ofereceu a mão
O timoneiro sorriu, virou o dorso da mão dele para cima e a beijou. Jungwon arquejou quando repentinamente foi puxado contra o peitoral do alfa. Ele sentiu o corpo ser erguido e logo em seguida foi posto sobre os ombros de Lian. O alfa indicou com a cabeça para que Jay fosse na frente, o alfa sorriu para ele e fez como indicado.
Quando chegaram perto da cama, Lian colocou o ômega suavemente no chão. Jungwon não ficou sozinho por muito tempo, pois logo Jay o abraçou por trás, passando a beijá-lo pela região do pescoço e ombros.
Jungwon ergueu a mão e percorreu os dedos entre os fios castanhos do mais novo, deixando a mão apoiada em sua nuca, à medida que Jay explorava seu pescoço. O ômega inclinou a cabeça para o lado concedendo mais espaço para desfrutar de seus toques, enquanto assistia, bem a sua frente, Lian removendo cada botão de sua camisa.
Continua...
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