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[69] Conversando

Ao anoitecer, todos os compartimentos do navio estavam limpos, incluindo o banheiro. O auxílio do Ômega foi como um grande estímulo, e eles apenas não terminaram mais cedo devido a algumas distrações. 

— Tá pra nascer quem gosta de sujar mais do que os piratas — Lian desabafou. — Um galeão da Marinha não é tão imundo assim.

— Claro, não fazem nada — Jungwon afirmou. 

— Na verdade, eu já trabalhei bastante a bordo de navios. Há mais disciplina na Marinha. — Jungwon e Jay entreolharam-se. Lian explicou: — não me entendam mal… o que eu quero dizer é que em um navio pirata, a tripulação fica mais à vontade. É como se fosse seu lar. Em um galeão não. Tudo precisa estar impecável, para os superiores. A gente quase precisa estender um tapete vermelho para eles passarem.

— Que ridículo — o Ômega riu. 

Estava com as costas apoiadas enquanto massageava os ombros do Alfa mais novo, sentado logo à frente. Jay estava distraído, passando os dedos entre os cabelos negros de Lian, que mantinha a cabeça em seu colo, assistindo a movimentação dos piratas.

Dentre eles, Scott desceu as escadas acompanhando Sungjae. Repentinamente, Jay se levantou sem dar explicações e seguiu logo atrás. Embora tivesse deixado Jungwon e Lian confusos, ele apenas sinalizou que voltaria mais tarde, e sumiu através do escotilha.

O Alfa encontrou seus pais na enfermaria, discutindo sobre o rut de seu irmão mais novo. Seokjin também estava no local.

— Ele mesmo identificou que estava nesse período e tomou as devidas providências — o Beta esclareceu o que Sungjae já havia contado. — Seu filho está bem, Scott. Pelo amor de Deus, homem. Ele não está sentindo nada porque o chá já inibiu os sintomas.

Tanto ele quanto Sven, ou qualquer outro Alfa mais antigo da tripulação já passaram por diversos momentos difíceis, no período do rut, quando a única preocupação era trancá-los no porão. 

Foi complicado para Scott aceitar que seu filho mais jovem estava crescendo de modo que seu corpo já estava passando por tais modificações. Até pouco tempo atrás, Taesung estava brincando e bagunçando as bandagens dos médicos na enfermaria. 

— O primeiro rut significa que seu filho está iniciando a passagem da infância para a fase adulta, Scott. Isso não quer dizer que ele esteja pronto para procriar. — Seokjin continuou a explicação. — O corpo dele está passando por algumas mudanças, e este período ainda vai durar alguns anos. 

— Eu expliquei tudo isso a ele quando aconteceu com o nosso mais velho. — Sungjae cruzou os braços. Ele viu o mesmo parado na porta e sorriu para ele. — Vem aqui, meu príncipe. Conte pro Jin o que seu pai fez quando descobriu que você estava no rut pela primeira vez.

— Ele chorou. — Jay respondeu. 

— Meu pequeno tava se tornando um homem — Scott explicou. — E agora o mesmo com o Taesung.

— Seus filhos são Alfas que dariam orgulho a qualquer pai e mãe. — Seokjin disse. — Você os criou bem, Scott. Vocês dois.

O Alfa estufou o peito, envaidecido. Ele abraçou o filho mais velho pelos ombros, evidenciando que os dois tinham a mesma altura. Já Taesung possui o mesmo tamanho que Jungwon, porém, ele era muito novo e haveria de crescer ainda mais.

— E você, o que veio fazer aqui? — Scott perguntou ao filho.

— Quero conversar uma coisa importante com vocês — ele olhou para Seokjin e desviou o olhar. 

— Oh — o médico entendeu que ele queria privacidade. — Eu tenho algumas coisas para fazer. Com licença.

Assim que Seokjin deixou a enfermaria, Sungjae levou o filho para uma mesa onde ambos ocuparam as cadeiras. Scott também foi junto. Jay levou um tempo para iniciar, visto que ainda que tivesse a personalidade sincera, ele se preocupava com a forma que era visto pelos pais. 

— Vocês sabem que o Jungwon e eu estamos juntos há um bom tempo, né?

— Ele tá grávido?! — Scott quase perdeu a cor. 

— Não! Por que você sempre pergunta isso?

— Bom… na sua idade eu já…

Sungjae encarou o Alfa mais velho com um olhar severo. Scott franziu o cenho demorando para entender, assim que captou a mensagem do Ômega, ele limpou a garganta e sorriu nervoso.

— Deixe ele falar. — Sungjae reclamou com ele, depois virou-se para o filho: — Continue, meu querido.

— O Lian se tornou muito especial pra nós dois, muito mesmo… — ele parou um pouco, depois continuou pausadamente, olhando de um para o outro e analisando suas reações: — Então… ele meio que… está namorando… nós dois.

Scott e Sungjae trocaram olhares inexpressivos. Jay não fazia ideia do que estavam pensando, até que o Alfa reagiu primeiro. Ele sorriu quando deixou duas tapinhas no braço do filho.

— Aê, Jay! Nem os Alfas escapam! — Scott cruzou os braços e riu com gosto. — Nosso filho está arrasando corações, hein amor? Você ouviu isso?

— Ouvi. 

— Você está decepcionado? 

— Não, meu amor, longe disso! Saiba que independente de você gostar de Ômegas, Alfas ou Betas eu amo você, e jamais ficaria decepcionado por causa disso. — Sungjae esclareceu. — Eu só gostaria de pontuar algumas coisas… por exemplo, o relacionamento entre o Tae, Yoongi e Hoseok é bastante sólido. Os três vivem em completa harmonia e isso parece bem inspirador… mas eles já eram bem maduros quando iniciaram este compromisso.

— Porque eles se conheceram mais tarde — Scott argumentou. 

— Eu sei disso. O que quero dizer é que eles três são muito novos, principalmente o Jay. — Sungjae explicou. Depois voltou a atenção para o filho novamente: — Eu só não quero que você saia magoado. 

— Tudo bem, pai. Você só está preocupado, eu entendo. Se te deixa mais tranquilo eu não fui coagido a isso. Não é porque eu sou o mais novo que vou estar entregue às escolhas dos outros. Eu sei o que sinto.

— Então foi uma decisão em conjunto?

Jay afirmou, balançando a cabeça.

— Eu demorei um pouco mais… era algo novo pra mim. Tive medo. 

— E agora?

— Me sinto leve porque não tenho que fingir — sorriu, entre um suspiro profundo. — Me sinto muito bem quando estou com eles.

— Que ótimo — Sungjae o abraçou. — Então eu estou muito feliz por você.

Jay fechou os olhos mas sentiu o abraço de Scott logo por cima, e um dos melhores sentimentos que um filho poderia ter; o apoio de seus pais. Agora, a sua única preocupação era como o Capitão Jeon iria reagir àquela notícia. 

Jungwon tentou falar diretamente com os dois pais, mas assim que entrou na cabine e viu o Alfa sentado diante da mesa mudou de ideia. Não por medo, visto que ele não temia o próprio pai, mas receio por Lian e Jay. 

Jungkook estava analisando junto à filha algumas planilhas feitas por Namjoon, em relação aos ganhos e gastos nas últimas semanas. Eunji gostava de ajudar o pai com os cálculos, além de aprender mais sobre estratégias utilizadas pelo Capitão Jeon, seja em saques ou defesas, sem tanta perda de recursos.

O Capitão Jimin, por sua vez, estava sentado diante da penteadeira com espelho, enquanto passava suavemente uma escova em seus cabelos. Ele reparou no filho que havia entrado na cabine há algum tempo. Pensou que o mesmo pretendia falar com Jungkook, mas o rapaz permaneceu divagando próximo a ele.

— Algum problema, meu bolinho? — Perguntou, sem mover os olhos do espelho.

— Não — Jungwon sorriu com o apelido que foi chamado. — Na verdade, eu quero conversar com você.

— Pode falar.

— É que… — Jungwon olhou na direção onde Jungkook e Eunji estavam. Parecia distraído com algo que estava mostrando à Alfa, mas continuou atento à conversa. 

— Hmm… — Jimin notou os olhares do filho e compreendeu sua demanda. — Vamos lá pra fora.

Jungkook manteve-se indiferente até que os Ômegas deixaram a cabine. É claro que ficou curioso acerca do comportamento suspeito de Jungwon, por isso, não houve hesitação quando solicitou a Eunji:

— Vai lá e escuta a conversa.

A Alfa ponderou antes de responder:

— Devemos respeitar a privacidade dos Ômegas. 

— Foi seu pai que te ensinou isso? — Ela confirmou balançando a cabeça. 

Jungkook encarou a menina cogitando insistir, mas reconsiderou. Eunji mostrou-se bastante fiel ao que estava aprendendo a cada dia com Jimin, e dificilmente faria algo que fosse contra os ensinamentos do Ômega. 

Quando Jimin retornasse à cabine, acreditava que certamente contaria a ele o motivo de tanto mistério. No mais, Jungkook deixou aquilo de lado e voltou aos seus planejamentos com o auxílio de Eunji.

Apesar de alguns piratas estarem vagueando próximo da popa, nenhum deles prestava atenção na conversa dos dois Ômegas.

— Não sei exatamente como começar… — Jungwon hesitou encarando o oceano, batendo inquieto os dedos no parapeito do navio.

Jimin segurou a mão dele carinhosamente, o que o fez mover a atenção para si. Um dos traços mais marcantes da personalidade do Capitão era ser compreensivo, e isso obviamente não falharia em relação ao seu filho.

— Eu sou seu pai, mas também sou seu amigo. Não precisa ter medo de me contar as coisas — Jimin o tranquilizou. — Não vou julgar você, seja o que for.

— Nesse caso… — Jungwon respirou fundo antes de continuar: — O Lian está com o Jay e eu. Quero dizer, ele está namorando com a gente. Nós três-...

— Eu entendi. — Jimin interrompeu suavemente, quando o mais novo começou a gaguejar. — Imaginei que isso aconteceria.

— Sério?

— Bom, levando em consideração tudo o que fizeram um pelo outro, era de se esperar.

— Então tudo bem, por você?

— Eu larguei a minha vida para viver com um pirata, e ele me salvou de todas as formas que alguém poderia ser salvo… Então, se você está feliz, apenas siga em frente e sem olhar para trás. Se for importante pra você, sim, está tudo bem para mim, que você esteja em um relacionamento com dois Alfas.

Jimin foi pego de surpresa quando Jungwon o abraçou de repente. O mais velho retribuiu de imediato. Podia sentir o quão aliviado seu filho estava, pois sabia que existe uma outra pessoa que não ficaria muito satisfeita com o novo trisal. Jungwon iria precisar de todo apoio, assim como Lian e Jay.

— Já que estamos assim, será que você pode me ajudar com outra coisinha…?  

— Hmm… — O Capitão separou o abraço e olhou para ele desconfiado. — Seu pai, estou certo?

— Você pode conversar com ele?

— Eu acredito que você precisa lidar com isso, afinal, são seus Alfas.

— Mas você não pode nem preparar o caminho, hm? Por favor… você é o único que consegue controlar a fera.

— Eu não faço isso…

— Todo mundo sabe como funciona. 

Jimin tentou se manter sério, mas acabou rindo. De fato, na grande maioria das vezes ele sempre consegue fazer o Alfa mudar de ideia em muitos casos, ao seu favor.

— Não fale assim do seu pai. Eu posso te ajudar, porém, quem precisa contar para ele é você.

 — Obrigado, pai.

— Só isso? — Jimin cruzou os braços, mostrando-se indignado.

— Você é o melhor, de todos os tempos! — Jungwon o abraçou exageradamente, do jeito que o mais velho gosta.

Posteriormente, ambos seguiram caminhos diferentes quando Jungwon rumou para seu quarto, enquanto Jimin voltou para a cabine. 

Dentro do cômodo, Jungkook estava terminando de fazer uma trança no cabelo de Eunji. Assim que concluiu, a Alfa virou de frente para ele e recebeu um beijo em cima da cabeça. Depois, a menina seguiu até Jimin onde o mesmo a pegou no colo e desejou boa noite, com um beijo carinhoso na bochecha.

— Durma bem, princesa. 

Jimin ainda levou a filha nos braços até a porta, onde finalmente a colocou no chão. Eunji bocejou coçando os olhos, e seguiu descendo as escadas  até seu quarto. 

Quando fechou a porta, o Ômega voltou encontrando Jungkook já na cama, com as costas apoiadas na cabeceira. Jimin removeu as botas e o cinto com as armas, para então se aninhar junto a ele.

— O que ele queria? — O Alfa perguntou em relação a Jungwon.

— Só conversar um pouco...

— Não sabia que existem segredos entre nós.

— Que segredo? — Jungkook não respondeu, apenas suspirou, deslizando o corpo para frente ficando completamente deitado de costas no colchão. — Está sendo bobo.

— Se você diz. — Ele fechou os olhos e fingiu não se importar.

Jimin o analisou por um tempo. Ele estava com as sobrancelhas tensas e a mandíbula travada. O Ômega moveu um pouco da coberta para baixo e deitou-se ao lado dele, com a cabeça apoiada em seu ombro e a mão no peito. 

— Ele só queria conversar sobre… — Jimin arriscou jogando verde: — os Alfas dele.

— Alfas?! — Jungkook abriu os olhos no mesmo instante.

— Eu disse Alfas? — O Ômega riu. — Eu quis dizer Alfa. Céus! Que cabeça a minha…

— Hm. — Cismado, Jungkook manteve os olhos abertos encarando o teto.

— Mas e se fosse… — Jimin continuou com cuidado. — Imagina se de repente chega um Alfa apaixonado querendo os dois.

Jungkook começou a gargalhar em excesso. Quando finalmente parecia que ia parar, voltava a rir outra vez. Jimin limitou-se a observar, até que ele finalmente se recuperou 

— Todo absurdo dito em voz alta fica muito engraçado.

— Sabe que não é nenhum absurdo. Você convive com um trisal há mais tempo do que eu. 

— Nenhum deles é meu filho.

— Só que o seu filho tem a liberdade de fazer o que quiser.

— Eu também.

— Você não expulsaria o Alfa do navio, certo?

— Claro que não! Como pôde pensar que eu faria algo assim, coração? — Jungkook perguntou parecendo chocado, enquanto acariciava calmamente o cabelo do loiro. Em seguida, acrescentou: — Expulsão é pouco. Eu mataria logo de uma vez.

— Pare com isso. Nós dois sabemos que você não o faria.

— É mesmo? — O Alfa riu. — Você parece muito certo disso.

— E eu estou. Eu te conheço — Jimin ergueu o corpo apoiando-se em um cotovelo. — Você se importa com a felicidade do nosso filho. Não faria nada que o magoe.

Jungkook não respondeu, mas seu silêncio comprovou a afirmação do Ômega. Ele só esperava que toda aquela conversa não passasse de suposições. 

Dos três amantes, Lian foi o único que permaneceu imperturbável. Passou a maior parte da vida abaixando a cabeça, temendo seu pai, depois que conheceu a verdadeira liberdade dificilmente ele voltaria a ter medo de algum superior.

Yue estava arrumando os lençóis das camas quando o filho entrou no quarto. Não houve enrolação. Lian simplesmente chegou e comunicou a Beta sobre os fatos:

— Mãe, eu tô namorando, tá? Só pra você ficar sabendo mesmo.

Foi tão direto que Yue levou alguns segundos para absorver a informação. Nem ao menos se preocupou em esperar pela reação da mais velha, ele apenas removeu as botas se preparando para dormir.

— É aquele Ômega… o Jungwon. Estou certa? 

— E o Jay também.

— Oh, você… — levou mais alguns segundos para assimilar. — Você está namorando os dois? 

— Exatamente. — Ele sorriu para ela. — Seu filho é muito sortudo, não é?

Novamente, Lian não esperou por uma resposta. Na verdade, sequer faria alguma diferença. Ele não estava pedindo permissão, estava informando. Yue sabia que seu filho tinha interesse nos Alfas também, embora nunca tivessem tido uma conversa a respeito.

— Estou feliz por você, filho — a Beta respondeu. — Eles são bons meninos.

Lian sorriu para ela novamente, pois sabia que estava sendo sincera. Depois, virou-se para o lado e adormeceu rapidamente. O dia foi cansativo e no outro dia seria apenas o segundo dia de punição.


🏴‍☠️


Na manhã seguinte, Lian e Jay acordaram mais cedo outra vez e arrastaram-se pelo corredor, para dar início a mais um dia de castigo. Eles encontraram Namjoon deixando a cozinha, onde Junbuu já trabalhava fazendo pão.

— Não precisam limpar o navio inteiro todos os dias — o contramestre indicou. — Basta apenas o convés e a cozinha. Quando-...

— Na minha cozinha nenhum grumete que ainda cheira a leite vai entrar! — Junbuu interrompeu com um grito da cozinha.

— Como eu estava dizendo — Namjoon respirou fundo e continuou: —, quando o restante do navio estiver imundo, vocês podem fazer o serviço completo pelo menos uma vez a cada semana.

— E o Capitão Jeon? — O mais novo perguntou.

— São ordens do próprio que estou transmitindo.

Jay e Lian entreolharam-se aliviados. Se tivessem de continuar com a faxina pesada diariamente, dentro de uma semana não iriam conseguir erguer um músculo sequer. 

— Mas já que vocês estão aqui — Namjoon pediu —, acordem o Jared, que certamente está dormindo na cesta do mastro.

Os dois ficaram muito satisfeitos por não terem de iniciar outra vez aquele processo de limpeza, começando pelo porão até o pavimento superior. 

O pirata que deveria estar de guarda nos arredores enquanto a maioria descansava, estava roncando tão alto que era possível escutar de todas as partes do convés.

— Jared? — Jay chamou da base do mastro, mas não houve resposta. — JARED?!!

 — Hã? O quê?! O que foi?! — O Alfa levantou. Estava com o cabelo todo bagunçado e o rosto amassado pelo contorcionismo que fez para dormir dentro da cesta. — Vocês viram algum navio passando?

— Não. — os dois olharam ao redor.

— Hmm — Jared coçou o olho e bocejou. — Certo… se verem um por aí me avisem. — E voltou a dormir.

— Namjoon que mandou acordar você — Jay avisou.

— Esse Alfa num dorme não?! — Jared voltou a ficar de pé, com um semblante emburrado. Ele apoiou os cotovelos na mureta e o queixo entre as mãos, vigiando enquanto resmungava: — Nossa, mas não pode nem tirar um cochilo…

Lian olhou em sua volta, toda extensão da proa até a parte traseira, não havia ninguém além deles três. Logo a tripulação estaria no convés. O Alfa então pensou em algo que poderia aproveitar durante esse meio-tempo.

— Você não quer descer e descansar? — Lian sugeriu, ignorando o olhar abismado de Jay. — Nós dois vamos ficar aqui em seu lugar.

— Nós? 

Jared não hesitou nem por um segundo, e já estava descendo pelos cabos. Jay continuou esperando por uma resposta, enquanto Lian era tomado pelo agradecimento do pirata.

— Se um dia eu te critiquei por ser da Marinha, não era eu — Jared afirmou, todo sorridente.

Lian assistiu ele deixando o convés, depois voltou sua atenção para o mais novo, que ainda mantinha o semblante indignado. 

— Você acha pouco limpar o navio? — Jay questionou de braços cruzados. — Quer pegar os serviços do Jared também?

— Não. — Lian começou a subir pelos cabos. — Quero ficar sozinho com você.

Jay desarmou a postura irritada no mesmo instante. Ele segurou nos cabos para subir também, mas não sabia como fazer quando seu corpo estava amolecido pelo que Lian confessou. Uma simples frase que mexeu com ele dos pés à cabeça.

Assim sendo, os dois subiram no mastro da gávea, e acomodaram-se dentro do cesto. O espaço não era dos maiores, mas isso de certa forma era lucro.

— Eu falei pros meus pais sobre nós — Jay informou, encostando na mureta. — Eles aceitaram muito bem.

— Que bom. — Lian sorriu para ele.

— E a sua mãe? 

— Ela não tem que aceitar nada. A vida é minha e eu me relaciono com quem eu quiser. 

— Nossa…

— E o Jungwon deveria fazer o mesmo. O pai dele não aceita? Que pena.

Jay observou o mais velho por alguns instantes. Lian era o maior exemplo de que a palavra de um pai ou mãe, era a lei suprema na Terra. Se o ex Almirante Zhang mandasse o filho pular de um prédio, naquela época, ele o faria.

Era bom vê-lo dono de suas escolhas. Sem se curvar aos desejos de outrem. Um Alfa decidido que sabe o que quer. Já não era tão surpresa assim o porquê de ter se apaixonado por ele.

— Como você entendeu isso? — Jay quis saber. — Que se interessa por Alfas também.

— Algum tempo depois do meu primeiro rut. Eu gostava de ficar olhando os outros Alfas mais velhos da escola de aprendizes. Não foi tão difícil entender, simplesmente aconteceu. 

— E você já ficou com algum deles?

— Sim. Algumas vezes.

— Eu quero dizer, sabe?… aquele tipo de coisa…

— Tá falando de sexo?

— Não precisa dizer isso tão alto — o mais novo ficou encabulado. 

— A resposta continua sendo sim, para suas questões.

Até então, Lian estava achando aquelas perguntas adoráveis, e mais ainda a timidez do mais novo. Até que Jay lembrou-se de uma questão que foi meramente esquecida:

— E com a Jiang?

Aquilo foi tão repentino que Lian quase se engasgou com o vento. Jiang era como uma irmã para ele, era sua melhor amiga desde que tinha 12 anos, quando se juntou à escola de aprendizes da Marinha mais cedo por intervenção do pai. Ela e demais aprendizes tinham 15.

— Você me fez imaginar algo muito nojento agora.

— Como assim?

— Imagine você e seu irmão…

— Para! Já entendi! Não precisa continuar. Credo. Tô sentindo a boca amarga…

— É disso que tô falando.

— Ela é como uma irmã, pra você.

— Exato. Além disso, Jiang prefere Ômegas. Nem mesmo por Betas ela sente qualquer atração.

— Então quer dizer que naquele dia… — Jay estava se referindo ao momento em que resgataram Yue, e Jiang abraçou Lian.

— Pois é. Vocês ficaram com ciúmes à toa.

— É que você abriu mão de tudo. — Virou-se para além das fronteiras do mar com o céu. — Eu olho pro horizonte e posso imaginar todas as coisas que você poderia ter. 

Jay sorriu ao sentir o mais velho logo atrás, olhando na mesma direção que ele. As mãos próximas da dele, em cima da mureta, e o queixo apoiado em seu ombro. 

— Eu olho pro horizonte e não há nada que eu queira — Lian afirmou. — Porque tudo que eu desejo tá bem aqui.

Jay virou o rosto para encará-lo, sentindo o verdadeiro significado e a complexidade daquelas palavras. Se a vida estava além daquele mar, pouco importava. O mundo de Lian estava a bordo do Black Swan, personificado em um Alfa e um Ômega. 

O mais jovem olhou para a boca dele, depois para os olhos e então para a boca novamente, em uma evidente demonstração do que ansiava. Ele fechou os olhos esperando pelo contato, mas demorou. Ao invés, escutou quando Lian murmurou:

— Jungwon.

— O quê? — Jay abriu os olhos.

O Alfa estava olhando para baixo, no convés. Jay franziu o cenho confuso, pois não tinha ninguém ali. Um pouco depois, o Ômega apareceu, e ele virou-se perplexo para Lian:

— Como você sabia?

— O cheiro dele. Você não tá sentindo?

— Não… — Jay olhou para baixo novamente, vendo o Ômega procurando por eles. — Aqui em cima! 

Jungwon o viu acenando para si, do alto da cesta da gávea, e sorriu para ele indo naquela direção. Agora mais perto, Jay percebeu o aroma dele, mas mesmo assim, ainda foi um tanto incomum que Lian tenha conseguido de tão longe, visto que ele nem ao menos é um lúpus. 

— Você tá no rut? 

— Ainda não.

— O que vocês dois estão fazendo aí em cima? — O raciocínio do mais novo foi interrompido pelas perguntas do Ômega. — Não deveriam estar limpando o navio?

— Seu pai deu uma folga pra gente — Lian esclareceu. — Só precisamos limpar o convés mais tarde.

— Isso é ótimo.

— Por que você não sobe aqui também? — Jay sugeriu.

Jungwon ponderou, olhando à sua volta no convés. Ele deixou os baldes no chão quando decidiu seguir o conselho e subir através dos cabos. Assim que chegou no alto, foi amparado pelos Alfas, que o ajudaram a entrar na cesta. 

— Vocês definitivamente escolheram o lugar mais desconfortável do navio pra ficar. — O Ômega resmungou. 

Jungwon estava encolhido entre os dois Alfas. A cesta era estreita, feita para que no máximo dois piratas ocupassem o local, mas o Ômega esgueirou-se e conseguiu se encostar na mureta também.

— Eu estive calculando… — Jungwon iniciou. — Se conseguirmos manter o nível de ataque que estamos acostumados, talvez em três saques já vamos conseguir consertar um dos cascos do Luna.

— Que maravilha! — Jay festejou. — Ouviu isso, Lian?

Para o mais velho, entretanto, era mais interessante admirar o corpo do Ômega dos pés à cabeça. Tão concentrado nas curvas do outro, que sequer prestou atenção quando Jay o chamou pela segunda vez: 

 — Lian?

O Alfa ergueu os olhos pelo corpo de Jungwon sem pressa até parar encarando os olhos dele, que já o observava de volta, curioso. Jay ficou assistindo, esperando o mais velho se pronunciar. Mas Lian continuou focando no Ômega muito intensamente.

— Zhang! — Jay o chamou mais firme, pelo sobrenome, o que finalmente fez o outro despertar. — Você tá me ouvindo?

— Desculpa… falou comigo?

— Sim. Duas vezes, mas você ignorou. 

Jungwon continuou na dele, sentindo-se estranho. Acontece que, quando os Alfas estão no rut, conseguem fazer com que um Ômega não marcado entre imediatamente no heat, mesmo que estejam fora de seu período de receptividade sexual. Algo assim já havia acontecido entre Jimin e Jungkook, enquanto estavam no Brasil. 

Não foi o mesmo que acabara de acontecer entre os dois, visto que Lian ainda não estava no rut, mas o lobo de Jungwon notou a sutil mudança, embora que o próprio Ômega não, até o momento.

— Sei que você não tem medo do Capitão Jeon, mas… — Jay continuou. — Perder o controle durante o rut é pedir pra morrer.

— Mas eu não estou. — Lian se defendeu. — Só daqui alguns dias.

— Então é melhor você ir se preparando — o mais novo seguiu com o sermão. — Porque pelo jeito… — Ele se aproximou e o cheirou perto do pescoço. — Seu aroma está um pouco mais forte.

— Isso nunca aconteceu — Lian assegurou. — Nunca perdi o controle antes.

— Acho bom. — Jay cruzou os braços.

— Por que você tá tão tenso? — Jungwon perguntou. — Tá com medo que o Lian chame o meu pai de sogrão também?

— Como assim? — O mais velho sorriu, mostrando-se interessado.

— Nada! Eu so… — O Alfa foi diminuindo o tom da voz à medida que pronunciava: — fui um pouco imprudente certa vez…

— Não tínhamos o chá específico no momento — Jungwon explicou. — O resto você já deve imaginar…

Lian ficou algum tempo imaginando a cena, até que começou a rir, o que deixou o mais novo ainda mais envergonhado.

— Eu fiquei me sentindo muito culpado depois — Jay revelou. — Porque se eu tivesse machucado o Jungwon, jamais me perdoaria. 

O Ômega virou o rosto dele para si e sorriu com afetuosidade. Por mais que o mais novo sentisse que poderia se descontrolar a esse ponto, Jungwon sabia que ele nunca faria isso. Confiava no Alfa ainda que estivessem sozinhos em uma ilha deserta, com ele o rut.

— Pois saiba que eu estava gostando. — Jungwon murmurou. — Não senti medo em momento algum.

Jay sorriu e o beijou suavemente, sendo abraçado por ele logo em seguida. Ele olhou para Lian, que estava atrás de Jungwon e os observava com um semblante calmo, transmitindo-lhe serenidade. 

O contato foi cortado quando o mais velho virou o rosto para o lado, Jay fez o mesmo. Ainda estava abraçado a Jungwon, quando viu uma embarcação navegando moderadamente distante do Black Swan. 

— Quem são? — O mais novo perguntou, desfazendo o abraço para que Jungwon pudesse olhar para aquele lado também.

Assim que viu a embarcação, o Ômega apanhou uma luneta deixada por Jared e observou através da lente. Ele analisou os mastros e a bandeira, depois passou a observar mais embaixo. Sua postura mudou quando encontrou alguém muito conhecido andando nervoso pelo convés.

— É ele…

— Quem? — Lian pegou a luneta das mãos dele para observar também.

— Yamashita Sota — O Ômega respondeu. — O comandante do navio mercante em que viajamos para a China há algumas semanas.

Jay estava prestes a receber a luneta do mais velho, mas abandonou a ideia quando Jungwon passou a descer pelos cabos. Lian e ele foram logo atrás. 

No momento em que chegaram próximos à cabine dos capitães, a porta do cômodo foi aberta e um loiro muito bem vestido mas com semblante de sono surgiu atrás dela.

— Navio mercante se aproximando a estibordo. — Jungwon relatou ao Capitão.

Continua…

Agora que finalmente consegui comprar um celular novo, vou tentar atualizar com mais frequência!!!

Acho que hoje mesmo vou iniciar a minha nova história sobre os vikings... Estou muito ansiosa pra voltar a escrever jikook...

Maaaaass, Diário de Bordo continua sendo a prioridade.

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