[56] Tomorrow
Estava com saudades disso aqui 💞 muito obrigada pela sua paciência, por ter esperado tanto tempo e por não desistir dessa criatura. Estou publicando esse capítulo e me arrumando pra ir pro curso, mas vi que há muitas mensagens carinhosas no meu perfil. Eu volto pra responder ❤️
Por favor, caso queira deixar um comentário, tenha respeito pelo próximo. Seja comigo, ou com outras pessoas que também estejam comentando. Obrigada ❤ ️ e tenha uma boa leitura.
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Após uma agradável tarde ligeiramente afastados do cais, Jay e Lian levaram o barco em que estavam com Jungwon, para o píer novamente.
— Obrigado por hoje — o oficial se despediu. — E mais uma vez, perdão pelas frutas.
— Não se preocupe com isso, já passou. — Jungwon apoiou a mão no ombro dele e o beijou na bochecha. — Nos vemos por aí.
Lian assentiu. Ele olhou para o outro Alfa e sorriu para ele quando apontou o dedo indicador no outro lado da face, insinuando que também deveria beijá-lo no rosto.
— Não vou fazer isso. Eu hein… — Jay deu as costas.
— Tudo bem, eu gosto dos difíceis. — Ele brincou. — Ai! — O Alfa reclamou quando foi agredido no braço por Jungwon. — Gosto dos agressivos também.
— Meu Deus, Lian! — O Ômega riu, ficando vermelho. — Para com isso.
— Ta bom, parei.
— Se você é assim normal, imagina durante o rut. — Jay pensou em voz alta.
— Outro dia continuamos essa conversa… — Lian sorriu sugestivo. — Preciso ir, ainda há muito para organizar no porão do casarão.
— O que vão guardar nesse porão?
— Não sei, mas agora também fiquei curioso.
— Nossa — Jungwon ergueu as sobrancelhas. — Você faz tudo o que mandam sem ao menos questionar?
— Mais ou menos. Me recuso a seguir ordens que vão contra minha honra.
— Você é a salvação da Marinha — Jungwon sorriu para ele.
O outro Alfa também compartilhava do mesmo sentimento. Lian era divertido, educado e ao mesmo tempo atrevido. Além de muito bonito… como alguém como ele poderia estar na Marinha Real? Era um sacrilégio.
Quando retornou para o casarão, o jovem oficial recebeu o recado de que o Almirante aguardava por ele em seu gabinete. Sem demora, Lian bateu na porta do cômodo, e entrou assim que foi permitido.
— Como andam as investigações? — O Almirante foi direto. — Sei que não lhe dei um prazo mas, já conseguiu identificar a tripulação que pode ser facilmente corrompida?
Lian hesitou, com sua língua bloqueada. Em sua mente só vinham as imagens dos momentos em que compartilhou com Jay e Jungwon naquele dia. O sorriso de ambos e o azul do céu, com sua imensidão de liberdade.
— Lian?
— Não, senhor. — O mais novo limpou a garganta, recobrando a postura. — Me desculpe, eu ainda não consegui a informação.
Lee o observou por alguns segundos, em silêncio. O Almirante não apenas desconfiava, mas tinha quase plena certeza de que o Alfa estava mentindo, para proteger os dois piratas que ele ajudou a fugir, quando eram crianças.
— Lian, eu quero que me responda uma coisa.
— Sim?
— Deixa pra lá… — Wo suspirou, mudando de ideia. — Pode ir. Avise a Jiang que estou chamando.
O Alfa assentiu e deixou o cômodo.
Nesse meio-tempo, Jay e Jungwon retornavam para o navio caminhando tranquilamente de mãos dadas. Não era necessário esconder, já que o Capitão Jeon sabia e o aprovou. Apesar de que após as últimas peripécias do Alfa, Jay já não tinha tanta certeza se ainda era bem visto pelo “sogrão”.
Entretanto, não era exatamente com este fato que os pensamentos dele estavam ocupados no momento, mas com a informação que mais cedo acabou ouvindo por acidente.
— Sabe quando fui buscar o Lian?
— Sim.
— Aconteceu uma coisa.
— Fala logo. — O Ômega já não se cabia de curiosidade.
— Então, eu estava lá parado, bem diante da porta… Aí eu acabei escutando o Seboso falando uma coisa bem… — Jungwon acenou com a cabeça para que ele continuasse: — Eu escutei quando ele disse que o Lian gosta de chupar Alfas.
— Nossa… ah, sério isso? Desde quando esse Seboso tem alguma coisa a ver com o que Lian faz ou deixa de fazer? E por que ele não morre logo? Que coisa mais desnecessária pra ficar comentando por aí… e por que você ficou tão perturbado com isso?
— Eu não fiquei perturbado. Só um pouquinho chocado. A informação veio muito direta.
— Você teria ficado assim se tivesse escutado que ele gosta de chupar Ômegas?
— Não, mas…
— E qual a diferença exatamente?
— O tamanho? — Ele ergueu as mãos depois da cara que Jungwon fez. — Desculpa.
— Imagina como deve ser desagradável pro Lian ouvir esse tipo de coisa o tempo todo. Ficar se escondendo…
— Se escondendo? Ele anda flertando com nós dois, descaradamente!
— Tem razão. — Jungwon riu. — Quer saber? Eu amo isso nele.
— Não é boa ideia deixar um Alfa com ciúme enquanto ele ainda está no rut. Pode ser perigoso.
— Ui, que medo… — O Ômega sorriu, mordendo o lábio inferior.
— Você gosta, não é? De provocar…
Jungwon não respondeu. Ele sorriu olhando de lado, conforme aumentava os passos para se distanciar do Alfa. Quando sentiu que o outro também fez o mesmo para se aproximar, ele correu e foi igualmente perseguido até chegar no local em que o navio estava ancorado.
Jungkook estava em cima da embarcação, usando o braço para apoiar uma corda, enquanto enrolava com a outra mão. Ele viu quando os dois subiram pela rampa. Jungwon estava na frente.
— Onde estavam? — perguntou ao filho.
— Dando uma volta em um barquinho. — Jungwon respondeu sorrindo dissimulado.
Jungkook sorriu de volta quando o filho passou. Ele estreitou os olhos quando chegou a vez do Alfa.
— Capitão Jeon. — O mais novo cumprimentou, como se nada tivesse acontecido. Passando devagar e o sorriso tenso.
Jungkook ainda manteve os olhos estreitos e fixos no Alfa, enquanto ele descia através da escada. Jay seguiu diretamente até seu quarto, confuso com seus pensamentos. Sempre que interagia com Lian voltava daquele jeito, inquieto.
O quarto que dividia com o irmão era repleto de livros de medicina que seu pai usou para estudar, instruído por Seokjin, durante os anos. Livros que Taesung passava madrugadas lendo, sob a luz de uma única lamparina para não atrapalhar o sono do irmão mais velho.
Jay buscou algum livro que pudesse explicar melhor e tirar suas dúvidas, sobre algumas questões que o estavam incomodando. No momento que mexia entre os pertences do irmão, o mesmo entrou no cômodo.
— O que está fazendo nas minhas coisas?
— Procurando um livro, não é óbvio?
— E você sabe ler? — Ele riu divertido. Jay mostrou o dedo do meio para o menor, sem tirar a atenção de sua busca. Taesung observou que o Alfa passou os dedos pelas lombadas dos mesmos livros mais de uma vez. Ele então se aproximou, para ajudá-lo. — Sobre o quê exatamente você está procurando?
— Alfas…
— Hmm… vai pra lá. — Jay abriu espaço para o menor passar. Taesung buscou alguns exemplares rapidamente, e logo recolheu alguns. — Eu tenho esses aqui sobre o rut, a marca, o gene lúpus…
— Quero todos. — O mais velho levou os livros até sua cama, onde começou a folheá-los.
Taesung não deu muita importância à curiosidade do irmão, supondo que aquilo se dava devido ao fato de estar no rut. Muitas coisas aconteciam com os Alfas nesse período, era normal a curiosidade dele.
Faziam algumas horas que Jay havia ingerido seu chá, por isso, Taesung deixou o quarto para buscar o chá para que seu irmão tomasse a próxima dose. Quando retornou ele encontrou o mais velho pensando, com a mão dele marcando a página que explicava sobre a marca feita pelo Alfa, no Ômega.
— Precisa tomar enquanto seu rut não passa — Taesung entregou a xícara. Ele observou o conteúdo aberto e perguntou: — Pretende marcar o Jungwon?
— Não. Não, SIM! Quer dizer, por enquanto não… — Taesung riu da confusão do Alfa, mas entendeu o que ele quis dizer. — Escuta, aqui fala que quando o Alfa marca um Ômega, eles compartilham aromas. É como se o cheiro de um pudesse ser sentido no outro.
— Sim.
— Também diz que o cheiro de um Alfa pode ser insuportável para outro… Então por que há Alfas que se relacionam entre si?
— Agora você me pegou. Nunca li isso nos livros, mas talvez nosso pai ou Jin saibam.
Taesung deixou o quarto em direção a enfermaria. Curioso para obter uma resposta congruente, seu irmão o seguiu.
— Papai, o Jay quer saber por que alguns Alfas sentem atração por outros Alfas. — O mais novo chegou sendo direto.
— Eu não! Só tava lendo sobre a marca e surgiu a dúvida…
— Entendo… — Sungjae observou o filho mais velho por um tempo e sorriu para ele. — Não existe uma resposta exata. Há uma singularidade em cada um de nós. A razão pela qual me senti atraído pelo seu pai, é diferente da que te leva a gostar do Jungwon. Assim como o que levou Hoseok e Yoongi a se amarem, e ao mesmo tempo o Taehyung. Ninguém explica o amor, Jay.
— Mas o livro diz-...
— Jay, não se apegue tanto ao que diz nos livros — Seokjin o interrompeu. — Pelo menos não os que falam sobre emoções e sensações humanas. Aliás, de qual livro está falando?
— Esse aqui.
Taesung entregou um livro ao Beta, onde podia-se ler o título: Marca, o Vínculo Mais Profundo Entre um Alfa e um Ômega.
— Enquanto estive na faculdade esse livro me fez entender que muitas coisas estavam erradas, nem sei o que ele ainda faz por aqui, vou dar pro Junbuu usar como lenha. — O Beta afirmou. — Está desatualizado e não é para menos, olha a data disso, eu ainda era criança.
— Nossa, esse livro é tão velho assim?! — Taesung indagou chocado.
Seokjin lançou nele um olhar indignado, Sungjae percebeu mas se segurou para não rir. Ele guiou os meninos para fora da enfermaria, antes que o Beta se recuperasse do baque.
Assim que retornaram ao quarto que dividiam, Taesung quis saber do irmão:
— Está satisfeito?
— Mais ou menos… só tem uma última coisa me incomodando, eu preciso saber a opinião de um outro Alfa, que nunca tenha se relacionado com ninguém.
— Manda lá.
— Você não conta, é novo demais.
— Tá bom, Matusalém.
— Certo, então vamos lá, o que você faria se um Alfa te beijasse?
— Eu nunca beijei um Ômega, quanto mais um Alfa… — Taesung proferiu, pensativo. — Mas, na minha opinião, se eu gostar desse Alfa e for recíproco, eu acho que ficaria muito feliz.
A resposta do mais novo, para Jay, foi completamente inesperada. Sem mais questionamentos, ele apenas ficou pensativo, enquanto Taesung retomava suas atividades.
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Após os serviços serem concluídos no convés do Black Swan, Capitão Jeon deixou o navio acompanhado de sua filha. Com ele ao seu lado, ninguém tinha coragem de olhar com cara feia ou se comportar de maneira repulsiva diante da aparência da Alfa.
Na verdade, eles ouviam apenas elogios dos bajuladores. Eunji obviamente notava a diferença, e os ignorava, pois sabia que estavam sendo falsos.
Os dois estavam seguindo em direção a floresta. O Alfa com duas pistolas, uma delas foi entregue a menina assim que saíram das vistas do Black Swan. Estavam ali para treinar a precisão da garota.
— Por que precisa ser aqui, escondido de todo mundo? — Ela indagou.
— Porque seu pai não deixa. — Foi sincero. — Ele não pode nem sonhar que estamos fazendo isso.
— Não gosto de mentir pro papai. — Ela curvou as sobrancelhas.
— Não estamos mentindo, estamos ocultando a informação…
Eunji ponderou, mas enfim deu de ombros quando recebeu a pistola. Armas de fogo estavam ligadas simbolicamente ao poder, além do seu potente poder de destruição.
Poderia ser chocante vindo de uma menina tão nova, ela e sua prima Sarah, estavam cada vez mais entusiasmadas com o mecanismo daquele objeto. Era exatamente como os canhões de Hoseok e Arata, só que bem menores evidentemente.
— Vamos ver… — Jungkook avaliou a área ao redor. — Acho que aqui está bom.
O Alfa deixou uma marca em uma árvore, sinalizando um alvo. Depois voltou para o lado da filha e a instruiu:
— Não precisa acertar de primeira. — Eunji respirou fundo e se concentrou. Ela visualizou a trajetória do projétil e desviou um pouco a mira do alvo. — Só porque eu disse isso não significa que deva errar de propósito.
A menina apertou o dedo no gatilho e o disparo atingiu o centro do alvo. Jungkook a olhou surpreso.
— O vento influencia na trajetória.
Jungkook sorriu muito orgulhoso. Não bastava ter um filho habilidoso e inteligente, a filha também estava se mostrando uma verdadeira atiradora genial.
Do mesmo modo, no Black Swan, Sarah exibia aos seus pais um talento ímpar para manusear armas de fogo. Para a infortúnio de Jackson, que pretendia conferir a ela a espada que pertenceu a seu pai.
— Onde está seu irmão?
— No quarto dele.
— Vá chamá-lo. Já passou da hora dos treinos dele.
A Alfa deu meia volta e seguiu até o quarto onde Hyun compartilhava com o primo, Jungwon. O Ômega estava sozinho, desenhando Puffy. Ele se assustou quando a irmã bateu na porta.
— Quem é? — Perguntou receoso, já achando que era Jackson vindo atrás de si.
— Sarah. — Hyun abriu a porta de imediato, pediu que ela entrasse e fechou novamente com chave. — Por que se esconde?
— Não quero treinar. Estou fingindo que tô dormindo.
— Mas você fica aqui sozinho…
— Puffy me faz companhia.
— Hm. — Ela prendeu o cabelo e puxou a pistola, mirando na direção do Ômega. — Faz um desenho meu.
— Meu Deus, vira isso pra lá!
— Está sem pólvora.
— Hmm, se é assim… — Ele a observou. — Tem certeza que quer nessa posição? Assim você tá muito ameaçadora.
— Então tá perfeito. — Ela sorriu.
Enquanto isso, no pavimento superior, Jisung questionou sobre a demora da filha em chamar o irmão. Haviam se passado alguns minutos desde que Sarah desceu até os dormitórios.
— Eu imagino o porquê… — Jackson ponderou. — Sarah comentou certo dia que ele prefere os desenhos. Não gosta de lutas e espadas.
— Desenhos não serão suficientes para ele se defender — Jisung suspirou. — Mas tudo bem, ele ainda é apenas uma criança. Não vamos insistir nisso, até que ele cresça um pouco mais.
Jackson concordou. Ainda assim, ficou pensativo sobre o fato do pequeno não mostrar interesse naquela atividade. Sarah e Eunji eram igualmente crianças, mas estavam animadas com os treinos.
O lúpus ficou parado enquanto seu Ômega rumava para outro lugar. Pensativo, observou os piratas passando tempo pelo convés. Seus olhos bateram em justamente ele pretendia ter uma conversa sobre Hyun.
— Chany, eu tenho uma pergunta pra te fazer… — Ele afirmou já se aproximando do mais velho. — Quando você disse que eu me daria bem como um rastreador, no que estava pensando?
— Que você se daria bem como um rastreador — respondeu o óbvio.
— Sim, mas além disso, o quê?
— Eu vi que você tinha um dom, e eu acredito que eles não devem ser desperdiçados. Por que?
— O Hyun, ele está tendo uma certa barreira com o treinamento.
— Tivemos alguns aprendizes assim como ele, na Ordem.
— Então há caçadores que tiveram essa mesma dificuldade?
— Na verdade, nem chegaram a se tornar caçadores. Todos eles falharam na primeira missão e foram mortos em consequência.
— Hm.
— Não ignore o dom que seu filho tem, Jack. Ele pode ser o melhor no que faz, e eu acredito que você sabe quem pode ser um excelente professor. — Disse, olhando na direção do navegador.
— Taehyung? — Jackson chamou o Beta quando Jisung rumou para o Forte. — Vem aqui.
O navegador estava fazendo algumas anotações, quando parou assim que foi chamado. Ele olhou para o Alfa por cima do pequeno caderno que possuía, observou o espaço entre eles e voltou a escrever.
— É a mesma distância, sabe…
Jackson rolou os olhos, e encurtou a diferença entre eles quando se aproximou do mesmo.
— O que você usa pra fazer seus desenhos quando cria mapas e essas coisas?
— Pergaminhos, tinta…
— Eu sei. O que eu quero saber é qual exatamente se deve comprar.
Taehyung franziu e parou com a escrita novamente, quando encarou o lúpus.
— Tá se interessando pela navegação?
— Não. Não é pra mim. É pro meu filho.
— Conte-me mais sobre isso… — Ele fechou o caderno, mostrando-se interessado.
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No movimentado Porto de Nabuco, a Marinha desembarcava algumas caixas grandes sob a supervisão de dois piratas. Capitão Jimin estava por perto, e decidiu acompanhar um pouco da movimentação.
— Olá. — Ele se aproximou dos dois Alfas da tripulação do Capitão Joo, que estavam fiscalizando as cargas. — O que há dentro dessas caixas?
Os piratas trocaram olhares desconfiados. Os oficiais que levavam as caixas até o deque, e os que transportavam até o casarão da Marinha, ficaram igualmente atentos. A hesitação dos piratas deixou o Ômega ainda mais cismado.
— Nós somos os responsáveis pela revista, não precisa se preocupar.
— Não foi isso o que eu perguntei.
— Achei que não queria ser o novo Barba-Ruiva de Nabuco.
— E não quero. Por isso que não sou idiota como ele era. — Jimin sorriu para ele, em seguida, parou ao lado de uma das caixas. — Abre.
Mesmo contra a vontade, os piratas obedeceram. Eles sabiam o que estava oculto por trás daquele sorriso tão adorável. Capitão Jimin não era alguém que se queira desafiar. Pelo menos não diretamente.
O pirata abriu a tampa, exibindo o conteúdo da caixa.
— São documentos e alguns suportes para conservar livros e outros objetos — um marinheiro chegou informando. Ele fechou a caixa. — Se nos der licença, isso não faz parte do acordo.
O oficial encarou Jimin até desviar o olhar. O Ômega permaneceu no deque acompanhando o transporte das caixas, o que deixou os oficiais e os Alfas da tripulação do Capitão Joo Mentus pouco à vontade.
Um tiro de canhão foi disparado e Jimin sobressaltou. Ele subiu a rampa correndo, mas encontrou a tripulação calmamente vagando pelo convés. No lado direito do navio, Hoseok e Arata sorriam animados, perto deles estavam Eunji, Sarah e Yoongi um pouco mais atrás.
— Por que ativaram os canhões? — O Capitão se aproximou deles.
— Estava fazendo alguns testes. — O que não era mentira. Ele e Arata costumavam realizar alguns testes quanto a funcionalidade daqueles aparelhos, o que o Capitão não precisava saber era que as meninas participaram do manejo.
Sarah e Eunji estavam com as mãos nas costas, sujas de pólvora. Yoongi que estava mais atrás, sorriu ao notar o fato, mas não expressou nada além disso. Jimin avisou que estava de olho neles e se retirou.
— Sentiram? — Hoseok indagou as meninas. — E foi apenas um canhão, o navio não está em movimento e nem sendo atacado.
— O navio treme completamente quando estamos em um ataque — Sarah afirmou. — Dá pra sentir das camadas inferiores.
— É a potência dos canhões sendo utilizada ao máximo — disse Arata.
— Isso foi incrível… — Eunji suspirou observando as mãos sujas. — Quero fazer outra vez!
— Melhor não, o Capitão tá de olho. — Arata avisou.
— Ele não é totalmente contra isso — Sarah avaliou. — Ele só fica de olho pra manter um certo controle. Dá pra notar o orgulho nos olhos dele, quando vê que a Eunji tá ficando tão forte quanto o Jungwon.
— Você analisa bem as coisas — Yoongi comentou. — Tal como seus pais.
A menina sorriu com o elogio recebido. Jackson ou Jisung, se ela pudesse ser ao menos tão hábil quanto qualquer um dos dois já se sentiria incrível, ser comparada a ambos a deixou muito satisfeita consigo mesma.
Seu irmão, por outro lado, sentia-se diferente. As comparações não lhe agradavam, ao invés, fazia-o se achar inferior por não alcançar as expectativas criadas.
Enquanto isso, Jackson perambulava pelo mercado da Ilha, junto com Taehyung, em busca dos melhores materiais para que o pequeno pudesse fazer seus desenhos, sem precisar “roubar” papéis na cabine dos Capitães.
Ambos entraram em um empório, o preferido do navegador. Nele continha todos os tipos de pergaminhos, envelopes para correspondência de todos os tamanhos, ceras para selar as cartas, compassos e réguas, tinteiros de todas as cores, vários tipos de penas, enfim, o lugar era um paraíso para qualquer amante da cartografia.
— Esse aqui me parece muito bom — Jackson mostrou um rolo de pergaminho dourado. Parecia ter sido feito de ouro.
— Não. O que esse tem de bonito tem de imprestável. O material se desfaz facilmente. — Taehyung passou os olhos por uma prateleira e indicou outro: — Ah, mas esse aqui… — ele fechou os olhos e cheirou o rolo de pergaminho, o Alfa franziu o cenho apenas observando. — É perfeito. Sente só o cheirinho de pinheiro…
Taehyung ofereceu o pergaminho, mas o Alfa se afastou e segurou o objeto, para impedi-lo de se aproximar do seu nariz.
— Eu não vou cheirar isso.
O Beta deu de ombros e seguiu analisando outros itens. Parou nas prateleiras onde haviam algumas penas, pegou uma mais escura e testou o material na ponta do dedo.
— Essa é a melhor? — Jackson indagou.
— Depende do que você tá procurando.
— Sei lá… não é tudo pena?
— Mais ou menos. Essa aqui é pena de ganso — ele mostrou e Jackson olhou atentamente. — É uma das mais caras, mas cria um contraste de linhas muito bom. As de cisne geralmente são usadas para fazer linhas finas. As de corvo possuem um traçado suave e são mais resistentes. São usadas principalmente para escrever no diário de bordo.
— Qual você mais usa?
— Para cartografia, as de ganso. Para caligrafia, as de cisne. Para colorir, as de coruja. Para correspondência, as de corvo. Para…
— Levarei todas. — O Alfa interrompeu a longa lista do navegador. — E as tintas?
— São muitas… — o navegador abriu um largo sorriso, também decidido a renovar seu estoque pessoal.
🏴☠️
Desde o fatídico dia em que o diário de bordo foi roubado, uma dupla de marujos permanecia mantendo guarda na frente da cabine dos Capitães. Billy e Jared eram os da vez.
Embora passassem a maior parte da vigia conversando lorotas, os dois estavam sempre atentos à porta e a quem se aproximava dela. O pequeno Hyun estava rondando por ali, e seu interesse não passou despercebido.
— Não tem ninguém aí dentro, Hyun — Jared contou. — Jungwon deve tá com o namorado dele.
— É estranho ouvir isso em voz alta. — Billy comentou.
— Por que?
Enquanto os dois discutiam, Hyun abriu a porta da cabine e entrou sem fazer barulho.
— Você não lembra da época em que esse assunto era proibido?
— Nem me fale. Que bom que o Capitão não matou o Jay. Eu gosto muito dele.
— É um bom rapaz.
— Pois é.
Dentro da silenciosa cabine, Hyun arriscou mais alguns passos adentro. Podia sentir o ligeiro cheiro de rosa e jasmim dentro do cômodo. Haviam muitos baús e ele sentiu vontade de explorar cada um deles, mas não deu espaço a curiosidade. O problema não era seu tio Jimin, mas o Capitão Jeon que poderia entrar ali a qualquer instante.
Com isso, ele foi direto ao que pretendia. Abriu uma das gavetas da mesa onde encontrou alguns potinhos de tinta, mas infelizmente todas eram pretas. Será que o Capitão sentiria muita falta se de repente dois potinhos sumissem?
Não teve tempo para uma resposta, logo a porta da cabine foi aberta, o Ômega não viu quem foi. Ele só enfiou o potinho no bolso antes de se esconder embaixo da mesa. Fez silêncio enquanto ouvia os passos se aproximando.
Hyun estava bem no cantinho, mas podia ver os pés e parte da perna de quem havia entrado no cômodo. É claro que era ele, o atual Alfa mais temido dos Sete Mares: o Capitão Jeon.
Obviamente já havia sentido a presença do Ômega. O tanto que o menino ficou nervoso só fez dispersar seu aroma de morango ainda mais. Jungkook franziu as sobrancelhas e afastou a cadeira um pouco mais para trás, apenas o suficiente para ter a visão da criança.
O Alfa abriu a boca para questionar o motivo da presença dele ali, mas moveu sua atenção para a porta da cabine que foi aberta. Jungwon havia entrado naquele exato momento.
— Pai… você sabe o tanto que eu te amo, não é?
— O que você tá querendo? — Jungkook o encarou desconfiado.
— Como assim? — O Ômega lupus fingiu, colocando a mão sobre o peito. O mais velho ergueu uma sobrancelha, Jungwon tentou manter o teatro mas acabou se entregando quando sorriu. — Juro que é algo do seu interesse!
— Hmm… — o Alfa tornou a olhar para debaixo da mesa. Ele fez sinal para que o pequeno saísse de seu esconderijo e perguntou: — O que estava fazendo aqui?
Assim que Hyun apareceu em suas vistas, Jungwon viu o pequeno volume no bolsinho do primo. Ele sabia que era tinta para os desenhos do menor, provavelmente seu pai não diria nada mas Hyun parecia um pouco nervoso.
— Não tente mudar de assunto, pai! — Ele puxou o primo para se distanciar da mesa do Capitão e o empurrou delicadamente na direção da porta. — Isso não é importante…
Jungwon olhou para trás e piscou de um olho para Hyun. O menino sorriu de volta e aproveitou o momento em que Jungkook voltou a olhar para o filho, para deixar o cômodo.
— Hum… — O Alfa se levantou e passou a verificar alguns papéis sobre a mesa.
— Meu Deus. Você não acha que ele veio roubar seus itinerários, certo?
— Não é isso.
— O que há de errado, então?
— Antes você vivia querendo fazer as coisas comigo… — disse, bancando a pose de Capitão muito sério, fingindo estudar os papéis. — Depois que você cresceu, só procura seu pai quando quer pedir algo.
— Ah! Não é verdade! Eu não vim aqui pra… — Jungkook cruzou os braços e o encarou incrédulo. Ele confessou: — Tá bom! Eu vim aqui pedir uma coisa sim… mas também é verdade que eu te amo muito.
Jungwon o abraçou, e isso desfez toda a pose carrancuda do mais velho. A verdade era que os Ômegas da vida do Capitão Jeon, poderiam dobrá-lo facilmente. Eunji que ficasse esperta, para que o mesmo não aconteça consigo quando for mais velha.
— Você disse que seria do meu interesse… — o Capitão lembrou.
— Então… — disse enquanto desfazia o abraço, observando-o atentamente. — O Krazinho disse que há um navio… o meu navio… quero dizer, do Capitão Fran.
— Hm… — Ele franziu o cenho e olhou pensativo pela janela. — Não vejo aquele navio desde que eu era criança.
— Você o viu?! Como ele era?!
— Enorme, porém, sem tantas armas. — Enquanto o mais velho contava, Jungwon prestava atenção com seus olhos escuros e bem abertos. — Ele não precisava de um navio fortemente armado. Era estratégico demais.
— Mas ele precisava se defender, certo?
— Talvez — O Alfa sorriu, antes de concluir com uma pergunta retórica: — No entanto, quem teria coragem suficiente de atacar o navio dele?
— Você ouviu muitas histórias sobre ele, não foi?
— Sim. Inclusive, que seu navio jamais foi visto desde que partiu de Nabuco, no dia em que ele foi capturado. Onde o Kraken disse que ele está?
— No fundo do Pacífico… — Jungwon sentiu-se bobo em como aquilo soou em voz alta.
— Que pena.
— O Krazinho é três vezes maior que o Black Swan, ele pode trazê-lo de volta!
— Mesmo que ele consiga, será apenas uma carcaça velha e acabada, coberta por corais.
— Ele pode ser consertado!
— Não vale a pena os gastos de recursos para ir até onde ele está, e ainda mais com os consertos.
— Eu posso ir sozinho com o Kraken.
— De jeito nenhum.
— E se o Jay for com a gente?
— Agora que eu não deixo mesmo!
— Por favor?
— É extremamente perigoso você sendo filho de quem é, sozinho por aí em alto mar.
— Eu não tenho medo.
— Isso não está em discussão.
O Ômega suspirou frustrado, deu meia volta e deixou a cabine. Do lado de fora ele seguiu quieto e bastante pensativo, com mil coisas passando pela cabeça. Ele viu Jay sentado do outro lado, sorrindo enquanto conversava com alguns Alfas da tripulação. Poderia ir até ele para conversar, mas preferiu ficar um pouco sozinho, no fundo da embarcação.
Continua…
Não se esqueça de cuidar bem de você ❤️
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