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[51] Resistente

A princípio, eu imaginei a aparência do Jay e do Jungwon como a dos meninos do enhypen, só que eu tinha esquecido que o Jay é filho do Scott 👉👈 e o Scott tem a aparência do Jensen Ackles. Por isso mudei a aparência de ambos :3 

Esse capítulo também ficou muito grande e eu dividi ele em dois. Teremos mais uma att dupla ❤

Boa leitura:

Alguns piratas frequentavam o Forte de Nabuco para negociar seus contrabandos, mas nenhum com o Representante. Yuri só aceitava grandes cargas, como os saques do Black Swan. 

Naquela tarde, Jungkook foi com seu filho ao gabinete do líder dos comerciantes da ilha. 

Yuri não esperava receber o Capitão Jeon tão cedo, estava reunido com a família em sua sala quando o pirata foi anunciado por Caolho. 

Capitão Jeon era, ao lado de seu Ômega, o maior pirata da atualidade. Yuri não podia deixá-lo esperando. O lúpus e seu filho entraram na sala, Jungwon sentou ao lado do pai, para acompanhar as negociações. O Ômega sorriu e acenou para as duas meninas que brincavam perto da mesa. 

— Não sei porque ainda me admiro com a quantidade de produtos que consegue saquear — Yuri riu, animando com as negociações. 

— Por que? — Jungwon perguntou.

— Bom, a Marinha só vem caindo ultimamente. Até onde eu sei, a China e a Coréia estão se unindo pelo comércio. Estão levando suas mercadorias em frotas navais.

— Encontramos alguns galeões japoneses. — Jungkook disse.

— Sim, os japoneses estão sozinhos. O que me preocupa é a união entre China e Coréia.

— Eles não são páreo para nós. — Jungwon cruzou as pernas. 

Yuri ergueu as sobrancelhas e sorriu observando-os. Jungkook também estava sentado daquela maneira, e ambos usavam roupas escuras. Era evidente o modo como o Ômega estava seguindo exatamente o mesmo caminho que o pai. 

— Contra uma frota inteira? — Yuri indagou.

Jungwon não respondeu. Ele apenas trocou olhares com seu pai, sorrindo com o canto da boca, assim como o Capitão. A frota da Marinha não tinha uma lendária criatura gigante e poderosa à sua disposição.

Zoe, a filha Omega mais nova de Yuri, se aproximou de Jungwon sem que o lúpus percebesse, ele estava concentrado nas negociações. Ela tocou na pulseira de conchinhas dele, que só então notou a pequena ao seu lado. 

— Oi? — Ele sorriu docemente. A Ômega sorriu de volta. Ele ergueu o punho para exibir a pulseira. — Gostou?

— É linda.  

— Zoe, não incomode o moço. — Lis, a irmã mais velha, a repreendeu.

— Está tudo bem. — Jungwon a tranquilizou. — Quantos anos tem? — A menina mais nova ergueu a mão e mostrou quatro dedos. — Tenho uma irmã da sua idade.

— Pode recolher as cargas — Capitão Jeon e Yuri se levantaram, apertando as mãos. 

Jungwon se levantou logo depois, se despediu das meninas e foi-se com o pai. No caminho de volta, o sol estava escaldante. Eles mudaram o destino quando decidiram entrar em uma taberna atrás de uma bebida refrescante.

Um jovem Alfa se aproximou com uma bandeja contendo suco de limão com hortelã. Ele serviu dois copos grandes, e ao lado do de Jungwon ele deixou uma flor. 

— Que merda é essa? — Jungkook perguntou.

— Uma cortesia... — O Alfa sorriu olhando para Jungwon.

— Que linda! — O Ômega sorriu de volta — Obrigado. 

Quando Jungwon inclinou o corpo para amarrar o cadarço solto em sua bota, o Capitão Jeon pegou a flor, amassou e jogou contra o rosto do Alfa. O garoto agarrou a bandeira e saiu ligeiro.

— Cadê minha flor?! — O Ômega procurou depois que amarrou o cadarço.

— O vento levou — Jungkook relaxou na cadeira e passou a tomar sua bebida despreocupadamente. 

O mais novo ainda olhou para o chão buscando encontrar, mas como não viu nenhum sinal, ele não deu mais atenção ao fato.

Ao deixarem a taberna, eles aproveitaram que estavam passando pela feira para adquirir algumas frutas para Jimin. O Ômega ficava de bom humor sempre que Jungkook levava algumas para ele.

Alguns abacaxis organizados de modo interessante chamou a atenção de Jungwon. Uma Alfa aparentando ter sua mesma idade, estava ajudando o pai a vendê-los na feira. O Ômega se aproximou interessado, Jungkook foi logo atrás.

— Estão bem frescos — o dono do lugar indicou alguns. — Aurora, despache o cliente. 

A Alfa sorriu para Jungwon. Enquanto o Ômega escolhia as frutas, ambos começaram a conversar amigavelmente. Aurora era simpática e fez Jungwon sorrir algumas vezes, fazendo graça com os abacaxis.

Capitão Jeon acompanhava tudo atentamente, até Namjoon se juntar a eles. O contramestre tomou um pouco de sua atenção quando comentou:

— É bom tratar de negócios com Yuri. Ele é rápido com os pagamentos.

— Em pensar que você queria matar ele — Jungkook respondeu, prestando atenção na Alfa que se exibia para Jungwon, fazendo malabares com três abacaxis.

— Uau! Como você consegue? — O Ômega sorriu admirado. — Eles não machucam suas mãos?

— Que nada, eu pratico muito. É bem entediante ficar aqui.

— Taehyung está muito animado com o itinerário que criou. — Namjoon informou. — Pelo que eu pude ver o porão precisa estar bem vazio. É só galeão de alto nível.

— Se você quiser eu posso te ensinar. — Aurora ofereceu.

— Eu adoraria! — Jungwon se mostrou muito interessado.

Aurora percebeu que o Alfa lúpus atrás do Omega bonito estava olhando diretamente para ela. Jungkook passou o dedo no pescoço, transmitindo uma evidente ameaça de morte.

A Alfa mudou de ideia em questão de segundos.

— Pensando bem, eu não posso te ensinar. Me desculpe…

— Por que não?

Aurora olhou para Jungkook novamente, depois para o Omega.

— Ah, sabe como é… tenho aula mais tarde. Estou muito ocupada.

Jungwon franziu as sobrancelhas e olhou para trás. Seu pai parecia distraído conversando com Namjoon:

— Mande Junbuu calcular as provisões. 

— Sim, senhor  — Namjoon saiu.

— Escolheu? — Capitão Jeon perguntou com a expressão mais inocente do mundo. Jungwon assentiu exibindo a cestinha com os abacaxis. — Deixa que eu levo.

Jungkook recebeu a cesta sorrindo para o filho e esperou ele passar na frente, para logo em seguida lançar um último olhar ameaçador na direção de Aurora, quando pagou pelas frutas. 

Jungwon era um moço muito bonito, por isso, despertava o interesse de Alfas e Betas por onde passava. Para o Ômega, entretanto, ainda era mais interessante abordar navios mercantes, do que ser cortejado. 

Para imenso alívio do Capitão Jeon.

🏴‍☠️

Dois navios da Marinha coreana, liderados pelo Comodoro Siwon, estavam ancorados no porto de Xangai. Após uma difícil negociação, finalmente o Imperador Ming aceitou unir forças com a Coreia, com o objetivo de proteger suas cargas do ataque excessivo dos piratas.

Mais dois navios chineses se juntaram à frota, ou seja, quatro galeões zarparam do porto a fim de levar suas mercadorias para outras regiões. Dois deles sendo liderados pelo Comodoro Siwon, e os outros dois pelo Almirante Wo.

— Quero ver esses bastardos ignorantes se atreverem a nos atacar. — Siwon se referiu aos piratas. — Mais velocidade! Estou com pressa para chegar em nosso destino.

O Almirante Wo concordou que, nesta ocasião, seria inteligente utilizar a agilidade dos navios ao seu favor. Há muito tempo eles não navegavam tão livremente próximos à costa de Nabuco, onde foram vergonhosamente escorraçados pelos piratas.

Na terceira semana de viagem, a frota atacou embarcações e capturou alguns criminosos. 

— Como é delicioso ver esses animais presos, como tudo deve ser — Bruce bateu na grade da cela em que os piratas estavam. Os Alfas rosnaram e ele sorriu. — Bastardos!

Alguns oficiais levaram comida e bebida para os prisioneiros. Bruce rosnou cuspindo no chão.

— Por que gastar recursos com essa escória?!

— São apenas restos — Jiang explicou. — Se os capturamos foi para que sejam julgados e condenados. Não para morrerem de fome em nosso navio.

— Eu os deixaria apodrecer, depois jogaria seus corpos ao mar. — Bruce ajudou a distribuir a refeição dos piratas de maneira brusca, jogando contra as celas e consequentemente espalhando a comida pelo chão.

— Faz essa porra direito! — Lian rosnou.

— O quê? Será que eu ouvi bem? — Bruce olhou para ele. Todos pararam o que estavam fazendo para assistir. O Alfa caminhou devagar até parar em frente ao mais novo. Lian se levantou e o encarou igualmente. — Está simpatizando com piratas? É isso mesmo?

— Quem você acha que vai limpar toda essa merda que está fazendo?

— Eu não estou nem aí! 

Antes que obtivesse uma resposta, um sino foi tocado, chamando imediatamente todos os oficiais para o convés. Os quatro galões da Marinha estavam em alerta para um navio pirata que viram no horizonte.

Era o Black Swan, que no momento saqueava um navio mercante. No convés do navio pirata, o contramestre Omega avistou através da lente da sua luneta uma Frota da Marinha Real, cujas Bandeiras hasteadas mostravam que pertenciam à China e à Coreia.

— São quatro galeões. Marinha Real — Jisung observou. 

— Aguardando ordens, Capitão. — Namjoon avisou. 

Jungkook analisou com a própria luneta. Jungwon estava ao seu lado, ambos rente ao parapeito esquerdo do navio, cuja visão seguia em linha reta até as demais embarcações. Logo abaixo deles e oculto sob a face das águas estava o Kraken, e do lado direito do Black Swan, o navio que foi saqueado fugia a toda velocidade.

— Não vamos conseguir passar por quatro deles, senhor — Fritz opinou. — Devíamos ter usado a tripulação do navio mercante como reféns. 

O capitão não deu atenção, e continuou observando de longe. Eles pretendiam pilhar navios durante um vasto período de tempo antes de voltar a Nabuco e vender os saques. As provisões foram calculadas para durar uma certa quantidade de dias, incluindo alguns contratempos, mas não quatro galeões da Marinha. 

Mesmo com auxílio do Kraken, eles teriam grandes perdas de recursos se decidissem lutar. Ainda que estivessem em aparente vantagem, a Marinha não iniciou o ataque, o que era de fato muito incomum. 

— O Kraken pode ouvir o que estão dizendo? — Ele perguntou para o filho.

— Se chegar mais perto… — Jungwon encarou o mar e falou mentalmente com a criatura: — Pode fazer isso?

Uma gigantesca sombra foi vista desaparecendo quando saiu em direção dos galeões. O Kraken se tornou da cor da água, e assim que se instalou imovel abaixo dos navios da Marinha, ele pode ouvir quando o Comodoro Siwon contestou, após subir a bordo do galeão chines:

— Estamos perdendo tempo! 

— Paciência é uma virtude, Comodoro. — O Almirante suspirou. — O Capitão Jeon não é alguém que você queira subestimar. 

— Não pretendo me curvar amedrontado diante de um pirata! Não importa o quão terrível seja a sua reputação!

— Por que acha que ele não está fugindo?

— Orgulho! A vaidade subiu-lhe à cabeça! 

— Não… ele é estratégico, fugiria se realmente estivesse em desvantagem. 

— Eu devo estar cego, então... — Siwon riu com ironia. — Não vejo mais do que um bando de malditos piratas encurralados.

— Ele possui um poder incomparável à sua disposição. Poder este, que pode estar vagando logo abaixo de nós neste exato momento — Wo olhou para baixo, o Comodoro fez o mesmo. Quando ergueu o olhar novamente, o Almirante continuou: — Lembra-se do Andrômeda?

— O maior galeão de guerra. Sim.

— Foi destroçado em questão de segundos pelo Kraken, cujo controle pertence ao filho do Capitão Jeon.

— Meu bom Cristo. — Siwon estremeceu. — Achei que isso não passasse de história de pescador. 

— Engana-se, se acha que estamos em vantagem aqui. Talvez possamos estar balanceados, mas seria burrice perder recursos. Se ele não atacou, é porque pensa o mesmo.

— Então vamos deixar eles irem e manter o nosso curso?

— É o que acho mais prudente. 

Sem causar nenhum movimento suspeito nas águas, o Kraken deslizou suave e ligeiro até voltar para perto do Black Swan. Os piratas perceberam quando Jungwon debruçou-se no parapeito, e assim perceberam que a criatura lendária estava de volta.

"Estão com medo do papai aqui”. — Falou na mente do Ômega. 

— Eles temem um ataque do Krazinho. — Jungwon revelou ao pai. 

— Parece que estão seguindo o rumo. — Jungkook analisou pela luneta. — Estejam em alerta.

— Sim, senhor. — Namjoon se juntou aos piratas no convés inferior.

As embarcações da Marinha estavam demasiadamente distantes do Black Swan. Lian observou pela luneta até que o navio pirata não pudesse ser mais visto. 

Quando ouviu do Almirante que eles estavam à vista, seu primeiro instinto foi lembrar-se de Jungwon e Jay. Não era uma situação favorável, mas seria bom vê-los novamente. 

Enquanto distraía-se imaginando como estariam os meninos, Lian ouviu quando Bruce e seu grupo de degenerados parou próximo a ele. O medonho líder do bando começou a resmungar:

— Fugimos feito covardes, quando poderíamos ter capturado o Capitão Jeon e seu Omega desprezível. 

— Mas ele disse que o filho do Capitão Jeon detêm o controle da besta. — Jiang argumentou.

— Por isso mesmo, sua burra! O garoto e seu poder ficaria a nossa disposição, e seus pais seriam mandados para a forca… mas não, o Almirante preferiu deixá-los ir livremente.

— Ele foi uma péssima indicação — Ross, o amigo de Bruce provocou. — Assim como o Almirante Zhang. Ambos envergonhando o nome da Marinha. 

Bruce e seu bando observaram a reação de Lian. O Alfa olhou para eles, mas limitou-se a um suspiro e voltou a conversar com Jiang.

— A Marinha não ganhou nada com esse palerma — pouco satisfeito, Bruce deu continuidade às provocações. — Mas era de se esperar, o Almirante Wo passou grande parte de sua vida lambendo o cu do Almirante Zhang. Depois que o infeliz morreu, ele alcançou o grande prêmio: tomou seu lugar e de sobra ainda come a viúva. 

Bruce teria levado um soco, se Jiang não tivesse segurado o amigo no momento em que o Alfa avançou contra o outro.

— Não, Lian! — Ela aconselhou. — É isso o que ele quer. Você será punido se iniciar uma briga!

— Se voltar a falar da minha mãe novamente, eu te mato!

— Vocês ouviram isso? — Bruce gargalhou. — Como alguém tão desequilibrado conseguiu passar nas provas da Marinha?

— Vem, deixa esse imbecil falar as merdas dele — Jiang insistiu até conseguir levar o mais novo consigo.

🏴‍☠️

Logo após o malfadado encontro com a Marinha, os piratas regressaram às suas atividades para manter o navio seguindo o itinerário. Capitão Jeon encontrou-se com Jimin na cabine, e lhe contou sobre a feliz decisão da Marinha, em não atacá-los naquele momento.

Com a ameaça momentaneamente distante, eles voltaram a planejar sobre os possíveis locais para esconder o tesouro que só aumentava a cada invasão.

Jungwon não participou da reunião, mas também pretendia ajudar de alguma forma, a elaborar um bom esconderijo. Ele estava sentado em uma caixa no convés superior, anotando algo em seu caderno quando Jay parou ao lado dele.

— O que está fazendo? 

— Tentando elaborar um bom esconderijo… mas o encontro com a Marinha me deixou em alerta. Está difícil me concentrar.

— Você acha que ele estava lá?

— Ele quem?

— O Lian. Bom, já fazem alguns anos que ele é um aprendiz da Marinha. A essa altura já deve ser um oficial.

— Eu não faço ideia… — O Ômega encarou o oceano, pensativo.

Anos haviam se passado desde a última vez em que viram o Alfa. Jungwon não tinha pensado nisso há um tempo, mas agora que Jay levantou a questão, ele estava se perguntando se Lian ainda possuía o mesmo olhar austero, apesar da pouca idade que tinha, e se ainda continuava tão educado e gentil.

A porta da cabine foi aberta, Hoseok, Taehyun e Dahyun saíram do cômodo, sendo seguidos por Jimin e Jungkook. Eles seguiram juntos conversando muito animados. Jimin cochichou algo com o lúpus, em seguida, acompanhou os outros, enquanto Jungkook parecia estar procurando por alguém.

— Há algo errado, pai?

Jungkook virou o rosto e encontrou seu filho sentado no convés superior, logo acima da cabine dos capitães.  

— Não — ele respondeu, subindo as escadas. — Estava procurando você.

— Vou deixá-los à vontade. — Jay ofereceu, mas Jungkook o deteve:

— Não é necessário, você pode ficar. — O mais jovem voltou ao lado do Omega. Jungkook dirigiu-se ao filho: — Lembra-se de quando pediu para te ensinar a lidar com a voz de um Alfa lúpus?

— Sim.

— E o que eu respondi?

— Um não bem grande.

— Você só se lembra disso? — Jungkook riu. — Eu disse que ensinaria quando fosse mais velho…

Os olhos de Jungwon brilharam quando ele entendeu que aquele seria o momento. Ele desceu do caixote em um único pulo.

— Está falando sério?!

Jungkook assentiu.

— Desde que teve seu… você sabe… — o Alfa estava se referindo ao heat — seu pai e eu conversamos sobre isso, e decidimos que já está na hora.

— Estou pronto!

— Faremos no porão — Jungkook disse, já descendo as escadas. — Não quero chamar a atenção de ninguém aqui em cima.

— Você ouviu isso, Jay?!

— Boa sorte, Jun! Você consegue! 

— Obrigado! — Ele o abraçou, e logo depois seguiu para onde o Capitão Jeon estava indo.

Jungwon chegou ao porão pouco depois de Jungkook. Havia pouca iluminação entre as muitas cargas, mas era possível enxergar o Alfa parado ao lado de dois baús, um de frente para o outro. Perto de onde ele estava, havia uma caixa com uma lamparina em cima.

— Onde você quer sentar? — Jungkook mostrou os dois baús como opção.

— Nesse daqui — o Ômega caminhou até o que estava mais próximo e se sentou, em menos de um segundo ele mudou de ideia, se levantou e sentou no outro, de onde era possível ver a entrada para o porão. — Não! Eu quero esse. 

Jungkook ocupou o outro baú, agora estava sentado de frente para o mais novo. Jungwon não cabia em si de tanta expectativa. Nunca tinha ouvido a voz de um Alfa lúpus antes, sabia que era um tom particularmente difícil de reprimir, mas estava certo que daria conta.

— Está pronto?

— Sim — Jungwon encheu os pulmões de ar.  

Pode me ouvir? — Jungkook iniciou. 

O menor sobressaltou ligeiramente aturdido. Seu coração acelerou devido ao susto. O lobo do Omega entrou em estado de alerta, e embora já tivesse passado por essa situação antes, a partir do momento que renasceu, ele iria experimentar todas as sensações, junto a Jungwon, como se fosse a primeira vez.

Jungwon encolheu os ombros e abaixou a cabeça. Aquela voz soava tão estridente quanto as unhas raspando em uma lousa, ou quando garfos e facas cortam apenas o prato e panelas. Causava arrepios terríveis. 

Olhe para mim. 

Apesar de tentar resistir, naquele momento parecia impossível não fazer. Ele nem mesmo teve tempo para escolher, quando deu por si, já estava olhando para o Capitão. Jungkook possuía os olhos avermelhados, os de Jungwon estavam com lágrimas. 

Agora entendia porque Jackson e seu pai haviam negado seu pedido, quando ainda era apenas uma criança. Aquela voz era terrível.

Você sabe que consegue, então resista.

O Ômega encolheu-se novamente, curvou os ombros e abraçou o próprio corpo. Ele apenas respirava ofegante tentando segurar o choro, incapaz de fazer qualquer coisa para impedi-lo.

Jungwon… 

— Por favor, pare… — ele sussurrou, cobrindo os ouvidos com as mãos. — Só um pouquinho.

— Tudo bem. — Jungkook se levantou e abraçou o filho. 

O Ômega fechou os olhos, satisfeito por sentir que estava controlando a si mesmo novamente. Ele absorveu o calor do pai e seu aroma acolhedor, sentindo-se bem com aquele contato. Embora em seu interior, o lobo estivesse um pouco atordoado com a interação de segundos atrás. 

— Me desculpe. Eu só preciso de um tempo, tá bom?

— Não se preocupe, está tudo bem. — Jungkook voltou a sentar no baú de frente ao filho e segurou em suas mãos. Jungwon o encarou feliz por voltar a ver os olhos negros do pai, que tornavam-se amáveis apenas para ele e Jimin. — Você entendeu e respeitou seus limites. Está indo muito bem. Eu não poderia estar mais orgulhoso.

— Obrigado, pai — O Omega lançou-se para frente e abraçou o mais velho. — Eu vou caminhar um pouco pelo convés, mas eu volto.

— Eu irei esperar.

Jungwon assentiu e logo deixou o cômodo, rumando para o pavimento superior. No convés, ele seguiu entre alguns bucaneiros até se encontrar sozinho na popa. Jay não estava por ali, talvez estivesse com as outras crianças se divertindo com algum jogo, no camarote que dividia com os Alfas até o referido dia que despertou o heat.

O Ômega encarou o oceano, pensando em uma forma de contornar o tom de comando, mas sempre que se lembrava daquela voz, sentia um arrepio desagradável em seu corpo. Jungkook nem sequer havia gritado ou ameaçado ele. 

Jimin notou por meio da janela da cabine quando o mais novo passou. Ele enrolou um pergaminho onde estudava algumas regiões indicadas por Taehyung, guardou dentro de um baú e deixou o cômodo seguindo para onde o filho estava.

Assim que parou ao lado dele, Jimin o abraçou de lado quando o menor deitou a cabeça em seu ombro. Ambos estavam na traseira do navio, diante da calmaria do mar à noite.

— Como foi? — O mais velho perguntou após um tempo.

— Terrível… Sinto como se duas lâminas tivessem perfurado meus ouvidos.

Jimin assentiu balançando a cabeça. Ele entendia perfeitamente o que Jungwon estava dizendo, visto que passou pela mesma experiência com Barba-Negra, talvez até pior.

— É tão injusto… — o mais novo continuou. — É como se os Alfas nascessem um passo à nossa frente. Sempre achei que fôssemos iguais.

Jimin virou o menor de frente para si, segurando em seus ombros. 

— É claro que somos, porém, temos as nossas particularidades. Os Alfas possuem essa voz, e daí? Quando um Ômega conhece a si mesmo e descobre o quanto é forte, nada poderá detê-lo.  

— Como você conseguiu?  

Uma lágrima rolou pela bochecha de Jungwon, depois outra. Calmamente, Jimin as secou com o dedo polegar quando acariciou o rosto do filho, e depois o virou de frente para o oceano outra vez.

— Encontre um ponto qualquer no horizonte e encare-o fixamente. — Jungwon franziu o cenho. Estava escuro demais para encontrar qualquer coisa para enxergar tão distante. Mas ele se concentrou, e conseguiu manter o olhar estático. — Feche os olhos.

— Certo. — Jungwon respirou fundo e fez como o mais velho indicou.

— Agora, eu quero que pense no que você considera mais importante, nas coisas que mais ama e deseja proteger. 

— Você, o meu pai, a Eunji…

— Não precisa falar… — Jimin adicionou com delicadeza. — Apenas idealize na sua mente. 

Jungwon assentiu e voltou a se concentrar. Diversos nomes passaram em seus pensamentos. Esses nomes deram lugar aos respectivos rostos, e aos poucos se transformaram nas lembranças que teve com cada um, as boas e também as nem tão felizes assim.

Uma nova sensação dominava sua mente e coração gradativamente, conforme seus pensamentos tornaram-se mais claros. Ele segurou o parapeito e apertou com força, na tentativa de controlar, de outra maneira sentia que poderia se romper a qualquer momento.

— Não se contenha — Jimin suavemente tocou em suas mãos. — Deixe fluir. Apenas sinta.

Jungwon balançou a cabeça, assentindo. Ele passou a respirar mais devagar e profundamente à medida que deixava aquele sentimento se dissolver. Quando sentiu a calmaria ocupando todos os seus sentidos, ele abriu os olhos. Estavam prateados.

Jimin sorriu para ele. Não precisava perguntar para saber que o Omega mais novo encontrava-se pleno. 

— Acho que deixei meu pai esperando demais, não é?

— Vá, meu amor. — O Capitão Jimin abriu passagem para o filho, e o acompanhou de longe até onde a vista alcançava.

Ao chegar no porão, os olhos de Jungwon estavam negros novamente, mas Jungkook percebeu que tinha algo diferente. Ele sentiu os traços suaves do aroma de Jimin nele, com isso, ele compreendeu porque a postura do filho havia mudado.

Os olhos de Jungwon fixaram-se nos de seu pai, e embora soubesse o que estaria por vir quando os viu se tornando vermelhos novamente, ele permaneceu encarando com profunda concentração. 

Jungkook usou sua voz particular outra vez e o mais novo estremeceu, apesar disso, manteve-se firme. Não era algo simples resistir a voz de comando de um Alfa lúpus, principalmente sendo ele o experiente Capitão do Black Swan. 

A princípio, Jungwon ainda se manteve contido naquela condição subjugada. A voz não mexia apenas com o físico das outras classes, mas com o psicológico também. Ela deixava todos aqueles a quem era direcionada, em um absoluto estado de obediência.

Porém, o Omega estava dedicado a alcançar tal nível de domínio. Muito maior do que a vantagem de ter uma voz capaz de subjugar qualquer classe, era a incrível capacidade de conseguir resistir a ela. 

Qual Alfa lúpus, dentre todos os oceanos que banham a terra, seria capaz de fazer o Capitão Jimin curvar-se mediante sua voz de comando? Nenhum. E APÓS LONGOS DOIS ANOS, seu filho, Jungwon, também havia conquistado a tão grande habilidade, com apenas 16 anos.

Durante esses dois anos que se passaram, partes do tesouro que pertenciam ao Black Swan foram escondidas no Triângulo da Morte, na ilha do naufrágio, em Cabuga e no porão do próprio navio. 

O local escolhido para construir um esconderijo para armazenar todo o tesouro, foi o arquipélago de Arbolgreen, conjunto de ilhas situadas a oeste de Nabuco. O local foi abandonado pelo fato de não possuir profundidade suficiente para construir um porto. Logo, só restavam algumas choupanas que foram tomadas pela vegetação.

A tripulação do Black Swan estava dividida, uma metade em Nabuco com os capitães, e a outra em Arbolgreen, com seus respectivos contramestres. 

— Se Junbuu e Arata estão em Arbolgreen, quem vai cozinhar para nós?

— Eu! — Jared balançou os braços para evidenciar sua presença. — Cães miseráveis!

Os piratas riram. Eles obviamente estavam fazendo graça em cima do bucaneiro. 

Quando a porta da cabine foi aberta, todos voltaram a se ocupar com seus serviços. O capitão Jeon acompanhou o seu filho até a rampa que dava acesso ao deque.

— Não diminua o valor se Yuri tentar persuadi-lo. Eu já acertei o preço com ele.

— Como se eu fosse fazer isso.

— Muito bem — Jungkook sorriu orgulhoso.

— Pra onde você vai? — Eunji se aproximou, equilibrando-se em cima do parapeito.

— No Forte.

— Eu posso ir!?

Jungwon mirou o pai em busca de sua autorização. Jungkook assentiu, mas antes, ele orientou:

— Mate qualquer ameaça hostil.

— O papai fez de Nabuco uma ilha pacífica para os Ômegas há muito tempo, pai. 

Jungkook assentiu, concordando com a afirmativa. De fato, depois que Jimin destruiu o Submundo físico e fez os ratos que nele se escondiam fugir para longe, nenhum Omega havia sido sequestrado naquele lugar. 

Ou melhor, enquanto o Capitão Jimin estivesse com sua tripulação ancorada em Nabuco, ninguém ousaria fazer mal a qualquer Ômega da região.

À vista disso, Jungwon e Eunji desembarcaram do navio e seguiram juntos até a Fortaleza de Nabuco. O Ômega foi recebido pelo Representante com muito respeito, assim como tratava o Capitão Jeon.

— Ele não mudou de ideia, certo? — Yuri tentou. — Não pensou melhor sobre os valores…

— O preço continua o mesmo — Jungwon o cortou.

— É… — Yuri riu. — Assim como eu esperava.

Jungwon esperou enquanto ele assinava alguns documentos que permitia a retirada de grandes valores de seus cofres.

Na sala de espera, antes do gabinete, Eunji tentava montar um quebra-cabeças, que estava em cima de uma mesa, e aparentemente representava a Ilha de Nabuco. Ela virou o rosto subitamente quando uma garota Omega entrou no mesmo cômodo. 

Curiosa, a menina se aproximou da Alfa, mas não conseguia olhar em seu rosto, visto que Eunji girava o corpo a cada tentativa da outra.

— Por que se esconde? — A Omega perguntou.

— É que caiu alguma coisa no meu olho…

— Deixa eu te ajudar. — Ela virou a Alfa para si. Eunji cobriu um olho com a mão, mas a Omega insistiu.

Cansada de toda aquela confusão, Eunji abaixou a mão e apenas esperou a garota gritar e sair correndo. Mas não aconteceu. A Omega lhe encarou de modo encantado, ela olhava do olho negro para o azul fascinada com a diferença entre ambos.

— Não está com medo? — Eunji murmurou hesitante.

— Seus olhos são tão lindos… — A afirmação da Omega foi sua resposta. 

— Obrigada. — Eunji sorriu. 

Sempre que uma nova pessoa encarava os olhos da menina, se assustavam ou faziam o sinal da cruz, imaginando que o olho escuro se tratava de um reflexo das forças malignas que habitavam dentro dela.

Aquela Omega foi a primeira pessoa que não a viu como uma aberração ou coisa pior.

— Meu nome é Zoe — a Omega se apresentou.

— Eunji.

— Estava tentando resolver meu quebra-cabeças, Eunji?

— Uhm, desculpe… meu irmão está no gabinete do Representante, eu não tinha nada para fazer, então…

— Você ainda quer ajudar a resolvê-lo?

Antes que a Alfa pudesse responder, a porta do gabinete foi aberta e Jungwon saiu junto a Yuri.

— Vamos, Ji? 

— Não podemos ficar mais um pouco?

Era bastante visível o descontentamento das duas meninas. Trocaram apenas algumas palavras, e quando finalmente iam fazer algo divertido, já era hora de partir.

— Deixe-a brincando com Zoe, depois eu levo ela.

— Se eu chegar no navio sem minha irmã, meu pai coloca esse prédio abaixo. 

— É bem a cara do Capitão Jeon — Yuri riu.

— Não é dele que estou falando.

— Oh…

— Outro dia pode brincar com ela, Ji. Nosso tio é amigo da Celina, pode levar você e a Sarah na casa dela. 

— Tá bom… — A Alfa aceitou. — Até outro dia, Zoe.

— Até.

No caminho de volta ao porto, Eunji contou ao irmão como a Omega reagiu ao se deparar com seus olhos pela primeira vez. Jungwon ficou contente em saber que nem todas as pessoas eram tão idiotas, e até ficou esperançoso de que, talvez, a população daquela ilha fosse menos ignorante.

Contudo, um Beta que passava cheio de pressa carregando algumas caixas, esbarrou na pequena Alfa e ambos foram de encontro ao chão.

— Desculpe, senhor! — Jungwon se prontificou a ajudar o Beta a guardar os arranjos coloridos que caíram fora das caixas.

— Oh, que jovem educado… — o sorriso do Beta desapareceu no momento que viu a Alfa também ajudando. — Bom Deus, que diabrura é essa?! 

O Beta se reergueu e agarrou as caixas rapidamente. Quando Jungwon também se levantou para colocar aquele estrupício em seu devido lugar, um Alfa que assistia a cena se impôs contra o Beta:

— Certamente deve estar falando de si mesmo, pinguço decrépito! — Sem coragem para discutir, o Beta se retirou resmungando baixo. O Alfa que carregava quatro suportes de madeira, virou-se para os irmãos: — Vocês estão bem?

— O que significa deprecto? — Eunji quis saber.

— Decrépito — Jungwon corrigiu e respondeu em seguida: — É uma pessoa de idade muito avançada. 

— Quase com o pé na cova, eu diria. — O Alfa completou. Jungwon riu, assentindo.  

Era de fato um sorriso muito bonito. O Alfa viu quando Jungwon e a garota entraram na Fortaleza, e os aguardou. Quando pretendia se aproximar para falar com ele, o Beta idiota causou tal confusão.

— Não está muito pesado pra você? — Jungwon apontou para os suportes que o Alfa carregava consigo.

— Sim, mas é por uma boa causa. Os preparativos para o festival estavam atrasados, e havia poucas pessoas para ajudar. Todos que estavam disponíveis trabalharam por dois, por isso vamos terminar a tempo.

— Festival? — Os olhos do Ômega brilharam.

— Sim. Todo ano nós comemoramos o aniversário de Nabuco com uma grande festa com comidas, jogos, apresentações e muito mais.

— Parece divertido.

— Porque é. Eu mesmo não perco um… — Notando o interesse do Ômega, ele ofereceu: — Se quiser, eu posso te mostrar as melhores partes.

— Eu não costumo aceitar convites de pessoas que não conheço…

— Ah, claro! Perdoe-me… Sou Doug, tenho dezessete anos e sou o único herdeiro da maior madeireira de Nabuco! Meu passatempo preferido é caçar, mas também gosto de nadar em dias quentes. Minha cor preferida é…

— Já está ótimo! — Jungwon o interrompeu. Ambos riram do exagero proposital do Alfa. — Eu gostaria, mas preciso pedir permissão ao meu pai.

— Que adorável… Você quer que eu fale com ele?

— Não! — Jungwon respondeu com agilidade. Ele sabia que o Capitão Jeon poderia colocá-lo para correr a tiros de canhão. — Não há necessidade. Que horas começa o festival?

— Ao entardecer.

— Ótimo, então se meu pai permitir, nos encontraremos aqui, neste mesmo local. 

— E como eu vou saber se seu pai deixou?

— Se eu não aparecer, você saberá. 

— Certo. 

Só então quando o Ômega e sua irmã se afastaram, Doug percebeu que sequer havia perguntado o nome dele. Mas para si, tampouco importava saber. 

O Alfa acreditava que teria aquele Omega para si naquela noite. Portanto, chegou a conclusão que gastar sua saliva perguntando o nome dele seria perda de tempo, posto que iria esquecer o seu nome na manhã seguinte quando fosse embora.

Continua…

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