[42] Ilha de Raran
Enquanto o Black Swan seguia rumo à ilha localizada pelas redondezas do Triângulo da Morte, os piratas mantinham-se atentos a qualquer sinal de mudança repentina no tempo, enquanto as crianças brincavam despreocupadas na popa da embarcação.
— Cuidado Taesung! — O irmão mais velho resmungou. — Não mostre as cartas pra ele! É por isso que estamos perdendo!
— Desculpa… — o mais novo tentou segurar o riso. Ganhando ou perdendo, o pequeno Taesung estava se divertindo.
— É só um jogo — Lian tentou apaziguar. — O máximo que vai perder é uma aposta.
— É, mas fazer apostas com Jungwon nunca é bom… Ele sempre manda fazer coisas perigosas.
— Que calúnia! — O Ômega protestou, em seguida riu, pois aquilo se tratava de uma verdade. — É só um pouquinho…
Os quatro continuaram com o jogo de cartas, onde os dois irmãos continuaram perdendo em todas as rodadas seguintes. Não por serem os mais jovens, mas pelo fato de estarem jogando contra alguém particularmente esperto.
Jungwon observou o modo com que eles guardavam as cartas durante todo o jogo. Ele prestou atenção em cada carta que era exibida e onde elas sempre eram posicionadas, nas mãos dos demais jogadores. Com a astúcia herdada de seu lobo, o Ômega quase sempre conseguia prever o movimento de cada um.
— Certo! — Jay se levantou após falharem na última tentativa. — Eu aceito a derrota, mas quero que o Lian diga o que devemos fazer.
— Eu acho mais justo que seja o Jungwon a escolher. — Lian contrapôs. — Só ganhei porque ele foi minha dupla.
O Ômega estava com um pequeno sorriso, encarando Jay intensamente. Em seus pensamentos, ele já imaginava dezenas de situações às quais o Alfa julgaria todas sendo arriscadas.
De repente, Jungwon se manifestou com um sorriso ainda maior:
— Já sei…
— O quê? — Taesung inclinou-se ansioso.
— Ai, Deus… — Jay lamentou. — Lian, eu estou ficando com medo…
— Relaxe. Não pode ser nada tão terrível.
— Eu conheço esse sorriso dele…
O Ômega se levantou e parou encostado no parapeito da traseira da embarcação. Ele olhou o mar logo onde o Black Swan deixava espuma para trás, depois para os meninos outra vez.
— Quero que toquem no kraken.
— Tá de brincadeira. — Jay expressou boquiaberto.
— Você quer que a gente pule no mar? — Taesung sobressaltou.
Até mesmo Lian ficou chocado, embora não tenha demonstrado mais do que o levantar perplexo das sobrancelhas.
— Não, bobinho. — Jungwon explicou. — O kraken e eu somos mais do que amigos, somos camaradas. Não é mesmo, krazinho?
“Não.” — A criatura respondeu na mente do Ômega.
— Ele disse que sim. — Jungwon sorriu disfarçando.
— Não estou muito certo disso… — Jay hesitou.
— Onde ele está? — Taesung tentou enxergar algo além da espuma.
Jungwon virou-se na mesma posição em que estava o Alfa mais novo, com uma mão apoiada no parapeito e o corpo levemente inclinado para o lado de fora do navio. Ele esticou a outra mão e murmurou baixinho quando fechou os olhos:
— Por favor, não me deixe no vácuo…
Os três Alfas observaram em silêncio, e um tempo após Jungwon manter sua mão direcionada para frente, seus olhos quase saltaram das órbitas quando viram o kraken erguer um de seus tentáculos e tocar suavemente na pequena palma do Ômega.
Lian e Jay deram um passo para trás, Taesung permaneceu no mesmo lugar. Jungwon abriu os olhos e sorriu quando viu a criatura lhe observando. O kraken manteve uma pequena parte do corpo a mostra, onde os olhos podiam ser vistos fora da água.
Era possível ver o reflexo do Ômega nos olhos da criatura, sorrindo, e logo depois a mão de Taesung se aproximando do tentáculo, tocando com cuidado.
— Nossa… você está todo machucado.— Taesung observou mais de perto. — Vou buscar remédio pra você!
O Alfa desceu do caixote em que estava em cima para poder alcançar o alto do parapeito, e correu em direção às escadas.
— Vamos lá, Jay — o Ômega incentivou. — Sua vez.
— Eu também posso? — Lian perguntou interessado. Ele já havia tocado na criatura antes, quando foi salvo pelo próprio. Mas o agora era extremamente diferente, pois não estava tão apavorado como antes.
— Claro que sim! — Jungwon assentiu.
O Alfa mais velho se aproximou do lado esquerdo e tocou no kraken sem qualquer medo ou hesitação. Os grandes olhos da criatura abissal acompanharam atentamente cada movimento do Alfa, mas nada fez além de permitir o contato.
— Jay!
— Estou indo, estou indo! Sem pressão! Estou indo.
O menino chegou mais perto com bastante cuidado e hesitação. Apenas aquele tentáculo era capaz de quebrar os ossos de seu corpo ao meio, todos de uma só vez. Ele parou do lado direito de Jungwon, e com um pouco mais de incentivo conseguiu finalmente tocar no flexível braço da criatura.
— Você não está mais sozinho. — Jungwon murmurou para o ser.
Os três estavam refletidos nos olhos do kraken, com as mãos tocando o implacável tentáculo dele. O contato era quente e agradável, tal como quando ele deixou as camadas mais frias do oceano profundo pela primeira vez em muito tempo, e sentiu a luz do sol mais uma vez em meio ao ataque sofrido pela Marinha.
O sino que ficava no alto da cesta do mastro foi tocado algumas vezes, o kraken retraiu deu braço e o puxou com extrema rapidez, voltando a se esconder abaixo da zona fótica.
— O que aconteceu?! — Lian procurou por algum sinal da criatura marinha, mas ela havia submergido completamente.
— Vamos ancorar.
— Como você sabe?
Poucos segundos antes do Ômega responder, ouviu-se a voz de Namjoon:
— Soltar a âncora!
— Ué, cadê ele? — Taesung reapareceu trazendo consigo algumas gazes.
A peça de ferro foi solta próximo à enseada de uma ilha, e o navio ficou imóvel enquanto os piratas se preparavam para desembarcar.
— O que devemos fazer? — Lian ainda parecia um pouco perdido.
— Eles estão descendo os botes, acho que vamos desembarcar naquela ilha. — Jay respondeu.
— E o que tem naquela ilha?
— Eu sei lá.
Lian observou o pedaço de terra um pouco distante. Ele se afastou quando alguns piratas passaram entre eles para buscar algumas caixas que estavam empilhadas no fundo da embarcação.
Jimin estava parado com os braços cruzados, próximo ao parapeito do lado direito do navio. Jungkook estava ao lado dele, observando os piratas descerem os botes com equipamentos e suprimentos que a estadia naquela ilha iria demandar.
— Quando eu disse que o Jisung precisava de um lugar fixo — o Ômega comentou —, eu não estava me referindo a esta ilha.
— Essa ilha é completamente segura. — Jungkook argumentou.
— Se ela fosse segura Francis Bonny não teria escondido um de seus fragmentos aqui.
— Você tem um ponto.
Jimin encarou o Alfa com uma expressão como quem diz “jura?”, o deixou sozinho e encontrou-se com o irmão, que também esperava para desembarcar na ilha.
— Se você não se sentir seguro aqui, não precisamos ficar. — O irmão mais velho indicou.
Mas Jisung estava completamente despreocupado.
— Do que está falando? — Com as mãos nos quadris, Jisung inspirou fundo antes de prosseguir: — Essa ilha parece maravilhosa. É tão verde. Sabe o que isso quer dizer?
— Sem intervenção da humanidade.
— Exatamente! Isso é o suficiente pra me fazer querer ficar.
Com isso, o Ômega mais jovem foi chamado por Jackson, para que pudesse ajudá-lo a descer até os barcos. Jimin se debruçou no parapeito e observou os dois descendo.
— Isso, agora coloca essa mão aqui… — o Alfa indicou. — Os pés aqui… — a cada vez que Jackson indicava o que fazer, Jisung suspirou irritado. — Agora a outra-...
— Eu sei o que fazer, Jack.
— Eu sei que você sabe — o Alfa disse, porém, continuou: — Agora segura aqui, bem firme.
Jisung negou com a cabeça, com um longo suspiro, e continuou seguindo os comandos de seu Alfa. Jackson era tão teimoso quanto ele.
O Black Swan ficou ancorado ligeiramente próximo da margem, o Capitão Jeon estava decidindo se eles fariam ou não uma nova limpeza no casco. Levar o navio até a praia de uma ilha que se encontrava em pleno mar aberto, deixaria a tripulação exposta a ataques de qualquer um que utilizasse aquela rota.
A ilha ficava perto das rotas de Barba-Negra, e muito provavelmente da Marinha também. Com o Black Swan completamente exposto e inútil fora do mar, bastava se aproximar um pouco para qualquer tripulação conseguir destruir o navio pirata.
— Por que Francis Bonny escolheu este lugar para esconder uma das partes de seu mapa? — Jimin perguntou assim que desceu do bote, caminhando sobre a areia molhada. — Parece tão tranquilo…
Hoseok riu. Com ele, alguns piratas logo foram murmurando coisas a respeito do lugar.
— Acontece que existe uma caverna lá pra dentro dessa floresta — o atirador contou. — Ela não tem nada de tranquila.
— Papai, eu posso explorar a caverna? — Jungwon perguntou com brilho nos olhos.
Jimin e Jungkook responderam ao mesmo tempo, respectivamente:
— Não.
— Sim. — Jimin olhou para o Alfa com os braços cruzados. Jungkook o encarou por alguns segundos, logo em seguida desviou o olhar para o filho e corrigiu: — Não.
Com isso, o menino deu de ombros e seguiu com o coelho nos braços, na direção em que os piratas removiam as ferramentas necessárias para erguer tendas.
— Posso ajudar com alguma coisa? — Lian perguntou a Namjoon.
O contramestre ditava o que cada pirata deveria fazer, quando observou o mais jovem. O aprendiz da Marinha realmente parecia disposto a cooperar.
— Leve essas cordas para eles. — Namjoon indicou um grupo de piratas que erguia o local onde provavelmente seria a enfermaria, já que ambos os médicos também estavam lá.
Lian segurou as cordas com as duas mãos e levou-as para onde Namjoon recomendou. Logo depois, ajudou um outro grupo que montava a cozinha, retornando em seguida para a enfermaria.
— Olha, papai — Taesung passou por ele levando consigo um ramo de ervas. — Sálvia.
O médico recebeu a planta e cheirou, confirmando logo em seguida.
— Que belo achado, muito bom. Você sabia que a sálvia além de ajudar a tratar inflamações também alivia picadas de insetos? — O mais novo assentiu balançando a cabeça. — Onde encontrou?
— Ali. — Taesung apontou a direção.
— Olha só, Jin — Sungjae ergueu e exibiu ramo. — Temos sálvia.
— Que ótimo!
O médico Beta seguiu o outro e o pequeno Alfa até o local onde os ramos de sálvia se espalharam ao redor de algumas árvores, ainda no início da floresta.
— Quero o mapa dessa ilha. — Jungkook pediu e dentro de poucos instantes o navegador o entregou em mãos. — Billy e Sven, quero que subam até este pico e vejam se há outra embarcação nos arredores. A ilha é muito grande para controlá-la a pé.
Lian tentou manter-se à vista de Jimin o tempo inteiro. Ele não confiava em ninguém daquela tripulação, com exceção do próprio Jimin, Jungwon e Jay. Os olhares hostis que alguns piratas lhe direcionaram faziam-lhe desejar que o Tenente Wo o encontrasse logo.
Lian buscava qualquer sinal de um galeão da Marinha no horizonte, quando Jay chegou ao seu lado perguntando:
— O que está procurando?
— O sr. Wo.
— Quem é o sr. Wo?
— Tenente da Marinha chinesa.
— Não fala isso perto do Capitão Jeon… — o mais novo sussurrou. — Ele pode não gostar.
—Certo. — Lian sorriu para ele. Buscou por Jimin na praia mas o Ômega já não estava mais lá. Nem mesmo Jungwon. — Onde está o Capitão Jimin?
Jay também olhou ao seu redor. Ele viu o coelho entrando na floresta.
— Vamos seguir o Puffy, com certeza ele vai encontrar o Jungwon.
Mesmo acreditando que aquela não era uma boa ideia, Lian deixou ser guiado por Jay. O coelho era rápido quando pulava entre as folhagens e arbustos, mas os meninos conseguiram acompanhar.
Puffy parou no cantinho de uma imensa raiz, farejou duas plantas e prontamente escolheu uma delas para comer.
— Eita… — Jay sorriu amarelo.
Lian observou a sua volta enquanto o menor ocupou uma parte da raiz para descansar, perto de onde o coelho se alimentava. O mais velho olhou para cima quando ouviram o som de algum animal pulando pelos galhos das árvores.
— O que foi isso?! — Jay se levantou no mesmo segundo, assustado e olhando para cima.
— Seja lá o que for, já foi embora. — O outro disse, demonstrando tranquilidade.
— Por que está tão calmo? Estamos perdidos com alguma coisa na floresta!
— Não estamos perdidos, Jay — Lian tocou na árvore cujas raízes estavam à mostra, onde ele mesmo estava sentado. — Depois dessa árvore, seguindo naquela direção, é onde fica o acampamento. Não estamos tão longe assim.
— Ufa, ainda bem… — ele se sentou ao lado de Lian.
Pensativo e com os ombros curvados, o Alfa mais jovem pensou nos últimos acontecimentos que se passaram desde que Lian e ele seguiram o coelho floresta adentro.
Diferentemente dele, o mais velho esteve o tempo inteiro seguro, mantendo o controle da situação. Não demonstrou medo algum de estar num lugar fechado, onde mal conseguiam enxergar a luz do sol através das copas das árvores.
— O que foi? — Lian indagou preocupado.
Jay suspirou antes de responder:
— Se o Jungwon estivesse aqui ele não ficaria assustado como eu… nem mesmo o Taesung.
— Mas você não…
— Tudo bem, Lian… me falta coragem.
— Precisa ter muita coragem para admitir que está com medo.
— Você acha? — Jay o encarou radiante.
Lian sorriu quando respondeu:
— É claro que sim.
— Você é um bom amigo, mesmo que seja um aprendiz da Marinha
— Eu vou considerar isso um elogio.
— Mas é… escuta, Lian…
— Hm?
— Promete que nunca seremos inimigos?
— Que tipo de promessa é essa? — O mais velho sorriu com o cenho franzido.
— Quando a gente crescer, você sabe. Piratas e oficiais da Marinha são inimigos.
— Entendi… não precisa se preocupar. Não seremos inimigos.
— Você promete?
— Eu-...
— Hey… o que estão fazendo aqui? — Scott apareceu segurando um facão apoiado no ombro, e com alguns cocos na outra mão.
Lian ficou de pé rapidamente, o mais novo permaneceu sentado quando respondeu:
— Seguimos o Puffy atrás do Jungwon. Mas ele só queria comer um pouco desse matinho aqui.
— Jungwon estava ajudando o pai dele a coletar madeira. Já devem estar no acampamento.
— Vamos lá. — Jay ergueu-se levando o outro consigo na direção da praia.
— Esperem. — Ambos pararam quando Scott os chamou. Ele colocou os cocos no chão e puxou o facão para abrir dois. Logo a seguir ele entregou um para cada menino. — O clima está muito quente.
— Obrigado, pai.
Lian curvou o corpo em agradecimento, deu meia volta juntamente com o mais novo, seguindo caminho até o acampamento. O coelho foi levado também.
Na praia, eles encontraram Jungwon sentado na areia ao lado do tio Ômega. Jackson também estava logo ao lado parado feito uma estátua de guarda, pronto para negar ou autorizar qualquer atividade que seu Ômega viesse a realizar.
Com a intenção de despistá-lo, Jisung pensou em um plano rápido que tirasse seu Alfa de vista por um tempo.
— Oh, como eu queria comer um peixinho assado na brasa…
— Um peixinho? — Jackson inclinou o rosto para mais perto do Ômega.
— Sim. — Jisung suspirou alisando a barriga. — Eu tô com um desejo de comer peixe…
— Eu vou pescar um peixe enorme pra você, meu bem. — Jackson beijou o Ômega na testa e sorriu para ele.
Jisung sorriu de volta, mas pelo fato de que finalmente poderia se mover sem ter a sombra do Alfa sempre por perto.
Assim que Jackson se levantou do chão de areia, Jungwon notou em seu semblante aquilo que em seu sonho pareceu tão confuso, e o sorriso do Ômega que apareceu em seu sonho surgiu em sua mente quando ele chamou pelo Alfa:
— Jack? — Já a caminho do mar, ele olhou para Jungwon. — Você parece muito com o seu pai quando está sorrindo.
A declaração inesperada pegou o Alfa de surpresa, ele apenas assentiu mas pensava em algo para falar. Impaciente e sentindo os costumeiros incômodos, Jisung o apressou:
— Meu peixe, Jack!
— Estou indo, meu bem. — Jackson sorriu para Jungwon uma última vez, e seguiu seu caminho.
No momento que o Alfa deu as costas, Jisung começou a se levantar devagar. Jimin não deixou passar despercebido a afirmação do filho, e se aproximou do mesmo. Aquilo foi no mínimo curioso, eles não possuíam nenhuma pintura do Capitão Francis.
— Você já viu alguma imagem do pai dele em algum livro?
— Não, mas eu o vi em um sonho.
— Jura?
O menino balançou a cabeça positivamente.
— Eu não sei exatamente se foi um sonho, parecia muito real, mas ele ensinou como eu poderia fugir do lugar que estava preso com o Lian. Ele é muito esperto, papai!
Jimin sorriu para ele, passando a mão carinhosamente em seu cabelo.
— Você é muito esperto.
Jungwon enrubesceu ao receber o elogio sincero do pai. Um resmungo ao lado chamou a atenção de ambos, e os dois viram Jisung com as mãos apoiadas nas costas.
— Jimin pelos céus e pela terra, me socorre!
— O que foi, Ji?! — O lúpus se alarmou.
— O Jackson não me deixa em paz! Eu quero andar, quero respirar. Dar um passo sem que ele mova uma simples formiga do caminho!
— Estou aqui para isso. — Jimin segurou na mão do irmão e buscou seu Alfa ao redor.
Viu quando Jungkook entrou em uma das tendas e seguiu logo atrás, levando Jisung e Jungwon consigo. O Alfa estava prestes a solicitar algo de seu navegador quando os Ômegas entraram na cabine improvisada.
— Onde está o mapa da ilha?
— Está aqui. — Jungkook o removeu do bolso e entregou ao Ômega.
— Obrigado. — Jimin agradeceu. — Vou explorar a ilha.
Jungkook assentiu, e quando os Ômegas deixaram a tenda ele se voltou para o navegador:
— Acha que consegue prever se Barba-Negra vai passar por aqui nos próximos dias?
— Bom, sim. Mas há outras tripulações e a própria Marinha pode usar essa extensão como rota. Por que a pergunta?
— Pretendo aproveitar a estadia para limpar o casco. Mas não podemos ficar tão expostos com um navio imprestável na praia.
— Obviamente. — Taehyung concordou. — Mas devo salientar que seria uma boa ideia. O acúmulo de cracas e algas no casco é uma grande resistência à velocidade do navio. Quanto tempo teremos na ilha?
— Dois meses, ou um pouco mais. Ficaremos até que Jisung tenha seu filhote.
— Hmm… — Taehyung abriu seu caderno onde continha as anotações que recebeu de Bath Heins. — Talvez eu possa calcular os dias que Barba-Negra passa longe dessa região, e converter em intervalos onde qualquer outro navio venha a aparecer, possivelmente.
— Eu quero precisão.
— Então eu vou precisar da minha equipe. — O Beta afirmou abrindo um mapa sobre a mesa.
— Equipe?
— Sim. O nosso atirador estrategista e o espadachim que trabalha apenas com raciocínio lógico.
— Vou chamá-los aqui. — Jungkook sabia perfeitamente sobre quem Taehyung estava se referindo.
E logo depois, Yoongi e Hoseok entraram na tenda para ajudar o navegador a determinar um período seguro para levar o Black Swan a praia, limpar o casco e levá-lo de volta ao mar, sem que nenhuma ameaça aparecesse, pelo menos durante o tempo em que o navio estivesse inutilizável.
— Então, meus amores — Taehyung se colocou entre ambos —, o Capitão quer cem por cento de certeza.
Os Alfas entreolharam-se. Era uma tarefa verdadeiramente difícil prever algo que não tinha total controle. Eles possuíam todo o itinerário de Barba-Negra, mas Teach não era o único que navegava pelo alto mar.
— Quais as rotas de Barba-Negra pela região? — Yoongi perguntou.
— Estou marcando no mapa.
— Ótimo — Hoseok apoiou. — Vamos começar pelo que já temos.
Após Taehyung demarcar cada ponto onde Edward Teach e suas tripulações navegavam. Os três calcularam o tempo em que o mesmo ficava em cada lugar, incluindo os contratempos mais comuns.
Com o tempo que restou, eles levaram em consideração muitos outros aspectos importantes em relação às outras tripulações piratas e também as Marinhas. Algumas lacunas foram extremamente difíceis de encaixar em algo coerente, mas os três conseguiram entregar ao Capitão Jeon uma excelente previsão que deixou o lúpus muito satisfeito.
— Então teremos oito dias livres, dentro de duas semanas.
— Sim. — Taehyung.
— Muito bem. Bom trabalho, os três.
— Obrigado, Capitão. — Yoongi agradeceu.
— Isso merece uma comemoração-...
Hoseok mal expressou seus pensamentos quando o Beta acrescentou:
— Eu pego o rum. — E logo saiu da tenda, marchando empolgado.
— Eu ajudo. — Hoseok foi atrás.
— Precisa de mais alguma coisa, Capitão? — O espadachim questionou. — Eu vou ficar… incapacitado por um tempo.
— Não, pode ir.
Yoongi assentiu e foi o próximo a sair da tenda, deixando o lúpus sozinho. Jungkook deu a volta da mesa para sentar-se e guardar as informações no livro de registros.
🏴☠️
Jisung estava sentado em uma pedra que ficava na margem de um rio, com uma pequena queda d'água. Na parte mais alta, Jungwon assistia Baekhyun desafiando Arata saltar na água.
— Não vou pular. Pule você!
— Mas é um saco de batatas mesmo. — O ruivo cruzou os braços.
— Você acha que eu sou bobo?
— Você quer a verdade ou o que você gostaria de ouvir?
Arata abriu a boca mas fechou no mesmo instante, Baekhyun sorriu dizendo que estava brincando. Jungwon virou-se para Jimin, na tentativa de ser o próximo a saltar.
— Papai, eu posso?
— Não. Por que não vai procurar flores bem bonitas?
— Tá bom.
O menino se levantou e desceu através das pedras que ficavam amontoadas no contorno da queda d'água, até chegar na parte nivelada onde o rio descia cortando uma parte da floresta. Sob os olhos atentos de Jimin, ele buscou nos arredores por flores que possuíam um perfume agradável.
Jisung moveu os pés embaixo da água, assustando alguns peixinhos que às vezes se arriscavam em chegar perto. Ele voltou a ficar parado para que os peixes se aproximassem novamente, mas o que viu por meio do reflexo da água foi um Alfa de braços cruzados e uma expressão severa.
— Olá. — Jisung sorriu para ele. — Você conseguiu o peixe?
— Ele está na praia.
— Humm… — Jisung murmurou com falso entusiasmo.
— Você não queria mesmo um peixe, não é? — O Alfa se abaixou perto dele. Jisung negou balançando a cabeça devagar. — Então você me fez entrar naquela água salgada e gelada pra buscar um peixe que você não queria… — Jisung estava tentando não rir. — Por que?
— Desculpa, eu estava precisando de um tempo...
— Explique.
— Você é um amorzinho, Jack. Muito atencioso e sempre disposto a cuidar de mim. Mas acontece que eu não sou feito de porcelana. você não estava me deixando respirar.
— Eu estava sufocando você?
— Só um pouquinho… — Jisung respondeu suavemente. — Eu vou ficar aqui com os outros, você pode voltar pro acampamento, tá bom?
— Tudo bem. — Jackson observou o ambiente ao redor. — Se precisar de qualquer coisa me chame.
— Tá bom.
Jackson hesitou antes de ir.
— Se eu sentir que você está se esforçando demais eu venho te buscar.
— Combinado.
Assim que Jackson se retirou, Arata se juntou ao Ômega loiro na margem do rio.
— Seu Alfa é bastante protetor.
— Sim. Ele é muito fofo.
Jungwon surgiu com algumas flores de cores diferentes, sentou-se junto aos demais Ômegas e ficou enfeitando o cabelo deles enquanto os mais velhos conversavam.
No final daquela manhã agradável, os cinco decidiram retornar para o acampamento. O primeiro a aparecer dentre as árvores foi Arata, Sven esqueceu que estava conversando quando viu o Ômega passando pela praia. Ele estava muito bonito com algumas flores brancas pelo cabelo, e Sven o admirou.
— Presta atenção! — Jared o acertou na nuca.
— Hã?!
— Sven tá apaixonado — Billy brincou.
— Talvez… — Sven confessou com um sorriso enigmático, pegando os outros dois de surpresa. — Quem sabe?
— Como assim? Talvez o quê, seu cachorro? — Jared ficou atento. — Se está falando do Arata saiba que antes vai precisar falar comigo primeiro.
Sven trocou olhares com Billy e começou a rir. Sem responder, ele se levantou deixando Jared ainda mais confuso, e Billy se divertindo com a situação.
Com a assistência de seus ajudantes, o cozinheiro preparou uma refeição saborosa e em boa quantidade, onde todos ficaram muito satisfeitos.
Jimin deixou o filho com as outras crianças, treinando com Jackson e Baekhyun, e decidiu que iria caminhar um pouco ao longo da praia. Ele estava com uma coroa que o próprio filho fez, utilizando algumas flores azuis e lilás, e também pequenas folhagens.
A calmaria do mar dava uma sensação de tranquilidade. Jimin observou o horizonte distante e tudo parecia diferente do que Taehyung, Hoseok e Yoongi previram, sem navios ou ameaças. Contudo, ele sabia que a paisagem pacífica era uma mera aparência.
Olhou para o lado quando ouviu um barulho de folhas secas no chão sendo pisoteadas, vindo da direção da floresta. Continuou parado no mesmo lugar, tentando observar de longe o que poderia ter causado aquele barulho, mas não havia muito o que ver, aquela floresta possuía árvores bastantes frondosas, dificultando a penetração da luz do sol em seu interior.
— Oi? — Jimin chamou mas ninguém respondeu. — Que ótimo.
O Ômega olhou uma última vez na direção do acampamento antes de se embrenhar entre as árvores, com a mão no cabo da pistola. Jimin avançou para dentro da floresta tomando cuidado onde pisava, para não fazer barulho.
A floresta estava silenciosa, exceto pelo som do vento batendo nas folhas das árvores. Quando Jimin girou o corpo decidido a voltar à praia, quase puxou a arma do coldre quando deu de frente com o Capitão Jeon.
— Você me assustou!
Jungkook sorriu, ignorando o olhar bravo do menor.
— Não tem ninguém na ilha além de nós… — os olhos do Alfa seguiram até a coroa na cabeça do loiro e ele acrescentou: — Majestade.
— Para de rir, o Jun que fez pra mim.
— Não estou rindo. Está muito bonito. Me faz querer fazer coisas com você… — Jungkook o observou dos pés à cabeça, enquanto chegava mais perto.
Jimin permaneceu parado à medida que ele se aproximava.
— Que tipo de coisas?
O Alfa parou rente o corpo do mais novo, encaixou uma mão na face do loiro e inspirou o aroma doce de jasmim. Ele contornou os lábios de Jimin com o polegar, vagarosamente, apreciando como cada curva dele era perfeita, enquanto Jimin o olhava fixamente nos olhos.
Jungkook inclinou o queixo do Ômega ligeiramente para cima, e Jimin fechou os olhos e abriu a boca quando o Alfa juntou seus lábios. Jungkook aprofundou o beijo quando suas línguas se encontraram, suas mãos se moveram abraçando o corpo dele, mantendo-o colado ao seu.
O contato chegou ao fim quando Jimin interrompeu o beijo. Ainda manteve os olhos fechados quando o Alfa encostou a testa na dele, também respirando com dificuldade.
— Isso não vai acabar bem… — Jimin murmurou. Ele abriu os olhos ao mesmo tempo que o mais velho, e seus olhares bloquearam um no outro. — Daqui a pouco nosso filho começa a vasculhar por aí… não estamos muito longe do acampamento.
— Vamos pro navio, então.
— Com todo mundo olhando? — Jimin se afastou e cruzou os braços. — Não…
Jungkook sorriu. Era adorável quando seu Ômega corava.
— Então faremos com que não nos encontrem.
Assim sendo, Jungkook segurou a mão do Ômega e o incentivou a segui-lo floresta adentro. Jimin não ofereceu resistência à ideia, seu próprio corpo lhe entregaria se dissesse que não queria aquilo.
Continua...
A coroa que o Jungwon fez pro Jimin, eu imaginei tipo assim :3
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