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[23] Confiança

Ao sair da cabine, Jimin olhou ao seu redor e viu o estaleiro com poucas luzes. A única movimentação era de alguns marujos voltando para seus respectivos navios. Bêbados ou não, ignoravam completamente o Ômega loiro correndo pelo convés, sumindo na escuridão até a popa do Black Swan, direcionada para o mar enquanto o navio estava ancorado no estaleiro.

O Capitão Jeon passou pela porta e a fechou. Sentindo o aroma de jasmim deixado por Jimin, ele seguiu o mesmo caminho até encontrar o Ômega sentado na mureta do fundo da embarcação. Embora quase não houvesse nenhuma iluminação ele o viu com um sorriso.

— Pode se desequilibrar e cair no mar — o Alfa avisou ao se aproximar.

— Então você pularia para me salvar.

Jungkook sorriu. Ele se acomodou entre as pernas de Jimin e envolveu a cintura dele com seu abraço. Jimin não desceu de onde estava sentado, apoiou as mãos nos ombros do Alfa e olhou para cima, inalando o agradável aroma de rosas. 

— Se fôssemos parar naquela ilha outra vez, eu o jogaria no mar agora mesmo — Jungkook brincou, beijando a curva da mandíbula do Ômega, próximo da orelha. Jimin sorriu, trazendo o Alfa para mais perto de seu corpo. — Não tem medo que alguém veja?

— Jungwon está dormindo. As outras crianças provavelmente também, está muito tarde. A tripulação em parte está se embebedando na taberna, enquanto a parte responsável está dormindo para um novo dia de trabalho.

Jungkook o encarou, fingindo semblante sério e chocado.

— Então você calculou tudo para me atrair até aqui? 

Jimin riu divertindo-se com a brincadeira dele, apoiando a testa no peitoral do pirata. Em seguida, ele recobrou a compostura e encarou o Capitão com um olhar esperto.

— Eu não o atrai, você que me seguiu. 

Jungkook o analisou. O Ômega ainda mantinha uma expressão divertida. As mãos do Alfa desceram até os quadris de Jimin, Jungkook o puxou de modo que ele sentisse seu órgão contra o dele.

— Segui — o Capitão confessou, ainda mantendo ele firme e colado contra seu corpo, voltando a beijar e chupar o pescoço dele. — Me pareceu que você queria muito…

— Quero. — Jimin respondeu quase imediatamente. Uma das mãos subiu até a nuca do Alfa, mantendo ali. A outra desceu para o primeiro botão da camisa dele. — Me sinta...

Jimin sentiu os lábios do Capitão contra sua pele, seguindo um caminho guiado por ele através da clavícula, até a área do ombro em que estava sua marca. Jungkook sentiu seu próprio aroma ali, além do de jasmim, e o forte desejo do Ômega. É claro, Jimin experimentava a mesma sensação por parte do Alfa, tão intenso quanto o seu.

Embora ainda fosse bastante jovem, Jimin deu ao Capitão Jeon um herdeiro que estava prestes a completar nove anos. Em uma sociedade comum e com um filho já nessa idade, um Ômega seria deixado de lado pelo seu Alfa e trocado por meretrizes, enquanto ele estava em casa cuidando do filho e sofrendo pela traição que sentiria a todo momento.

Mas Jungkook o amava de tal maneira, que só conseguia ânsia-lo ainda mais com o passar do tempo. A cada ano que se passava o Capitão desejava tocar e amar seu Ômega, sempre como se fosse pela primeira vez. Jimin compartilhava do mesmo sentimento. 

Seus lábios encontraram-se e um beijo molhado e lento se aprofundou entre gemidos abafados. As mãos que acariciavam ajudaram a se desfazer das roupas, não havia lamparinas acesas nem mesmo a luz da lua para exibir as duas figuras na popa do Black Swan. O calor do ato impediu o Ômega de sentir frio. O Capitão estava quente.

Jungkook deslizou seus dedos longos, acariciando e sentindo a umidade entre as pernas de Jimin. Ele parou para olhar suas expressões. Gostava de admirar o quanto seu Ômega era lindo, até mesmo quando estava excitado e ofegante. 

— O que foi? — Jimin perguntou, corado e com o cenho franzido.

— Estou admirando. 

Jimin sorriu para ele, mordeu o lábio e desceu da balaustrada. A camisa de botões do Capitão estava aberta, as mãos de Jimin desceram trilhando caminho pelo peitoral do Alfa e mais abaixo, os dedos pararam na cicatriz na lateral do abdômen, deixada pela indômita lâmina de Alma-Negra.

Jimin a encarou por um tempo, sentindo o relevo entre os dedos, até que o Alfa ergueu seu rosto outra vez. Jungkook o beijou docemente, ajudando ele a remover o cinto e abrir os botões da calça. Jimin sentiu a ereção do Alfa e a tomou entre os dedos. 

As mãos dele eram suaves e seus movimentos firmes. Jungkook mordeu seu lábio inferior e o liberou aos poucos, sentindo a respiração quente e ofegante do Ômega, contra sua boca. Ávido para ser tomado por ele.

Jimin tentou virar-se mas Jungkook o impediu, segurando firme em seus quadris.

— Quero olhá-lo. — O Alfa alegou. 

Uma das mãos subiu até se encaixar na bochecha do Ômega, e ele inclinou o rosto para beijá-lo com suavidade. Jimin sustentou um braço no ombro de Jungkook, a mão apoiada na nuca, para erguer uma perna e deixar-se mais exposto para ele.

O Capitão Jeon desceu a mão que estava no quadril dele e a encaixou embaixo da coxa do Ômega. Jimin se apoiou no outro ombro de Jungkook usando a segunda mão e ergueu a outra perna, onde encontrou a mão do Alfa para lhe dar suporte novamente. As coxas dele se apertaram ao redor de Jungkook.

Jimin sentiu tremores em seu ventre, ao ter a rigidez do Alfa comprimindo sua entrada. Ele o penetrou lentamente, apreciando cada expressão do Ômega. Jimin fechou os olhos e mordeu o lábio tentando relaxar, pela sensação repentina de queimação. Logo em seguida entreabriu os lábios e ofegou com prazer, quando a ereção do Alfa se acomodou dentro dele.

Quando abriu os olhos, Jimin teve a visão do Alfa olhando para si. Era uma visão de Jungkook que ninguém mais poderia ter, além dele. O Capitão queimava em paixão, os olhos fixos nos dele enquanto se movia saindo de dentro do Ômega lentamente, para em seguida invadi-lo outra vez. Ele aumentou o ritmo fazendo Jimin gemer ruidosamente, apertando as coxas ao redor de Jungkook para que ele fosse mais fundo.

Jungkook grunhiu baixo, tendo a sensação intensa dos músculos internos do Ômega cobrindo todo seu membro, apertado, molhado e quente. Tão suave e sensível. Seu corpo movia contra o de Jimin enquanto o beijava, dessa vez mal podendo se controlar quando o orgasmo chegou. 

Uma sensação de êxtase percorreu o corpo de ambos. Jungkook relaxou e eles respiraram ofegantes, recuperando-se do intenso momento na parte de trás da embarcação. O Capitão saiu do centro dele e o posicionou de volta sentado na balaustrada.

Jimin apoiou o rosto na curva entre o ombro e pescoço do Alfa, e sorriu ao sentir um suave beijo em sua cabeça.

— Você é perfeito, Jimin. — Ele o beijou novamente, e quando o Ômega ergueu a cabeça para olhá-lo, foi beijado no rosto com suavidade. — Cada parte sua.

— Eu amo você. — Jimin o abraçou com mais intensidade, sentindo o calor e aroma do seu Alfa. 

Não estavam preocupados por estarem tão expostos ali. A escuridão os ocultava em plena vista, e mesmo assim, a tripulação que se divertia nas tabernas não tinham a intenção de voltar ao navio tão cedo. Tampouco o casal de lúpus desejava se desfazer daquele abraço.

🏴‍☠️

O Black Swan estava no estaleiro passando por novos consertos. Os piratas estavam trocando algumas partes do casco e cabos que foram destruídos.

Após terminar as lições passadas por Jimin, Jungwon saiu da cabine ávido para ver os piratas trabalharem. Não querendo atrapalhar o serviço, ele sentou em uma caixa que estava mais no cantinho. Uma figura se aproximou ao lado e ficou encostado em uma caixa maior, bem próximo a ele.

— Perdeu suas armas. — Era a voz de Jackson. 

— Meu pai disse que vai mandar fazer outras.

— Entendi… — ambos ficaram em silêncio por um tempo, apenas observando os piratas discutirem vez ou outra, quando alguém fazia algo de errado. Após um tempo, Jackson sugeriu: — Se quiser pode usar uma espada.

— Eu sei, mas eu prefiro adagas.

— Não digo isso por causa do meu pai — Jackson explicou, mas o menino manteve sua atenção nos bucaneiros. — Jungwon?

— Hm? — Ele virou-se para o Alfa.

— Você é a reencarnação do meu pai. Dividem o mesmo lobo, mas não são a mesma pessoa.

— Por que está me dizendo isso?

— Porque eu quero que saiba que eu gosto de você, pelo que você é. — o Ômega sorriu instantaneamente. Jackson também sorriu e adicionou: — E eu tenho que confessar, você é muito habilidoso com as adagas.

— Você acha que um dia vou ter tão bom quanto meu pai?

— Vai ser melhor. — O Alfa exibiu a lâmina com as runas. — Eu sou melhor que meu pai com essa espada aqui, e você também vai superar o seu.

Jungwon riu. Ele não estava tão certo quanto a afirmação do Alfa, o antigo dono daquela espada era uma lenda, dificilmente alguém iria superá-lo. Mas era bom voltar a mesma amizade que tinha com Jackson. 

— Sinto que meu lobo está discordando de você — Jungwon brincou.

Jackson ergueu as sobrancelhas, chocado.

— Seu lobo está enganado. 

— Os dois estão — ambos ouviram a voz de Jisung. O Ômega se aproximou, com a mão apoiada no pequeno relevo da barriga crescida. — Eu sou o melhor com essa espada aí.

— O que está fazendo aqui? — Jackson cruzou os braços, com uma expressão séria. 

— Tomando um pouco de ar? 

— Eu já disse que você não pode andar sozinho por aí… — Jackson o repreendeu, ajudando o Ômega a se sentar. 

Jisung revirou os olhos, mas riu da proteção exagerada do Alfa.

— Meu bem, relaxe. Estou com apenas três meses. 

Jackson estava prestes a refutar, quando Jungwon se colocou entre ambos e apoiou a mãozinha no ventre de Jisung.

— Oi neném... — O menino ergueu os olhos para o Ômega mais velho. — Será que ele ou ela pode me ouvir?

— Ela. — Jackson respondeu antes. — É uma garotinha, tenho certeza.

— Como tem certeza disso? — Jisung franziu o cenho.

— Eu sinto. — O Alfa deu de ombros.

— Você é um Gama, agora? — Jimin se aproximou do filho trazendo consigo alguns livros. — Suas lições.

Jungwon suspirou curvando os ombros, mas aceitou os livros.

— Não sei se ele-... — Jisung iniciou, mas foi interrompido pelo Alfa:

— Ela.

— E se for ele? 

— Mas eu acho que é ela.

— Tá, mas eu acho que é ele. — Jimin e Jungwon acompanhavam o debate do casal em silêncio. Jisung voltou sua atenção para o mais novo: — Em todo o caso, eu costumava conversar com você quando ainda estava dentro da barriga do meu irmão, e sentia que de alguma forma você me entendia. Então ele-...

— Ou ela. — Jackson adicionou rápido. Jisung o encarou com um olhar cansado.

— Esquece… deixa pra lá. Não posso fazer nada mesmo… Não posso andar sozinho, não posso conversar com meu sobrinho, não posso nem respirar… — Jisung se levantou resmungando com os olhos marejados.

— Meu bem, me desculpe. Volta aqui… — Jackson foi atrás. — Você está certo, é um menino…

Jimin acompanhou os dois com o olhar, e riu, lembrando-se fosse quanto havia ficado mais sensível durante sua gravidez.

— Papai, meu tio vai ficar bem? 

— Vai sim — Jimin respondeu, voltando a atenção para ele. — Você que não vai ficar se não entrar naquela cabine agora mesmo e fazer as suas lições.

O menino sorriu amarelo, segurando os livros com força. Já havia se esquivado de Jimin por tempo demais, agora já não tinha para onde correr. Ele fez como Jimin indicou e seguiu para a cabine. Dentro do cômodo, Jungwon viu o pai Alfa na mesa fazendo algumas anotações e seguiu até onde ele estava.

Jungwon colocou os livros na mesa, puxou uma cadeira e sentou ao lado do pai. Jungkook tirou a atenção do livro de registros para ver o que o filho estava fazendo.

— Suas lições? 

O Ômega balançou a cabeça positivamente.

— O papai estava muito bravo…

— Não é nada bom quando seu pai fica bravo.

— Não mesmo.

Os dois suspiraram trocando olhares, em seguida, Jungkook pegou uma pena reserva e a entregou ao pequeno. Logo, ambos estavam com o rosto inclinado sobre os livros, enquanto faziam suas anotações.

— Pai? — Jungwon o chamou após algum tempo em silêncio.

— Hm? 

— Quando vamos voltar à China? 

— Não sei, filho — Jungkook ainda mantinha a atenção nos registros. — Por que?

— Porque fiz uma amigo lá.

Jungkook parou de escrever no mesmo instante. Ele ficou parado olhando para o livro aberto, enquanto ainda processava a informação. Jungwon continuou:

— Eu gostaria muito de vê-lo outra vez. 

— Ah, sim… sabe, eu acho que não vai dar pra levar o Black Swan a China nem tão cedo.

— Mas por que não? 

— Ora, porque… — Jungkook olhou à sua volta em busca de uma desculpa. — Porque não temos mais nada para fazer naquela região.

— Mas o diário de bordo ainda está com a Marinha chinesa.

Jungkook fechou os olhos desejando matar o Almirante Zhang. Agora mais do que nunca.

— Não sei, vamos ver com a tripulação.

— Tá bom — Jungwon voltou as lições. — Ele luta tão bem, e é apenas alguns anos mais velho do que eu. Você vai gostar de conhecer o Lian.

— Imagino que sim… — Jungkook forçou um sorriso. — Continue fazendo seus deveres, eu volto já.

O menino deu de ombros e continuou com a atenção voltada aos livros, quando o pai saiu da cabine. Jungkook buscou a sua volta, procurando por uma certa pessoa no convés. Ele viu uma pequena bola de pelos branca passar pulando atrás de alguém. Ele seguiu na mesma direção e encontrou o coelho brincando com Jay na proa.

Assim que notou a presença intimidante do Capitão Jeon, a criança abraçou Puffy com as duas mãos e se afastou do lúpus, encolhendo-se entre as caixas que estavam na frente da embarcação.

Jungkook viu o olhar apavorado do pequeno Alfa e suspirou, imaginando que talvez tenha passado dos limites. 

— Eu não vou morder você. Venha aqui.

O menino se aproximou, um pouco hesitante. O Capitão se sentou para se aproximar da altura do pequeno. Desse modo, talvez, poderia parecer menos assustador para ele. 

— Quem é Lian?

Jay sorriu automaticamente.

— Ele é tão legal. Ele é filho do Almirante Zhang, mas ajudou o Jungwon e eu a fugir.

— Por que ele fez isso?

— Porque ele é nosso amigo. Ele brincou com a gente. Ele me desarmou e tentou fazer o mesmo com Jungwon. Mas o Jun pegou o punhal dele e fez assim... — Jay fez um movimento tentando imitar o Ômega — ai o Lian ficou com medo e…

O pequeno Alfa parou de falar quando o Capitão Jeon sorriu grande, imaginando a cena. Ao notar que o mais novo estava lhe encarando, ele limpou a garganta.

— Continue.

— Jungwon queria salvar a gente, mas eu atrapalhei… — Jay abaixou a cabeça. — Jungwon é tão forte, mas eu… — tomando um pouco de coragem, ele ergueu o rosto para encarar o lúpus, com os olhos marejados. — Desculpa, Capitão Jeon. Eu fiquei com muito medo e não fui capaz de proteger o Jungwon.

Jungkook olhou no fundo dos olhos dele, sentindo-se estranho. Ele viu naquele olhar o mesmo sentimento de culpa que sentiu quando viu Jimin acompanhando Fenn Barba-Ruiva no antigo Forte, e nada pôde fazer. Ou quando o Comodoro Choi levou Jimin diante dos seus olhos na ilha em que naufragaram, e da mesma forma, não pôde fazer nada. 

Naqueles dois momentos em particular, Jungkook não foi capaz de protegê-lo. Ele podia entender bem o que o mais novo estava sentindo.

— Vai fazer sete anos, certo? — O Capitão mudou de assunto, levantando-se. 

— Sim. 

— Já está na hora de iniciar seus treinos.

— Sério? — Jay ergueu as sobrancelhas, animado.

— Tenho cara de quem está brincando? — Jungkook o encarou sério.

— Não, senhor. — Jay arrumou a postura rapidamente. 

— Amanhã levarei Jungwon ao ferreiro, para fazer novas adagas — Jungkook suavizou as feições. — Fale com seu pai. Você pode ir e escolher suas armas.

Jay tentou manter a postura de um pirata sério, mas ficou tão animado com aquilo, só de imaginar ficar tão forte quanto alguém que ele admirava, o deixou extremamente feliz. Ele sorriu sem medo. Jungkook acabou sorrindo com o entusiasmo do pequeno, e logo em seguida voltou para a cabine. 

Para Jay, até que o Capitão Jeon não era mais tão assustador quanto ele pensava.



Continua...

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