[12] Em Busca de Respostas
Boa leitura:
Com a fama que possuía, era praticamente impossível alguém não reconhecer a insígnia de um cisne na bandeira tremulante. Mesmo o Capitão Jeon levando o navio até uma enseada mais distante do centro de Cabuga, houve quem tivesse visto o Black Swan se aproximando da costa.
E lá se foram os planos de passar despercebidos pela ilha. Se o diário de bordo já estivesse nas mãos de Barba-Negra, o Black Swan corria sérios riscos com seu porão carregado com toneladas de moedas.
Alguns dos vinte canhões dispostos em cada lado da embarcação, começaram a ser retirados no dia subsequente à chegada do navio à ilha. Eles seriam substituídos por peças maiores, e que devem suportar dois disparos simultâneos.
A quantidade de canhões também estava sendo modificada, ao invés dos quarenta dispositivos, o Black Swan comportaria mais quinze, sendo cinco na frente e mais cinco em cada lado. Além de novos morteiros que seriam instalados na parte traseira. Para isso, é claro, a estrutura do casco também iria passar por reformas, para aumentar de tamanho.
Dahyun e Hoseok foram os principais responsáveis pelo projeto. A Beta desenhava seguindo as orientações do atirador referente ao peso, tamanho e potência de cada arma, e calculava o que seria possível e o que seria necessário aperfeiçoar no navio, para suportar a brusca mudança.
— A velocidade do navio será reduzida — O Capitão ponderou, enquanto estudava os desenhos feitos pela mecânica.
— De fato, Capitão. É algo inevitável — Dahyun foi sincera. — Ele ficará mais pesado.
— E mais mortal. — Hoseok adicionou com um sorriso tranquilo.
O Capitão sorriu de volta.
— Talvez um ou dois nós a menos em velocidade — a Beta continuou. — O que pode ser corrigido com a adição de mais velas, e também com a limpeza contínua do casco.
— Por enquanto vamos lidar apenas com as armas — o lúpus determinou. — Estão fazendo um ótimo trabalho.
— Obrigada, Capitão! — Dahyun suspirou orgulhosa de si mesma.
Assim que abriu a porta de sua tenda para que Hoseok e Dahyun saíssem, o Capitão foi recebido por Chaerin. A Alfa estava com os braços cruzados e uma expressão preocupada quando solicitou:
— Precisamos conversar sobre o leme.
Jungkook abriu a porta um pouco mais, para que a timoneira entrasse em sua tenda. Hoseok e Dahyun trocaram olhares e permaneceram na tenda, já que a conversa sobre as alterações no navio iriam continuar.
Geralmente, o Capitão estava sempre cheio de deveres a cumprir, mas em dias com tantas mudanças a serem feitas na estrutura do navio, os trabalhos para o líder do Black Swan triplicaram como mágica.
Próximo ao navio, Namjoon supervisionava o trabalho dos bucaneiros, e também ajudava a descer um dos canhões através dos grossos cabos. A peça quase esmagou o dedo mindinho do pé de Sven.
— Tira os olhos cu! — O pirata gritou avisando ao outro que se distraiu, quase causando o acidente. — Mas que inferno!
— Vai se foder, Sven! — Ronnie gritou de volta, mostrando o dedo do meio.
— Calma, senhores. Estamos todos cansados. — Taehyung ergueu as mãos, em seguida, olhou para Namjoon. — Uma pausa seria ótimo.
— Sabe o que seria ótimo? — Emma perguntou e logo depois ela mesma respondeu: — Uma tenda da putaria.
— Agora está falando a minha língua — Ronnie assentiu.
— É isso aí! — outro pirata gritou batendo palmas, recebendo apoio dos demais. — Queremos uma tenda da putaria!
— É, Namjoon — o navegador destampou uma garrafa de rum. — Agora você arrumou.
— Isso é uma piada? — O contramestre estava boquiaberto, encarando os piratas. — Por favor, me avisem quando chegar a hora de rir.
— Precisamos de um incentivo, Namjoon.
— É. Fale com o Capitão. Queremos permissão para erguer a tenda da putaria.
— Não estamos pedindo nada demais. Não vai custar caro, só algumas moedas de prata talvez. Belos prostitutos à nossa disposição e você verá como o trabalho será feito mais rapidamente.
Taehyung tomou alguns goles de sua bebida e olhou para o contramestre, estava se divertindo com as expressões de Namjoon a cada palavra dita pelos piratas.
— Tudo bem, vou falar com o Capitão. — O contramestre se deu por vencido.
Namjoon deixou os piratas continuarem o trabalho e dirigiu-se até a tenda do Capitão. No momento em que chegou, encontrou Chaerin, Dahyun e Hoseok saindo da mesma. Jungkook seria o próximo, mas ao ver a aproximação de seu contramestre, ele respirou profundamente e girou para dentro da tenda, já imaginando mais problemas para resolver.
— Tudo certo com o projeto?
— Chaerin fez uma importante observação — Jungkook informou. — Com o aumento no peso e tamanho do navio, o leme também deverá ser modificado.
— Será rápido.
Jungkook assentiu.
— Como está a remoção dos canhões?
— Melhor do que imaginei, mas… — sempre tinha um “mas”. Jungkook manteve-se neutro enquanto esperava que Namjoon continuasse. — A tripulação quer montar uma tenda da putaria.
— Deixe que façam.
— Tem certeza, Capitão?
— É até melhor assim. Do contrário eles vão frequentar os bordéis da ilha. Melhor que fiquem por aqui mesmo. Em nossa vista será mais fácil de reverter qualquer eventualidade.
O contramestre deixou a tenda para contar a boa notícia aos bucaneiros. Namjoon foi recebido com vivas e muita festa. A tenda foi erguida em poucos minutos, onde várias camas foram colocadas e separadas apenas por cortinas.
Alguns Ômegas e Betas foram contratados para trabalharem em período integral para a tripulação. Em vista da bela remuneração, os donos dos bordéis cederam seus trabalhadores, em troca de uma parte dos lucros.
Por exigência de Jimin, a tenda foi erguida o mais longe possível do acampamento da tripulação. O suficiente para que as crianças não vissem e muito menos escutassem a pouca vergonha dos bucaneiros.
Jay e Jungwon assistiam aos piratas trabalhando no navio alegres, enquanto cantavam ou conversavam animados.
Não muito distante, Jackson estava ajudando Baekhyun a confeccionar mais algumas flechas para o mesmo. Eles, Chanyeol e Junbuu conversavam sobre a possibilidade de caçarem animais na floresta, para uma refeição mais apetitosa com algo mais fresco, segundo o cozinheiro.
— Eu faria um grelhado com a carne — Junbuu contou. — Separava alguns legumes também.
— Hummm… eu já estou quase sentindo o gosto.
— Ai, Jackson! — Baekhyun rosnou puxando as mãos. — Você quase decepou o meu dedo. Presta atenção!
— Quê? — Jackson estava olhando pensativo para outra direção. Ele girou para encarar o Ômega: — Tire o dedo do caminho.
— Ah, é desse jeito? — Baek sorriu ameaçador. Ele começou a exagerar nos movimentos que fazia e Jackson teve que pular para trás, para que a lâmina não o atingisse.
— Vocês poderiam gastar toda essa energia caçando algum cervo, em vez de brigar feito duas crianças. — Junbuu disse.
— Ele que começou — Baek acusou. — Fica pensando na morte da bezerra, e quase decepou o meu dedo.
— O que houve, Jack? — Chanyeol chegou perto do amigo. — Você parece diferente.
Jackson ponderou antes de responder:
— Preciso de um Gama.
— Pra quê?
— Há uma perto do mercado, mas ela é uma maldita — Junbuu esclareceu. — Dizem que suas pragas e maldições pegam como cracas no casco do navio. Tome cuidado com quando for falar com ela. Não seja tão grosseiro. Ela não admite isso, pode se arrepender.
— Bom, se ele está aconselhando isso — Chanyeol se referiu a Junbuu. — Então o negócio é sério.
— Eu não tenho medo — Jackson se levantou e seguiu até a tenda do Capitão.
Seokjin e Sungjae estavam exigindo que o setor médico recebesse mais atenção. Estavam indignados que uma tenda grande e espaçosa foi erguida apenas para os atos depravados dos piratas.
—… é uma completa falta de respeito com quem cuida da saúde da tripulação! — Seokjin esbravejou, apontando para o irmão. — Quando estiver com alguma doença, vá se tratar em um puteiro, já que eles são mais importantes.
— Está bem — Jungkook suspirou cansado, sentindo indícios de uma dor de cabeça. — Mande Scott ir até a cidade comprar mais equipamentos para uma ala médica maior e outras coisas que você achar relevantes.
Satisfeitos com a resposta, Seokjin e Sungjae deixaram a cabine improvisada como tenda.
Imaginando que finalmente teria um segundo de paz, Jungkook pensou em tirar um breve cochilo em sua cadeira, mas foi surpreendido pela porta sendo aberta mais uma vez.
— Seja o Capitão, eles disseram… — Jungkook refletiu com voz baixa. — Qual o problema dessa vez?
— Nenhum — era Jackson. — Eu vou na cidade, só vim saber se precisa de alguma coisa já que está ocupado, o contramestre e seu Ômega também.
Jungkook encarou o outro lúpus picando sem reação a princípio. Ele estava esperando por mais problemas a serem resolvidos.
— Seokjin deve estar fazendo uma lista do que precisa para a enfermaria dele — disse, após se recuperar. — Scott vai até a cidade para comprar seja lá o que for. Acompanhe ele.
Jackson assentiu e deixou a tenda.
No mesmo instante, Jungkook relaxou as costas na cadeira e fechou os olhos. Ele os abriu novamente, olhando na direção da porta. Quando teve certeza que ninguém iria aparecer, fechou os olhos outra vez e aos poucos foi adormecendo.
🏴☠️
A cidade não ficava muito distante do acampamento, se fosse utilizado um atalho pelo estaleiro. Jackson ignorou a conversa e troca de carinho entre Scott e Sungjae durante todo o percurso. Estava com a mente voltada para o que estava sentindo com relação ao filho do Capitão e de Jimin. Ele o chamou de pai tão naturalmente que o assustou.
“E se…”
Jackson tinha questionamentos que apenas um Gama poderia responder, talvez. Era isso, ou seria considerado um louco.
O comércio de Cabuga localizava-se em uma grande praça circular entre as enormes construções, e estendia-se até às proximidades do estaleiro, onde geralmente ocorriam reparos em navios.
— Eu preciso ver uma pessoa antes. — Jackson afirmou.
— Tá — Scott concordou de imediato, desde o episódio na enfermaria o Alfa não se sentia à vontade na presença de Jackson. — É até melhor assim.
— Espera! — Sungjae impediu o lúpus de partir. — Você vai voltar para o mercado, certo? Para ajudar a levar as mercadorias.
— Ei, eu não preciso de ajuda. — Scott se defendeu.
— São muitas coisas, Scott — Sungjae argumentou. — Eu que não vou carregar nenhum peso.
— Amor… — O Alfa estava indignado, mas seu tom de voz era calmo quando tentou insistir: — Posso levar tudo sozinho.
Sungjae suspirou profundamente calmo. Já estava acostumado a lidar com a teimosia do seu Alfa. Ele apoiou as mãos no abdômen de Scott enquanto mexia em um botão.
A lista de Seokjin continha não só itens para medicações, mas também vigas de madeira para aumentar o estoque da enfermaria do navio. A não ser que Scott tivesse alguma anomalia que o fizesse ter um braço a mais, ele não iria conseguir levar tudo até o acampamento.
— Eu sei que você pode — O Ômega iniciou suavemente. — Mas escute, você ficará exausto para me procurar mais tarde… — concluiu, erguendo o olhar sugestivo — você entende?
Scott umedeceu os lábios em meio a um sorriso interessado. Passou a mão sobre o cabelo curto e o sorriso cresceu quando observou Sungjae dos pés a cabeça.
— Está bem, amor — Scott finalmente cedeu. Em seguida, confirmou com Jackson: — Nos encontramos nos lenhadores.
Jackson assentiu e se despediu do casal, seguindo caminho contrário. Ele rumou através das ruas após o mercado, seguindo as orientações do cozinheiro.
Nunca havia frequentado aquela ilha antes, devido ao antigo ódio que nutria sobre os piratas. Segundo Junbuu, o lugar onde a Gama costumava receber as pessoas ficava localizado uma rua após a perfumaria.
Era uma casa de aparência simples, feita inteiramente de madeira, assemelhava-se a uma simples choupana. Parecia deslocada no meio de tantas construções aparentemente mais fortes e modernas.
A porta estava aberta, Jackson surgiu na entrada e observou o interior da casa. Até mesmo os móveis eram feitos de madeira. Era como uma casa da floresta no centro da cidade. Haviam alguns vasos com plantas espalhados pela sala, um deles estava em cima de uma pequena mesa, onde uma Ômega cuidava de sua aparência ressecada.
Um gato cinza estava deitado em cima da mesa e ao lado da planta que a Ômega cuidava. Estava com seus olhos fixos em Jackson, o animal era até então o único naquele recinto a notar sua presença.
— A Gama está? — A repentina voz do lúpus fez a Ômega que estava concentrada em seu trabalho, pular da cadeira.
— Quem é você? — a Ômega perguntou assim que viu Jackson parado na porta. — Sim, ela está. Você quer falar com ela? Entre, vou chamá-la.
— Quanto ela cobra? — Jackson colocou as mãos nos bolsos.
A Ômega parou de andar e girou o corpo lentamente. Seu rosto desenhou em fúria, ela cruzou os braços quando o repreendeu duramente.
— Pensa que aqui é um bordel? Tenha mais respeito pela Senhora Nix!
Dito isto, ela voltou seu caminho para outro cômodo, deixando Jackson para trás enquanto tirava as mãos do bolso, sem entender ao certo o motivo da Ômega ter ficado ofendida.
Enquanto aguardava pela Gama, Jackson seguiu observando mais daquele cômodo. Os pequenos objetos que decoravam a sala pareciam que foram feitos à mão, perfeitamente entalhados por alguém muito habilidoso.
O gato permaneceu deitado sobre a mesa, ainda observando todos os movimentos do lúpus.
— Parece até que o Jisung decorou esse lugar. — Ele estava se referindo a quantidade de plantas que ornamentavam o lugar, e lembrou-se da vez em que seu Ômega encheu a sua casa de flores até o teto.
Jackson seguiu bisbilhotando, observando com atenção uma planta de aparência peculiar. Com folhas abertas e arredondadas, a planta parecia mandíbulas com cerdas nas extremidades. De repente, uma mosca pousou no centro da folha e ela se fechou no mesmo instante, cruzando as cerdas e criando uma espécie de jaula.
A mosca ainda tentou fugir, mas estava presa no interior de uma planta carnívora. Levado pela curiosidade, Jackson ergueu o dedo indicador para tocar na folha. O gato miou. Jackson parou a poucos centímetros da planta e olhou para ele.
— Quê? — O gato obviamente não respondeu, mas manteve o olhar. Incomodado, Jackson virou para outro canto. — Eu só estava olhando…
Jackson deu as costas ao gato e assim que girou o corpo, viu quando a Ômega retornou acompanhada de uma outra pessoa. A Gama, apesar de a idade beirar a casa dos sessenta, tinha uma aparência jovem, o cabelo curto e alaranjado destacava a cor de seus olhos, que eram verdes como esmeralda.
— Pacato não morde. — A Gama sorriu. — Ele é um gato muito amável.
— Ele não foi com a minha cara.
— Oh, impressão sua. Ele é um amorzinho, veja. — A Gama se aproximou da mesa e no mesmo instante o gato começou a ronronar, muito satisfeito quando foi erguido por ela e levado até o sofá. — Sente-se, Jack. Fany, pode ir.
— Tem certeza, Senhora?
— Sim.
A Ômega lançou um último olhar para Jackson e logo em seguida saiu.
— Como me conhece?
— É impossível não reconhecer, eu sou amiga do seu pai. A beleza é de família.
— Você quis dizer que foi, amiga dele. — Jackson a corrigiu.
— Você se esquece que sou uma Gama. Eu posso ver e conversar com pessoas que já deixaram este mundo.
— Você pode falar com meu pai agora?! — O Alfa sobressaltou.
— Eu já fiz muito isso. Mas infelizmente não consigo mais.
— Por que?
— Porque o lobo do seu pai já não está mais no mundo espiritual há muito tempo.
Jackson ergueu as sobrancelhas. Incapaz de articular qualquer palavra, ele olhou pela janela, pensativo. Automaticamente, a figura de Jungwon se materializou em seus pensamentos, e a desconfiança que tinha a respeito de que o menino fosse realmente a reencarnação de seu pai, agora estava quase concretizada em certeza.
Continua...
Olaaa, quanto tempo? Estava com muitas saudades 😭😭❤️
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