Vai nas "manhas"...

Pense numa frase medonha! O meu primeiro "vai nas manhas" estava gravado em minha cabeça, o problema foi as pernas, que pareciam não obedecer aos comandos. Não teve preparação após quase um ano sem jogar, só teve mesmo a vontade de fazer aquela volta acontecer.

Não passei mais do que 10 minutos. Estava completamente acabada! Nunca pensei que correr fosse algo tão complicado. Quando se cresce dentro de um esporte, a sua prática parece nunca entrar em colapso. Eu costumava pensar assim, até não ter forças nem mesmo pra dar um passe simples de lateral. Foi tão frustrante! E por mais que o meu esposo, sempre ao meu lado, me dissesse: vai com calma, é apenas a readaptação, parecia que as coisas nunca voltariam a ser como antes.

E eu estava certa, em partes. A minha arquibancada foi invadida e completamente tomada por aquela que seria a minha torcedora mais apaixonada, assim como eu seria a dela. E foi lindo perceber que, daquele dia em diante, seríamos uma dupla inseparável. O meu medo de torcida deve ter se enfraquecido, já que tê-la ali, nessa condição, aquecia o meu coração. Tirando a minha péssima atuação, eu queria continuar apreciando o momento. Minha menina ali, meu maior presente junto do esporte mais encantador do mundo. Era a combinação perfeita! Mesmo com tantas dúvidas, eu sabia que juntas conseguiriam. Mas eu precisava aquecer, não acham?

Quem para quase um ano e já chega assim? No meio da partida, bem como foi a saída. E talvez esse tenha sido o ponto mais importante. Sabe aquela história de "recomeçar do exato momento em que se parou"? Então... Eu precisava! Precisava pegar a bola enquanto estava rolando, mesmo fria, porque isso me daria a resposta que eu fui buscar. Será que sou a mesma jogadora? Será que sou alguma jogadora? Será?

Não fiz gol. Não dei assistência. Não fui elogiada. Fui apenas a pessoa que entra e sai de um jogo que já estava rolando e espera voltar pra tentar uma atuação melhor. Quem sabe na próxima. Quem sabe nas próximas. Quem sabe? Tenho certeza de que, nas condições de "volta", um técnico, em sã consciência, me deixaria no banco. Talvez por algumas partidas. Talvez pra sempre. Não, eu conseguiria após um aquecimento. Na verdade, eu consegui.

Meu segundo dia de jogo se resumiu a: uma série de erros, e não que isso me deixe feliz. Aliás, eu gosto de acertar. Gosto quando faço gol. Gosto quando evito gols também. Mas eu tinha aquecido, isso foi importante.

É importante aquecer, ainda que o resultado venha a longo prazo.