TWO
A maquina de café do corredor quatro estava cada vez mais difícil de funcionar, o que fazia Kalisha perder a paciência tentando apertar os botões que demoravam para raciocinar e fazer o que era pedido.
A máquina estava posicionada no final do corredor um por um bom tempo. A escola queria lucrar de alguma forma, e por que não colocar uma máquina de café que pode ser utilizada em todos os momentos pelos estudantes? Sendo a mesma um grande sucesso se não fosse as falhas que começaram a ocorrer e mudaram a mesma para o corredor quatro, que estava mais afastado das pessoas e talvez funcionasse melhor sem o uso contínuo.
— Ei, calma, vai acabar quebrando esse negocio! — o loiro disse chegando até o seu lado
— Faz uns cinco minutos que estou tentando, teria valido mais a pena caminhar até qualquer lugar que venda café — ela parou por um instante passando o seu olhar para Dylan e novamente para a máquina a sua frente.
No minuto seguinte um barulho estranho veio da máquina de café o que fez ambos se encararem assustados.
— Aí meu deus, meu dinheiro — pronunciou manhosa.
— Aí meu deus, a máquina de café! — rebateu ele indo alguns passos à frente.
— Aí meu deus, o café — Kalisha abriu um sorriso quando o líquido quente começou a descer para o pequeno copo de um material reciclável que mesmo que tentasse lembrar o nome nada vinha a sua cabeça.
Depois da máquina parar totalmente o barulho ela pegou o copo com cuidado dando uma pequena assoprada antes de tomar o primeiro gole, fazendo uma pequena careta por causa da elevada temperatura.
— Vai na festa da Greece? — o garoto perguntou rapidamente um pouco curioso. Fazia um tempo que ambos não conversavam direito por causa de toda a correria do dia a dia e pelo infeliz motivo das grades curriculares não estavam batendo, porém não importava por quanto tempo ambos passassem sem se falar, o assunto fluía normalmente quando estavam juntos.
— As meninas querem que eu vá, porém ainda não sei! — a loira deu de ombros com uma suspirada logo em seguida — talvez eu vá para não ficar sozinha em casa.
— Vai fazer cinco meses — Dylan pronunciou de um modo tão baixo como se estivesse com medo de deixar a sua voz fluir, mas o assunto era delicado demais para tratá-lo como conversinha paralela de corredor.
O silêncio permaneceu por um tempo juntamente com o corredor vazio enquanto Kalisha concordava levemente com a cabeça. Greece havia marcado a sua festa bem no dia que completaria cinco meses da morte dos seus pais.
E mesmo que tentasse escapar, toda vez que fechava os olhos se lembrava do que havia acontecido. Se fosse um filme ou livro clichê, a morte dos seus pais seria uma grande tragédia envolvendo um acidente de carro, fazendo a mesma morar com os seus tios e precisando conviver diariamente com o seu primo, porém a história de Kalisha é um pouco mais complicada que isso.
Era uma madrugada um tanto que fria, porém permanecia naquele meio termo difícil de definir. Kalisha estava dormindo a um bom tempo quando escutou um estranho barulho vindo da parte inferior de sua casa, a garota que tinha um sono pesado acordou em meio ao susto com o determinado barulho que só podia ser definido com um objetivo de enorme peso caindo no chão laminado. E então silêncio.
Muitos têm medo do que faz barulho, porém o que realmente deveriam ter medo é do silêncio. É ele que é tão indeterminado que demonstra que qualquer coisa pode acontecer. É ele que faz a nossa ansiedade caminhar lentamente até a nós como um vírus, pois não controlamos o que vem a seguir. O silêncio é a ausência de ruído, mas não significa que não há ninguém, é o imprevisível, o desconhecido, o oculto, e é com o que você precisa se preocupar, afinal é no silêncio que os golpes são preparados.
E foi assim que tudo permaneceu por muito tempo. Um silêncio assustador.
A garota saiu do seu quarto com os seus pés descalços e de pijama que constituía de uma calça de malha e uma blusa de manga curta. Eram cinco horas da manhã e à luz do corretor estava acessa, o que era considerado normal porém não a do quarto dos seus pais, ou até mesmo a da sala de estar ou da cozinha que percebeu alguns minutos depois.
Antes de descer as escadas seu coração já estava disparado, porém não havia mais barulho de movimentação nenhuma, e ela havia ficado uns cinco minutos no quarto antes de resolver sair, mas quem em plena consciência sairia do quarto ao mesmo segundo que havia acordado involuntariamente no meio da madrugada por um barulho escuro?
Kalisha resolveu abrir a porta do quarto dos seus pais que estava apenas encostada, mas se deparou com o grande vazio. Nada no banheiro, nada no quarto de visitas, voltando para o quarto do casal olhou no esconderijo debaixo da cama, porém a espingarda não estava mais lá, o que a fez correr até o segundo esconderijo.
— A primeira opção é a espingarda, assusta mais pelo tamanho, porém temos a opção número dois, uma arma de calibre 22 que estará escondida no esconderijo da gaveta
A sentença jogada no ar alguns meses atrás nunca foi tão necessária quanto naquele momento e seguindo o passo a passo para abrir o esconderijo da gaveta a garota estava com uma arma em suas mãos carregando-a logo em seguida.
Porém não havia nada além de um grande vazio, luzes acessas e pequenas bagunças no andar de baixo, coisa que ela achou que iria encontrar tudo revirado, mas nem isso pode sustentar a ideia de fugir totalmente do silêncio.
Ela não se lembra bem os seus próximos atos, porém lembrava de uma grande movimentação e policiais por toda a parte. A garota se lembrar de tudo acontecer rápido demais, e seus pais serem classificados como desaparecidos.
— É, vai fazer cinco meses — Kalisha saiu do seu emaranhado de pensamentos passando o seu olhar para Dylan.
— Se precisar, sabe que pode me chamar! — ele colocou levemente a sua mão no braço da garota tentando transmitir algum tipo de aconchego porém memórias não eram fáceis, e a garota havia aprendido a se virar, pois essa história apenas complica.
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AÍ MEUS DEUSES ... eu amei muito escrever esse capítulo, espero que vocês tenham gostado também.
<3
Já aviso , não confiem na Kalisha, pois ela pode ser um amor de pessoa, porém ... Só não confia.. Kkk
Bjs amores e até a próxima
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