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Capítulo 12

Cora encarou o seu reflexo no espelho, os olhos safira fixos nas roupas que usava. O vestido azul-ciano realçava os seus cabelos ruivos, penteados num entrançado difícil e belo que deixavam o seu rosto a descoberto. Endireitou as costas, procurando a postura perfeita para o seu rosto perfeito. Quando se virou, deu de caras com a mãe, cujo sorriso de aprovação deixou-a mais tranquila.

- Estás maravilhosa, querida. Pronta para conhecer os Malfoy?

- Já conheço o filho deles, o Lucious. Não gostei muito dele, mãe. - confessou a menina, mordendo a língua de imediato ao ver a expressão da mãe endurecer.

- São nossos amigos, Cora, pessoas muito importantes e influentes.

- Porque ainda nos importamos com isso, mãe? - questionou, encolhendo os ombros - Não é como se fossemos frequentar esses círculos, certo?

Aurora não respondeu, fazendo a menina encará-la, de sobrolho franzido. Apesar do sangue puro, as Ravenclaw orgulhavam-se de não terem o mesmo tipo de preconceito que as restantes famílias puro-sangue. A chamada "nobreza bruxa" poderiam ser semelhantes às Ravenclaw na riqueza e no requinte com que viviam, mas era a diferença de mentalidade que deixavam Cora orgulhosa de pertencer à sua família, apesar da pressão que sentia constantemente devido ao sobrenome que carregava.

- Mãe? - chamou, vendo a mulher fitar o chão, alheada - Mãe!

- Hm?

Cora engoliu em seco. A mãe sorriu, um sorriso diferente do habitual, mais... vazio. Com um gesto de mãos, Aurora recompôs-se, ajeitando o seu cabelo ao encarar o espelho que ainda refletia a imagem de Cora, tão pequena em comparação com a figura alta e elegante da mais velha.

- Estás bem? - perguntou a menina, olhando-a pelo reflexo - Temos mesmo de ir para esse baile?

- Claro. Fomos convidadas, seria má educação recusar, não concordas?

- Não. - respondeu Cora, prontamente.

A mulher bufou, resmungando sozinha enquanto se afastava. Sobre o olhar atento da filha, calçou os sapatos de salto agulha negros, colocou a pequena mala da mesma cor a tiracolo e encarou a mais nova, a sobrancelha erguida.

- Vamos?

- Mãe...

- Cora, chega. Escuta-me com muita atenção. - Aurora colocou as mãos nos ombros da filha, inclinando-se para a olhar nos olhos, indiferente à diferença de alturas entre elas - Eu e tu fazemos parte da nobreza. Estas pessoas? Não passam de burgueses e sabem disso. - Cora abriu a boca, calando-se ao ver a mãe continuar - Ainda assim, nós precisamos deles. Temos que estar rodeadas de pessoas influentes para... para o futuro.

- O futuro...? - murmurou Cora para si mesma, vendo a mulher afastar-se a passos largos.

- Anda. A carruagem aguarda-nos.

          Por breves instantes, as duas encararam-se, medindo forças em silêncio. Com o passar dos anos, Cora começava a desabrochar, questionando as decisões e as escolhas da mãe. Aurora apercebera-se disso naquele Verão, ao ver a filha receber cartas dos amigos, sem as esconder e sem sentir remorsos ao responder, apercebera-se que Cora estava a crescer. Arrumara o seu armário durante as férias, trocaras as roupas perfeitas por algo mais confortável, impedira Aurora de lhe fazer a sua habitual trança embutida, preferindo deixar os cabelos ruivos soltos ou atados num rabo-de-cavalo mal feito. Os olhos safira estavam mais suaves, como se um peso tivesse sido tirado de cima dos seus ombros.

       Contudo, não havia nada que Aurora pudesse fazer. As notas tinham sido perfeitas, continuava a vê-la a estudar e a ler, raramente lhe respondia mal ou era mal educada e assumia a sua postura perfeita quando iam a eventos sociais, como o baile dos Malfoy para onde se encaminhavam. Aos seus olhos, Cora procurava ser digna do nome Ravenclaw, tal como Aurora lhe ensinara.

         Por isso, deixava passar os dias em que Cora ia estar com Sarah Hufflepuff ou as cartas que trocava com Remus Lupin todos os dias.

          Os olhos safira de Cora ditaram o chão, rendendo-se.

- Claro, mãe.

**
A Mansão dos Malfoy estava recheada de pessoas da mais alta sociedade. Vestidos caros, jóias requintadas, loiça de prata. As mulheres conversavam entre si, os homens fumavam os seus charutos e bebiam o mais velho whiskey que houvesse, os adolescentes dançavam entre si apenas para não desapontar os pais.

Cora rodopiava em silêncio, os olhos evitando o contacto visual com o seu parceiro. O olhar gélido de Lucious era considerado o mais honrado, já que ele era o filho dos anfitriões e o rapaz mais cobiçado pelas raparigas. Era até um ultraje a forma como Cora o desprezava, o corpo tenso como uma estátua enquanto dançavam. Ainda assim, Lucious parecia não se importar; para ele, apenas o prémio importava e não havia jóia mais brilhante naquele salão do que a Herdeira de Ravenclaw. Se Lucious era o mais cobiçado, Cora era a mais desejada. Juntos, faziam o par perfeito e Lucious nada mais desejava do que atingir a perfeição.

A ruiva soltou um suspiro. Observou a mãe ao longe, o sorriso falso no seu rosto enquanto falava com as outras mulheres. Nem parecia Aurora Ravenclaw, a primeira mulher a atingir um cargo de grande importância no Ministério, já que era a Diretora do Departamento de Leis Mágicas do país. Não parecia a mulher que se divorciara do marido com quem já não conseguia viver, indiferente aos comentários depreciativos que fariam dela. Ali, naquele meio, era apenas mais uma mulher e Cora não compreendia qual era o objetivo de todo aquele esforço para fazer parte de uma sociedade com a qual as Ravenclaw nunca se tinham identificado.

Havia um motivo muito forte para Aurora Ravenclaw se forçar a tamanho teatro, a filha é que ainda não conseguira compreender qual era.

- Devo dizer, minha cara, nunca tive o prazer de ter uma parceira de dança como tu. - sussurrou Lucious Malfoy ao seu ouvido, despertando-a dos seus pensamentos - Estou a divertir-me imenso na tua companhia, Cora.

- Eu não. - respondeu a ruiva, tentando ser o mais educada que conseguia - Na verdade, estou um pouco cansada e com sede... Onde posso arranjar algo para beber?

- Eu vou buscar algo para ti. - respondeu o mais velho, beijando a palma da sua mão - Fica aqui que eu já volto.

- Não vou ficar no meio da pista de dança, Lucious. - ripostou Cora, mordendo a língua enquanto esboçava um sorriso falsamente doce - Espero-te junto às irmãs Black. Vou conversar um pouco com Narcissa.

        Não ia, claro. No último ano tinham vindo a travar uma frágil amizade, baseada em conversas esporádicas quando se cruzavam. Cora gostava de Narcissa; era uma menina perspicaz, determinada em ser a melhor aluna a Poções do seu ano, ansiosa por provar o seu valor. Tinha apenas um defeito que fazia toda a diferença.

       Era irmã de Bellatrix.

Assim sendo, falar com Narcissa estava fora de questão. O outro sangue-puro que conhecia que poderia frequentar aquele baile era Sirius Black; contudo, sabia que ele faria de tudo para contrariar os pais e com certeza tinha fugido da mansão antes de sequer lá pôr os pés.

Sozinha, afastou-se da pista de dança, em direção à janela, onde o céu estrelado se erguia, atraindo a sua atenção.

- Boa noite.

Cora deu um pulo de susto, os olhos safira arregalados ao encarar o rapaz que a assustara.

- Podes parar de fazer isso?! - questionou, encarando-o com irritação.

- É mais forte do que eu. A maneira como facilmente te perdes nessa tua mente brilhante... tudo te assusta. É fascinante.

       Regulus Black encostou-se à parede ao seu lado, os olhos negros fitando o céu estrelado que ela há pouco admirava. Tinha sempre um ar mais velho, um traço que Cora identificava em si mesma, mas o fato preto, os sapatos clássicos e o cabelo perfeitamente penteado para trás acentuavam ainda mais o seu rosto sério. Crescera no Verão, estando agora com o mesmo tamanho de Cora, um rapaz de doze anos com os olhos frios de um homem de vinte. Ela não podia julga-lo; quando se encarara ao espelho, poucas horas antes, não vira a menina de treze anos que deveria ser e sim uma jovem mais madura, responsável, comportada. Nenhum deles tinha direito a ser criança, o peso dos seus respetivos sobrenomes pousando pesadamente nos seus ombros.

        Talvez por isso era inevitável cruzarem-se. Não frequentavam os mesmos círculos, à exceção daquele exato momento, não tinham aulas em conjunto devido à diferença de idades e raramente se falavam quando se cruzavam nos corredores. Depois da festa de Halloween, Cora não se recordava de ter falado com Regulus o resto do ano letivo. Ainda assim, lá estavam eles, numa estranha relação que não era de amizade, mas também não lhes era indiferente.

- O que fazes aqui? - perguntou Regulus, observando-a torcer o nariz, uma careta que Cora habitualmente fazia quando estava desagradada com alguma coisa - As Ravenclaw não costumam participar destas futilidades.

- Também gostava de saber. - Cora baixou os olhos, os lábios prensados numa linha fina de preocupação - Mas alguma coisa não está bem.

- Concordo. Vês aquele homem? - apontou para um senhor mais velho, de cabelos loiros esbranquiçados e um ar altivo - É o Abraxas Malfoy, pai do Lucious. O anfitrião deste baile. Ele tem estado a olhar para o relógio de cinco em cinco minutos, parece nervoso e nem sequer tocou em qualquer bebida ou comida do seu próprio evento. - os olhos de Regulus brilharam, mostrando brevemente a sua inocência de criança- Alguma coisa vai acontecer.

Cora assentiu, concordando. Ficaram em silêncio, observando a música cessar e Abraxas se colocar no cimo das escadas que davam para o piso superior. O homem destacava-se contra as paredes negras da Mansão, os olhos encarando altivamente a multidão à sua frente. A pequena Ravenclaw e o pequeno Black trocaram olhares, ansiosos. Ao longe, Aurora Ravenclaw encarava o anfitrião, o nervosismo escondido debaixo de uma máscara gélida de apatia.

- Senhoras e senhores... - a voz grossa de Abraxas Malfoy ecoou pelo salão, silenciando os presentes de imediato - É um prazer tê-los aqui comigo para dar as boas vindas ao nosso mais recente amigo. Muitos de vós não o conhecem. Ele não teve a sorte e a honra de nascer com o sangue tão puro como o nosso. - sussurros ergueram-se entre a multidão, confusos; aquele evento era exclusivo para os mais puros e agora o anfitrião estava a quebrar as suas próprias regras - Contudo... Oiçam. Aguardem. Este jovem brilhante é do mais puro que eu já conheci. Os seus ideais são os nossos, a sua postura é a nossa, a sua astúcia é digna de um verdadeiro bruxo. Meus amigos, minhas amigas... Peço a vossa confiança. Não me enganei a este respeito, como numa me enganei a respeito de nada que sirva para restituir a ordem natural nesta sociedade corrompida por Sangues de Lama e mestiços. Este jovem, acredito, irá ajudar-nos a ir mais longe no nosso propósito. Senhoras e senhores... Dêem as boas-vindas ao meu mais recente protegido.

          Abraxas fez uma pausa, um sorriso cruel no rosto.

- Voldemort.

         Um arrepio percorreu o corpo de Cora ao ver uma figura familiar surgir ao lado do Malfoy. Estava diferente da última e única vez que o vira: o rosto elegante mais encovado, os olhos verdes estranhamente escurecidos, o corpo mais magro do que se recordava. Ainda assim, continuava belo e gélido, como uma estátua grega, perfeitamente esculpida. Sentiu a multidão encará-lo, as mulheres atraídas, os homens reconhecendo nele uma aura poderosa que os fascinava. Com um olhar indiferente pousado na multidão, Tom Riddle percorreu o salão, como se procurasse algo que lhe interessasse mais. Algo que o puxava, que o forçava a sentir o coração bater, uma força primordial que não lhe pertencia...

           Os olhos de um verde-esmeralda tóxico fixaram-se em Cora Ravenclaw.

- Vamos, Cora.

       O braço de Aurora puxou-a bruscamente. Atarantada, Cora viu Regulus tentar alcançá-la, também ele desnorteado pela forma como a mulher a puxara para longe dele. A ruiva tentou chamar pela mãe, perceber o que se passava mas Aurora não lhe respondeu, os olhos safira repletos de medo como Cora nunca vira. Sem falar, encaminharam-se para a rua, onde Aurora a puxou para junto de si antes de Aparatar o mais depressa possível.

          Quando atingiram o soalho de mármore da Mansão Ravenclaw, Cora sentiu o corpo ceder e cair de joelhos no chão, fraca e confusa pela Aparição. Abraçou-se a si própria, sentindo o coração acelerado, o rosto de Tom Riddle ainda presente na sua mente. Quem era aquele homem, afinal de contas? E porque ele a encarara como se precisasse dela, como se ela fosse a jóia mais preciosa que ele já vira?

           Ofegante, ergueu os olhos safira na direção da mãe. O que viu assustada. Aurora Ravenclaw, a poderosa Herdeira de uma das fundadoras de Hogwarts... tremia. Sentara-se no sofá, o rosto transparente, o corpo a tremer. Não estava assustada; estava aterrorizada. Os olhos safira fitaram a filha, sem a ver. Lentamente, baixou a cabeça, focando-se no peito de Cora...

           Onde o medalhão de Ravenclaw brilhava a verde.

- Desculpa, filha. - disse a mais velha, a voz saindo-lhe rouca e fraca- Eu pensei... Pensei que se nos juntássemos a eles seríamos como eles e tu... Tu estarias protegida. Já devia saber melhor. - suspirou, escondendo o rosto entre as mãos - Achei que era melhor pertencer aos que se acham superiores do que aos restantes, que eventualmente se tornarão um alvo a abater. Era o esconderijo perfeito, estar mesmo debaixo do nariz dele. Claro que não resultou. Como pude achar que resultaria?

- Mãe... - Cora aproximou-se dela, de joelhos à sua frente - Do que estás a falar?

        Aurora não respondeu. Por momentos, apenas perscrutou o rosto da filha, tão semelhante ao seu. Em seguida, abriu a boca, as palavras que queria dizer substituídas por outras, mais fáceis.

- Querida, afasta-te de todas as pessoas que viste hoje. Os Malfoy, os Black, até os Rowle, com exceção do teu pai. - fez um trejeito, ciente de que Eric sempre teria o direito de estar com a filha, por muito que o detestasse - Afasta-te de todos eles. Eu estava enganada. Nenhum deles é confiável, ouviste Cora? Cora, promete-me que te vais afastar deles!

- Eu...

          O rosto de Regulus veio-lhe à mente. O menino com quem mais se identificava no mundo. Em Sirius, em Narcissa... Abanou a cabeça, gaguejando:

- Mãe eu n-não p-posso...

- Podes e vais. A menos que queiras que te tire de Hogwarts. - Aurora crispou os lábios, enraivecida - Se for preciso tiro-te de Inglaterra num ápice. É o que queres?

        O rosto de Cora tornou-se vazio, encarando a mãe com frieza. Não precisava de responder e Aurora também não queria uma resposta. A mulher ergueu-se, os olhos safira altivos ao fitar a menina, as íris escurecidas por um terror cego.

- E nem te atrevas a aproximar-te de Voldemort, nunca mais. Entendido?

         A Ravenclaw mais nova assentiu.

- Sim, mãe.



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